sábado, 2 de abril de 2016

SENSAÇÕES

Talvez ser o que almejo
Não seja o que quero ser,
Talvez eu me embriague
Com certos palavreados
E em meio a tantos sons
Veja-me solteiro e arrimo...

Arrimo de toda a semântica,
Solteiro de todos os sentidos
Que os significados emprestam
Às construções apócrifas da vida,
Mas casado com sonhos prosaicos
Que edificam virtudes e fraudes...

Talvez eu seja a doce primavera
Que traz ao olfato o lume das flores,
Contudo fico ébrio diante do sol
Que me bronzeia total a inspiração
E quando da chegada do verão
O inverno já me desbotou a alma...

Talvez seja eu o vento que sopra
O uivo que me acaricia os tímpanos,
Todavia ando trôpego mediante brisas
Que carregam do outono folhas mortas
Assassinadas pela desfaçatez do tempo
Que deixa frio o estuário das horas...

Talvez seja eu o orvalho ainda úmido
Que molha perante a lua o amanhecer
Dos dias e o anoitecer das estrelas
Solteiras e cadentes que habitam os céus
E que, de repente, desposam as nuvens
Então carregadas com chuvas do amor!




DE  Ivan de Oliveira Melo

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