domingo, 5 de abril de 2020

ÚLTIMOS SUSPIROS


Minha alma pranteia num cosmos doentio
Ultrajada pela desfaçatez dos homens!
Sobreveio pela superfície vírus que consomem
As consciências e, as inconsciências, sem estio,
Se digladiam à mercê de politicalhas podres
Que enlameiam dignidades humanas com dissabores
Mefíticos os quais enojam a vida sem precedentes...
O instante requer equilíbrio, mas apenas picuinhas
Peçonhentas se alavancam em forma de piadinhas
Em que joio é trigo, trigo é joio dentro das mentes
Que, egoístas, não lutam por um ideal comum,
Contudo produzem escândalos sem sentido algum.
O planeta está enfermo! É hora de metamorfose...
Deixem-se de lado as economias e as ganâncias,
Enterrem-se as reflexões políticas, as circunstâncias
São imprevisíveis para o amanhã... Intensa escoliose
Desconhecida invade as nações e a falta de bom senso
Há de consumir, sem piedade, a todos, sem incenso...
Vivos, os homens podem erguer um novo mundo!
Mortos, dissipam-se ideais e o orbe ficará deserto...
Estender-se as mãos é o que há de sensato e correto
A fim de que se salvem deste anátema profundo!
Que os partidos e as crenças sejam um só hemisfério
E, então, milhões de seres possam fugir do cemitério.
São os poetas os profetas do mundo moderno!
Através da arte, a palavra é isenta de partido
Para que a mensagem possa ter o teor bem definido
E arrebanhar do homem o pensamento incerto...
É a vereda auspiciosa da existência sem utopia
Que traz o bálsamo da inspiração e da alforria.
Ainda há tempo, mas as horas urgem cronometria!
Por isso, minha alma pranteia aos corações sórdidos
Imantados de ilusões! Transformem-se, extirpem os mórbidos
Prazeres e, uníssonos, retratem-se desta ignóbil fotografia
Que põe em risco a sobrevivência humana sobre o planeta
E que, no final, possam todos voar como colibri e borboleta!
DE Ivan de Oliveira Melo

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