quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

NOSTÁLGICO

Nas tonalidades azul e verde meu pensamento viaja...
Um misto de amor e esperança se unem na passarela
E isso envolve lágrimas que sulcam a face e a pele engravida
Em cada estação que as palavras pousam sua semântica...
Numa evaporação de sentidos, há um místico acorde musical
Donde se busca a reflexão que retrate o que se grava no tear
Lento em que o instante propicia sob a tutela das despedidas...
Atônitas ficam as horas que fotografam uma mensagem poética
E um grito laico atravessa os corredores que adornam a arte.

As retinas se constrangem... As mãos picam as letras bêbadas
Que fazem sangrar a angústia que tempera a rotina enlouquecida
Do sonho camuflado dentre as paredes dos segredos indigestos.
Há a sagração de uma solidão que se metamorfoseia de tranquilidade
E, ao ver-se no alçapão das amarguras, o poema subtrai do tédio
As nuances do azul romântico e do verde inaudito e cabisbaixo...
Não há cascalhos nas estradas... O devaneio é a partitura do óbvio
E a realidade transita sobre os adereços que vestem a hipocrisia,
Contudo lá fundo do poço todas as apreensões são de nostalgia.


De  Ivan de Oliveira Melo



terça-feira, 26 de dezembro de 2017

NIRVANA

A brisa inunda a atmosfera em silêncio,
O pensamento se coagula de mansidão,
O raciocínio é a voz do sensível coração
E a consciência é o clímax desse incenso.

No paisagismo interior se traduz reflexão,
É a aurora da existência que plaina lúdica
Sem os arremessos que ferem a acústica
E dão à vida o auge da real compreensão.

Tudo passa a ser matuto num estágio alfa,
Elementos negativos que respiram em alta
São desativados e conduzidos ao plano lixo...

Concentração da energia límpida no ômega,
As ondas circulam livremente sem alfândega
E a felicidade é o produto final sem afixos!



DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

ESCLEROSIS

El bulto que cosecha en mi ventana
Es la sombra mugriento de un amor
Que murió embrujado y sin el vapor
De la voluptuosidad que del celo emana.

A lo largo de la noche yo cierro la cortina,
No obstante los vientos llegan muy fuertes
Y todo va al piso como se hubiese muertes
En la carretera dónde la vida se destina.

Todo parece oscuro. El pasado es presente
Y aquello que mi cuerpo acuerda no se siente,
Porque en lo tiempo las horas son chochas...

No ha fantasía que edifique cualquier futuro,
El bulto cosecha, pero la vida es un gran muro
Y las recordaciónes duermen abajo de las colchas.



Por Ivan de Oliveira Melo

domingo, 17 de dezembro de 2017

HIPOTÉTICO

Passa-se a vida sem compreender que vive,
Olha-se o tempo sem entender que as horas
Marcam o princípio e o fim do todo e o tudo
É interseção dos pontos utópicos dum nada.

Concebe-se o infinito como autópsia eterna
Dum fantasmagórico mundo mui idealizado
E dum metafísico que é sonho materializado
Pelas faces oníricas de uma razão irracional.

Perpetua-se um equilíbrio donde se entrava
A inconsequência que gera vícios frenéticos
Desarmonizados pelos adereços destrutivos
Que fazem sucumbir os ideais da consciência.

Enfim, num cosmos em que devaneio é o real,
Não se tem convicção de uma existência plena!



DE  Ivan de Oliveira Melo

DEBILIDADE


Numa cicatriz manchei minhas mãos
E a pele, envergonhada, enrijeceu-se...
Singrada pelos golpes de opala, talvez
Silhueta verossímil de idôneos cidadãos.

Abstrações práxis impulsionam louvores
Que se escondem no âmago das almas
E os corações tocam óperas meio rubros
Do sangue que corre entre sutis amores.

Na fragilidade da amargura se põe a vida,
Mágoas e incertezas varejam a criatura
Que corre e cai... corre e cai... a despedida!

Lírica é a tristeza que adquire a imunidade
Que conserva os sítios do bem que perdura
Até que do ódio o amor esteja em liberdade!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 16 de dezembro de 2017

COALESCÊNCIA

Grande aventura é falar do que é morto,
É cantar o trágico diante do que é horrível,
Predestinar substâncias, sentir-se irredutível
Na noite negra que é a sexta 13 dum agosto.

É o labirinto de uma antropofagia sem instinto
Que ensurdece a agonia do gemido moribundo,
Decompondo-se ante o abstrato corpo imundo
Que adormece os pródromos de licor e absinto.  

Na gestação das ideias secretas o letargo oprime
A furna onde os átomos viscerais devoram o vime
Que dá sustentação aos hirtos alicerces dos desejos...

Eis a chaga do desalento e do desconforto fúnebre
Que se eleva ao grau infinito de putrefação e lume
Para fossilizar de concreto os devaneios dos cotejos!


DE Ivan de Oliveira Melo


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

AMBÍGUOS RITUAIS

Só a tristeza dantesca e descabida
Enxerga do homem a ânsia de viver,
Nada mais é que  refrão de cantiga,
Ópera que encarde o ritmo do ser...

Devaneio sublime arrebata do elixir
O plasma do sonho pueril e inocente,
O tempo em que se é feliz é o porvir,
Porque a decência reside eternamente.

Tal é a brevidade da vida que agiganta
Diante das horas tudo o que se planta,
Pois semeadura é uma colheita vasta...

Nunca pomos as evidências face a face,
Deixamos que os escrúpulos se passem
Pelas rotas ambíguas e tudo se desgasta!


DE  Ivan de Oliveira Melo


segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

PERDIDO

Perdia-a!
O quê?
A chave da esperança...
Não sei onde a deixei,
Talvez nos pedregulhos da Lua...

Mas diante do ser finito que sou
É possível que o Sol a ilumine
Durante os dias quentes de verão.
Por enquanto, tudo é apenas ilusão!

Minha alma está enlutada
Perante esta hibernação atroz,
Meus olhos são minha paciência
E, nesta madrugada, minha vida, febril!

Estou inerte, o frio me congela...
Inverno devastador,
Gelo constrangedor
Da neve que me dilacera!

Perdi-a também!
O quê?
A chave da razão...
Enlouqueço acintosamente,
Minha transparência é minha mente,
Porém está camuflada diante da falsa
Idolatria que nutre os corações idiotas!

O dia dorme orvalhado
Pela noite que chora hipocrisia
E eu me rebelo cheio de valentia,
Porém o tempo me olha com desdém...

Perdi-me!
Onde?
Nos pântanos da saudade atrevida
E a solidão tenta mostrar-me a vida
Dos que sós adormecem e despertam
Perante as nuvens de um amanhecer
Ainda cinzentas e úmidas...
Não me acharão, pois...
Sou a esperança e a razão mistificadas!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

TREVAS

Maquiavélicos são os ruídos da noite!
O silêncio ensurdecedor produz arrepios,
Horas estéreis atravessam a madrugada
E o vento sibila anunciando intenso perigo!

No gigantesco balouçar das árvores há um cio,
São os galhos que tresloucam o viço ardente
Das folhas que, agarradas aos caules, tremem
E se jogam ao solo na expectativa de alçar voos...

Troglodita é a poeira que assanha a atmosfera
Emoldurando um cenário de apreensões vitais.
As mortalhas piam, o coração acelera, a alma chora!

Fantásticas são as estrelas, candelabros que alumiam
Os fantasmagóricos gemidos que o medo brota no ar
Secundados pela ígnea voluptuosidade das trevas!



DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

DERRADEIROS INSTANTES

Quando eu sentir que a morte se aproxima,
Que em meu último desejo eu possa compor
Um poema que narre esse meretrício de dor
Para mostrar quão verdade é essa tênue sina.

Que a mim eu possa dizer: vivi tudo que pude,
Agora me resta cerrar os olhos à longa viagem
E talvez pensar que partir da vida é sacanagem,
Pior ainda é ser a vedete das flores e do ataúde.

Naturalmente serei levado à última das moradas
Onde porei do meu cinzel e me tornarei a ser pó,
Indubitavelmente nunca me postei neste orbe só,
Por isso exijo a companhia de todas as namoradas.

Quando eu perceber o que é o derradeiro suspiro,
Dar-me-ei o riso, saudade ficará; solidão vai comigo!


DE  Ivan de Oliveira Melo


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

DÚVIDAS


Minha alma de sonhos está consumada,
Minha vida de tempo está meio destruída...
Preciso mais que nunca compreender a vida
Senão sonhos e tempo não valem mais nada!

O vento destrambelhado sopra ao contrário,
Há uma amargura ilimitada no ventre de mim,
Coisa com coisa, coisa sem coisa, sempre assim
Neste mausoléu que é a terra, tom de presidiário.

Digo tudo isso porque este chão que piso é nosso,
Os devaneios sempre me desafiam e eu não posso
Contrariar a inconsciência que me vaticina o senso...

Nada é uma estrada sem volta... Tudo é princípio,
Entretanto que se colham as flores sem desperdício
Visto que reflito, matuto, mas não sei se penso!


DE  Ivan de Oliveira Melo


FANTASY

Everybody has a great dream about life...

I can say that I have several of them
But those dreams seem like to float in the sky

And I can’t achieve them because they are high to me…
I need to find dreams that creep at my tired feet
So I would smile with my fingers stringed into a deep!

I confess: all my dreams are possible to happen…
There isn’t anything impossible about their collection
Then I ask to myself: where do I slip about them?
Maybe they are fantasy of my mind… Perhaps!

Nowadays I can see a lot of fantasies in the reality
And here and there they transform day by day
The truth of the world and many persons live the lie…
This universe is vey true and peoples are the allegory…
I think that I can understand: if I am a person, I am fantasy!


BY Ivan de Oliveira Melo


domingo, 3 de dezembro de 2017

SOMETIMES

Sometimes I want to cry
But I don’t get to have it...
I see a shake on my feet,
The cry disappears… Bye!

Sometimes I wish to run,
To vanish of this bad world…
However I find in the words
Antidote that is the own sun.

Sometimes I get to run away,
The moon is my hiding place…
Though I always need  to face
The right word. Time to pray!

Sometimes I think I am alone
But life delivers what it’s done!



BY  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 2 de dezembro de 2017

VICÁRIO

É noite. O escuro mete medo.
O coração trancafiado. É dor.
A alma está sedenta de amor,
Mas a consciência diz: É cedo!

Madrugada. As estrelas sérias.
A escuridão maltrata o encéfalo.
Os ventos agonizam. É o flagelo
Da vida. Sentimentos de férias!

Orvalho da manhã. São dúvidas
Que assaltam o viés das tertúlias
E a saudade dorme sem solidão.

É dia. Tudo, nada. Uma só agonia.
Chuva e sol. Nova noite principia
O desterro das sombras. Religião!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

MORTE

Às vezes fico a matutar sobre a morte o que é...
Mil conjecturas adornam meu relicário do reter
O primitivo pensamento que ulula sem o porquê
Da compreensão e me faz ver: tudo é apenas fé!

Uma simbiose de ideias marcha sobre a mente...
Nada parece cristalino, tudo é vulcão em erupção
E as larvas percorrem veredas que são contramão
Da atônita consciência que se turva de repente!

As hipóteses carecem de teses sem fim, sem meio.
O raciocínio tão somente acopla o que é devaneio
E tal exposição em mim não tem concreta dialética.

Tudo é subjuntivo que trancafia qualquer resposta:
É um sono sem sonhos que o infinito sempre posta
E não há ciência que explique... a vida fica patética!


DE  Ivan de Oliveira Melo