sábado, 30 de junho de 2018

CAMPO ONÍRICO




Meus sonhos são dantescos; a alma chora!
Há um aluvião de lágrimas em minha face,
É um tédio tenebroso; realidade e massacre
Que faz da saudade o sabor de minha viola!

É uma dor reticente;  um túmulo de agonia,
O peito grita lascivo; overdose dum pânico
Em que a luxúria é um retrato infiel, titânico,
Engendrado no organismo virtual da utopia!

Desgrenhado, o corpo é sonegado pelo vírus
Que segrega do átomo a mansidão dos lírios
E um aroma nefasto é a genética dos olfatos...

Uma energia cósmica advém; tudo efêmero...
Na fantasia, necrose do tempo que é gênero
Que demarca as linhas dos desenhos inexatos!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

sexta-feira, 29 de junho de 2018

AMO-ME



Amo-me no bem que me fazem,
Idem no mal também me amo,
Porque no amor nada há tirano,
Em tempo algum amor é tatuagem.

Amo-me diante das madrugadas,
Idem perante o que é calor e Sol,
Porque o amor não é só arrebol,
Tampouco horas que são tatuadas.

Amo-me como flores de primavera,
Idem como folhas caídas de outono,
Porque no amor há inverno todo ano
E também há verão nesta atmosfera.

Amo-me tanto no riso como no soluço,
Pois no amor jamais serei velho caduco!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

quinta-feira, 28 de junho de 2018

CONCEPÇÃO



Meu espírito convalesce da soturna morte!
Sente-se abandonado e só
Na escuridão dos sepulcros caiados
Donde se percebe uma reflexão fecunda!

Entre as paredes da catacumba está o tempo
Incauto diante das horas e da reflexão.
A arte é descendência da quietude!

Na transposição das palavras taciturnas
Está o cérebro que alucina o vocabulário
Perante os trejeitos do íntimo poético
Que expõe a emoção que emana da poesia.

Tudo é cerimonial de intensidade
Enquanto o nada se traveste de formas
Que, no diálogo com versos, estrofes e rimas,
Celebra o nascimento da imortalidade poética!



DE  Ivan de Oliveira Melo

INCÓGNITOS




Cá, nos rincões das florestas selvagens
Há uma superfície da angústia do Orbe,
Há estradas de sutis relevos. Desce, sobe,
Sobre os aventais que colorem paisagens.

Quantos enigmas permanecem em silêncio,
Quantos espectros sazonam nos hemisférios...
Acolá, cada passo tem seus destinos etéreos
E, mesmo assim, longe está do tom essênio.

Longos caules em diamantes e esmeraldas
Das flores que sussurram sobre as cascatas
De um pedestal donde as ilusões são reféns...

Quem conhece as horas fronteiras da morte,
Quiçá possa caminhar em rumo sul ou norte
 E, então, desvendar esses mistérios do Além!


DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 26 de junho de 2018

TEXTO E CONTEXTO



É o amor que me faz viver!
Apesar dos pesares, amo...
Virais são os desenganos,
Mas na vida eu respiro você!

Há muita paixão aí enlatada
Que só enxerga o que é sexo,
O amor não é nada em anexo,
É texto e contexto, mais nada!

Atração não é amor nem paixão,
É feitiço que engoda, é um vilão
Que posteriormente se torna lixo...

Tudo é efêmero, menos o amor...
Este ensina como é o decompor
Do bem... E, se verdadeiro, é fixo!



DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 25 de junho de 2018

DEVANEIOS





Ah, se eu pudesse...
Aos meus pés amarrar-te-ia,
Sobre ti derramaria fantasias
E em teus lábios faria quermesse...

Oh, como sonho contigo perder-me
Pelas ruas e avenidas de teu corpo lindo!
Ser somente teu, ser teu único arrimo
E no fogo da volúpia espalhar meu azeite!

Ah, em teu libido poria minha alma,
Sentiria, feliz, o cio que em mim deságua
Desta energia que é teu intenso ardor!

Oh, que doce é a sensação que me domina!
Enlaçado por teus braços perceberia carisma
E de pura emoção nossas bocas falariam de amor!




DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 17 de junho de 2018

CONTRADIÇÕES



Era uma vez, uma vez era, mais...
Do início ao fim e o fim do início,
Ladrão que rouba ladrão é ofício
E o último será o primeiro, aliás...

O que tudo quer, um tudo é não,
Mas o que nada tem, respira tudo...
Assim zoada é silêncio inconcusso
E silêncio em si é algazarra de vilão.

Tempo é ouro, nada! Ouro é tempo
Para quem corre e cansa e é isento
Para quem espera e alcança os réis...

O que cedo madruga quer as ajudas
Que vêm do Alto e esquece os Judas
Que vivem à espreita de tolos infiéis!


DE  Ivan de Oliveira Melo

  

sábado, 16 de junho de 2018

CIENTIFICISMO POÉTICO



Eis que tombou-se a vida do planeta...
Fogaréu intenso inunda os recantos
E a existência se dissipa, entretanto,
Nova atmosfera renasce de proveta.

Satélites artificiais migram para o mar,
Total colapso dilui as comunicações,
Todos os seres são destruídos por vilões
Robóticos e a Terra passam a governar.

A máquina é a inteligência que domina,
Já não há ser vivo... Tudo sem doutrina,
O que era paraíso tornou-se desértico...

Um dia o robô chefe apresenta defeito,
Só o conhecimento humano é o perfeito
Antídoto para consertá-lo... Orbe tétrico!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 15 de junho de 2018

BORRASCA



Lentamente caminhava entre os charcos da estrada...
Em cada passo uma dúvida, em cada dúvida, o choro.
Nos pés atolados na lama, a certeza do sujo e do lodo
Que inundavam aquela alma, cambaleante e cansada.

Uma torrente de nuvens derramavam a água da chuva,
Grossos pingos emolduravam o cenário de tempestade
E a criatura, encharcada de suor, lágrimas e calamidade,
Seguia seu destino rumo a um desconhecido sem curva.

A natureza pranteava doloroso perante o céu plúmbeo,
Dias havia que o firmamento era fechado, nada cerúleo,
O que se confundia na dissertação o que era noite e dia...

Relâmpagos e trovões disputavam o medo e, de repente,
Uma névoa colore de embriaguez alva delírios e mentes,
Mas o personagem rodopiava em busca de sua fantasia!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 13 de junho de 2018

SENTIMENTALAIDADE




Considero o perdão eloquente sentimento.
Vejo na caridade a mais excessiva bondade.
O perdão é a mais pura consciência;
A caridade, a perfeição sublime do amor.
O amor é o cérebro da existência;
A humildade, a devoção por excelência.
A verdade é que fecunda o bem;
A boa vontade, um exemplo de virtude.
O sorriso é o anátema da felicidade;
A confiança, o respaldo da entrega.

A razão é a idolatria dos bons princípios;
A vergonha, a máxima natureza do homem.
A simplicidade é um forte argumento do saber;
A inteligência, o perfil dos que sabem amar.
O entendimento é o código da partilha;
Saber ouvir e calar, excelsos itens da cartilha.
O carinho é uma doutrina que consola;
A ternura, vereda inusitada da benevolência.
A oração é o satélite em que se busca a divindade;
A lágrima, a implosão que desnutre a mentira.

A mente é o sacerdócio das boas aventuras;
O coração, cofre onde habita a dignidade.
O destemido é quem sabe evocar a retórica;
A obediência, sacrossanta estrada da lealdade.
A fidelidade é a principal alavanca do respeito;
A amizade, folclore íntimo que faz do homem, criatura.
A perfeita personalidade é a vestimenta do caráter,
Porque nega a ambição, dissipa a hipocrisia
E torna o ser humano a alma de todos os sonhos.
O testemunho de todas estas conveniências
É que faz do indivíduo, único e verdadeiro Filho de Deus!



DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 12 de junho de 2018

FASCINAÇÃO



Diante do imenso palco chamado vida
O perfil dos que sobrevivem é de ruína,
São artistas mundanos em cada esquina
Que extirpam a existência sem medicina.

Ah! Um mundo dentro do universo hostil
Já contaminado por mirabolantes faíscas
Que envenenam de poluição as odaliscas
Dum éter onde vivem o velho e o infantil.

Perante o orbe enfermo e já sem ecologia
Ainda trotam de lascívia sobre a ideologia:
O amor tudo resolve porque ele é mágico!

Não! Sistemas políticos devassos e cruéis;
Violência, drogas, fraudes: são chaminés
Da brasa que tosta sobre um ser letárgico!



DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 10 de junho de 2018

TEMPO E ETERNIDADE



Sobretudo a vida é feita de momentos,
Aqui e acolá somos perfis de despedida
E na âncora do existir há a hora sentida,
Instantes retilíneos levados pelos ventos.

Mediante o respirar imagina-se do além
Um futuro obscuro, camada de ozônio
Onde fatalmente o receio dum demônio
Que puxe os pés de quem não vive o bem.

Diante das veredas do existir há os céus
Que podem abrandar todos os escarcéus
E, assim, tapear com inteligência o inferno...

Porém este inferno é exato onde estamos,
Cabe a cada um viver os tempos e os anos
Com a real certeza de que o amor é eterno!


DE  Ivan de Oliveira Melo



sábado, 9 de junho de 2018

EIS...O TEMPO!



Eis que o passado se alevanta dentre feras
E no ócio do presente torna-se a exaltação
De erros cometidos e dos acertos vindouros,
Por isso na incógnita do futuro há ansiedade.

Eis que o pretérito é uma faca de dois gumes,
Nele não se pode haver reflexo no tempo hoje,
Porque na vida há redemoinhos que se mudam
De um extremo a outro com alavancas estéreis.

Eis que o ontem não amadurece nada do agora,
São apenas cinzas deixadas não como solução,
Mas como experiências vivenciadas, nada mais.

Eis que o que passou não volta, tem cara nova
E esse é o ponto crucial para a existência atual
Que sofre e sofre como se a vida fosse a esfera!



DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 3 de junho de 2018

COMPLEXO AERÓBICO



Quando meu olhar a alma enxerga,
Descortina do íntimo secreto plasma
Que viaja dentre as veias meio alerta
Devido à influência nefasta que rasga
Do sentimento a vigarice que o cerca.

Manifestação que azucrina do pixaim
A emoção contrita que parece morta,
Contudo os pelos se eriçam e, enfim,
Sinto uma fobia atônita que me corta
Em dois o pensamento: É o eu de mim!

Tudo me parece escárnio do fantasma
Que, cercado de fantasia, é o miasma
Que cruza os degraus em minha porta
E me deixa faminto de sede na aorta!


DE  Ivan de Oliveira Melo 

PALOR MEDONHO



Nada é silêncio. Agora tudo é algazarra.
Charcos escuros sem jardins. Imundície
Da favela mental que fede na superfície
Do pensamento de formatação bizarra.

Sem luz. Sem calor. Indecoroso é o frio
Que congela a tétrica consciência febril
E inunda o espaço dum corpo sem estio
Aliciando os mistérios desse mar bravio.

Cerram-se todas etiquetas do raciocínio
Que não habitam o pátio do condomínio
De um esqueleto massacrado por inveja.

Derradeira agonia da audácia sem nome
Em cujos dissabores a anarquia consome
O instinto alquebrado por ousadia brega!


DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 2 de junho de 2018

PERPÉTUO



Sou para a vida ou a vida é para mim?
Questionamento que fico sem repouso,
Porquanto o tempo para mim é pomposo
E eu para o tempo não sou eterno, sou fim.

Quem me dera ser os minutos do relógio!
Os ponteiros trabalhariam de modo inverso,
Só assim, com compostura, escreveria versos
Que teriam, um dia, a satisfação do necrológio.

Infelizmente o tempo avança... Tudo fica atrás
E, dentro da cronologia, de criança fui o rapaz
Que viveu e viveu até consumar-me um idoso...

As horas não enganam, o tempo é que é linear
E, como sou fim na vida, hei de me perpetuar
Através dos poemas, pois, estarei sempre novo!


DE  Ivan de Oliveira Melo


TIRANIA



Não sei se é bom que tudo se transforme...
As metamorfoses ocorrem indubitavelmente,
Mesmo entre as pessoas, ninguém é diferente,
Todos sofrem as mudanças do tempo... É dote!

Na personalidade a percepção é a maturidade
Que evolui a criatura ao sabor de passados anos,
Contudo há aqueles que não aprendem; tiranos
Que o tempo não molda devido à instabilidade.

O conhecimento cresce: é o progresso científico
Que chega trocando velhos por novos conceitos...
Assim, tudo se modifica entre as noites e os dias!

O ambiente natural troca sempre a sua roupagem,
Infelizmente é dizimado pelo homem, o selvagem
Que amedronta a humanidade com sua rebeldia!



DE  Ivan de Oliveira Melo