quarta-feira, 28 de novembro de 2018

SILÊNCIO



Meu silêncio grita dentro de mim
E meu pensamento desengonçado  é tortura
Que faz de mim amaranto da real miniatura
Penada que vive do sarcasmo sem fim.

Vazia, minha alma habita um submundo
Em que forma e conteúdo são estradas
Irregulares em meio a vozes diagramadas
Pelos ventos que sopram num palco imundo.

Não se decifram os segredos do desequilíbrio
Impune que as tatuagens incitam sem o brilho
Da mente aberta que, sem ritmo, perece fechada.

Indubitavelmente não há um paladar concêntrico,
Pois de sinestesia em sinestesia perde-se o idêntico
Reciclar que torna a existência muda, sem nada...



DE  Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

AMOR FEBRIL



El amor es como los pétalos de la rosa,
Tienen el aroma de un perfume afrodisíaco
Que embebe el cuerpo y también lo físico
De los sintomas de la vida muy melindrosa.

El celo es apogeo del deseo que se inflama
Frente a la voluptuosidad en que se retrata
El clamor del contacto de una mente intacta,
Pero cambiante del tiesura en la pura cama.

En la burla sin sonidos del cariño, la lernura
Es la exhibición del sentimiento que dura
Y para siempre está almohadillado de pasión...

- Tórridos besos – satisfación de una orgia
En que se dilatan los miembros de la fantasia
Que traen el amor a la casa del febril corazón!




DE  Ivan de Oliveira Melo      

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

SOL



Sol moleque que enfim chegaste
Às campinas tatuadas de nuvens
Sobre as quais os homens ouvem
O trucidar do calor em sua haste.

Vagabundo Sol que o dia esconde
Sob o frio gélido da meteorologia
Deixando às noites ritos e alegoria
Em máscaras negras no horizonte.

Sol psicopata que fere no arco-íris
As cores que vomitam toda a bílis
Encontrada nos vagões estomacais.

Esdrúxulo Sol... Vil contrabandista
Das estrelas cadentes em sua isca,
Sicário dos astros e seus ancestrais!


DE  Ivan de Oliveira Melo


  

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

ESTRATÉGIA






Bebo deveras do sumo da vida e da morte,
Ingiro das Bodas de Caná o Cálice Sagrado
Que é o sêmen da existência e é retrato
Do auspicioso vinho que faz de mim consorte

Da magnífica metamorfose que saiu da água...
Como do pão ensopado da Última Ceia
E percebo dos arrepios que me cerceiam
A vitrine de uma fé que meus olhos deságuam.

Penso do Infinito as Verdades Cósmicas
Que me abstraem e cerzem a todas as óticas
Para que em núpcias se entenda o infinitesimal...

Compreendo da natureza o enlace que é Perfeito
E, se minha mente adormece, vincula-se ao defeito
De todos os polígonos e circunferências do Mal!



DE  Ivan de Oliveira Melo

ESPECTRAIS



De que adianta chorar diante do sepulcro
Onde meu corpo dorme o derradeiro sono?
Aqui só há eu, os vermes é que são os donos
Da carnificina que alimenta tietes tão impuros!

Antes de aconchegar-me a este catre tão vazio,
Debulhei cada centímetro dessa vida ortodoxa,
Debochei do nada, do tudo, comi dessa paçoca
Para engordar a verve que sutura o calor do frio!

Lágrimas hipócritas e gélidas derramadas em mim
São parafernálias que homenageiam um triste fim
Ainda tão precoce e bastante inundado de sonhos...

Tarde demais! O viço das bactérias me consome
Os últimos resquícios do ente que foi um homem
Malogrado pelo transporte dum arrebol tristonho!




DE  Ivan de Oliveira Melo