domingo, 31 de julho de 2016

AMIGO SINCERO

Minhas mãos em tuas mãos.

Um cenário de olhar amistoso
Que envolve um fio de amizade

Onde a sinceridade é ponto extremo.
Na ânsia louca da comunhão recíproca,
O verdadeiro amigo desponta uníssono

Perante as calamidades dum mundo órfão
Em que a hipocrisia é o degrau galgado...
O coração dorme sobre as pelúcias
Dum travesseiro onde se lê amor...

Tem-se a certeza de que no dia seguinte
A vida seguirá seu rumo a um destino
Onde jamais haverá qualquer desatino,
Pois o amigo sincero é parceiro de coração,
Um amigo sincero é prece e é religião!

DE  Ivan de Oliveira Melo /  Dalva de Oliveira


SERTÃO DO PRAZER

Uma perna, um braço, um corpo esbelto…

Pontos estratégicos em clima de combustão
E minha sensibilidade associada a um tesão

Que me leva a imaginar cenas de um prazer
Onde tudo pode invariavelmente acontecer
E corromper minha volúpia que não é feltro,

Porém tem um cio que grita durante a orgia…
Calor, muito calor assanha a carne no pecado
Só de tocar neste corpo efervescente ao lado
E bailar sobre um sangue que não é fantasia…

Pernas, braços, lábios, dois corpos esbeltos
Que juntos alcançam o êxtase em embriaguez
E se fundem numa alquimia isentos de timidez…
Bocas que se acoplam e que sugam num dilúvio
Todo o amor encarcerado no sertão da intimidade!




DE Ivan de Oliveira Melo / Greed Taylor

sábado, 30 de julho de 2016

MIOPIA DO CONHECIMENTO

O mundo é um anfiteatro
Perante um palco de milhões de espectadores
Que olham sem entender
As mensagens que captam o olhar
E tornam zambetas os raciocínios
Como se fossem míopes…
Cegueira que limita o homem
E o impede de ver
A beleza que paira no ar…

Assim estão as arenas do planeta!
Há pessoas artistas, há pessoas público
E nos espetáculos que a vida presenteia
Não se enxerga que é possível através da arte
Transformar e fazer evoluir esse universo carente…
Só que o homem é anfitrião
E mendigo de si mesmo,
O óbulo é a ignorância alheia
Que, meio perdida na turbulência do desconhecer,
Perambula cabisbaixa sem saber o que fazer,
Porque o interesse está no sentir o prazer
E mergulhar em sua avareza…
Tudo se esconde do semelhante
Para que se use esse mesmo tudo
Como forma torpe de crescer,
Sendo a ribanceira do inóspito
Sua inseparável cartilha do ABC…

Um ABC que ensina a libertar-se
E busca no garimpo das palavras
Uma chance para salvar-se,
Porém leva consigo a multidão imberbe
Que ladra dia e noite em busca de conhecimento
Enquanto outros esnobam no maior descaramento
E atropelam sentimentos,
Assassinam os fundamentos da vida…
Segue-se em sua lida
Fingindo nada entender,
Embarcando numa apatia
E convivendo com o sofrer,
Retirando da desordem íntima
Catástrofes que impulsionam à violência,
Alimentam mazelas que serão o regalo da existência
Diante de um novo alvorecer!




DUETO DE SOCORRO CALDAS / IVAN DE OLIVEIRA MELO

sexta-feira, 29 de julho de 2016

GRAMÁTICA

Eu me lambuzo deveras dentro da gramática,
Caminho sobre o verbo de minha oratória,
Mergulho em regras para descrever o que é história
E em toda a dialética há situações enfáticas.

Dentre os cinco tópicos que formam o compêndio
A fonologia me alerta sobre a ortoépia e a prosódia,
É mister guardar leis ortográficas na memória
Para que faíscas morfológicas não causem incêndio.

Hum… De repente me deparo com a ordem dos termos,
É a sintaxe avisando para evitar caminhos ermos
Visto que a semântica detesta sentidos infundados…

Pois é… e onde fica o livre arbítrio de criar?
Ah! Em todo processo estilístico figuras são o lugar
Para a criatividade navegar na fantasia dos figurados!




DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 28 de julho de 2016

SONHOS SUTIS

Saio a catar pedrinhas pela estrada
Para construir castelos que abrigarão sonhos...
De vez em quando paro, olhos em derredor
A observarem encantados as astúcias do homem sonhador
Que edifica aqui, edifica acolá, um mundo de aquarelas
Onde anda distribuindo sonhos na ânsia de encontrar
Os jardins rosados e floridos da eterna primavera.

Nos devaneios embalo os sonhos e não sei onde vão dar,
Por isso imagino rosas e mais rosas em meu pomar!
Nas noites silenciosas retomo os sonhos tardios
E os pinto conforme aventuras maravilhosas
Do meu ego perspicaz e juvenil
E a idade não mais importa
Se os sonhos são de criança...
Então velejo a consciência
A trazer-me de volta as lembranças
Que fazem o homem volver no tempo
As histórias de reino encantado,
Porque só assim minha alma vive
E se alimenta de sutis sentimentos!

As viagens dentre os sonhos
Tentam os mistérios da vida desvendar
E aqui o agora seja sempre o acolá
Sem importar onde se esteja,
Se aqui ou acolá...
O que importa mesmo são os dilúvios
Que vêm com os anos
E que mais e mais maduros e experientes
Saber-se-á contornar
A fim de que  a existência seja algo diferente!


DUETO DE SOCORRO CALDAS / IVAN DE OLIVEIRA MELO

terça-feira, 26 de julho de 2016

SONETO DA AVAREZA

Sobrevivência hoje é pirataria
Dum povo que é meio maluco
E que suspira meio mameluco
Perante um social de idolatria.

Respirar incertezas meio tolas
É adjacência de um ciclo norte
Que vilipendia da alma a sorte
Diante do azar e das cenouras.

Delírios são pedido de socorro
Que vociferam sobre o estorvo
Dos que dormem sem valentia.

Sonha-se e temperam-se vidas
Mediante as horas meio midas
E de quem sobrevive da utopia!




DE Ivan de Oliveira Melo

INSANIDADE ECOLÓGICA

Distante da estéril calvície do mundo
Rolam os pelos dos animais sacrificados
Pelos desumanos piratas das florestas
Que trucidam vidas, levando-as à extinção.

São selvagens hermafroditas das matas,
Rabugentos silvícolas do universo moderno,
Hediondos carnívoros da Idade da Pedra
Que silenciam rugidos no silêncio dos bosques.

Permeiam sobre o solo equidistante das massas,
Latrocinando respirações do equilíbrio ecológico
E dizimando sua própria saúde nas indigestas
Caçadas, atrofiadas pelo lambuzar dos inocentes.

Semeiam a desilusão entre os inanimados seres
Que adornam a vida dos campos e dos cerrados,
Mas também alquebram a beleza das árvores
Tornando os espaços naturais vácuos de desertos…

Sobraçar a centelha da esperança é recurso último
Das consciências que malbaratam esses diabólicos
Ancestrais que vivem a depredar o ambiente físico
E onde, cedo ou tarde, depositarão seus restos mortais!


DE  Ivan de Oliveira Melo

EVENTO SENSUAL

( Madrigal )



Tentei, bem que tentei, criatura!
Roubar-te um beijo às escondidas,
Porém teu lado curvou-se, desconfiado
E me pus constrangido a esperar-te!
Teus lábios ardiam desejos…
Oh! Criatura! Piscaste os olhos,
Assanhaste os cabelos, bateste o pé!
Ficaste alvoroçada, mas escondeste a boca
E eu não quis cometer um delito,
Apenas soube sufocar da volúpia, o grito!
Eis-me a seduzir-te o corpo para o infinito!



DE Ivan de Oliveira Melo

sábado, 23 de julho de 2016

REGALOS

O inverno decola do aeroporto da primavera
Carregando consigo a clorofila dos campos.
Já o verão aterrissa sobre as folhas de outono
E traz das passarelas a umidade dos frutos…

A chuva viaja perante arrebóis do amanhecer
E lava os estuários onde as planícies cochilam.
Os ventos caminham sobre as nuvens lotadas
De uma energia que transporta enseadas vivas.

Opera-se o gás carbônico e nasce o oxigênio
Que tributa a vida mediante o respirar do éter
Doando à terra as cordilheiras atrás dos montes.

Ornamentam-se os céus com relâmpagos e raios
Que dão à natureza o regalo de fortes trovoadas
Em que se nota uma atmosfera sufocada de morte!



DE   Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 22 de julho de 2016

ESSÊNCIA E SENTIMENTO

Meu olhar é fastio
E perscruta no vazio…
Que neste vazio
A esperança transborde
Ou me otimize um passaporte
Rumo à felicidade
Que muito se espera, certamente
E que vigia os passos,
Deliberadamente!

Que nesse percurso
Percorram-se caminhos encantados
E que não existam vácuos, nem ecos,
Porém abundância…
Abundância de amor, de realizações
Onde se possa cultivar uma flor
Constrangendo inócuas sensações…
Que os sentimentos se fortaleçam
Na essência das emoções
Para que no amanhã haja novos perfumes
Que embalem todas as ações!

Que se exale a beleza
Fixando o bem-querer…
Que se traga do amor
A cartilha do ABC
E que a vida seja a fecundação do amar
A fim de que no frio, o calor seja o doar…
Que as emoções aflorem
Seja no frio, seja no calor
Ou onde tudo possa se encontrar!

Que as horas não sejam preocupação,
Pois sempre é tempo de aprender
E também de recomeçar…
No tablado da vida
O prazer seja tão somente consciência
Do tempo que de tudo se apodera
E dá ao ser humano… sabedoria!
Contudo realiza e desnutre as quimeras
Para que não se viva apenas de fantasias!



DUETO DE  Socorro Caldas / Ivan de Oliveira Melo

BIJUTERIA POÉTICA

No tudo em que erraste, perdeste o senso!

Ideias franzinas agora enlameiam teu tear,
Pois a gordura criativa sedou-te a inspiração

E as palavras manquitolam aqui e ali desnudas...
O verbo calou-te a pena e protesta em silêncio
Contra a desventura que tua ausência causa...

Emoções céticas ameaçam incorporar-te o dom
E transformar-te num bibelô utópico e assindético,
Porque nas luxúrias semânticas fincaste o assédio
Dos dizeres coloquiais que rabujentam a escrita...

Equivocado estás quando tentas lapidar teu tom...
Inúmeros vocábulos são mancebos de eloquência,
Não cabem procrastinações que usurpem as regras
Visto que o idioma é lícito em todas as suas nuances,
Por isso recolhe-te ao labirinto das gírias emancipadas!


DE  Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 21 de julho de 2016

ANIMAE CHASMATA

Ubi sunt vobis Sententia?
Quo vos vadis?
Nonne vides in me?
Saudade non habent
Et transfigit frigore me
Quia calor tempore hirundines
Et nunc non possumus silentio…

Cataracta dolore vita mea est
Et lacrimae nubibus caeli…
Dic mihi: quia pluit mea?
Et aquam non plui,
Pluit a feris angustia
Et felicitatem vitae in mausoleo
Floribus wilted in quo …

Pascetur in timore horas,
Ventis planctum
Et aures ad audiendum vale
Quod particeps mortuus est abstracta
Bibere sanguinem ad idololatriam.

Non habitabimus in vivo et inhumatus harena
Et spiritus meus erit in esse, erit omnium novissimus nickel!



DE  Ivan de Oliveira Melo


TRADUÇÃO DO POEMA ACIMA   ( escrito em LATIM )


ABISMOS DA ALMA



Onde estais sentimento?
Aonde ides?
Não vedes que há em mim solidão?
Saudade não há
E o frio me dilacera
Porque o calor o tempo engoliu
E agora só me resta o silêncio.

Minha vida é uma cachoeira de agonia
E meu pranto as nuvens do céu.
Dize-me: por que chove em minh’alma?
Mas não chove água,
Chove um sertão de angústias
E a felicidade vive num mausoléu
Onde as flores estão murchas…

As horas me alimentam de medo,
Os ventos cantam uma canção fúnebre
E meus ouvidos escutam a despedida
Porque a morte é companheira do abstrato
Que bebe o sangue da idolatria.

Não habito vivo nesta arena insepulta
E meu respirar será o último níquel da existência…


DE  Ivan de Oliveira Melo



SEMANTICS

Nullus sum,
Ego sum qui cogitat,
Ego in ipso Press
Nisi hoc mundo.

Cantabo, cum plebe
Et ego operor multus salivae,
Ideo tempus no libera me
Et non sunt falsae.

Verba bibere et inebriari non est
Aures audiat,
Et non dico scribere…

Code et non delentur,
Semantics, non dictatura
Operantem in mundo adipem!



DE  Ivan de Oliveira Melo


TRADUÇÃO DO POEMA ACIMA ( Escrito em LATIM )


SEMÂNTICA


Não sou ninguém,
Sou alguém que pensa,
Sou a própria imprensa
Que só este mundo tem.

Enquanto as pessoas cantam,
Sou trabalho e muita saliva,
Por isso o tempo não me livra
Para que não haja desencantos.

Bebo palavras e não embebedo
Os ouvidos que as escutam,
Pois não falo, apenas escrevo…

Sou código sem rasuras,
Semântica, não ditadura
Que opera num mundo obeso!


DE  Ivan de Oliveira Melo

CORPO INSANO

Pernas e braços me prenderam,
A cama foi nosso travesseiro...
Francamente, quem caiu primeiro?
Até hoje é simples – não se sabe -
Vem apenas saudosa lembrança
Do festival que houve na cama…
Lembro que chamego foi enlace
E tudo o mais intensa batucada,
Pois alcançar a sombra foi vão
E até ao meu vulto pedi perdão!


DE Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 20 de julho de 2016

AMISTAD

Ningún hombre es soledad o una isla,
Hasta los ríos y los mares tienen sus afluentes…
Es verdad que muchos traicionan, son indiferentes ,
Pero es a través del amor que otros siempre brillan.

Es muy importante vivir y tener al lado alguién…
Eso alguién trae seguridad, trae la confianza
Y pone el indivíduo en lo rumbo cierto y lanza
Sobre el compañero las virtudes que son amor también.

El desierto del alma debe ser rellenado con lábia,
Pues el amor es lo único promedio que clava felicidad…
Cualquier otro camino ciertamente es la falsedad
Que intenta exhibir la vida por una corriente contraria.

El hombre no es una isla… Del amor no hay peligro,
Entonces adoba la existencia… a nadie vive sin amigo!



DE  Ivan de Oliveira Melo
   

MADRUGADA INCOLOR

Pintei minha madrugada de branco
Buscando a paz tão escassa,
Mas chovia e a noite era trapaça
E até desventura para quem dormia nas praças...
Só se percebiam os ventos e as luzes dos pirilampos.

Já adentrava a madrugada e eu no balanço da rede,
Num balançar intenso e chovia em meus sonhos
E meus olhos marejavam sem se descobrir o porquê...
Talvez na pintura houvesse um bem-querer,
Um querer que surgiu judiando todo meu ser
E então me guardei confuso e tristonho.

Na noite que se faz vazia já não sei o que fazer...
Melhor buscar a inspiração das estrelas, sem ruídos...
Ou nos mistérios do luar para estes meus sonhos sofridos
A fim de que meu coração sinta prazer.

Na vida que se faz viver mergulho na melancolia
E me dou conta de que o tempo tem cartas marcadas...
Que se descubra a incógnita para o tudo e se desvende o nada
Ou se permita que o abstrato seja apenas sintomas de nostalgia.

E nesta angústia profunda sem saber o que fazer
Elevo minha mente às estâncias do metafísico,
Neste encontro poético feliz me realizo,
Pois um novo dia começa a amanhecer!


DUETO de Socorro Caldas / Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 18 de julho de 2016

FRAUDULÊNCIAS

Em derredor de mim há pensamentos autóctones…

Contudo percebo também lampejos de pensares exóticos
Que tentam impor-se aos desvelos de configurações originais…

Em derredor do mundo há ideologias exacerbadas e tônicas
Que nutrem das fraquezas individuais a simplicidade e o ardor
Dando-se ênfase às manifestações corruptas e ao degredo do sério…

Na jurisprudência da vida os desníveis são catástrofes da pobreza
Que se encanta com os palacetes verbais da praça pública e do palanque
E se permite carregar por dizeres de uma demagogia ousada e hedionda
Que sublevam as carcaças humanas aos mais altos degraus da indignidade.

Em derredor de mim o que se diz democracia é apenas causa sem efeito…
Os jurisconsultos sociais emblemam suas hipóteses e teses na blasfêmia
Atendendo aos louvores “inequívocos” dos príncipes flagelados de sabedoria
E contaminadores de um caos que tem como produto a podridão política…
Em derredor de mim há legitimidade, mas esmagada pela incoerência dos néscios!



DE  Ivan de Oliveira Melo




domingo, 17 de julho de 2016

LECCIÓN DE VIDA

Un ángel abrió las ventanas del cielo
Y pudo contemplar los hijos de la tierra.
Pero miró también la extensa naturaleza,
Contaminada por el egoísmo y orgullo
De las personas insensibles del universo.

Ese ángel descubrió que las plantas, y
Los bosques y los animales estaban enfermos,
Entonces llamó otros ángeles y juntos y tristes
Lloraran.… Sus lágrimas, puras y cristalinas,
Desplomaron sobre el seno del planeta...

Hubo en todos lugares una gran transformación.
La agua secó y la tierra se quedó estéril…
No había como comer y beber… Hubo hambre
Y sed. No obstante no hubo muertos. Hubo lección.
Era necesario que las criaturas aprendiesen amar!

El día se convirtió en noche. El sol estaba de vacaciones.
La luna viajó para otros orbes y los novios vieron oscuridad.
Las estrellas se quedaran boca arriba y tuvieron sueño.
Ahora el mundo entero tuvo conciencia que Dios existe
Y los hombres tienen que acabar con las guerras y vivir la paz.

Después de un cierto tiempo los ángeles abrieron del cielo,
Las puertas. No había más lágrimas, pero sólo sonrisas.
El sol y la luna estaban de vuelta e las estrellas pestañearon.
Todo estaba renovado. Los animales corrían felices y en la
Naturaleza el verde se destacaba y la agua era corriente.


DE  Ivan de Oliveira Melo
  .  

QUADRANGULAR

Destino ingrato, o meu…
Meu quotidiano:  miséria!
A vida entravada, matéria
Dos periódicos esdrúxulos…

Notícias avulsas, conquistas.
Mazelas hediondas: pomar!
Miasmas sangrentos, meu lar
Nas ruas da solidão esquisitas.

Fome e sede, troféus da arena.
Corpo sujo, suado: vil evidência!
Ignorância em mim, tendência
Para uma morte sem mausoléu…

Abandono sem capa de revista:
Esquecimento do social vigarista!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 16 de julho de 2016

USTED

Siento en su alma el deseo de amar
Y tener todo el mundo a los pies…
También percibo el cuanto su fe
Se sumerge a los delirios de apasionar…

En sus ojos el brillo habla que es amor
Lo que hay guardado en ese corazón
Que no es pequeño… es como una nación
Donde su espiritu ya naufragó el dolor…

Puedo ver que su cuerpo tiembla loco
En busca de la razón que pinta muy poco
El coraje que nace y muere así de repente…

Lo acaso es una posibilidad de construir
Todos los sueños que bailan para el porvenir
Ser usted y más alguien juntos...para siempre!



DE  Ivan de Oliveira Melo

ÁTOMOS DO ÂMAGO

Nesta casa minha os pássaros cantam,
Sibilam das árvores um ruído meio surdo,
Enchem as manhãs de primaveras esperanças
E lá longe o mar responde com suas vagas
Como se recompensa fosse pelo dia lindo
E no pensar das gentes são trombetas do silêncio…

No brilho solto no ar há resquícios da espuma
Que se espalham sobre o tapete úmido da areia…
Em tudo se percebe o repouso abismal de um sol
Que, de tão distinto, leva dos sonhos a sabedoria
Do tempo e das obras diamantinas que há no espaço,
Transfigurando tudo o que se consome em alegorias…

A imagem é templo dos deuses que habitam íntimos,
Tesouros da alma que mantêm em sigilo as chamas
Que fulguram nas consciências dos altos edifícios
Construídos mediante a oficina de faustos pensares
Que nada mais são do que as massas inspiradoras
Transformadas no teto sublime que veda os delírios…

O esplendor é o soberano adorno dos solares marinhos
Que nutrem os suspiros dos corações apaixonados…
Tudo é dádiva que envolve de prata colchas macias,
Tecidas sob os indiscretos olhares dos astros siderais
Onde o amor se derrama em cálices dourados e brancos
Para que se beba do equilíbrio a certeza do dia seguinte.

O prazer se manifesta na ausência do amuleto da justiça
Ainda sem forma e bastante deprimido devido ao rumor
Que o céu prolata dentre as nuvens carregas de energia…
Às margens do consumo das ideias virgens e inexatas
Há preciosa delícia que são atitudes aspiradas pelos ventos
Que dormem acordados e despertam azougados pela chuva.


DE Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 15 de julho de 2016

HOMOGÉNEOS

Una mujer que se gusta de otra mujer.
Un hombre que se gusta de otro hombre.
Eso es viejo en el mundo mismo donde
La cultura sea la muerte para cualquier

Persona que quebranta las leyes del país.
Estamos delante de algo muchísimo sutil
Que para mucha gente es pecado, no pueril,
Sin embargo sin respeto a nadie es feliz.

Cada ser humano tiene derecho de elección,
Sus sentimientos son privados del corazón
Y en la vida las fobias deben ser batalladas.

Hay cosas en la tierra que sólo Dios juzga,
Nuestra concepción aún no está bien adulta,
Por tanto cada cual viva según sus bravatas!


DE  Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 14 de julho de 2016

CICATRIZ

Se mi alma llora a las escondidas
Es porque en la noche hay estrés,
Las palabras ni siempre son fieles
Y el sentimiento no tiene guarida.

Se mi alma tiene la dulce libertad
Es porque ama un mundo travieso,
Intenta poner orden en lo inverso
Para que todos sonrian de felicidad!

Se mi pecho clama por un gran amor
Es porque la vida precisa sobrevivir
Delante de lo oscuro y incierto venir
Que es el futuro del pueblo soñador.

Se yo quiero estar siempre feliz…
Tengo que borrar cualquier cicatriz!



DE  Ivan de Oliveira Melo

MUDEZ

Silencia.
Mentiras e verdades
Devem ser camufladas
Diante da suavidade
Do teu silêncio.

Silencia.
Nada digas.
Deixa-me ver e ouvir
Os ruídos que
Temperam a tranquilidade.

Silencia.
Na paisagem de hoje
Voz alguma quero escutar,
Só o sussurro dos ventos
E o paladar de tua presença.

Silencia.
No alvoroço de ontem
Fincou-me a alma
A aridez do barulho
Que assanha adversidades.

Silencia.
Na viagem do silêncio
Compreende-se a razão
Da vida e o vexame da covardia
Que traz a indigestão da turbulência.

Silencia.
Só através do silêncio
É possível esquecer o desagradável
E renovar a aparência do respeito.
Simplesmente, nada digas!



DE Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 13 de julho de 2016

RECUERDOS

Siento tus manos en mi cara
Y un afecto que nunca pensé...
Adónde fuiste cuándo te besé,
Pues tus labios son cosa rara?

Ah! estabas lejos, pensamiento
Que voló hacia el fin del mundo
Y yo quedé con un dolor hondo
En mi alma que es sentimiento.

Te quiero... Eso es gran pasión
Que me hace arder el corazón
Y me hace llorar de esperanza...

Mira... yo tengo amor para darte,
Todo es que yo ingenio a la arte
Para hacer de ti mi real bonanza!


DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 12 de julho de 2016

SENSIBILIDAD

Me dejo llevar por el canto...

Pétalos de mi vida son las flores
Donde recojo mis amores

Y déjame navegar por las aguas del silencio
que traducen la vida y decir que el encanto
está en mis labios gritando alabanzas

Y sonriendo a llevar el amor a la felicidad ...
Mis sensaciones de luces del mundo
Viven de que el alma de la parte sin dolor
De un sentimiento colorido llamado amor.

La vida es un regalo de Dios…
Todos los días es un tiempo de oración
Y todo lo que mantiene el corazón
Son solidarios de las raíces puras
Que impulsan al hombre de la soledad…


DE Ivan de Oliveira Melo

domingo, 10 de julho de 2016

LÍTOTES

O amor não é tristeza.
O pão não é veneno.
Pobre não é pequeno
Nem rico é grandeza.

A vida não é guerra.
Tempo não é cicerone.
Dinheiro não é ciclone
Nem trabalho cisterna.

O mundo não é utopia.
Verdade não é alegoria
Nem mentira apoteose.

O saber não é degredo.
Ignorância não é enredo,
Mas o homem é simbiose!



DE Ivan de Oliveira Melo

LÍTOTE é uma figura de pensamento que nega o contrário.


quinta-feira, 7 de julho de 2016

CATARSE AMBIENTAL

Miraculosa deidade que se apossa dos ventos
E desnutre galhos de árvores sobre os tapetes
Das planícies que enfeitam vales e sentimentos
Donde se vê a uma natureza plena de enfeites.

Magia e encanto em troncos finos das florestas
Que servem de repouso às aves da noite surda,
Mutantes em coloração e canto sem orquestras,
Mas que trazem no perfil a melodia sem muda.

O capim e a grama saciam a fome dos animais
Que se banham nas cachoeiras ricas em cristais
E bebem das águas mornas, o viço que é a vida.

Há nos campos amores sobre a relva e ninhos,
Contudo há também parreirais que dão vinhos
Fazendo da catarse ambiental refúgio e guarida!




DE Ivan de Oliveira Melo 

CONFRONTOS

O Amor adoeceu seriamente…
Levado às pressas ao hospital,
De imediato adentrou à UTI
Com alto grau de intoxicação.

Havia em si partículas de Ciúme
Que eram manipuladas pelos
Gases da Inveja… Sintomas vis
Nocauteavam-no sem piedade…

Algum tempo ficou incomunicável
Até que recebeu importante visita:
A Esperança o viu em seu martírio

E foi solenemente recebida. Choro!
Ambos se abraçaram, emocionados.
Enxugaram-se as lágrimas e falaram.

Trocaram ideias sobre a Vida e o Bem.
O Carinho e a Ternura vieram do além
E trouxeram flores e votos de saúde.

A Alegria era uma tenaz enfermeira.
A Meiguice, médica de bons predicados,
Diagnosticou o Ódio como responsável

Pelas calamidades que vitimaram o Amor.
O Orgulho, a Hipocrisia e o Egoísmo eram
Considerados coadjuvantes do Ódio e

Era necessária uma trama bem edificada
A fim de retê-los em seus malabarismos.
A Maldade era a grande chefe dos inimigos
E em suas artimanhas muitos pereciam…

O tempo passou, o Amor recebeu alta.
E agora? Pensavam. Será grande a batalha,
Mas todos os sentimentos do lado Virtude
Estavam reunidos num esconderijo secreto

Localizado em um imenso jardim de flores,
Onde as orquídeas e os girassóis habitavam.
Todos os demais perfumes desse lindo jardim
Resolveram lutar contra o lado Perverso da Vida.

Inúmeros planos foram elaborados e discutidos.
O ladro Perverso nem suspeitava do que se tramava.
A Preguiça foi chamada a cooperar, mas alegou
Encontrar-se bastante cansada e com sono…

Indicou a Coragem que morava nas redondezas
E a Coragem tomou as rédeas do lado Virtude.
Estavam todos prontos e vacinados para a guerra,

Um confronto social que chamou a atenção do orbe.
A Felicidade, a Harmonia, a Beleza e a Sinceridade
Embarcaram num navio onde havia muitas armas,

Contudo nenhum armamento de fogo. A munição
Era a Palavra que foi festivamente convidada para
Ser a pólvora que incendiaria os maus costumes

E os destranbelhados prazeres ilícitos do mundo…
E todos se infiltraram nas escolas, nos jornais e
Em muitas revistas de grande circulação. Invadiram

Todas as mídias possíveis como rádio, televisão e,
Como não poderia deixar de ser, fecharam a internet.
O Conflito estava declarado e o lado Perverso foi pego

De surpresa… Sem chances de reação, apelaram…
A Hipocrisia pediu clemência à Verdade que a fez
Prisioneira e também a confessar todos os males
Cometidos contra a humanidade. Vitória na certa!

A Humildade lutou contra o Orgulho e o fez vomitar
Para sempre sua cachaça hedionda… A Solidariedade
Investiu contra o Egoísmo que tentou fugir, porém
Para toda a eternidade foi acorrentado e sumiu…

Assim, houve batalhas e mais batalhas entre todos
Os sentimentos antagônicos… No entanto, o mais
Importante ainda não ocorrera e estava prestes a
Acontecer. O Amor, totalmente recuperado, foi em

Busca do Ódio e da Maldade, sendo ajudado pelo
Bem, que distribuía sorridos por onde passava.
Ódio e Amor ficaram face a face, Bem e Mal se
Atracaram e a luta rendeu horas e mais horas…

Afinal imensa fumaça cobria os céus… o que era?
O Ódio caiu diante do Amor e estourou-se no ar,
A fumaça era a despedida em definitivo dessa raça.

O Mal tentou enganar o Bem, todavia escorregou
Em seus próprios delitos e machucou o pé, ficou
Sem andar e tornou-se presa fácil… Tudo consumado!

Houve uma grande festa nos salões da Sabedoria.
Nenhuma ausência foi notada pelo lado vitorioso.
Uma imensa assembleia gritava e aplaudia, feliz…

Agora, adentraria o que era o mais esperado após
A grandiosa vitória da Virtude. O aroma era bom.
Nos braços das flores pôde-se ver entrar o Paraíso!


DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 6 de julho de 2016

CONSÓRCIO COM A SOLIDÃO

Eu vagueva sozinho pelas estradas sem confins.
Era noite. Aqui e acolá eu estacava. Namorava
Um céu bordado de inteligentes estrelas que me
Fitavam desconfiadas... E eu sorria para o infinito...
Meus olhos se afogavam naquela tertúlia obesa
Onde nuvens brancas passeavam de mãos dadas...
Havia em derredor grave silêncio. Tudo, calmaria.
Nada mais despertou-me a atenção. Só tal aventura.
Tênues caminhos gravavam meus passos na areia
E suave brisa soprava em minhas faces com ternura.
O penssamento buscava imagens plenas de fantasia
Em que o mundo se desdovrava e atendia à imaginação.
Isentos de fadiga, quilômetros e quilômetros foram
Percorridos pela mente que respirava dons de alegorias.

Como são doces certos momentos de solidão!
No passar das horas, o tempo é cúmplice das divagações
Que semeiam a consciência e edificam portos de alegria.
Como são mágicos os instantes da inquietação soturna!
Embora haja a escuridão reinante, há a luz da sabedoria
Que transcende a todas as adversidades que morrem solteiras...
Como são delirantes os respiros do pueril diante da natureza!
Ceifam-se as incertezas, deletam-se os medos, nasce a coragem.
Impulsionam-se os mais secretos desejos à volúpia da realidade.
Como são áureas as vidências do presente e perspectivas futuras!
O passado perece perante as ilusões que fomentam possibilidades.
A existência torna-se adutora da alma e o equilíbrio é a fonte
Que norteia os gestos e as atitudes são perenes de grandiosidade.
Como é salutar matutar diante do horizonte e enxergar o metafísico!
Tudo se compreende. Tudo é fartura. Tudo são lampejos da verdade
Que dilacera a mentira e faz do viver a ambição sagrada de Deus!


DE  Ivan de Oliveira Melo

NÚPCIAS

Meu poema chorou com intensa força emotiva
E eu dentro de um vagão compreendi sua dor,
É que havia eu feito extraordinária foto do amor
Que, de tão sublime, fez estremer a locomotiva.

Da janela onde estava pude ver flores no campo
E animais que corriam no zigue-zague da alegria,
Um sol ameno brilhava e doirava minha fantasia
E, em grande esplendor, houve de poesia, tanto!

As lágrimas do poema contagiaram do trem, todos…
Até os trilhos tremeram, pareceram-me meio tolos
Perante o verde destacado no pomar das letras!

Sensibilidade aflorada num momento só de astúcias,
Pois entendi que eu a poesia estávamos em núpcias
Diante dum casamento onde não havia retretas!



DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 4 de julho de 2016

PARAÍSO IMPESSOAL

A solidão é a cartilha do conhecer-se…
Nela, há um alfabeto deveras especial
E o silêncio contacta o transcendental
Num diálogo etéreo íntimo, sem lazer.

Quem se ama na solidão sem reservas,
Subtrai de si o extrato da compreensão
Que vagueia num espaço de contramão
Até que se entenda o paladar das ervas.

No universo solitário cada qual tem dote,
É necessário apenas ser bom sacerdote
Para que sua homilia pessoal seja clara…

O que busca na solidão uma vida eterna
Certamente é um mentecapto de caverna
Que jamais logrará a felicidade das araras!




DE Ivan de Oliveira Melo

domingo, 3 de julho de 2016

DESTINO

Ando que ando.
Canso que canso.
Tropeço.
Dou a mão direita
À esquerda.
Levanto-me.
Cambaleio.
Aprumo o corpo,
Sigo o destino.

Lá adiante.
Nova queda.
Sinto-me mais fraco,
Mesmo assim
Repito o ritual.
Estou de pé outra vez,
Mas o caminho é longo…
Desvendo árvores.
Descanso nas sombras.
Estou sujo e arranhado.

Suave brisa.
Meu rosto é acariciado
Pelo frescor do vento.
Ganho ânimo.
Vou em frente.
Tenho sede.
Abundante suor
Pinta meu corpo.
É o íntimo chorando
E pedindo arrego.
Não esmoreço.
Sou levado
Pela força de vontade.

Debaixo do sol escaldante
Minha caminhada
Torna-se um sacrifício.
A sede me devora.
A fadiga me arruína.
Perco as forças.
Desabo no solo seco.
Desmaio.
Longas horas sem sentidos.
Desperto ao anoitecer.
Os pássaros em busca
Do agasalho e eu
À procura do meu destino.
Tento levantar-me.
Estou só. Ninguém me vê…
Sem entender como,
Consigo aprumar-me.
Meio trôpego.
Dou alguns passos.
Chego a uma praça.
Está desolada como eu.
Descubro um banco.
Ali me deito. Desfaleço…

Desperto dia claro.
O sol desponta.
A passarada voa. Canta.
Dou-lhes bom dia.
Aos poucos o sol esquenta.
Imagino-me na mesma
Desilusão do dia anterior.
Sede. Fome. Exaustão!

Ando que ando.
Canso que canso.
Estou sem forças.
Preciso mendigar…
A quem? Tudo vazio!
Taperas trancafiadas.
Viva alma não aparece.
A solidão é companheira.
A solidão é meu arrimo.
A solidão é meu prêmio…

Dados alguns passos,
Vejo uma porta aberta.
Uma senhora sentada
A olhar em derredor.
Será que espera alguém?
Bato. Ela olha para mim
Bem dentro dos meus olhos.
Reconhece-me. Levanta-se.
Vem ao meu encontro.
Abraça-me.
Beija-me o rosto ferido.
Aperta minhas mãos…

Algum tempo depois,
Fala-me, sussurrando.
“Ainda bem, querido.
Já não suportava mais
Tanta saudade.
Finalmente você chegou.
Aqui no astral tudo é diferente.
Não há fome, nem sede.”
Eu estava morto... E não sabia!
                                                                 DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 2 de julho de 2016

DESCRIÇÕES

Apalpo o tempo.
Navego no sol.
Tosto-me na chuva.
Falo mentiras
Que são verdades.
Gargalho no ódio.
Pranteio na alegria.
Estou só na multidão.
Ando sentado.
Durmo em pé.
Falo verdades
Que são mentiras…

Sou morte na vida.
Sou amigo do inimigo.
Sou santo pecador.
Escrevo sem tinta.
Leio páginas em branco.
Jogo cartas sem baralho.
Nado na areia.
Caminho na água.
Sou dinheiro sem valor.
Estou limpo na sujeira.
Falo grego em português.
Converso em silêncio.
Estudo sem livros.

Sou nada em tudo.
Estou mudo na fala.
Sou surdo com audição.
Cego com boa visão.
Dentro da falsidade
Sou mais que honesto.
Somo onde há subtração.
Divido onde há produto.
Fumo cigarro apagado.
Sou atleta sem jogar.
Confidente sem confessor.
Sou rio sem águas.
Sou água sem mar.
Sou o começo do fim
E o fim dos objetivos.

Estou belo dentro do feio.
Horrível dentro da beleza.
Sou dia em plena noite
E madrugada em pleno dia.
Sou sombra do meu vulto
E oração das pornografias.

Sou tudo isso e muito mais…
Contudo não sou delinquente,
Sou gente, sou vida…
Sou poeta!


DE Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 1 de julho de 2016

ATMOSFÉRICO

Tudo me parecia azul: o mar, as estrelas, o céu…

De repente, nuvens carregadas mudaram a paisagem
E intensa tromba d’água invadiu todos os recantos

Anunciando os gorjeios da incauta tempestade…
Fortíssimos ventos faziam balouçar galhos das árvores
E espessa névoa tornava brancos os refolhos da visão…

Cobarde frio dissipava o angustiante calor que reinava
E o tempo confabulou com a atmosfera densa e opaca.
Raios trituravam com gigantescos riscos o horizonte nu
Enquanto os tambores melodiavam o ritual das trovoadas.

Havia receio enclausurado nas consciências despertas
E, naqueles que adormeciam, os sonhos eram trevosos,
Manipuladores das tragédias que cerceiam a tranquilidade
E trazem infinitos pontos donde se percebem joviais agonias…
Então a noite enamorou-se do dia e um novo sol veio a brilhar!



DE  Ivan de Oliveira Melo

CONSUETUDINÁRIO

O corpo parece plástico, eu sei, e me leio por inteiro.
Nadar! Nadar! Nadar sempre até os confins do mundo,
Pois a água que há na carne é um lago imenso e intenso
E a que vem dos céus traz a espuma que forma bolhas
De vida nesta enxurrada que é o respirar do infinito universo.

Tudo, tudo se assemelha às florestas e aos campos desertos
Onde o coração clama pela sobrevivência entre dias e noites...
Há papéis coloridos nas estampas que fulguram o vazio, e o frio
É apenas o calor naufragado dentre as ondas de um mar bravio
Em que as procelas sopram sobre as agitações das consciências
Que teimam em deserdar do espetáculo que é a natureza, o homem...

Ergue-se a âncora em que os navios da verdade apodrecem à mercê
Das mentiras que assaltam o mundo e tornam o viver sem apetite...
Muitas vozes se calam perante o silêncio que aponta as covardias
Sobraçadas ao destempero de uma realidade enferma e vadia.
Os gritos que surgem nos lençóis que cobrem os vícios de seda
Encontram as lágrimas dos nubentes do orbe que se casam amotinados
E levados ao cadafalso que é o suspiro do abismo entre a vida e a morte!

Há os que buscam incessantemente as ilhas em derredor do cotidiano,
Haja vista o desenho de inúmeras trilhas que mostram escapes virgens
Que são devaneios ousados e configurados pelos alicerces da aventura
Procriadora da coragem que verte sais de alento e das forças impulsivas
Constrangedoras do mal e sublimemente edificada pelo equilíbrio
Da vergonha que ensina o abc da existência... O corpo parece plástico!


DE Ivan de Oliveira Melo

SENTENÇA

Desejais ainda meu amor?
Fazei de mim a idade hoje
E diante do tudo que houve
Sede alegria seja onde for.

O tempo que é vosso divo
Reina com audácia em vós,
Por isso desatai todos os nós
Para que seja eu então cativo.

Não ignoreis vossa juventude,
Pois distante estais do ataúde
Onde vosso corpo descansará...

Juntem-se os dedos e vivamos,
Bela é a eloquência dos anos...
Pouco importa qual seja o lugar!


DE  Ivan de Oliveira Melo