segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A Vida Continua...

A Vida Continua...
CAPÍTULO V
EPÍLOGO

Os meses se passaram. Marco e Lucas voltaram a morar com os pais, juntamente com seus filhos. Vez por outra Lucas se deparava com a tristeza de Marco e vice-versa.
- Estive pensando, Marco - disse Lucas - a catástrofe que nos abateu tem um significado.
- Também pensei, Lucas – respondeu - acho que este significado a que você se refere é o mesmo meu, mas evitemos falar nisso por enquanto.
- Certo - falou Lucas - deixemos o tempo passar... ele, o tempo, é o melhor remédio para cicatrizar nossas dores.
Mais alguns meses se foram. Lucas e Marco frequentavam suas faculdades e trabalhavam com afinco em suas fazendas, que cresciam e cresciam a cada dia. Ambos já nem sabiam o que fazer com tanto dinheiro. Pouco se viam, passavam a semana inteira correndo pra lá e pra cá, cuidando dos negócios. Só se encontravam aos finais de semana.
- Não penso em casar-me outra vez, Marco - confessou Lucas - e minha conta bancária está abarrotada. Como vão seus negócios ?
- Tanto quanto os seus - retrucou Marco - também não penso mais em casamento. A experiência foi dolorosa, o destino cruel.
- Por que não nos tornamos sócios num grande empreendimento de assistência social ? - Propôs Lucas.
- Boa ideia! - concordou Marco – acho que com o que temos, podemos abrir várias creches e amparar crianças abandonadas, dando-lhes um futuro. 
- Exatamente o que pensei. Nossos filhos já estão ricos por herança e, juntos, temos tudo para proporcionar a felicidade de quem nada possui, nem mesmo esperanças...- frisou Lucas.
Tornaram-se sócios de um grande negócio em que não havia lucros pessoais. Estavam tão ricos que abriram, positivamente, várias creches em algumas cidades. Nas creches havia alimentação, assistência médica, estudo e de tudo o que precisasse uma criança para ter um futuro promissor. Até 21 anos podiam depender desta assistência, depois cada qual que andasse com suas próprias pernas. Contavam, ainda com o apoio dos pais,
que se envolveram neste trabalho. Onde não abriram creches, abriram asilos para assistência aos idosos e escolas para a população carente, tudo por conta do projeto. Em contrapartida, Deus mais e mais abençoava seus negócios e, assim, mais e mais faziam pelos necessitados e desamparados da sorte. Viajavam e viam de perto as coisas acontecerem e darem resultado positivo. Flávio Vasconcelos aposentou-se e pôde dedicar-se ainda mais às assistências, ao lado de Margarida. Seus nomes ganharam espaço na mídia, que tudo investigava e ficava por dentro da vida dos rapazes. Cartas e mais cartas , de
todos os recantos do país, chegavam todos os dias, solicitando ajuda. Na medida do possível iam sendo atendidas, nada ficava sem resposta. Dedicação total ao projeto, esse era o lema de Marco, Lucas, Flávio e Margarida. Muitas famílias ganharam casas próprias, tiveram verbas para tratar da saúde dos seus doentes e estudos para seus filhos. Assim, a vida prosseguia. 
Numa noite de sábado, em casa dos pais, onde habitavam, Marco e Lucas, que pouco conversavam sobre si mesmos, finalmente encontraram espaço para um diálogo.
- Marco, acho que superei a morte de Beatriz, apesar das doces recordações. – Disse Lucas.
- Eu também, Lucas. Temos trabalhado muito, havemos feito das tripas coração para levar felicidade a uma porção de pessoas. Isso me deixa quase realizado. – Ponderou Marco.
- Por que quase ? ´ Indagou Lucas.
- Acho que chegou o momento de termos uma conversa. Lembra o dia em que você chegou à conclusão de que em nossas vidas havia um significado ?
- Lembro e meu pensamento é o mesmo, nada mudou. - Falou Lucas.
- Pois então, comparemos nossas conclusões. – Pediu Marco.
- Sim - disse Lucas - Quando havíamos 15 anos, tivemos um desentendimento por causa de uma garota chamada Pollyanna, Lembra ? - Interrogou Lucas. 
- Lembro e muito bem... Como poderia haver esquecido aquela noite - ela foi deveras significativa e importante para mim. 
- Idem, para mim. - completou Lucas - após a briga, houve aqueles instantes de profunda intimidade entre nós, depois jamais repetimos do que ali se passou.
- Verdade! Guardamos este segredo até hoje, tentamos enganar nossos próprios sentimentos, no entanto... a vida me mostra que, o que se promete e o que se jura deve ser cumprido. Não adianta mais fingirmos que não entendemos, nem fugirmos àquilo que realmente desejamos - Confessou Marco.
- E você ainda tem o mesmo pensar daquela noite ? - Lucas questionou.
- Adianta eu negar ? - frisou interrogativamente - está em meus olhos, escrito em minha existência.
- Em minha existência também. – Lucas repetiu. – De tudo a vida nos mostrou: casamento, mulheres, filhos... e acabamos sós!
- Sós ? Claro que não! Há nossos filhos que são nossos seguimentos e temos um ao outro. Logo, não estamos sós... Rebateu Marco.
Abraçaram-se e trouxeram de volta toda a intimidade dos 15 anos... para o restante de seus dias!

FIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário.