domingo, 24 de novembro de 2013

Brincar de Médico

Trago até você
Uma das minhas reminiscências
Dum tempo das experiências
Que estão guardadas em meu dossiê.

Meu dossiê é minha memória
Que mesmo sugada pelos anos
Nunca cometeu gafe nem desenganos
E é um arquivo vivo de minha história.

Lembro-me de que era menino
E entre as meninas brincava de médico,
Vestia-me a caráter, era deveras ético
E minhas pacientes tratava-as com mimo.

Auscultava-as com emoção
Para que mordessem minha isca,
Tornava-me então exímio dermatologista
E já naquele tempo assanhava meu tesão.

A lindas nudezes eu assisti
Escondido dentro da velha garagem,
Meu critério infantil fazia triagem
E as garotas mais belas eram meu colibri.

Havia meninos que desejam consulta,
Mas eu me dizia especialista feminino,
Assim recebi ameaças dos pequeninos
E os consultava para manter-me na labuta.

Um dia, porém... Tudo deu errado,
Uma das mães desvendou-me o segredo,
Cortou pela raiz a linha daquela novelo
E ainda espalhou que era eu um tarado...

Meu pai ficou ciente das minhas aventuras
E me castigou apenas para dar satisfação,
Em casa me sorriu, chamou-me machão
E me disse estar feliz perante minha postura.

Hoje a saudade é o que me resta
Das longas horas em que fui médico,
Verdade que o tempo tudo torna patético
E agora curto a nostalgia dessa festa!

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