domingo, 25 de novembro de 2012

Onde há luz, há esperança...



Tenta-se  equacionar  os  despautérios  da  hipocrisia

Onde  rechonchudos  hiatos  da  verdade  deveriam  reinar,
Mas  a  mentira  é  maliciosa  e  travessa  e  diz  bom  dia

A  um  cenário  de  aparências  que  não  é  altar
E,  sim,  uma  assembleia  de  engodos  que  busca  engordar
Os  cofres  da  ingenuidade  com  raciocínios  da  utopia...

O  pudor    caiu  da  plataforma  e  dorme  na  lama
Onde  não  tem  sonhos,  porém  intensos  pesadelos
Em  que  a  vergonha  desfila  entre  faustosos  modelos
Diante  de  uma  plateia  anestesiada  pela  ignóbil  dama...

A  razão  se  rende  aos  ensaios  esporádicos  da  esperança,
Contudo  os  vícios  vencem  aos  hábitos  do  bom-senso
E  travestem  a  inocência  com  o  manto  da  incredulidade...
  no  fundo  do  poço  uma  luz  pisca  com  forte  animosidade
E  conclama  aos  andarilhos  da  noite  que  lutem  com  engajamento!     

Natureza Morta



Sozinho  por  uma  longa  e  deserta  estrada
A  contemplar  minúcias  de  um  passado  que  foi
Cremado  pelo  tempo  que  afogou  o  depois
Na  lama  pérfida  de  uma  modernidade  alienada.

Espinhos  que  não  ferem  enfeitam  a  vereda  solitária
Onde  um    oásis  não  existe  para  celebrar  vida,
Tudo  é  poeira  que  o  vento  sopra  e  que  não  se  destila
Porque  o  espaço  é  câmara  ardente  da  visão  mortuária.

Vácuo  em  que  o  eco  não  produz  ressonância
Diante  do  silêncio  mórbido  que  é  dissonância
Das  intempéries  onde  a  barbárie  é  a  anfitriã...

Aridez  desnutrida  assinala  uma  natureza  morta
Em  que  a  saudade  foi  rebocada  pelo  nada  que  deporta
Qualquer  vestígio  que  ressuscite  uma  sensibilidade  louçã!

Mundo das Palavras



As  palavras  são  afluentes  do  meu  pensamento,
Desnudam-me  o  íntimo  e  expõem  meu  saber,
Coringas  que  me  divertem  e  me  fazem  conceber
Que  no  rol  das  fantasias    dor,  não  deslumbramento.

As  palavras  são  cicerones  dos  meus  planos,
Uma  fotossíntese  que  harmoniza  o  enleio  semântico,
Se  mal  dispostas  produzem  exacerbado  pânico
Diante  de  uma  realidade  consumidora  de  danos...

As  palavras  se  revestem  da  astúcia  de  quem  as  utiliza,
Rompem  sigilos  na  tempestade,  adormecem  na  brisa
E  são  responsáveis  pela  proliferação  do  mal  e  do  bem...

As  palavras  concretizam  ideais,  mas  são  fantoches
Manipulados  deliberadamente  para  darem  o  toque
De  uma  natureza  obscura  e  nem  sempre  é o  que  convém!



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Prece



Monumento  pessoal  intransferível
Diante  de  um  infinito  que  escuta  e  guia
O  coração  desequilibrado  e  em  agonia
Que  busca  consolo  ao  fecundar-se  com  o  invisível...

Alimento  da  alma  que  tem  sede  de  fé,
Diálogo  íntimo  que  massageia  emanações  de  amor,
Rompante  de  energia  que  vai  aonde  o  homem  for
Edificando  consciência  em  tudo  o  que  se  quer.

Bálsamo  que  sacia  a  fome  do  conhecer,
Razão  que  traz  sem  magia  o  verdadeiro  prazer
De  uma  realidade  que  é  beneplácito  da  felicidade...

Em  silêncio  o  homem  busca  o  circunlóquio
E  na  oração  sincera  estabelece-se  o  consórcio
De  uma  aliança  cujo  respaldo  é  o  porvir  e  a  eternidade! 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Duplex de Sensações



Nada  obsta  a  que  nos  amemos,
Teu  perfil  ao  meu  se  encaixa,
Vibramos  amor  na  mesma  faixa
Num  clima  de  companheirismo  ameno...

Ressoa  em  mim  teu  jeito  moleque
De  encarar  com  timidez  a  paixão,
Causaste  rebordosa  em   meu  coração,
Agora  em  ti  meus  desejos  se  apetecem.

Ah...  Insana  é  a  vontade  de  provar-te o  pejo,
Na  maciez  de  teu  carinho  desnudar-te  os  segredos
E  me  adormecer  o  rosto  no  orvalho  de  tua  pele...

Agregado  em  ti  meus  sonhos  incontinenti  ejaculo
E  um  mundo  colorido  se  perfaz  assim  tão  puro,
Pois  sei  que  tais  sensações  em  ti  também  queres!