domingo, 3 de novembro de 2013

A Vida Continua...

A Vida Continua...
CAPÍTULO IV

Três anos mais tarde. Lucas e Marco estavam com 18 anos. Continuavam unidos, até mais que antes. Comemorava-se, numa sexta-feira, à noite, a aprovação de Lucas no vestibular de Arquitetura. A casa estava repleta de amigos e convidados. Uma banda fora contratada para animar a festa ao redor da piscina, que estava livre para quem desejasse dar um mergulho e os jovens não perderam a oportunidade, encontravam-se trajados com roupas de banho. Ora curtiam a música que a banda tocava, ora nadavam despreocupados na grande piscina. Os pais dos jovens, sentados ao redor, bebiam e se enchiam dos petiscos servidos. Fora uma noite agradável que se esticara até 5 horas da manhã. Depois que os últimos convidados se retiraram, Marco e Lucas subiram para o quarto, tomaram banho e se prepararam para dormir.
- Daqui a algum tempo será sua vez, Marco - disse Lucas - o que você pretende fazer?
- Tenho muitas dúvidas - respondeu Marco - acho que Agronomia, já que nosso pai irá nos presentear com uma fazenda, uma para mim, outra para você.
- Um belo curso – concordou Lucas - é só você estudar com mais afinco.
- Nem tanto... – defendeu-se Marco - você mesmo nunca foi exímio estudante e aí está, dentro de uma faculdade de Arquitetura.
- Pois é - continuou Lucas - tive muita sorte, mas o que vale é que vou fazer o que gosto, isso que importa.
- Concordo - disse Marcos - vamos ver se um dia chego lá, também...
Os meses se passaram. Flávio Vasconcelos cumpriu o que prometera.
Presenteou Lucas com um carro zero e deu-lhe uma fazenda numa cidade próxima. A propriedade era imensa, próspera e rendia com a venda de leite, gado para o corte, avicultura, apicultura, ovos, frutas e produtos hortigranjeiros. Se assim o quisesse, Lucas até poderia abandonar os estudos e viver só dos lucros da fazenda, que eram demasiadamente profícuos, no entanto prosseguiria a estudar, os referidos lucros eram depositados em sua conta
bancária e a fazenda administrada por um capataz de inteira confiança. 
Na faculdade, Lucas conhecera Beatriz, uma linda moça, filha de famoso médico cirurgião. Ambos se apaixonaram e já até falavam em casamento. Quando soube, Marco ficou triste. Passou a comer menos, quase não falava e emagrecera bastante. Isto preocupou Flávio Vasconcelos.
- O que há, meu filho? Que se passa com você? – perguntou.
- Não é nada, meu pai. Apenas uma fase que logo desaparecerá.
Foi então que Lucas se tocou. O irmão estava com ciúmes, o que era normal, afinal, Marco era “louco” por Lucas.
- Acho que você precisa, também, arranjar uma namorada - condicionou Lucas - Não pode continuar a definhar deste modo.
- Nem pensar nisto, por enquanto, Lucas. Vou dando vazão à minha vida. Vou esquecer certas coisas, dedicar-me mais aos estudos... talvez consiga suportar o que me incomoda.
- Você está sendo injusto consigo mesmo - atacou Lucas - posso casar-me, ter filhos, mas você é e será sempre a pessoa que mais amo... entenda isso, mano... 
- Não é fácil, porém tentarei. Pensei que ficaríamos juntos, só nós dois, para sempre.
- A vida não é assim. Somos homens e construir uma famí8lia é o anseio normal de qualquer cidadão.
- É, você tem razão. - comentou Marco - a vida é mesmo assim...
Dois anos mais tarde, Lucas já estava casado e sua mulher, Beatriz, esperava pelo primeiro filho. Nessa época, foi a vez de Marco conseguir aprovação no vestibular de Agronomia. Foi uma festa tão rica quanto havia sido a de Lucas. Marco chorava no ombro do pai, depois no de Margarida... felicidade!
- Você merece, meu filho - disse Flávio – amanhã mesmo terá os mesmos presentes que dei a Lucas: um carro zero e uma fazenda. Estou muito feliz com você!
Aconteceu exatamente assim e Marco passou a viver mais na fazenda, observando pessoalmente seu próprio negócio. Estava rico, a fazenda era ainda mais próspera do que a de Lucas. Quatro meses fazia que não punha os pés em casa, Desesperado pela saudade, Lucas foi visitá-lo.
- Você se esqueceu da gente ? - Quis saber Lucas. - estou morto de saudade!
- Eu também - respondeu Marco - é que por aqui não tenho tempo nem para respirar direito.
- Amanhã será a cesariana de Beatriz - disse - você não vai acompanhar o nascimento de seu sobrinho?
- Uau! Como o tempo voa, mano - externou Marco - Irei sim, claro!
No dia seguinte estavam todos na maternidade. O parto fora um sucesso. Mãe e criança passavam bem.
- Parabéns, mano - falou Marco - é um lindo menino!
- Obrigado - agradeceu Lucas - tenho uma surpresa para você...
- Qual?
- O menino chamar-se-á Marco Aurélio Vasconcelos Sobrinho, em sua homenagem - confirmou Lucas.
- Sério ? – Indagou Marco com os olhos úmidos.
- Sim. Eis uma prova do que senti, sinto e sentirei sempre por você. Amor!
Abraçaram-se. Momento de profunda felicidade para os irmãos. Flávio Vasconcelos e Margarida se emocionaram com este instante vivido por Marco e Lucas.
- Vocês só nos dão alegrias – disse Margarida - eu e o pai de vocês navegamos nas águas de profundo contentamento. Obrigada, meus filhos!
Mais um ano se passou. Marco conheceu Elaine e se casou em menos de um mês de namoro. A família Vasconcelos crescia e, dez meses depois, nascia o primeiro filho de Marco - Lucas Vasconcelos Sobrinho - e Lucas era só felicidade.
- Muito obrigado, mano. Estou feliz. Nossos filhos serão tão grandes amigos e se amarão tanto quanto nós dois.
- Assim espero - comentou Marco.
Dois anos mais tarde, as duas famílias resolveram fazer um cruzeiro pelo mundo. Lucas e Beatriz, Marco e Elaine. As crianças ficaram sob os cuidados dos avós, ainda lúcidos e resistentes. A viagem ocorreu no mar da tranquilidade em seu início, porém no retorno - uma tragédia aconteceu. Grande maremoto atingiu a embarcação em que viajavam e o navio veio a pique. Únicos sobreviventes: Marco e Lucas! Mesmo assim, corriam sério 
risco de vida. Foram encontrados e resgatados e levados para a emergência de um hospital. Flávio e Margarida não arredavam o pé do hospital... choravam, pediam a Deus pela vida dos seus filhos.
- Calma, Flávio, Deus haverá de salvá-los. Tenha fé - Pediu Margarida.
- Sim, eu tenho, mas é muito crítico o estado de saúde dos dois. Só um milagre os salvará, só um milagre... 
O milagre aconteceu. Marco e Lucas foram salvos e levados para casa dos pais, onde aos poucos, recuperavam a saúde.
- Como estão nossos filhos ? - Perguntou Lucas a Flávio Vasconcelos. 
- Estão bem, meu filho. – Respondeu Flávio.
E as crianças entraram no quarto e se abraçaram aos respectivos pais.
- Sua mãe se foi, filhinho, mas eu estou aqui para darmos sequência a nossas vidas. – Desabafou Marco.
Flávio ouvindo o que dissera Marco, interveio.
- Sei que vocês amavam suas esposas, porém ainda são muito jovens, poderão casar novamente.
- Não - disse Lucas - nem quero pensar nesta possibilidade - nunca !
- O mesmo digo eu - Concordou Marco. 

FIM DA CAPÍTULO IV

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