sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

IGNÓBIL FARISEU


 Sou paramentado de trapos,
Retalhos da consciência ébria
Que bebe o dia em sua nudez,
Come da noite o sonho virgem.

Vestuário dum farrapo humano,
Indigente de molambos estéreis
Que devaneia sobre o bandalho
Tétrico das madrugadas juvenis.

Sou o andrajo das esquinas sujas
Onde se vomita a exaustão torpe
Que assedia rodilhas enferrujadas
Dos curumins desnudos das favelas.

Pedaços de pano surrados do suor
Que se derrama sobre os frangalhos
Têxteis do algodão meio escolástico
E retinto por manchas de equidade.

Sou paramentado por velhos trapos
E mesmo subalterno das vestimentas,
Condiciono as velhacarias ao engodo
Dos esfregões maltrapilhos da noite.



DE  Ivan de Oliveira Melo 

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