quinta-feira, 8 de junho de 2017

EVOCACIÓN

Yo evoco mi espíritu y lloramos juntos.
Hay tinieblas operando el juício del mundo
Y las personas se quedan en terrible silencio...
El berro de libertad está muerto y es siniestro.

El alma parece emborrachado y bebe lágrimas,
Hay mogollón delante de las conciencias afiebradas
Y el dulce despabilar de la mañana no tiene rocío
Porque la lluvia de la madrugada borró las estrellas.

Yo evoco mi pensamiento aún impoluto del mal
Y intento paladear de los escaparates, el amor
Que está solamente oyendo el quejido del regusto...

Yo evoco mi propio nombre y veo que estoy solo
A navegar ante máculas que hieren todas las lábias
Y los miasmas son los pinchos de la vida enferma!


DE  Ivan de Oliveira Melo




quarta-feira, 7 de junho de 2017

AUTO DA PROLIFERAÇÃO

A carnificina perambula pelos olfatos indigestos...

Um odor nauseabundo vagueia insólito pelos ares
Enquanto eu que sou apenas tripa libero-me um olor

Capaz de seduzir aos mais incautos medalhões da arte!
Sou restos de pensamentos lubrificados pela insensatez
Dos retalhos oblongos que proliferam em vagabundagem.

O mau cheiro é a tiririca de uma podridão que se exala
E o termômetro das carniças espalhadas pelos vales onde
A catinga marca presença e clama do espaço um antídoto
Suficientemente preparado para copular com os desejos...

Desta forma vive-se em meio a grandes turbilhões nojentos
Que deixam seus detritos à mercê das ogivas que explodem
E implodem dentro dos vendavais as construções oníricas,
Únicas espantosamente conscientes dos sepulcros vazios,
Porém libertadoras das aspirinas que se infiltram no frio!


DE  Ivan de Oliveira Melo



segunda-feira, 5 de junho de 2017

AMBIENTE TÉTRICO

Los vientos lloran el polvo
Que enmugrece la luz del día;
Los hombres lloran de melancolía
Porque siempre quieren todo nuevo.

Los árboles tiritan con mucho miedo...
El campo está se quedando calvo,
La naturaleza es un peligroso hidalgo
Que soporta todas las ambiciónes y deseos.

En la atmósfera el aire está contaminado
Con las enfermedades de un pueblo tarado
Y inconsecuente... Quizá la vida esté en el fin...

Todos los sueños migran para las hipótesis
Y las tesis de un mundo completo y isósceles
Son pesadillas que no caben en ningún jardin!


DE  Ivan de Oliveira Melo     




domingo, 4 de junho de 2017

NOTAS

Aquelas franjas caídas sobre os ombros
Não possuíam o fulgor da brilhantina,
Nem o brilho que o gel produz,
Nem os cachos encaracolados da razão.

Aquelas sobrancelhas meio murchas e sem cor
Eram o desvario de uma personalidade devorada
Pelos gemidos da dor quase que adormecida
Que tremia encurralada por devaneios sisudos.

Aquele corpo trespassado pelo ciúme da noite
Comia as horas tontas que o tempo não mastigava,
Mas engolia o fastio venenoso da madrugada,
Pedaço a pedaço até o orvalho cicatrizar a manhã.

Aquela vontade vazia de sentir as coisas
Era na verdade o encontro do branco com o preto
Que vicejava oco dentre as lamúrias do silêncio
Tropeçado e vestido e, ao mesmo tempo,
Desnudo da realidade!


DE  Ivan de Oliveira Melo




CONVULSÕES

Quando meu espírito escutar a aurora,
Que meu peito grite diante das gentes
E faça da dor o bálsamo que se sente
E que a felicidade, atônita, implora!

Quando o outono desfolhar o tempo,
Que a última flor seja a glória do amor
E que se possa navegar seja onde for
Para que se singre intato o sentimento.

Quando o vento assobiar pelo deserto,
Que a página da vida expulse o pesadelo
E que os sonhos não mudem de endereço.

Quando a existência banir todos os tédios,
Que a sinagoga faça tinir o bronze de ferro
A fim de que a luz que morre renasça perto!


DE  Ivan de Oliveira Melo




sábado, 3 de junho de 2017

CIÚME

Sentimento que assaz dilacera
O intrínseco da alma que pune
O ressabiado que é só estrume
Do pensamento vil de sentinela.

Extravagância dum ser que vigia
Cada movimento que não é seu,
Sabe detalhes que são o apogeu
Da felicidade alheia e da ousadia.

Sofre em silêncio o sério dissabor
De partilhar apenas para si a dor
De desejar o proibido que o reúne

Às lágrimas que são a desventura...
Indivíduo indigesto que porventura
Sabe de tudo o que sente é ciúme!


DE  Ivan de Oliveira Melo




CASO EU VIVA CEM LONGOS ANOS

Caso eu viva cem longos anos, serei ancião maduro
E meus contemporâneos já terão um dia partido;
Sozinho ficarei a tecer meus passos sobre esta terra
O que será uma glória para um velho sem companhia!
Caso eu viva cem longos anos, serei como criança minada
Sem conhecer do caminho a seguir, os obstáculos inúteis
Qual idoso que rumina sua vida de aparências entre tetos
Onde sua vontade é de outrem, seu querer bastardo desejo!
Caso eu viva cem longos anos, serei um morto-vivo apenas
E nada mais fincará meus pés e mãos perante um mundo
Cujos atrativos são jovens, mas imoderados devaneios vãs
Que pululam sobre as metamorfoses duma vida autóctone!
Caso eu viva cem longos anos, serei um fantoche deserdado
Dos folguedos infantis e senis que alegram as horas tantas
Já ultrapassadas por um modernismo medíocre e sem rótulo...
Lágrimas ou sorrisos eu os terei caso viva cem longos anos!


DE  Ivan de Oliveira Melo