sexta-feira, 29 de abril de 2016

RETICÊNCIAS

A areia do mar é meu sofá...
As ondas, lindas almofadas;
No recreio ao sol bronzeio
Pensamentos meio tortos...

Jogo o olhar até o horizonte
E na incógnita do tempo
Vejo gigantes procelas no ar
A deslumbrar gaivotas felizes...

A vista alcança navios solteiros
Que navegam sinuosos, sem rumo.
Peixes acrobatas se lançam acima
E se deixam cair perante plateias

Que, em festa, plagiam a alegria...
Tudo percebo ancorado nas horas
Que tatuam devaneios submissos
A uma consciência que se afoga

No manjar salgado do dia festivo...
Lentamente os minutos se escoam
E a noite desce sobre seres ingênuos
Que ainda não têm onde dormir...


DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 28 de abril de 2016

EL QUE SOY...

Yo soy la naturaleza... yo soy flores,
Mi pecho siente el aroma de las rosas,
En mi el conocimiento de las cosas
Tiene el refinamento de todos los amores.

Yo soy la tierra... Yo soy arena blanca
Y traigo la paz para todos los hombres,
La vida produce semillas y clones
Y convierte las personas eternas bonanzas.

Yo soy la sangre... Soy de lo cielo el azul
Y donde quiere que exista yo y tú
Somos los ejércitos de todas las sonrisas...

En fin yo soy yo... Yo soy el coliseo,
No soy una maqueta, ni un fariseo...
Soy encanto y luz ... Yo soy la Monalisa!


DE Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 27 de abril de 2016

PECADOS

Mis pecados son luces en mi vida,
Tengo el brillo del alma en el tiempo
Que me hace sentir amor y sentimiento
Delante del dolor que es despedida.

Llorar la ausencia del éxtasis es el beso
Que la boca grita en la noche de sombra,
El bulto camina de entre ruidos y tumba
Mesclado ante los nidos de los deseos.

La ventura de amar un cuerpo galanteador
Es el pecado que hace el hombre del amor
Y en sus manos hay un cariño caliente...

Si... Mis pecados son luces, son la vida
Y yo estoy adornado por estrellas vivas
Que lucen en mi corazón eternamente!


DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 25 de abril de 2016

TESOUROS

Na vida há imensos recursos obscuros...

Há quem passe o trator sobre as ideias
E as deixa morrerem sem contemplá-las,

Sem ao menos analisarem seus pudores
E deles retirar o óbvio do cristal virgem
E fazê-los transmutar perante o mundo.

Em cada ponto do orbe existe a atração
Que faz com que antegonismos se fitem
E formem axiomas de anteparo ao bem
Sem permitir aos intrusos a participação.

Na vida há intensos tesouros obscuros...
Cabe aos inteligentes a seleção do ouro
Que seja suficientemente capaz de trazer
O empirismo que saciona a morte do mal
A fim de que prazeres inefáveis vigorem!



DE Ivan de Oliveira Melo

domingo, 24 de abril de 2016

LÍRIOS DOS VALES

Apático, desenho cores da atmosfera doentia
E sobre meu catre há pétalas de rosas brancas,
O mesmo sol que me embalsama traz o drama
Que é a soturna noite que me cobre e me vigia.

A lua e a maré declamam versos que são ondas
Gigantescas no apêndice que assinala a aurora,
Entre as nuvens que correm os ventos namoram
No espaço as estrelas que brilham e me rondam.

Bela paisagem! Meu peito pulsa, o olhar embala
A paixão que deixa as pálpebras sobre as malhas
Do amor omisso e dautônico que me amortalha...

Torrente de brisas inundam os vales com idílios
Que são a epopeia das flores e de todos os lírios
Colhidos de um solo em que o húmus escumalha!


DE  Ivan de Oliveira Melo


sexta-feira, 22 de abril de 2016

GRITOS DE LIBERDADE

O inverno rasgou a terra em tecidos de areia,
A chuva fecundou o tempo dentre as nuvens
Que vagueavam por um céu cinzento de aveia
Trazendo como rebentos os ritos que se ouvem

Pelo ribombar dos trovões na atmosfera densa...
Relâmpagos riscaram do horizonte a noite fria
E num olfato sedoso atritos de âmbar imprensam
A metamorfose das horas que trancafiou o dia.

Sereno massagear ouve-se na curva dos ventos
Embora vozes sussurrem do libido os lamentos
Que derramam gases sobre o chão batido de lama...

Úlceras do espaço são luzes que do final do túnel
Mostram a derrama contida que desenha o painel
Donde se vê gritos de liberdade que a vida inflama!


DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 21 de abril de 2016

ALIMENTO

A noite ainda é criança;
A madrugada, senhora...
O dia é singela penhora
Que guarda lembranças.

O vento sopra tragédias;
As estrelas cintilam mar...
O tempo cobiça dissipar
Do mundo toda miséria.

A canção melodia a vida;
A arte pressupõe o belo...
O homem come o farelo
Que tem a mesa sortida.

A existência rala trôpega
Saciando todas as bocas!




DE  Ivan de Oliveira Melo

MARES TENEBROSOS

Levo comigo para a cova ideais e pensamentos...

Na sepultura durmo as insônias duras da vigília
E sonho êxtases que se transfiguram no seio da terra,

Então à mercê das pragas que me devoram as carnes
Grito no vácuo hediondo de um silêncio onde o terror
Me naufraga na ânsia infinita de dar ao esqueleto

A inspiração que me ressuscita perante as desertas
Letras que minha consciência consegue lapidar e pintar
Nas folhas secas que habitam as catacumbas de um solo
Em que o raciocínio dorme, mas a esperança vive atenta...

O tempo massageia os alicerces da tumba... Na eterna
Escuridão descrevo em poesia de reflexão as horas mortas
E os vermes se compadecem de minha exaustão respiratória
Doando aos inorgânicos átomos os teares de uma composição
Saudosa em que a morte se traveste de vida e a vida, de sonhos!



DE  Ivan de Oliveira Melo



ENREDO SOCIAL

Formulam-se hipóteses as mais abjetas,
Elaboram-se teses que são pura audácia,
É que no chão do mundo só tem falácia
E os sofismas são ousadias analfabetas.

Usa-se de oratória para vincular-se o mal
Perante raízes sociais que pensam dejetos,
Lábios prolatam infâmias e povos discretos
Não têm o labor cultural para saber do real.

Na jurispredência da vida o direito se cala
E as leis inócuas são apetrechos de malas
Que viajam incólumes em universos fictícios...

Salve-se quem puder... É o slogan do viver
E tribunais dementes que veem tudo ocorrer
Incentivam corjas a consumirem deperdícios!



DE  Ivan de Oliveira Melo  

ENREDO SOCIAL

Formulam-se hipóteses as mais abjetas,
Elaboram-se teses que são pura audácia,
É que no chão do mundo só tem falácia
E os sofismas são ousadias analfabetas.

Usa-se de oratória para vincular-se o mal
Perante raízes sociais que pensam dejetos,
Lábios prolatam infâmias e povos discretos
Não têm o labor cultural para saber do real.

Na jurispredência da vida o direito se cala
E as leis inócuas são apetrechos de malas
Que viajam incólumes em universos fictícios...

Salve-se quem puder... É o slogan do viver
E tribunais dementes que veem tudo ocorrer
Incentivam corjas a consumirem deperdícios!



DE  Ivan de Oliveira Melo  

ENREDO SOCIAL

Formulam-se hipóteses as mais abjetas,
Elaboram-se teses que são pura audácia,
É que no chão do mundo só tem falácia
E os sofismas são ousadias analfabetas.

Usa-se de oratória para vincular-se o mal
Perante raízes sociais que pensam dejetos,
Lábios prolatam infâmias e povos discretos
Não têm o labor cultural para saber do real.

Na jurispredência da vida o direito se cala
E as leis inócuas são apetrechos de malas
Que viajam incólumes em universos fictícios...

Salve-se quem puder... É o slogan do viver
E tribunais dementes que veem tudo ocorrer
Incentivam corjas a consumirem deperdícios!



DE  Ivan de Oliveira Melo  

quarta-feira, 20 de abril de 2016

PÁGINAS MARCADAS

Escrevemos várias páginas em nossa existência...

A vida do homem é um livro repleto de letras
Que traduzem a história das horas que marcam

O desfilar do tempo em que as almas desenham
E rabiscam o respirar de um cotidiano travesso
Que mergulha e navega numa maré chamada vida...

Às vezes confeccionam-se espessas enciclopédias
Onde os narrradores mostram o eclipsar dos dias
E das noites que se revesam de forma linear, sem
Que haja interrupções nos trâmites das estradas...

Os capítulos se apresentam poliformes e neutros
Enquanto as peripécias ocorrem a cada instante
Deixando marcas indeléveis e pontiagudas no ar...
Rastros de consciências tentam modificar o enredo,
Contudo os inconscientes se afogam no mar bravio!



DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 19 de abril de 2016

FINALIDADE

Minha vida ainda tem planos... Sou velho
E mesmo diante da idade avançada, creio
Sinceramente que posso doar muito amor,
Sempre buscando ser feliz e vivendo sem
Invadir o ego metafísico de alguém... Sou
Assim, desejo ter em mim a cumplicidade
Sonhada ao longo dos anos da vida à toa!

Ruge em mim um leão adormecido... Sou
Artista da vida e da poesia... escrevo com
Moral elevada, pois aprendi que ser poeta
Onde o povo gosta de brega, temas piegas,
Sobra espaço para que o lírico seja poema.

Meus devaneios são diamantes que semeio
Unilateralmente... Não me divido, sou tom
Libidinoso dos meus objetivos e há música
Lenta entre os rocks da existência... o amor
Enfrenta os seixos das estradas, mas o dom
Reflete a imagem de quem usa o raciocínio!


DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 18 de abril de 2016

SENTIMENTOS PLATÔNICOS


Por que, às vezes, a vida é tão ingratra?
Reporto-me ao amor... maldito e eloquente
Que corrói as entranhas do ser...
Por que me deparei com tua imagem?
És o anjo que me devora... em pensamento!
Ah... Imensa distância nos separa,
Distância quilométrica e cronológica,
Distância que me deixa louco,
Distância que me faz sofrer!
Ah... Como gostaria de ter-me nos braços,
Agasalhar-te do frio em meu corpo quente,
Dar-te a luxúria que faz do ser humano tirano
De suas próprias ilusões...
És a beleza que me irradia,
És a luz do fundo do meu poço,
Mas enorme além-fronteiras é grande
Obstáculo que me separa de ti...
Depois que te conheci, amor em mim instalou-se,
Disse-me: Tu amas a inquietude de minh1alma
E eu te confortarei em sonhos...
Ah, sonhos quiméricos! Leva-me ao destino
De minha ousadia e dá-me a ventura
De saciar esta sede de amar que me enlouquece!
Vejo-te, ó ser amado do meu coração
A estampar-me tua beleza,
Beleza que me irradia, que me faz tremer as pernas
E ouvir de tua boca em fantasia
Que também me amas e me desejas!
Mera ilusão do meu pensar...
Fome daninha que faz renascer em mim
A felicidade há tanto esquecida...
Ah, quão maravilhosa é minha visão!
Quão fantástica é a doçura do teu corpo!
Quão inebriante é a suavidade dos teus lábios!
Quão libidinoso é teu sexo que me deixa... maluco!
Como gostaria de ser teu...
Como gostaria de poder dividir contigo minha vida
E obter de ti a comunhão divina do amor!
Sim, eu te amo, não sei como, não me perguntes...
Nada sei explicar, o amor chegou...
Rompeu as entranhas de meu âmago,
Abriu as porteiras do meu coração,
Instalou-se em meu íntimo sem pedir licença...
Que faço agora?
Que refúgio me aguarda?
Estou perdido em divagações...
Tremenda fome de amar... de doar,
De receber de ti as tuas mãos,
De afagar teus cabelos lindos,
De mergulhar, mesmo sem saber nadar
Nas ondas deste amor que devora...
Silêncio...
Eu te amo!
DE Ivan de Oliveira Melo

AMOR E VIDA

AMOR E VIDA
-CRÔNICA-


Há um mundo que é coletivo para todos. Nele, as pessoas vivem e sobrevivem em meio aos tubarões que assaltam e
poluem o social. Contudo há os mundos individuais, onde cada qual é seu próprio presidente. E só esse presidente tem aces-
so ao seu “mundinho”, às vezes tão pequenino, às vezes bem maior do que possa imaginar a consciência. É sobre esse parti-
cular que teço essas linhas, buscando compreender a chave do seu entendimento.
Como qualquer ser humano, eu respiro, tenho fome, tenho sede. Como qualquer ser humano, gosto imensamente de
viver, não de sobreviver. Tento conhecer-me: pesquiso-me, estudo-me. Confesso que não é fácil traduzir sentimentos que me parecem inexplicáveis, pois vêm e vão sem que tenhamos condições de analisá-los mais profundamente. Ficam pelas “beiradas” do conhecimento, travestem-se com facilidade e não oportuniza a sua total absorção pelo íntimo, por isso, como disse, parecem sem explicação. E, entre esses sentimentos, está indubitavelmente o amor. O amor é a mola “mestra” da vida, sem ele fatalmente a criatura não vive, porém aí sim, sobrevive. Mexe e remexe com o ego, faz estragos surpreendentes, deixa marcas indeléveis que se tornam cicattrizes, no mais das vezes, inesquecíveis...
Esse “sujeito” chamado amor é um velho conhecido. Há situações em que se permite confundir-se com a paixão e o
desejo, todavia logo se identifica, porque paixão e desejo são efêmeros: normalmente chegam à noite e vão embora durante
o dia. Quando se trata de amor, a faina é fascinante e duradoura, não eterna... Não é eterna por uma razão muito simples: em
algumas ocasiões traz tanto sofrimento que, aos poucos, vai se extiguindo, pois o amor gosta igualmente de viver e quando
não muito bem representado, apenas sobrevive por um tempo mais ou menos longo, posteriormente se apaga e, ao apagar-
se, sem dúvida é de forma definitiva, eis a razão porque não é eterno. É infinito em sua essência, mas não eterno...
O amor vem sempre acompanhado de seus coadijuvantes: a ternura, a meiguice, o carinho. Esses são ingredientes in-
dispensáveis, posto que, sem eles, o amor fenece. Ao amor também é aplicado alguns predicados importantes: compreensão, união, amizade, fraternidade, solidariedade e, principalmente, cumplicidade. Parte-se do pressuposto de que o amor não é unilateral, no entanto é bilateral. As duas partes ou os dois lados têm que possuir as mesmas características de coadijuvantes, dos memos predicados. Não funciona se apenas um dos lados promove todos os seus congêneres, certamente perece o amor por não ser adequadamente alimentado, isto é, sem a recíproca verdadeira.
Evidentemente não se pode olvidar algo que é peculiar ao amor verdadeiro: a fidelidade. Quem ama, não tem olhos
para outrem. Parte-se da premissa de que somente ao ser amado deve-se a total devoção, a plena dedicação de estreitamento íntimo. Claro, estou a reportar-me ao amor carnal, àquele que causa o tesão, a volúpia, o prazer. Não me refiro aqui ao amor crístico que tem como particularidade a obervação pelo próximo, o desajar sempre o bem em todos os sentidos aos nossos irmãos, assim como Cristo ensinou e deixou expresso em seu Evangelho. O amor carnal exige renúncia, doação do eu interno, sinceridade, companheirismo. Sim, companheirismo, visto que dois seres não se amam se não forem amigos. A amizade é fator preponderante, é de vital importância para que o intercâmbio possa estabelecer-se em sua condutal moral no mais profundo do ser. Se assim não ocorrer, não existe reciprocidade e a tendência é o falecimento dos que dizem amar-se.
Inúmeros artistas, filósofos e estudiosos já tentaram conceituar o amor. Não obstante se sabe que o amor é tudo quanto aqui foi colocado, provavelmente com mais algumas assertivas. Entretanto é prudente não se esquecer de que ao amor também se aplica o respeito, a humildade e o total desprezo pelo egoísmo e pelo orgulho. Esses são ervas daninhas que destroem a convivência e maltrata deveras quem ama. Todos os que de uma forma ou de outra tentaram definir o amor com certeza não erraram ou se enganaram em suas avaliações e colocações, bem como estou convicto de que igualmente o referenciei com acertos, embora saiba que esta exposição vocabular sobre este belo sentimento não está completo e longe de mim pensar dessa forma. Muitos outros ainda surgirão e tecer comentários a respeito do mais controverso sentimento da humanidade, sempre há quem complete um pensamento escrito e assim sucessivamente.
Para finalizar, exprimo-me da seguinte maneira: um mesmo ser humano tem em si a capacidade de amar de forma verdadeira mais de uma vez. São tantas as circunstâncias da vida: morte, decepções de todos os tipos, etc. Apenas entre um e outro deve haver um espaço de tempo, porque a dualidade concomitante pode extravasar um sentimento que não é amor... Aproveito a oportunidade para de forma igual colocar que ao amor verdadeiro não se atribui raça, idade, posição social... É importante não se attribuir qualquer tipo de preconceito ao amor: ele é livre e universal.


Crônica de
Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 15 de abril de 2016

FOTOGRAFIA

Meu rosto sempre foi o de ontem,
Certamente o será também amanhã
Mesmo que o corpo envelheça,
Mesmo que a pele engelhe,
Mesmo que a boca mastigue arrepios...

Minhas mãos nunca mudaram,
Continuam ágeis como outrora
E provavelmente jamais sofram mudanças,
Porque são minhas armas de trabalho,
São o veludo com que oferto carinho
Embora passe despercebida de muitos...

Meu coração seguirá batendo adiante
Mesmo após séculos e milênios,
Pois é através dele que ofereço amor
E recebo as emanações dos sentimentos
Que me fazem respirar e amar por aí...

Meus olhos continuam uniformes,
Seguem enxergando a beleza da vida
E divisando os apetrechos do dia a dia
Conquanto perceba-se injustiça e dor,
Porém é minha máquina de registro...

Não me preocupo se o tempo transforma,
Não ligo se as horas não se reiteram iguais,
Não me encabulo se os dias pareçam distintos...
O que importa é que sei exatamente
Onde guardei minha fotografia!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 14 de abril de 2016

HORAS INSOSSAS

Eu tinha um vago sorriso dentro de mim,
Pouca alegria diante de lágrimas ocultas
Que me levavam ao dossiê duma história
Donde dor e amor labutavam sem cessar.

Eu via uma vaga esperança em meu ninho
Que apenas cochilava sobre meus sonhos
E me despertava sempre perante alertas.

Eu notava o viço que fazia tremer a boca
Sequiosa pelo beijo que era dom da alma,
Mas ocluso por uma insignificante timidez.

Eu buscava em silêncio o urgente alimento
Que saciava a volúpia extrema do orgasmo,
Contudo perante a apatia do tempo dormia
E despertava sonâmbulo dentro das horas!



DE  Ivan de Oliveira Melo      

SONHADOR

Eu sou um emérito sonhador... Sonho!

Cato sonhos nas estradas, no quintal,
Cato sonhos nas estrelas, cato a mim...

Sou um sonhador emérito, indiscutível!
Cato às avessas todos os sonhos da vida
E os guardo no requinte de minha solidão...

Cato sonhos no azul e no verde dos mares,
Saio a catá-los pelas margens dos riachos,
Até mesmo os cato nos açudes... na lama!
Porque os sonhos moram em qualquer lugar.

Um dia catei sonhos na areia suja do litoral
E me vi perante o perfume vil  da poluiçao...
Meu olfato repugnou-se, chamou-me atrevido!
Percebi o quanto estava eu poluído do mundo
E passei a catar-me em vigília. Sonhador, sou!



DE Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 12 de abril de 2016

CLÍMAX

Sobraçando as cordilheiras do íntimo
Debruço-me sobre tempestades cinza
Que carregam o tédio dentre o sangue
Demolidor de fantasmagóricas ilusões.

O ar percorre em ziguezague o âmago
Traçando circunferências sobre desejos
Que tecem o prazer das relações pueris,
Mas putrefando a nostalgia do coração.

Os órgaos se veem aliciados por um cio
Catalisador que reprograma docilmente
O êxtase que se desenvolve na vontade...

As artérias consomem doses de energia
E o tresloucado corpo viceja dos átomos
A sedução traumatizante da sensibilidade!



DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 11 de abril de 2016

NOCTÍVAGO

A vida me parece sonâmbula
E o homem animal de rapina,
Sobrevive dentro da cápsula
Que são dias, noites de rotina.

A existência não tem parafuso,
Peças soltas diluem a liberdade
E deixam o indivíduo confuso
Mediante falta de sensibilidade.

O tempo é cavalheiro do nada,
Há oficinas que estão estradas,
Pois ser é meramente utópico...

Vestuário é a aparência sombria,
As horas desnudas têm alergia
Para descrever o respirar épico!



DE  Ivan de Oliveira Melo  

domingo, 10 de abril de 2016

ORACIONAL

A noite tranquilamente despontou
Diante do arrebol ao cair da tarde.
Chegou para ficar. Ficou. Covarde,
O tempo amotinou horas de louvor

Perante o pedestal da Santa. Chuva
Arranhou os céus cinzentos. Granizo
Invadiu os recantos da cidade. Risos
Espalharam preces perante as curvas

E retas das esquinas plenas de gente.
Bocas sussurravam hinos indiferentes
Ao congestionado sentimento pálido.

A fé transbordou num soalho de lama
E no pranto das criaturas lodo e fama
Erradicaram hipocrisia do orar fático!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

SOU APENAS ILUSÃO...

Eu sou apenas ilusão
Diante dos olhos do mundo...

Sou saudade, sou solidão,
Sou página virada do borrão
Que contém salpicos de lágrimas,
Lágrimas que alimentam os rios
E desabam de extensa cachoeira...

Eu sou apenas ilusão
Diante dos olhos do mundo...

Sou brisa, sou tempestade,
Sou arco-íris do pudor
Que se aconchega à paixão,
Paixão que envenena a alma
E me faz sorrir de sofreguidão...

Eu sou apenas ilusão
Diante dos olhos de mundo...

Sou chuva, sou procelas,
Sou a energia dos relâmpagos
Que joga sobre a terra o trovão,
Trovão que me assanha o libido
Carente de tanto amar a emoção...

Eu sou apenas ilusão
Diante dos olhos do mundo...

Sou o beijo, sou a carícia,
Sou a ternura que extermina a dor
E a joga nas trincheiras da liberdade,
Liberdade que sacia a sede de viver
Dentre as intempéries das sensações...

Eu sou apenas ilusão
Diante dos olhos do mundo...

Sou revista, sou notícia,
Sou o mancebo das alvoradas
Que perambula pelos desertos,
Desertos inscritos nos jornais
Das consciências ingênuas...

Eu sou apenas ilusão
Diante dos olhos do mundo...

Sou a verdade, sou o feitiço,
Sou agente das noites estelares,
Namorado dos astros metafísicos,
Metafísicos que diante do sol se pôr
Abrem os braços à cata do amor...

Eu sou apenas a ilusão

Que busca colorir o coração!

EVIDÊNCIAS

Se me calasse diante das desventuras,
Provavelmente morreria sem cemitério
E minha vida seria apenas vida e tédio
Sem o eclipse do amor na vida madura.

Se não grito perante uma chama acesa,
Possivelmente morrerei só e engasgado
E meu sonho de ver em mim lado a lado
O azul do mar é tão somente sobremesa.

Se não entendo a paixão que me devora,
Paulatinamente vou desafiando a aurora
Até que a noite se instale no meu roçado...

Se não tenho palavras para dizer que amo,
Sinceramente caduco estou ou sou insano
Diante dum mundo enfermo e semiárido!


DE Ivan de Oliveira Melo


sábado, 9 de abril de 2016

REFLEXOS ÍNTIMOS

Perante o espelho visto-me de gente
E num reflexo atônito sou indigente
De uma ótica inflexível e inconstante.

O espelho me parece mágico, convexo;
Há um êxtase em mim meio sem nexo
Que me traz uma surrealidade distante...

Olho-me em todas as direções, discreto;
Percebo oásis camuflados dentre a pele
E sinto uma sede superficial que impede
De saciar a ventura de ver-me concreto.

Excito a imaginação de abstratas ondas
Que me levam ao precipício das rochas;
Minha mente torna-se bipolar e arrocha
Secretos desejos que são sutis arapongas!


DE  Ivan de Oliveira Melo



FRENTE A FRENTE

São iminentes os perigos que a vida tem...

De repente as configurações são trocadas,
Retas e curvas apresentam as emboscadas

E os pacientes tropeçam nas encruzilhadas
Que ferem os dias já enfermos pela ojeriza
E pela covardia dos sentimentos daninhos...

Na poluição das estradas o fulgor é obtuso,
A alegria é melancólica e a felicidade rara,
A paixão assume ares da princesa bastarda
E leva o amor a confundir-se com alegorias.

O sorriso é utópico e o beijo parece insosso,
O abraço tem o veneno da traição e avareza,
Assim as verdades são dissipadas face a face
E na chuva que mansamente molha o tapete
Há a raiz cúbica das incertezas que choram!



DE Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 8 de abril de 2016

CÂMBIO

Os vivos copulam com os mortos...

Vernissage do mundo imaterial é tom
Que apalpa a centelha da vida carnal

E de forma tangível concebe o dom
De ultrapassar as fronteiras do além
E mergulhar amiúde em contravenções...

No materialismo incandescente afogam
A ansiedade de perpetuar suas imagens,
São vultos que buscam nas hospedagens
Conciliar o abstrato na seara do concreto.

Dimensões paralelas e perpendiculares
Se acoplam numa plataforma de sonhos...
Encarnados e fantasmas vestem silhuetas
E se identificam em matizes dionisíacos
Em que a premissa é vivificar o devaneio!


DE Ivan de Oliveira Melo


INSCONSCIENTE

Sou alma, do mundo me escondo,
Uma solidão atroz é meu alimento,
Dentre jazigos meu vulto é o vento
Que se refugia pálido, meio tonto.

Forte é o calor e meus ossos suam
Queimando as vértebras da carcaça,
Mas um último gole provém da taça
É meu sangue, vinho que me cultua.

Meu esqueleto sente sede de morte,
Repele a fome e aos insetos agita
Enquanto minha consciência dorme...

Erma é a noite, desertos são os dias
E eu ali, alma afoita e o peito palpita
Num catre espesso e sem fantasias!


DE Ivan de Oliveira Melo


quinta-feira, 7 de abril de 2016

FOTOGRAFIA

A morte me vigia os passos...

Sou a catacumba do meu corpo
E me deito na vertical do tempo

A entrelaçar soluços dos ventos
Que sopram da vida o azedume
Estreito que acaricia o desgosto

Estampado nas velhas molduras
Que retratam a odisseia da vida...
Peripécias sazonadas no espaço
Escondem o ecletismo da luxúria

Contaminada pelo húmus da dor...
Mausoléus de fantasias são fiapos
De retalhos multicores e sem cor
Que embalsamam nichos solitários
Donde se tem a partitura do amor!



DE Ivan de Oliveira Melo

ESPERAANÇA

Vivo à espera de um desenlace
Que trará os confins do mundo
Aos meus pés... É tão profundo
Que a natureza terá em sua face

Os turbilhões que giram alhures
Perante os ventos que gargalham
Sobre as nuances que agasalham
Sentimentos que habitam algures

E trazem o contraponto da espera...
É a exegese do tempo que dilacera
A ansiedade do que será o amanhã!

Minutos e segundos rasgam horas
Que se atropelam onde o eu mora
E a esperança sorri a cada manhã!



DE Ivan de Oliveira Melo

VIOLÃO CADUCO

Diante da curta vida enterro as quimeras
Que endossaram meus sonhos de menino,
Passei pelos anos sem vislumbrar destino,
Agora sou canteiros floridos de primavera.

Perante o tempo doei meu viço de alegria
E fiz das ilusões instrumentos de alegoria
Para dilapidar pedras preciosas do coração.

Sobre infinitas estradas deixei marcas e fé
E sobre as águas dos rios distribui o cafuné
Que acaricia as velhas cordas do meu violão...

Mediante devaneios que naufragaram no mar,
Vejo despertar em mim uma saudade ausente,
Todavia misturada à solidão é-me o presente
Que a natureza canta e me faz deveras sonhar!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 6 de abril de 2016

AMANTES

Durmam, amantes! O sol se põe
E a lua está cinzenta... Chove!
O mar parece pálido... É dote
Das procelas lisas, sem tostões...

Sonhem, amantes! Noite longa
E o frio é a catarse dos pecados,
Na madrugada o orvalho é regalo
De casais em que o amor ribomba...

Despertem, amantes! Vejam, é dia!
Leve brisa traz carinho e melancolia
Sob os lençõis úmidos de sangue...

Abracem-se, amantes! beijem o ritual
Dos lábios que esmeram o doce, igual
Prazer de uma mesma e sutil langue!


DE  Ivan de Oliveira Melo


terça-feira, 5 de abril de 2016

SISTEMAS ANTAGÔNICOS

Há demônios nas encostas do organismo...

Cotidianamente teço bravatas na surdina
A fim de expulsar os espantalhos do corpo

Que me assediam diuturnamente sem cessar...
Canto ladainhas como mantras de libertação
E me percebo aliciado por nocivos carrapatos

Que me sugam da eloquência, a inspiração...
São diabetes que buscam plagiar meus versos
E entocá-los no solo das amarguras anacrônicas
Donde se extrai o lirismo das forças ocultas...

Capetas dilaceram a ênfase inata das analogias
Circuncidando no ponto crucial, o pensamento.
Tombo intimado a refazer o abecedário do ritual,
Posto que encontro-me invadido por inimigos
Que entoam na canção última, inesperada derrota!



DE  Ivan de Oliveira Melo  

SOZINHO...

Não consigo ser outrem
Nem mesmo conhecê-lo a fundo...
Penetrar em seu íntimo? Jamais!
Há um receio em mim
De fazer-me comparações,
Pois sou alguém...
O ninguém não me interessa!
Meus comandos são pessoais
E sou dividido em partículas,
Portanto desconheço a mim próprio...
Amo a natureza e o cheiro dos ventos,
Adoro perder-me em becos sem saída
E regressar impune... Sou um sonhador!
Amo as distâncias circunstanciais
E dentro da solidão vejo de perto a vida,
Sou caramanchão do meu jardim...
E se a saudade me pune a recordar-me,
Simplesmente adormeço,
Espero o amanhecer do novo dia!



DE  Ivan de Oliveira Melo

MORTE

Bem distante de um éter desconhecido
Chega a terra um entulho de abrolhos...
Esperado ou não deixa úmidos os olhos
Dos que habitam neste solo empedernido.

Jamais descreve parábolas em sua volta,
Sempre que sempre destina sem retorno
O indivíduo que, sem direito a suborno,
Impotente segue silencioso e sem escolta.

Panorama tétrico... Sem efeito antibiótico
Que traduz a essência do ambiente gótico,
Onde se expira a vida de forma tresloucada...

Mistério que assalta os anseios sublimados,
Incógnita que são expressões sem telhados...
Enigmáticos sonhos da existência malograda!


DE  Ivan de Oliveira Melo



segunda-feira, 4 de abril de 2016

VELHICE

Vejo nos anos que correm as cicatrizes
Que marcam meu corpo ainda tão moço,
Só alguma flacidez em torno do pescoço
E uma eterna jovialidade de dias felizes!

A beleza está na alma que tudo pressente
E que dissolve no éter os tons de fadiga,
Viver é merendar com dia e noite amiga
Para reciclar o tempo que traduz a mente.

Dou glória ao meu pensamento de jovem,
Quanto aos miasmas que tanto se movem
Apenas os observo como mazelas da vida...

Não choro se envelheço, ainda sou criança,
Quero brincar, gritar, depositar na poupança
Cabelos grisalhos que são moeda e medida!


DE Ivan de Oliveira Melo



VEREDAS DA EXISTÊNCIA

O que sobra em mim após o pranto?
Lágrimas enferrujadas que me ferem
E contaminam sem dó minha alegria...

O que resta em mim após o sorriso?
Íons dourados que produzem o amor
E me recrutam para derribar a tristeza...

O que há em mim após uma decepção?
Ingenuidade por acreditar na sinceridade
Que foi transformada em hipocrisia...

O que a mim ocorre quando me aborreço?
Sinto em minh’alma a dor da desconfiança
E meus pensamentos tornam-se turvos...

O que a mim acontece quando há traição?
Entendo então que o homem é imperfeito
E que seu coração é terra apócrifa e sertão...

O que em mim existe quando há o amor?
Há um vulcão que eclode de felicidade
E em suas larvas há distribuição de ouro...

O que há a mim compete diante da morte?
Saber que vida é respiração de fraternidade
E de absoluto respeito ao meu próximo...

O que devo compreender quando estou só?
Que a solidão é recurso extremo de análise
E o mundo sobrevive no deserto das ofensas...

O que devo fazer quando a saudade se instala?
Perceber que apenas sente saudade quem ama
E faz do nosso universo Paraíso de Bênçãos...

Como devo proceder se sei que sou humano?
Saber que tive princípio e terei breve um fim,
Logo não corromper minha consciência pura...

Pois há muitas estradas por onde se caminha,
Todavia salutar é quem prima pela decência
E sabe purificar os caminhos da concórdia!


DE Ivan de Oliveira Melo


domingo, 3 de abril de 2016

AMANHÃ...

Perante o painel que desenha os sentimentos
Vejo o homem sucumbir nos pilares do mal...
Aventuras indigestas campeiam num litoral
Em que águas poluídas são vícios e tormentos.

Tudo o que é cíclico não se depura com o bem,
Pois mentes maquiavélicas traçam planos sutis
Onde a dignidade é proveta de assaltos imbecis
E a honra é enterrada em mausoléus sem vintém.

É dantesco o papel do social que se contamina
E leva consigo as inocências à base de propinas
Que fraudam consciências com sujeira política...

Legados ultrajantes são o futuro, nada se espera...
O porvir é lama e pecado, é o fim de uma esfera
Num apocalipse de cujo dogma feneceu a crítica!



DE  Ivan de Oliveira Melo    

PLATÔNICO

Assisti aos derradeiros instantes de tua agonia,
Dos teus lábios ouvi o que sempre quis escutar,
Foram palavras dum amor platônico a navegar
Por entre degraus dum sentimento de nostalgia.

Levei as mãos à face trêmula que me fez gritar
Perante teus olhos quase moribundos e sem cor,
Chorei que chorei e depositei lágrimas de amor
Sobre um corpo inerte que nos ceús iria flutuar.

Beijei tua boca já ressequida pelo palor da morte
E em teus ouvidos mudos confessei ser consorte
Dum medo que me fez durante a vida calar-me...

Em teus dourados cabelos depus carícia tão pura
E senti ser a mais infeliz dentre todas as criaturas,
Pois meu coração ribombava em sinal de alarme!


DE  Ivan de Oliveira Melo



SABER ARISCO

Eu me levanto bem cedo,
As horas é que são tardias,
Mexo e remexo meus dias,
Mas a noite é que faz medo...

Labuto num tempo incerto
Entre finas cortinas obesas,
Fatos que não me interessam
Cospem azedume no deserto.

Trabalho insano com palavras
Que soltam impune as larvas
Do saber que se mostra arredio...

À noite estou taciturno e silente,
Receoso da noite que não é gente
E que me enche de tédio e calafrio!



DE Ivan de Oliveira Melo

sábado, 2 de abril de 2016

PROSOPOPEIA

Há uma intensa personificação em tudo que vivemos...

Os arautos do cotidiano expõem cartilhas a indivíduos
Que ladram e mordem... aos que ronronam sua saliva e

Arranham sem piedade tapetes, sofás, roupas, calçados...
Hum... Deseja-se civilizar e lecionar o idioma humano
A pobres coitados que jamais chegarão a prolatar tal som...

Desperdício? Sim, porque há seres racionais disponíveis
Em orfanatos e creches que esperam ansiosos uma adoção
E se veem preteridos pelo amor que se dá aos inumanos,
Comparando-os e tratando-os como se fossem gente... fato!

Não que os bichinhos não mereçam receber devida atenção,
Contudo há efeitos comportamentais que são puro exagero...
Traveste-se o animal, dar-se a ele carinho que é de criança
E, assim, comem e bebem à mesa, dormem à mesma cama...
Será que por debaixo dos panos existe a prática da zoofilia?



DE Ivan de Oliveira Melo   

SIMPLESMENTE...

Da dia: sou forasteiro e grumete...
Da noite: sou amante inveterado...
Da dor: sou vagabundo malcriado...
Das horas: sou tempero, sou tiete...

Do tempo: sou chuva, sou arrebol...
Das estrelas: sou brilho e estribilho...
Da vida: sou construtor e ladrilho...
Do sorriso: sou calor e luz do sol...

Da tristeza: sou inimigo que chora...
Da hipocrisia: animal que devora
A tabuada que a mentira subtrai...

Da sensualidade: sou volúpia, tesão...
Da sensibilidade: apetrecho do coração
E do amor sou mártir, poesia e haicai!



DE: Ivan de Oliveira Melo

SENSAÇÕES

Talvez ser o que almejo
Não seja o que quero ser,
Talvez eu me embriague
Com certos palavreados
E em meio a tantos sons
Veja-me solteiro e arrimo...

Arrimo de toda a semântica,
Solteiro de todos os sentidos
Que os significados emprestam
Às construções apócrifas da vida,
Mas casado com sonhos prosaicos
Que edificam virtudes e fraudes...

Talvez eu seja a doce primavera
Que traz ao olfato o lume das flores,
Contudo fico ébrio diante do sol
Que me bronzeia total a inspiração
E quando da chegada do verão
O inverno já me desbotou a alma...

Talvez seja eu o vento que sopra
O uivo que me acaricia os tímpanos,
Todavia ando trôpego mediante brisas
Que carregam do outono folhas mortas
Assassinadas pela desfaçatez do tempo
Que deixa frio o estuário das horas...

Talvez seja eu o orvalho ainda úmido
Que molha perante a lua o amanhecer
Dos dias e o anoitecer das estrelas
Solteiras e cadentes que habitam os céus
E que, de repente, desposam as nuvens
Então carregadas com chuvas do amor!




DE  Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 1 de abril de 2016

FANTASIAS

Despertei ante o barulho do silêncio...

Brisa sem vento tapeou minha face
E num pensamento isento de imagens

O branco pintou o preto de ilusões...
Palavras sem letras descreveram sonhos
Em que sorrisos de lágrimas eram utopia...

Num asfalto sem piso há vidas sem corações
E na sinagoga vazia vozes clamam juízos
Em que sinceridade tem o tom da hipocrisia
Que encharca o deserto de preces demoníacas...

A coragem é o medo de acertar o erro multicor
E a vigília é o sono que adormece acordado
Perante uma vida que é a morte enclausurada
Num edifício sem pedras e sem qualquer saída
Onde o agora é o depois e o ontem... alquimia!


DE  Ivan de Oliveira Melo