domingo, 21 de janeiro de 2018

DISSIDÊNCIA



Desperto atônito rodeado de escuridão.
Meu vulto está fora do alcance de mim.
Abafo o grito que se instala no peito, enfim
Na penumbra do luar minha sombra dá-me a mão.

Vasculho da noite cada centímetro de silêncio,
Então compreendo: estou só no vagão do quarto.
Minha coragem sumiu, a fobia me faz um parto
Donde o medo que nasce é aroma de incenso.

Pareço oceano! Águas em torvelinhos de morte
Me convidam ao matrimônio, insigne consorte
Da imensidão que cobre planaltos do universo.

Vasta é a enxurrada que das trevas domina
Cada espectro que se move diante dessa sina...
Destino inócuo e cruel... Ah, sonho perverso!


DE  Ivan de Oliveira Melo



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