domingo, 24 de março de 2019

FILTHY NIGHT



The night was cold... Terrible silence!
Near the cemetery there were noises…
A fine rain fell on the asphalt silently
And a strange fear flooded my soul…

My eyes could see black shapes around,
My shadow cried out in terror and I felt
The blood that clotted in the hard veins
Being sucked by outrageous bacteria…

The worms ate me still alive and awake.
It was then that I discovered the crows
That smelling my rotten flesh, they sang…

A funeral melody invaded the dark night
And death froze my rigid body fragrant
By the inorganic putrefaction of the life!



BY  Ivan de Oliveira Melo   

SEDE DE AMOR



Fala... Ouço-te...Dizes o teu tudo,
Pois o dia cai e a noite se chega...
Em mim tua alma me aconchega
Diante da volúpia que vive o luto

De uma embriaguez que te alumia...
Meus olhos estão trêmulos, ainda
Não perceberam que são restingas
Da geografia íntima de tua alquimia.

Grita, então! Tua voz canta em mim
Melodia dum intenso desejo e libido
Que se edificou sobre o amor sentido
Nas entranhas de universos mui afins.

Em fim silencia... O silêncio leva o eco
Bem distante do sentimento anorético!


DE  Ivan de Oliveira Melo


terça-feira, 19 de março de 2019

LOADED REVENGE




I wished to listen a music...

I heard my voice inside me,
I didn’t understand the tone…

The words were very confused
And their meanings were dirty
So I broke this pathetic sound.

Again I heard a strange noise.
I didn’t get to hold any syllable
Because all letters fell immatures
Over the carpet of my silence…

I wished to listen a music…
I caught several musical notes
That they were drunk and false.
Suddenly I noticed who was drunk:
My mouth swallowed falsehood!



BY Ivan de Oliveira Melo

domingo, 17 de março de 2019

HIPOCRISIA



Céu e inferno são extremos abstratos
Cabíveis na interpretação alfa e ômega,
Viagens obscuras perante a alfândega
Que nutre do imaginário sutis retratos.

Especula-se o Paraíso e um Fogo Eterno
Como dimensões que selam os destinos,
Estradas a percorrer perante peregrinos
Que têm diante de si um clímax perpétuo.

A mente humana é facilmente manipulada
Por dogmas que surgem do nada e é tudo
Que fica impresso no pensamento confuso
Da criatura às vezes analfabeta e alienada.

Religião: doutrina que enfeitiça as massas
Ao longo dos milênios como as diásporas!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

sábado, 16 de março de 2019

MULHER ISOPOR



Caminhei pelas veredas da vida.
Tropecei em vultos e, desiludida,
Cai num bueiro onde o sonho
Faz morada.
Longo tempo passei adormecida,
Entregue às últimas despedidas
De um devaneio arrebatador.

Meio sonolenta, abri bem os olhos,
Já não me via entre espinhos e abrolhos,
Mas recordava amores de outrora,
Era preciso que novas auroras
Pintassem em mim telas sem sombras
Para que diante do mar e suas ondas
Eu pudesse descobrir um novo amor.

Um novo Sol descortinou-se diante de mim,
À noite a Lua clareou as nuvens e, enfim,
Pude abandonar aquele bueiro de solidão,
Deixar que a saudade desenhasse um coração
Onde a felicidade fizesse intenso abrigo
De alegrias ímpares que vivessem comigo
Sem qualquer dossiê que me lembrasse a dor.

Afinal o sorriso tornou-se minha espinha dorsal;
A vida, retrato de um inesquecível carnaval
Que me fez caducar ainda bem moça
Perante as estrelas das madrugadas insossas...
Tudo mudou depois do estágio naquele bueiro,
Agora vejo um mundo elegante e faceiro
Em que ser mulher não é ser de isopor!


DE  Ivan de Oliveira Melo


segunda-feira, 11 de março de 2019

TRANSMUTAÇÕES




Coisas estranhas são as estradas por onde caminho.
Velejo a pé os quilômetros qual andarilho solitário
Sem conhecer das veredas os pântanos filosóficos
Que me abstraem do pensamento, ideias inexoráveis.
Não vislumbro esquinas onde possa erguer um altar,
Que seja uma nave em que minha consciência ore
Uma oração em que nada peça nem agradeça, um
Patamar para reflexão sóbria sobre os vexames da vida.

É incompreensível o vácuo que se instala diante de mim.
Um deserto onde minha alma loquaz busque o destino
Embora para quem caminhe a ermo não exista a estação
Nem o eco para responder do silêncio, o gaguejar silábico,
Sem fonética e sem ritmo, apenas o desejo de escutar a si.
E uma aparente loucura se instala nas vertentes dum íntimo
Sem perspectivas de soletrar do alfabeto, a utopia de ser.
Imantam-se aí os adereços frenéticos, sementes do estar.

E leva-me o tempo a peregrinar de forma aleatória. Indômito!
Sem saciar a fome que me assola a insistência de prosseguir,
Vem-me a sede que copula com os ventos a idoneidade de ver.
E um frio avassalador inunda meu espírito inquieto, sem tato.
Em cada passo, uma centelha apagada; em cada gesto, solidão.
Um espectro alhures às circunstâncias de uma insensibilidade
Aliciada por um metafísico quântico, sem física para o cálculo
Das adversidades disformes de uma existência assaz quadrática.

E chega o calor metafórico que deixa o corpo a evacuar chamas.
Imensas labaredas são lançadas ao ar rarefeito das inverdades,
Uma chusma de sentimentos penetra nos vales dos indivíduos
E eu, como criatura, permito-me queimar hipocrisias indecentes
Que me causam no âmago um festival de raciocínios autóctones...
Então desperta-me a inconsciência adormecida, plena do viver
Nos campos oníricos a realização dos devaneios mais urgentes.
E os sonhos se materializam, compactuam com ilhas e paraísos!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 9 de março de 2019

EXORTAÇÃO




Vós que sois de tudo o Criador
Vede: minhas mãos estão sujas
Diante de uma fuligem em cujas
Partituras não posso mais compor.

Olhai os nichos do corpo enfermo,
Podei vós dar-me um sinal de cura?
Os pés cansados não me seguram,
Porque sabem que estou em erro.

Sou vassalo do vosso santo indulto,
O que é pecado já não está oculto,
Estendei sobre mim a vossa bênção...

Julgai vós: posso viver sem poesia?
Curai-as... Assim eu me refinaria...
Descreveria do amor vossa oração!


DE  Ivan de Oliveira Melo


sexta-feira, 8 de março de 2019

SIMBIOSE




O amor vem de outrora... Nasce e morre no arrebol!
Entretanto nos lábios de quem ama parece de isopor,
Porque a flor se abre diante de suas pétalas amarelas
Enquanto esse amor é vulto que se mexe qual caracol!

A vida é efêmera, embora esteja presente num orvalho
Em cuja madrugada deitou-se a dúvida sobre o tapete...
Diante do mar bravio o pensamento rebola sem métrica
A fim de que a paixão se misture perante o cio tatuado.

Vagueia-se na imensidão em busca do ouro e do cetro!
O peito pulsa desgovernado sem saber a hora da partida
Enclausurando uma ideologia apócrifa sem rima e metro.

Arde o coração que ama sem o dissabor de toda injúria!
Acende-se a chama que treme e que combate a preguiça
Mediante os favos do mel que adocicam a volúpia espúria!


DE  Ivan de Oliveira Melo





quarta-feira, 6 de março de 2019

DIAGNÓSTICO




Com vontade...
Um voo reflexivo
De minh’alma
Rumo ao infinito
E a inspiração
Enlatada de júbilo
Derrama sensibilidade...
Doce é a volúpia
De descrever o íntimo
Diante da fotossíntese
De uma paixão
Alienada ao sentimento
Bruto que o prazer
Reclama junto à dor
De uma partida
E uma solidão bipartida
Dentre a saudade
Que nutre o amor
E a fantasia
Que tece a ilusão.



DE  Ivan de Oliveira Melo

CONSTRANGIMENTO



Há em meu íntimo intenso inverno,
Tempestade de ilusões sacia fantasias
E tudo fenece como eu não pretendia,
Pois é nos adereços criativos que hiberno.

Há na inconsciência falanges de utopia,
Borrasca que nutre imensos devaneios
E tudo perece no silêncio onde são feios
Os teares em que a imaginação não se filia.

Em meu âmago há folhas secas de outono
Que os ventos sopram e eu não sei como
Se espalham dentre sentimentos bastardos...

Em minha consciência há trovões figurados,
Relâmpagos escrevem todos os postulados
Que me inibem perante os pesados fardos!


DE  Ivan de Oliveira Melo


terça-feira, 5 de março de 2019

ARRIMO



Pequenos males são riquezas,
São bens inalienáveis,
Pois melhor ser dono de uma só moeda
Do que ser escravo de duas...
A vida tem seus dogmas
E a maçã cai sempre embaixo da árvore.

Em cada estação as luzes piscam,
Anunciam dificuldades
Que têm na reflexão sutil
O estratagema da solução,
Por isso se deve pensar com vagar
A fim de que não se perca
O controle de uma situação.
Verdade que no pensamento lento
Há grande porcentagem de acerto
E, depois, a ação exige rapidez.

Não há como transformar
Sangue em água,
A prudência é o antídoto do sucesso.
Palavras certas nos lugares certos
E não escutar opiniões variadas,
Pois muitos dizeres afundam o barco.

Cultivar a sinceridade é ter amigos fiéis,
Contudo um pé na frente, outro atrás,
Porquanto o mundo é dos espertos
E bem melhor é ter um inimigo de valor
Do que um amigo tolo,
Assim explicita a razão.
Não se deixar levar pelas aparências,
Haja vista que o exterior pode ser belo,
Porém no interior pode haver pragas,
Isso é observar sempre
Que as vestes não fazem o sacerdote...

É interessante ser solidário, sim...
Não obstante isso não significa
Grudar-se em desconhecidos,
Posto que quem com galinha se junta,
Farelo come...
O raciocínio deve estar atento,
É que, se há obstáculos,
O juízo são encontrará uma saída
Para que não se ande descalço
Sobre espinhos...

Tudo é deveras importante.
Expurgar de si o egoísmo,
Porque uma mão pode lavar a outra,
Contudo as duas juntas lavam o rosto.
Lembrar de que a fome e a sede
Precisam ser saciadas
Em virtude de que
Um urso faminto não sabe dançar.
Sobriedade, talento dos argutos;
Impaciência, atributo dos inconsequentes.
Ter sempre em mente que
A loucura não vai às montanhas
E que os maus cães
Morrem dolorosamente.

O outrem está ligado todo o tempo,
Então rever sempre:
Primeiro a alma,
Depois os contatos dessa alma.
E assim, não se vegeta,
Vive-se!


DE  Ivan de Oliveira Melo

POEMA INSPIRADO EM PROVÉRBIOS GREGOS.

















segunda-feira, 4 de março de 2019

SENTIMENTOS






Vejo-me compassivo no compasso altruísta,
Sinto-me ilustríssimo nas tangentes meridionais,
Entretanto aborrecidíssimo com os transparentes sinais
Que fazem de mim o istmo do fracasso na conquista.

Percebo-me o verme que cerze os parasitas,
Todavia esse tal germe que me ferve as aurículas
Obriga que minha derme observe os silvícolas
Que jazem na verve dos almocreves intimistas.

Ribomba em mim um coração que é anão nas estradas
E se isso é o fim da ação para o aluvião das matas,
Talvez assim eu seja o alçapão do gavião peregrino...

Deveras lento vejo no meu pensamento um oásis
Envolto no tormento para o entendimento das paráfrases
Que me causam sofrimento do momento eu que fui menino!


DE  Ivan de Oliveira Melo


sábado, 2 de março de 2019

FICÇÃO



A vida deixa marcas inesquecíveis...

Não posso borrar minhas cicatrizes,
Elas ficam inapagáveis na memória

E tal fato não traz qualquer saudade,
Pelo contrário... produz recordações
Inalienáveis do sentimento humano.

Lembranças são tatuagens incolores
Desenhadas por experiências vividas
Diante de instantes que são a escola
Pessoal perante o que é adversidade.

O mundo é uma zorra... São misturas
Tecidas por pincéis abstratos do orbe
Pelas mãos dos vultos que tudo veem
E tudo sentem... Por isso, tudo é arte
Numa seara de sobrevivência fictícia!



DE  Ivan de Oliveira Melo