quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

ANARQUIA INSTRUMENTAL



Arrebento a sensibilidade nas cordas do violino,
Ouço tangíveis sacras melodias astrais
Que me envolvem em exegeses sepulcrais
Perante sonatas de arrebóis do dia findo.

Digladio em farpas os teclados da sanfona,
Escuto os inescrupulosos tons inaudíveis dos devaneios
Que me sacolejam as vértebras em tiroteios
Diante das milícias bruxuleantes da noite em coma.

Assassino as notas das flautas meio roucas
Sequestradas pelos pandeiros que trocam as roupas
Mediante o trotar das mãos regentes do samba...

Seduzo as agonias que tecem o ritmo do violão
Já fatigado pelos calejados dedos que tornam a canção
Saudade rutilante que verseja à sombra duma campa!



DE  Ivan de Oliveira Melo

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