terça-feira, 31 de julho de 2018

POÉTICA MITOLÓGICA



Cinjo-me de sabedoria com o apoio de Atena
A fim de desenvolver uma plêiade mitológica,
Sublevo-me descendente de Apolo e a Lógica
Filosófica para não usufruir da arte o anátema.

Para escrever bem preciso do fogo de Hefesto
Que emblema em mim os oceanos de Netuno,
Contudo é indispensável que não seja o intruso
Que dilapida fenômenos, provocando o incesto.

Durante as noites, à luz da Lua, evoco à Ártemis
Para ter o privilégio das madrugadas nas caças
E, assim, deter o galardão maior com dose tênue,

Sem violência, para que não ter a zanga de Ares...
Meter-me num confronto bélico seria desgraças,
Porque Héstia não tolera a infidelidade nos lares.



DE  Ivan de Oliveira Melo 

domingo, 29 de julho de 2018

VULTO




Que me importa o martírio
Se durmo solitário sobre pedras?
Que me importa a morte
Se meu nome é dilúvio
Que se afoga sobre a sede das multidões?

Que venha o sol alimentar os pastos
E soerguer a vida nas campinas...
Que venha a chuva apagar o holocausto
Que bronzeia os corpos mefíticos
Atolados no lamaçal das carnificinas...

Que me importa a lua
Se a noite é penumbra sem sombra?
Que me importa o orvalho
Se a sobrevivência do homem está em coma
E se o pão que sacia a fome
Apodreceu no inóspito deserto?

Que venham as preces nutrir a esperança
Que adormeceu no mausoléu do vício...
Que se ergam doutrinas e púlpitos
Porque a palavra tornou-se desperdício
E o amor que vivia entocado hoje é vulto!


DE  Ivan de Oliveira Melo

POEMA PUBLICADO EM MEU LIVRO
Descrevendo a Vida em... Poemas Contados ou Contos Poemados?
Câmara Brasileira de Jovens Escritores,

Rio de Janeiro, 2016. 

sábado, 28 de julho de 2018

DONZELA



Meus lábios nos teus, donzela,
No fogo da paixão que corrói!
Não penso em ser teu herói,
Mas te quero, minha aquarela...

Em teus seios róseos, beijo-te!
Em teu corpo virgem, eis o meu
Que sensualmente não é ateu
E que te deseja, pois sou apodi

Nos remelexos e supra aventura!
Observo-te na volúpia mais pura
E me encaixo em ti, com ardor...

Horas insanas no cio que decreta
As nuances do viço da carne ereta
Que nada mais é, senão mui amor!


DE  Ivan de Oliveira Melo


quinta-feira, 26 de julho de 2018

SENTENÇA



Saio a pulular pelos campos.
Os ventos sopram fortes,
Meus tímpanos escutam os assobios
E meus olhos se fecham, em prantos...

Doces lágrimas diante da vida amarga,
Azedos sorrisos perante atmosfera de mel,
Lancinantes gritos sobre o perfil dum silêncio
Que é da existência a luta, enredo de cargas.

Nas estradas, denso nevoeiro poluído de dor.
Nas matas, intensas queimadas sem odor de vidas
Enquanto nos céus, carregadas, as nuvens choram
E derramam sobre o solo urgentes pedidos de amor.

Nos lares, a beatificação das ondas cínicas da hipocrisia
Que se jogam sobre as pedras da intolerância frenética...
Sobre os leitos, pernas se misturam em busca dum prazer
Que nada mais é, senão instantes lúgubres de fantasia.

Nas consciências, grassam as incertezas do amanhã,
Soterradas pela migração dos reflexos inconstantes,
Indomáveis pensamentos que giram e giram afoitos
E perecem inanimados dentre as mazelas da vida vã.

Talvez seja mais lúcido pulular sobre nobres dúvidas
Que torcem as mentes, dilapidam infortúnios e miasmas
Na expectativa de uma esperança que surja alhures,
Entretanto eivada de um paladar cósmico e metafísico,
Pois somente dessa maneira se pode respirar o Infinito!


DE  Ivan de Oliveira Melo



quarta-feira, 25 de julho de 2018

SOMOS...



Todos somos pensantes,
Mas nem todos amantes.
Somos menestréis
Dos nossos pensamentos,
Jograis de nossas atitudes.

Somos sangue que é vida,
Porém carnificina para os corvos.
Somos do seio da Terra
A inteligência,
Contudo somos negligência...

Somos anfitriões do amor,
Todavia piratas da discórdia.
Somos a beleza
Do Universo,
Entretanto podridão e dor...

Todos somos responsáveis
Pela coexistência no planeta.
Somos adultos de chupetas,
Porque ainda não entendemos
Que somos milagres da Criação!



DE  Ivan de Oliveira Melo

AVENTURANÇAS







Nascem as flores em picos de primavera,
Rebenta o amor na chuva fina de verão,
Afina-se o carinho para fazer eclodir o coração
Nas alfazemas e lavandas no perfil das azaléas.

Ternurisa-se a fraternidade com os sorrisos
E, no abraço da fecundidade com o outono,
Tem-se o sabor das alegrias em que os anos
Estampam nas faces donde se obtêm abrigos.

Encontra-se a felicidade sem qualquer desdém
Quando nos olhos há a natureza de um bem
Que é eficaz enquanto a humildade desperta...

Assim dos louvores do amor de inverno a inverno
Subleva-se diante do ostracismo do inferno
A vida que não é fantasia, mas tertúlia e festa!


DE  Ivan de Oliveira Melo


TERNURISA-SE  - Neologismo criado por mim.

domingo, 22 de julho de 2018

PRENÚNCIOS



Múmias da baixa sepultura, sementes
Dum átrio donde corvos fazem morada
E reinam na tétrica superfície dum nada
Em que almas gangrenadas são duendes.

Fantasmas alucinógenos vivem drogados
Pela temperatura dos sepulcros imbecis,
Espectros semióticos de aveludados colibris
Sorvem néctares cadavéricos e orvalhados.

Entes duma dimensão dantesca dizimados
Pelo folclore das catacumbas mumificadas
Dum lastro de tempo de horas perfumadas
Em que incenso e mirra os tornam tarados.

Assombrações de uma tensa fantasmagoria
Açodadas por indícios de ameaças de utopia!



DE  Ivan de Oliveira Melo   

quinta-feira, 19 de julho de 2018

A NOITE É MINHA






O Sol se esconde.
Começam a surgir as estrelas.
A Lua, tímida, clareia o mar
E as águas parecem fontes.

No arrebol do fim do dia,
Os pássaros buscam refúgio,
As corujas cruzam os ares
E o frio noturno traz nostalgia.

Nuvens brancas enfeitam o céu,
As cigarras iniciam uma sinfonia,
Os grilos cricrilam suas fantasias
Sob os ventos que assobiam a granel.

Os jasmins espalham o perfume
Perante os olfatos da Ave-Maria,
É a hora do silêncio que anuncia  
A ladainha do terço que é costume.

Noite adentro, chega a madrugada
Sob a quietude do cansaço e da fome,
Sono e sonhos levados pelas horas
Que envelhecem o mundo, mais nada!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 18 de julho de 2018

BALBÚRDIA



Do peso da vida doem os ombros humanos,
Pesam as circunstâncias do cotidiano ignoto...
A ciência parece arrogante, o homem néscio
E, o tempo, peremptório diante dos pândegos.

O conhecimento atropela os pacóvios do orbe,
A injustiça justapõe a dor perante os inócuos,
A fidelidade parece recôndita diante dos dândis,
Pois no peso da consciência estão os loquazes.

O testemunho é uma cerimônia mui fleumática
Que advém dos ignóbeis que devem à justiça
E se instalam num palco nômade e pachorrento.

Assim são os instantes... Pesa a nódoa da irrupção
Que contrabandeia os fertilizantes dos perdulários
E, então, permite que o viver se torne rubicundo!


DE  Ivan de Oliveira Melo


No poema acima, respondo aos leitores que, via chat,
perguntam-me o que é um texto prolixo. Ei-lo acima.

E de minha autoria!

terça-feira, 17 de julho de 2018

SONHOS DE PEDRA



Pôr no travesseiro a cabeça intacta
Perante os torvelinhos da vida moderna
É obra de arte que põe em alerta
Mistérios esdrúxulos que sempre maltratam.

O homem sobrevive na selva de pedra,
Compartilha o sono com angústias do mundo,
Os sonhos não são fantasias, são vagabundos
Que transformam realidade em campos de guerra.

Dormir é paradoxo da existência aflita,
Na verdade ninguém dorme, mas se agita
E se contrai enfermidades do efêmero fim...

A vigília é o repouso que o viver imputa,
Barbáries assinalam o caráter de uma conduta
Que lava o solo onde descansavam os querubins!



domingo, 15 de julho de 2018

RETICÊNCIAS



O acaso é uma reação reflexiva das atitudes humanas.
Sou bispo de minha existência, sou deveras o prefácio
De uma vida que ainda não aprendeu o que é escasso,
Por isso tenho de estudar mais o que sei sobre dramas.

Em cada pessoa há uma bússola que norteia seus passos.
Nos pontos cardeais encontra-se a divisória da caminhada,
Ultrapassar limites é desconsiderar fronteiras monitoradas
Pela exegese que ronda o universo sob ritmos e compassos.

Nos vincos do tempo há placas que coordenam o trânsito
Dos personagens que se sentem automóveis das estradas
E se esquecem das horas e dos números reais e quânticos

Que soletram no relógio da longevidade, direitos e deveres.
Portanto, o acaso é ficção e, também, a epopeia das fadas
Que descrevem  em suas fábulas, a exaustão dos prazeres!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

QUÍMICA DA MORTE



Meus cinco sentidos vivem deveras acesos
Em meu esqueleto de chumbo na sepultura,
Na escuridão desse ambiente se configura
Uma Lua que não brilha, pois o Sol é obeso.

Nos riachos, oceanos, em todos os morros
Tudo o que estava perto agora está distante,
Até o infinito beijo do cosmos astros amantes
E me vejo translúcido até quando estou morto.

Minha carne apodrece, estou em tenaz delírio,
Agora estou inorgânico  e meu aroma de lírio
Transforma-se no túmulo tal qual doce amargo...

Não vejo luz nem sombras, há um oásis deserto
Que são as lágrimas dos corvos que vivem decerto
Nas catacumbas que se obrigam a reter os fardos!


DE  Ivan de Oliveira Melo


SECRETOS





Dónde yo conservo mis secretos?
Ah! Yo los pongo en mi alma...
Mi alma es el refugio y yo dreno
Los sigilos en las cajas de los miedos.

La vida es muy peligrosa y yo oculto
A la siete llaves todas las mis ideas,
Mismo viviendo en jardin de azaleas
Yo no sé imprimir en mí el indulto.

Mis pensamientos rentan diamantes,
Así yo tengo aprensión de los instantes
De la existencia, entonces vivo temiendo...

Los sueños son también valiosos secretos
Y la inconsciencia es un perfil de espejo
Y mi vida es el mayor secreto que tengo!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 14 de julho de 2018

INDIFERENÇA



Sou uma flor amassada pelos pés do povaréu...
Minhas pétalas se perdem na poeira grossa
De ruas e avenidas que, enfeitadas de sujeira,
É um lamaçal donde se extrai enfermidades e fel.

Sou folhas secas e murchas que caem das árvores
E se espalham pelas passarelas das cidades mortas
Donde se percebe o vozerio das gentes imundas
Que sobrevivem dos galhos extensos das barbáries.

Sou troncos ocos abandonados debaixo das pontes
E dos viadutos que tremem ansiosos, dias e noites,
Avexados por desabarem no solo das imperfeições...

Sou as podres raízes que, debaixo de sutis montes,
Enveredo silenciosamente levados por vis açoites
De terremotos não tímidos que assassinam corações!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 13 de julho de 2018

PAINEL



Cheio de mim contemplo a vida,
Grande é a responsabilidade de ter
Este dom de escrever e fazer dossiê
Do que retrato com a devida medida.

Não é antídoto para dores ousadas
Nem engenho para acalmar insanos,
É uma terapia que interpreta danos
Causados pelas mazelas que bradam

Sobre o Sol que tosta todo o enredo
De uma existência míope, tom azedo
Que faz do respirar excelsa ladainha...

Cheio do tudo contemplo do mundo
Os malabarismos fúteis e o fecundo
Fazer da arte que é tela capuchinha!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 11 de julho de 2018

BELICOSO



Canto porque o instante insiste,
Calo porque o tempo é bactéria
Que enferma os corpos e adultera
A semântica do irreal, da imundície.

Falo porque o momento reclama,
Silencio porque a hora é um parasita
Que se instala no espaço da palafita
E destrói o lirismo que fenece na lama.

Durmo porque a música confabula
Com receitas de remédios sem bula
E uma loucura se agiganta no pódio...

Desperto porque suborno minha alma
E atiro contra os vilões que não acalmam
A sensibilidade que é vida e episódio!




DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 7 de julho de 2018

FORASTEIRO HÍBRIDO




Não está nas profundezas da Terra minha sina;
Sou um pouco terráqueo e bastante cósmico,
Mas não faço previsões zodiacais, nem feitiçaria,
Porque na metafísica há um hímen mui poético.

No espaço etéreo a arte é a diva da sensibilidade,
A poesia é uma deusa que está acima das ninfas
E a criatividade é um fenômeno real, sem utopia,
Porque faz estremecer todos os alicerces da ciência.

Há um misto de beleza e perfeição no astral artístico,
Donde se abstrai uma singularidade que é eclética
Visto que nas ondas plurais a palavra se deforma...

Mediante a espontaneidade, a figuração é a arcádia
Que celebra concomitante no dilúvio do abecedário
Todas as possibilidades de extrair-se qualquer intento!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

quinta-feira, 5 de julho de 2018

OLFATO MARINHO


Despertam-me, no mar, procelas intensas...
Sobre as vagas há o perfume das tempestades
Que levam consigo os odores das majestades
Onde, em grãos de areia, guardam-se diferenças.

Amparo-me nas rochas do real pensamento
E permito que os devaneios sejam bússolas,
Pois adormeço e desperto sem as esmolas
Que a existência impõe diante do sofrimento.

Acerco-me dos segredos que, sendo delírios,
São também fontes azougadas das labaredas
Que cerzem as ideias enfeitiçadas de seda...

E, assim, consumo todos os sonhos marítimos
Sem os atrozes atropelos dos irreais desenganos
Que, via de regra, são choros e sorrisos humanos!


DE  Ivan de Oliveira Melo


quarta-feira, 4 de julho de 2018

CINAMOMO



Não me desdenhes nesta seara longínqua,
Diante dos trevos da vida nos encontraremos
Mesmo com as estradas esburacadas e bueiros...
Certamente todo apanágio tem boca oblíqua!

Não me apoquentes perante dízimos de outrora,
Há encruzilhadas onde os cofres parecem cinzas,
Pois a pólvora dissipou todas as cédulas redivivas
E. obviamente, nada resta, senão o que é lorota.

Não me crucifiques no calvário dos vilões usurpados,
Porque até ali só chegam os trapaceiros condenados
À prisão perpétua ou à pena de morte da hipocrisia...

Não me pintes nas tatuagens egocêntricas dos pincéis,
Porque não sou miniatura nem caricatura de bordéis:
Sou insigne pintor das paisagens e criador de fantasia!



DE  Ivan de Oliveira Melo   

terça-feira, 3 de julho de 2018

HAVIA MUITA GENTE


Dentro de casa havia muita gente,
Havia muita gente dentro de casa
Dentro de casa
Dentro de casa havia muita gente.

Jamais vi algumas pessoas como ali,
Até parece que lá estavam cobrando
Os poucos níqueis que havia na casa,
Jamais vi tanta gente dentro de casa,
Havia muita gente,
Dentro de casa havia muita gente,
Havia muita gente dentro de casa.


DE  Ivan de Oliveira Melo


PS : Neste poema, HAVIA MUITA GENTE,
eu o escrevi como uma paráfrase do poema
de Drummond, NO MEIO DO CAMINHO, como
uma homenagem aos 90 anos de sua publicação.

Parabéns, Carlos Drummond!

TEAR FILOSÓFICO





Não se espera crises para entender a vida,
Jamais o dever supera a gratidão...
Sabe-se que o destino é o caráter do homem
E a existência se cumpre no prazer.

Nunca se morre por crenças, pode dar erro...
Na verdade, só quem perece sabe o que é o fim.
Vive-se compreendendo o passado, todavia
É lá na frente que tudo é deveras entendido.

Se a paciência apresenta um sabor amargo,
Certamente doce não é resultado do fruto,
Quando se desvia da lei, não há progresso.

E a lei é esta: sapiência é o único poder,
Pois tem mais quem é feliz com o menos...
Acima de tudo: o homem é a medida desse tudo!


DE  Ivan de Oliveira Melo


PS: Este poema foi escrito baseado em frases filosóficas famosas.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

ETERNO AMOR




Quando você pensa em mim,
O éter me traz seus pensamentos,
Então se desdobra em meu íntimo
Avassaladora inspiração...

Nesse instante não sei se rio ou choro,
Se corro pra lá e pra cá,
Ou se paro e tento compreender seu âmago...

Na verdade, surge dentro de mim
Um jardim imponente, incomparável e indefinível
Em que você é a mais bela das flores.
Seu aroma inunda meu ser
E meu olfato treme do prazer
Que é identificar seus eflúvios astrais.

Meu pensamento se funde ao seu
E nós dois, dois em um,
Navegamos rumo ao mesmo porto
Já que esse porto se chama solidão...

De mãos dadas e corpos entrelaçados
Somos o epíteto do amor
Que se multiplica pelos andaimes do Infinito
Visto que infinito somos nós: Eternidade!




DE Ivan de Oliveira Melo

domingo, 1 de julho de 2018

NATUREZA JOVEM



Tropeça-se com frequência
Perante o pensamento dos jovens.
A inconstância é réplica em todos,
Aliás é sua natureza íntima.
Assemelha-se à aura humana
Que muda de cor conforme
As reticências do momento.
Do que se gosta hoje,
Amanhã se buscam novidades.

Evidentemente isso é reflexo
Da inexperiência e da imaturidade.
Lentamente o mundo os ensina
A colocar uma trave nas indecisões
E a equidade se torna mais constante.

Sensatez é bem valioso
E, o jovem insensato do presente,
Será o adulto catedrático do futuro.
Certamente, também, é questão
De sabedoria pessoal, pois
É necessária a tranquilidade
Para consumar,
Bem como se precisa
De inteligência para solucionar.


DE  Ivan de Oliveira Melo


INFLAMÁVEL




Meu corpo deixei ao sabor dos ventos
Das tempestades do amor que me alucina;
Oh!, Mesmo surdo ouvia os tons da rima
Que sobre mim deitava nobre sentimento.

Incontáveis luas havia na noite em derredor
Duma existência cuja caricatura era a minha;
Eis que da natureza percebo preces e ladainha,
Todas tocadas e cantadas em harpas e dó maior.

Em meus sócios desejos almejei alimentar o pejo
E nutri minh’alma dum ortodoxo prazer em chamas
Que se fez em mim sob o ignóbil influxo da cama...

Momentos de intenso e sincrônico pudor eu revejo
Sobre dourados tapetes das imensas salas planas,
Todas preparadas com o esmero que o amor inflama!



DE  Ivan de Oliveira Melo