quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

NOSTÁLGICO

Nas tonalidades azul e verde meu pensamento viaja...
Um misto de amor e esperança se unem na passarela
E isso envolve lágrimas que sulcam a face e a pele engravida
Em cada estação que as palavras pousam sua semântica...
Numa evaporação de sentidos, há um místico acorde musical
Donde se busca a reflexão que retrate o que se grava no tear
Lento em que o instante propicia sob a tutela das despedidas...
Atônitas ficam as horas que fotografam uma mensagem poética
E um grito laico atravessa os corredores que adornam a arte.

As retinas se constrangem... As mãos picam as letras bêbadas
Que fazem sangrar a angústia que tempera a rotina enlouquecida
Do sonho camuflado dentre as paredes dos segredos indigestos.
Há a sagração de uma solidão que se metamorfoseia de tranquilidade
E, ao ver-se no alçapão das amarguras, o poema subtrai do tédio
As nuances do azul romântico e do verde inaudito e cabisbaixo...
Não há cascalhos nas estradas... O devaneio é a partitura do óbvio
E a realidade transita sobre os adereços que vestem a hipocrisia,
Contudo lá fundo do poço todas as apreensões são de nostalgia.


De  Ivan de Oliveira Melo



terça-feira, 26 de dezembro de 2017

NIRVANA

A brisa inunda a atmosfera em silêncio,
O pensamento se coagula de mansidão,
O raciocínio é a voz do sensível coração
E a consciência é o clímax desse incenso.

No paisagismo interior se traduz reflexão,
É a aurora da existência que plaina lúdica
Sem os arremessos que ferem a acústica
E dão à vida o auge da real compreensão.

Tudo passa a ser matuto num estágio alfa,
Elementos negativos que respiram em alta
São desativados e conduzidos ao plano lixo...

Concentração da energia límpida no ômega,
As ondas circulam livremente sem alfândega
E a felicidade é o produto final sem afixos!



DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

ESCLEROSIS

El bulto que cosecha en mi ventana
Es la sombra mugriento de un amor
Que murió embrujado y sin el vapor
De la voluptuosidad que del celo emana.

A lo largo de la noche yo cierro la cortina,
No obstante los vientos llegan muy fuertes
Y todo va al piso como se hubiese muertes
En la carretera dónde la vida se destina.

Todo parece oscuro. El pasado es presente
Y aquello que mi cuerpo acuerda no se siente,
Porque en lo tiempo las horas son chochas...

No ha fantasía que edifique cualquier futuro,
El bulto cosecha, pero la vida es un gran muro
Y las recordaciónes duermen abajo de las colchas.



Por Ivan de Oliveira Melo

domingo, 17 de dezembro de 2017

HIPOTÉTICO

Passa-se a vida sem compreender que vive,
Olha-se o tempo sem entender que as horas
Marcam o princípio e o fim do todo e o tudo
É interseção dos pontos utópicos dum nada.

Concebe-se o infinito como autópsia eterna
Dum fantasmagórico mundo mui idealizado
E dum metafísico que é sonho materializado
Pelas faces oníricas de uma razão irracional.

Perpetua-se um equilíbrio donde se entrava
A inconsequência que gera vícios frenéticos
Desarmonizados pelos adereços destrutivos
Que fazem sucumbir os ideais da consciência.

Enfim, num cosmos em que devaneio é o real,
Não se tem convicção de uma existência plena!



DE  Ivan de Oliveira Melo

DEBILIDADE


Numa cicatriz manchei minhas mãos
E a pele, envergonhada, enrijeceu-se...
Singrada pelos golpes de opala, talvez
Silhueta verossímil de idôneos cidadãos.

Abstrações práxis impulsionam louvores
Que se escondem no âmago das almas
E os corações tocam óperas meio rubros
Do sangue que corre entre sutis amores.

Na fragilidade da amargura se põe a vida,
Mágoas e incertezas varejam a criatura
Que corre e cai... corre e cai... a despedida!

Lírica é a tristeza que adquire a imunidade
Que conserva os sítios do bem que perdura
Até que do ódio o amor esteja em liberdade!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 16 de dezembro de 2017

COALESCÊNCIA

Grande aventura é falar do que é morto,
É cantar o trágico diante do que é horrível,
Predestinar substâncias, sentir-se irredutível
Na noite negra que é a sexta 13 dum agosto.

É o labirinto de uma antropofagia sem instinto
Que ensurdece a agonia do gemido moribundo,
Decompondo-se ante o abstrato corpo imundo
Que adormece os pródromos de licor e absinto.  

Na gestação das ideias secretas o letargo oprime
A furna onde os átomos viscerais devoram o vime
Que dá sustentação aos hirtos alicerces dos desejos...

Eis a chaga do desalento e do desconforto fúnebre
Que se eleva ao grau infinito de putrefação e lume
Para fossilizar de concreto os devaneios dos cotejos!


DE Ivan de Oliveira Melo


quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

AMBÍGUOS RITUAIS

Só a tristeza dantesca e descabida
Enxerga do homem a ânsia de viver,
Nada mais é que  refrão de cantiga,
Ópera que encarde o ritmo do ser...

Devaneio sublime arrebata do elixir
O plasma do sonho pueril e inocente,
O tempo em que se é feliz é o porvir,
Porque a decência reside eternamente.

Tal é a brevidade da vida que agiganta
Diante das horas tudo o que se planta,
Pois semeadura é uma colheita vasta...

Nunca pomos as evidências face a face,
Deixamos que os escrúpulos se passem
Pelas rotas ambíguas e tudo se desgasta!


DE  Ivan de Oliveira Melo


segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

PERDIDO

Perdia-a!
O quê?
A chave da esperança...
Não sei onde a deixei,
Talvez nos pedregulhos da Lua...

Mas diante do ser finito que sou
É possível que o Sol a ilumine
Durante os dias quentes de verão.
Por enquanto, tudo é apenas ilusão!

Minha alma está enlutada
Perante esta hibernação atroz,
Meus olhos são minha paciência
E, nesta madrugada, minha vida, febril!

Estou inerte, o frio me congela...
Inverno devastador,
Gelo constrangedor
Da neve que me dilacera!

Perdi-a também!
O quê?
A chave da razão...
Enlouqueço acintosamente,
Minha transparência é minha mente,
Porém está camuflada diante da falsa
Idolatria que nutre os corações idiotas!

O dia dorme orvalhado
Pela noite que chora hipocrisia
E eu me rebelo cheio de valentia,
Porém o tempo me olha com desdém...

Perdi-me!
Onde?
Nos pântanos da saudade atrevida
E a solidão tenta mostrar-me a vida
Dos que sós adormecem e despertam
Perante as nuvens de um amanhecer
Ainda cinzentas e úmidas...
Não me acharão, pois...
Sou a esperança e a razão mistificadas!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

TREVAS

Maquiavélicos são os ruídos da noite!
O silêncio ensurdecedor produz arrepios,
Horas estéreis atravessam a madrugada
E o vento sibila anunciando intenso perigo!

No gigantesco balouçar das árvores há um cio,
São os galhos que tresloucam o viço ardente
Das folhas que, agarradas aos caules, tremem
E se jogam ao solo na expectativa de alçar voos...

Troglodita é a poeira que assanha a atmosfera
Emoldurando um cenário de apreensões vitais.
As mortalhas piam, o coração acelera, a alma chora!

Fantásticas são as estrelas, candelabros que alumiam
Os fantasmagóricos gemidos que o medo brota no ar
Secundados pela ígnea voluptuosidade das trevas!



DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

DERRADEIROS INSTANTES

Quando eu sentir que a morte se aproxima,
Que em meu último desejo eu possa compor
Um poema que narre esse meretrício de dor
Para mostrar quão verdade é essa tênue sina.

Que a mim eu possa dizer: vivi tudo que pude,
Agora me resta cerrar os olhos à longa viagem
E talvez pensar que partir da vida é sacanagem,
Pior ainda é ser a vedete das flores e do ataúde.

Naturalmente serei levado à última das moradas
Onde porei do meu cinzel e me tornarei a ser pó,
Indubitavelmente nunca me postei neste orbe só,
Por isso exijo a companhia de todas as namoradas.

Quando eu perceber o que é o derradeiro suspiro,
Dar-me-ei o riso, saudade ficará; solidão vai comigo!


DE  Ivan de Oliveira Melo


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

DÚVIDAS


Minha alma de sonhos está consumada,
Minha vida de tempo está meio destruída...
Preciso mais que nunca compreender a vida
Senão sonhos e tempo não valem mais nada!

O vento destrambelhado sopra ao contrário,
Há uma amargura ilimitada no ventre de mim,
Coisa com coisa, coisa sem coisa, sempre assim
Neste mausoléu que é a terra, tom de presidiário.

Digo tudo isso porque este chão que piso é nosso,
Os devaneios sempre me desafiam e eu não posso
Contrariar a inconsciência que me vaticina o senso...

Nada é uma estrada sem volta... Tudo é princípio,
Entretanto que se colham as flores sem desperdício
Visto que reflito, matuto, mas não sei se penso!


DE  Ivan de Oliveira Melo


FANTASY

Everybody has a great dream about life...

I can say that I have several of them
But those dreams seem like to float in the sky

And I can’t achieve them because they are high to me…
I need to find dreams that creep at my tired feet
So I would smile with my fingers stringed into a deep!

I confess: all my dreams are possible to happen…
There isn’t anything impossible about their collection
Then I ask to myself: where do I slip about them?
Maybe they are fantasy of my mind… Perhaps!

Nowadays I can see a lot of fantasies in the reality
And here and there they transform day by day
The truth of the world and many persons live the lie…
This universe is vey true and peoples are the allegory…
I think that I can understand: if I am a person, I am fantasy!


BY Ivan de Oliveira Melo


domingo, 3 de dezembro de 2017

SOMETIMES

Sometimes I want to cry
But I don’t get to have it...
I see a shake on my feet,
The cry disappears… Bye!

Sometimes I wish to run,
To vanish of this bad world…
However I find in the words
Antidote that is the own sun.

Sometimes I get to run away,
The moon is my hiding place…
Though I always need  to face
The right word. Time to pray!

Sometimes I think I am alone
But life delivers what it’s done!



BY  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 2 de dezembro de 2017

VICÁRIO

É noite. O escuro mete medo.
O coração trancafiado. É dor.
A alma está sedenta de amor,
Mas a consciência diz: É cedo!

Madrugada. As estrelas sérias.
A escuridão maltrata o encéfalo.
Os ventos agonizam. É o flagelo
Da vida. Sentimentos de férias!

Orvalho da manhã. São dúvidas
Que assaltam o viés das tertúlias
E a saudade dorme sem solidão.

É dia. Tudo, nada. Uma só agonia.
Chuva e sol. Nova noite principia
O desterro das sombras. Religião!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

MORTE

Às vezes fico a matutar sobre a morte o que é...
Mil conjecturas adornam meu relicário do reter
O primitivo pensamento que ulula sem o porquê
Da compreensão e me faz ver: tudo é apenas fé!

Uma simbiose de ideias marcha sobre a mente...
Nada parece cristalino, tudo é vulcão em erupção
E as larvas percorrem veredas que são contramão
Da atônita consciência que se turva de repente!

As hipóteses carecem de teses sem fim, sem meio.
O raciocínio tão somente acopla o que é devaneio
E tal exposição em mim não tem concreta dialética.

Tudo é subjuntivo que trancafia qualquer resposta:
É um sono sem sonhos que o infinito sempre posta
E não há ciência que explique... a vida fica patética!


DE  Ivan de Oliveira Melo


quinta-feira, 30 de novembro de 2017

TRESLOUCADAMENTE


 Eu queria ser amado tresloucadamente...

Sentir do amor as dores mais pungentes
E delirar sobre o ardor da emoção contida

Permitindo-me que o açodo seja o olfato
Dos desejos insanos tênues de uma volúpia
Que possa fazer-me gemer um tanto ébrio

E gritar diante dos orgasmos líricos da noite...
Desejaria saborear o viço duma sensualidade
Em que o tesão não fosse tão somente prazer,
Mas o produto que traz o remelexo da erosão

Tão sublimemente devorada pelas sensações!
Eu gostaria de ser amado tão tresloucadamente
Que pudesse desvairar mediante um clímax real
Deixando que, no verdor das madrugadas, a Lua
Conspirasse afim de mim e me gozasse girassóis!



DE  Ivan de Oliveira Melo    

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

CURSIVO

Lá se vai o tempo meio extenuado e carcomido
A rasgar as vísceras das horas enfermas e frias,
Sem marcha ré e em forma linear segue e atrofia
Sua passagem pelos bairros metafísicos do infinito.

Diante de uma atmosfera que guisa cada instante,
Percorre lúcido as estradas dum éter meio obtuso;
Trôpego, avança os semáforos lúdicos ora em curso
E se esconde dentre as cartas de tarô da cartomante.

Paladino sem concorrência que usa e abusa do senso
Deixa respingar sobre as estrelas o cálculo dos anos
Já esquecidos nas vitrinas dos cruzeiros contrabandos
Das galáxias que abjuram vidas e morrem ao relento.

Espaço nitrogenado pelos gases do Olimpo cósmico,
Lugar perfeito onde se tece da mocidade cada código!



DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 28 de novembro de 2017

ALQUIMISTA


Eu tenho mil vidas numa só,
Constantemente reencarno
Sem morrer e sem ser fardo
E sem ter de tornar-me o pó.

Renasço em cada amanhecer,
Faça sol, faça chuva, eu grito,
Esbravejo e sussurro esquisito
Para que a vida me seja prazer.

Mil existências são estandarte
Dum coração que bebe a arte
E come da poesia o ser artista...

Ainda não tenho a alma caduca,
A inspiração me rói e me cutuca
Para das letras ser o alquimista!


DE  Ivan de Oliveira Melo



domingo, 26 de novembro de 2017

EXISTÊNCIA

Não desacredite de sonhar,
O devaneio não é escuro,
Apenas tem faces suarentas
E certos invólucros permeáveis.

De repente as nuvens são vultos,
Mas não se comparam à madrugada
E, à noite, quando a chuva cai,
Melhor sorrir e não lamentar,

Porque as noites não são iguais...
Com o orvalho das horas se tapeia
Vidas tristes e felizes simultaneamente.
O homem não tem asas, Porém voa

Com sua fértil imaginação ligada
À dor profunda do ser pensante,
Pois é constante esse vai e vai
Dum tempo que se enamora de si...

O que é esperança sempre renasce
Trazendo a conquista de uma vitória
Que é a vida que vence a morte
Perante as circunstâncias do inusitado...

Viva-se a coragem, renegue-se o medo.
Bem e mal são antíteses de um paradoxo
Que é viver-se a morte dentro da vida,
E matar a vida diante do pseudo respirar.



DE  Ivan de Oliveira Melo

VIDA APÓCRIFA

Atreve-se o homem a imaginar o futuro das sociedades humanas...

De acordo com o conhecimento que se tem do pretérito hediondo,
Não é salutar objetivar-se um porvir de redenção, mas de angústias...

Mar de sangue, mar de miséria, estas são fotografias da existência
Que cavalga a galope rumo ao precipício das ilusões e do infortúnio.
Humanos, esculturas da razão inócua que interagem entre alamedas

Do Indecifrável e das indumentárias que cobrem o orbe de vergonha...
Em cada atitude do hoje, verifica-se o embalsamento do passado vil,
Ressuscitado perante aspirações que enojam a essência do ser divino
Que fez da criatura sua imagem e semelhança... apenas na aparência!

Num raciocínio não débil, chega-se às evidências destas elucubrações,
Posto que em cada época se vê a reiteração do que se viveu anteontem
E na caixa de ressonância mental lições são abandonadas, reféns das
Consciências que as adulteram invés de saborearem a argumentação
De um conteúdo que poderia transformar a vida num oceano de amor!


DE  Ivan de Oliveira Melo


ILUSÃO UTÓPICA

Em cada centímetro do pensamento há uma bússola...

Mergulha-se no espaço numa ânsia atônita de sobreviver
Em meio aos átomos que circulam a imensidão metafísica.

O éter é uma região incompatível aos desejos da carne...
Há sonhos que se materializam mediante esforço da vontade,
Contudo são impulsionados por uma verve que ferve no átrio

Das aspirações mais remotas... É uma insana satisfação de vida
Que permeia ponto a ponto as veredas circunvizinhas da razão
Que é calculada milimetricamente pelo sopro vital do coração
Já adestrado ao amor e ao ódio conforme configurações mentais.

Navega-se pela relatividade dum tempo onde o prazer é regalo
De um cosmos compartilhado pelos astros que rodam o universo
Que distribui, aqui e ali, as estrelas que cintilam aos olhos humanos,
Radares que apreciam a beleza das manifestações infinitesimais...
Somos, talvez, uma utopia de nós mesmos no patamar da Criação!


DE  Ivan de Oliveira Melo   


AUTÓPSIA

Tudo é efêmero num íntimo vazio...

Imensuráveis dunas são lampejos estéreis
Dum inatingível deserto amorfo e sem cor.

Tudo o que existe: um nada insensível, irreal...
Invisível aos olhos da mais profunda imaginação,
Mas usurpador do controle emocional e psíquico.

Âmago insalubre, enfermo dos circunstanciais
Devaneios que valsam sobre uma inóspita tela
Que garatuja cada sentimento como tenaz guilhotina
E sepulta a vontade mediante o extermínio da razão.

Indescritível sensação que retrata uma alma febril,
Dementada pela inconsciência de si mesma e do mundo.
Fantoche das ilusões que aprisionam o raciocínio
E liberta a mente a fim de que o indecifrável se resuma
Numa autópsia em cujo reflexo se concretiza a loucura!


DE Ivan de Oliveira Melo 


sábado, 25 de novembro de 2017

INSPIRATIONAL TIME

I write about the life step by step.
I understand the world little by little.
I see myself alone… I’m always single
And I don’t know how I can be happy.

I describe love everyday side by side
With falsehood reigning hour by hour…
I’m wet with sweat… I need a towel
To wipe away the sadness of my mind.

Happiness I draw it quietly point to point,
However it seems that slowly I’m going
Navigate in the icy waters of imagination…

Suffering closes the doors of any hope,
So I know that at the tip of the old nose
Lives the boredom… Or is this inspiration?


By Ivan de Oliveira Melo


SABOTAGEM

Tornou-se o mundo selvagem,
Virou o homem um silvícola,
Sobrevive-se a uma película
Onde a fantasia é a tatuagem.

Tornou-se mentira a verdade,
Virou sensual a falta de pudor,
Saboreia-se o lugar aonde se for
Mediante o orgulho e a vaidade.

Tornou-se belo a falta de respeito,
Virou charme a prática do egoísmo,
Se a existência segue o continuísmo,
Muito breve tudo estará desfeito...

O homem é a razão do próprio fim,
Pois sabotou do amor, tudo enfim...



DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

DESPERDÍCIO

Flores do campo, sensações de cetim,
Aroma silvestre nos ares da primavera,
Pétalas levadas pelos ventos da aquarela
Que faz tinir a saudade que não tem fim.

No íntimo das horas desenha-se a fantasia
Que o sol do verão tosta na areia nebulosa,
Vultos repletos do perfume que sacia a aurora
E bebe do orvalho uma dose do mel da utopia.

Em silêncio os sussurros parecem tumultuar
E carregar as folhas que caem secas e despidas
Num solo abandonado e portador das ametistas
Que curam os disfarces da vida que vive a flutuar.

Tempo em volúpia... Nuvens que riscam o éter
E desabam perante uma atmosfera meio tímida
A apática luz que cerceia os astros da metafísica,
Atirando-os contra os rochedos isentos de cateter.

Galhos entrelaçados dentre a fuligem dum espaço
Que resume a tristeza dos lampiões meio sem brilho,
Na singularidade de uma mocidade que é estribilho,
Gestos trazem olfatos que aliviam dores e cansaço.

A extravagância é a fotografia que estampa alegorias
Que no cosmos trapaceiam milagres que se consumiam!


DE  Ivan de Oliveira Melo


quarta-feira, 15 de novembro de 2017

TRANSPARENCIA

Mis ensueños parecen fuego de la pasión.
Mi verdad es un ritual que cora el cotidiano
Y señala el tiempo en que con venia yo amo
Todos los perfumes acrobáticos de la sensación.

La vida es un templo dónde amor es la esencia
Y las horas el regalo que alhaja el tacto sensual
Que hace un cuerpo viajar en lo campo del astral
Para traer de la felicidad los síntomas, experiencia.

Todo tiene un momento cierto... Nada es alogoría...
Mientras el sentimiento manufactura el recato,
Los miasmas que intentan borrar lo que es retrato
Padecen chuzos en las cloacas de su abyecta alquimia.

Solamente las sonrisas gilipollas conservan lo lícito
Que es el amor sin exigencias y sin cobrar el diezmo!



DE Ivan de Oliveira Melo   

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

LIRA VERDEJANTE

Doce e virginal aroma que se espalha
Dentre as órbitas do átomo acanhado
E do fogo que distante brilha enfadado
Há o incenso que fere quanto navalha!

Pelos campos vergam-se todas as folhas,
Fulgor que cresce diante o arrimo da flor
Que derrama sua sombra para decompor
A lira verdejante do dia e da noite zarolha!

Enquanto o mundo subterrâneo dá o tom,
Os vultos das árvores andam meio tensos,
Pois os frutos são inesperado contratempo
Donde cessa o vigor dum paladar frisson...

Anômalas são todas as espécies de altares
Até que das imagens se teçam mil olhares!


DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 22 de outubro de 2017

FRUIÇÃO

Prazer sem luxúria é desperdício,
Beijo sem viço é bacanal e orgia,
Paixão é instrumento de terapia,
Assim a alma não atrai o suicídio.

A devassidão prescreve o sensual
Que habita na libidinagem do sexo,
O ser lascivo incorpora o cio anexo
Que faz vibrar a obscenidade carnal.

A volúpia traz sério desregramento
Que engravida de lubricidade o senso
Do individual envolvido nesse apetite...

Anda distante dessa estrada o amor,
Tem-se o gozo infecundo, o despudor
Que ressuscita a insensatez de Afrodite!


DE Ivan de Oliveira Melo


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

SEM MEDIDAS

Do amor que me cegou às horas tantas
Nem em mim mesmo eu me apercebi,
Só sei que me persegui, então me excluí
De sua beleza que a mim mesmo encanta.

Se em minha visão eu pude ver orquídeas,
É porque com o calor do sol tudo é perfeito,
Contudo subi às alturas onde o ar é rarefeito
E vislumbrei o acervo incógnito dos ideais.

Suponho que resido num íntimo de esplendor,
Pois da suposta energia que me faz rutilante
É que retiro de mim a coragem de ser amante
E dou à minh’alma o invólucro do grande amor.

E nada me fadiga nem me torna tão pequeno,
Óbvio que sou diminuto perante o que é divino,
Porém são os sentimentos do meu viver severino
Que me fazem um baluarte da existência, veneno!

Em minha vida não há chegada, tampouco partida,
Sou operário que nem formiga... amo sem medida!




DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 15 de outubro de 2017

NUANCES

Mastigo as palavras a longos intervalos
E, quando as prolato, parecem murmúrios
Sussurrados ao som do silêncio sem face.
Há um deserto distante onde se escondem
As noites corrompidas por uma névoa vadia
Que, como certas nuvens, trapaceiam o dia
Levando-o a desfolhar folhas secas de verão.

Engulo certos vocábulos de olhos de jasmim
E, quando a alfazema impõe perfume híbrido,
Sinto que o tempo adocica as horas trêmulas
Que, diante das flores da primavera cansada,
Revela-se um inverno, a catedral dos sonhos...
Devagar os astros vestem a natureza a rigor
E intenso baile traz migração de aves nômades.

Ouvem-se, nas vozes dos pássaros, belos hinos
Que enchem a atmosfera de acústica incolor
Permitindo que a luxúria dispa-se diante do ar
A fim de que a brisa que sopra repentinamente
Carregue com ternura a angústia que perpetra
A agonia do silêncio provedor das ilusões...
Assim, mastigo e engulo mentes peremptórias!




DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 14 de outubro de 2017

INVOCAÇÃO

Transportem-me, Ó Divas do Tejo,
Para as Maganas enxurradas do rio,
Assim terei um harém e o mar bravio
Levará suas vagas até o solo sertanejo.

Ó Donzelas do Nilo, na aridez que mata
A areia ante o deserto deste país tropical,
É deveras urgente livrar gentes deste mal
A fim de que da obscuridade nasça cascata.

Ó Deusas do Danúbio, águas estão poluídas
Neste imenso território onde a morte ceifa
Cada centímetro de vida e já não há a seiva
Que até os abutres buscam, restam só ruínas.

Ó Poseidon, Tu és Orixá destes mares gregos,
Apieda-te do Sertão dum Brasil estrangeiro!




DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

TERRIBLE THINGS

I’d give thousand lives if thousand lives I had...

What for? – Maybe someone asked me.
Perhaps I don’t know to answer here

Because it’s a confused question to me,
But I’d like to see a better world
Without hunger, without war, without blood…

The world is thirsty… Thirsty of love… Thirsty of justice.
By the way, did you drink water yesterday or today?
Water feeds the human organism. Water feeds ideas.
Nowadays world lives in darkness. Darkness is you and I.

There are no dreams. Sleep is hard. Sleep doesn’t sleep.
Nobody sleeps… Likely during the dawn happen the worst…
It’s truth I know. Nobody wants the end but the end is next.
Who will die first? What will die first?  Who knows?
Death will be the passport to a new life far from here…




By  Ivan de Oliveira Melo

SONETO DE FÉ

É o amor o amuleto que trouxe
A dignidade que tem cor branca,
Fidelidade é o aroma que encanta
A união no devaneio sutil e doce.

Quem ama se livra de reais perigos!
É crer em si sem sentimento bastardo,
Amordaçar o ciúme para evitar estrago
E permitir que a paz sobreviva consigo.

É o amor a mais sublime das relíquias,
Eleva-se a alma sem atitudes fictícias
Aos mais altos padrões de fertilidade...

Só no amor o destino encontra refúgio
E bane as larvas do ser trivial e espúrio
Que, sem fé, poderia causar fatalidade!   




DE  Ivan de Oliveira Melo 

EXTREMOS

Finda a vida, tudo o mais é mistério...
Vive-se agregado entre dois extremos
Que nada dizem sobre o que seremos:
Cita-se só a maternidade e o cemitério.

Consolação é promessa de vida eterna,
Contudo há enigmas que a razão destoa...
Sabe-se: o mundo é convexo e anda à toa
Dentre os preceitos que a religião governa.

Não há quem explicite ou tenha a verdade,
Alguém é um ninguém que veste a vaidade
Do saber muitas vezes apócrifo e fantástico...

Há mais enganos do que acertos neste orbe,
É mister precaver-se da fantasia e do esnobe,
Pois fanatismo é loucura e isso não é plástico!




DE  Ivan de Oliveira Melo 

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

ALTO RELEVO

Nasci nu.
Nua vive minha alma
A desfilar dentre
Multidões exóticas.

Vestiu-me a vida
De impressões tais
Que minha nudez
Plainou na energia eólica.

Vestido ou despido
Das sensações voláteis
Sou um eterno bebê
Da imensidão cósmica.

Respiro a nudez da vida,
Bebo do cálice da vergonha
E se meu eu nu é trova poética
É porque a existência é despótica.

Assim é a vivência em alto relevo.
Sobreviver é uma emoção caótica!




DE  Ivan de Oliveira Melo  

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

TANTO QUANTO...


Tanto mais distante estou da noite soturna
Menos o silêncio fere meus tímpanos atroz,
O tempo cerze o metafísico e é muito veloz
Perante os ventos que sopram sinos e dunas.

Tanto menos se pressente a dor que inflama
Mais se sente o oásis que se instala na alma,
É um deserto do íntimo onde nada se deságua
E no pátio da inconsciência a poesia se declama.

Quão frequentemente no amor a paixão é trote
Que dilata nas artérias o insano desejo que foge
Pelas veias em que o sangue rubro se coagula...

Quanto ardor se observa do prazer o cio amargo
Que veleja pela consciência dum raciocínio vago
Mesmo que se despoje de ansiedade a estrutura!


DE  Ivan de Oliveira Melo   



terça-feira, 19 de setembro de 2017

O PINGA-PINGA

O PINGA-PINGA
-Crônica-
Terrível sensação. Com defeito, a torneira da cozinha pinga e pinga... Pinga e pinga...
Meia noite. Em passos lentos, dirijo-me aos meus aposentos. Mas o pinga-pinga ficou lá, curtindo da minha paciência.
Apago as luzes. Deito-me. Porém a sonoplastia chega aos meus tímpanos, execrando-me. Percebo que o silêncio nada reclama. E o pinga-pinga lá, trotando a valsa da inquietude.
Cubro-me dos pés à cabeça. Tento tapar os ouvidos com o travesseiro, contudo com a emoção aguçada, o pinga-pinga é sonoro, ultrapassa os limites das confidências e reina
soberanamente. Pobre de mim!
Poderia, se quisesse, usar a expressão “coitado de mim”, porém não vou me entregar assim tão facilmente. Sou “duro na queda”. Ah, como o sou!
O pinga-pinga tem a ousadia de importunar-me. Viro e reviro no leito. Verdadeiro remelexo. E nada! Ele lá a cantar vitória. A essas alturas, meu sono... Que sono? Este foi dar
um passeio, visitar quem esteja bocejando. Minha realidade é controversa. Estou em apuros, a ponto de gritar e gritar...
Ouço agora o tique-taque do relógio. Três horas da manhã. E o sono ingrato tomou outro rumo, abandonando-me. Tragédia!
Minha mente se associou ao pinga-pinga e inicia-se a remoer reminiscências pretéritas. Vejo-me criança a cometer minhas traquinagens. Na mente, uma imensa tela se instala e
expõe imagens como se fossem atuais. Logo estou na adolescência a experimentar meus primeiros amores. Tudo numa fração de segundos. Uma vida inteira repassada num curtíssimo espaço de tempo.
Totalmente suado, levanto-me. Vou até à cozinha. Olho firme para a torneira. Lá está o pinga-pinga desnorteando minha madrugada. Raciocino rápido. Encontro uma toalha de
prato e amarro forte a tal torneira. O pinga-pinga estacou, no entanto só enquanto ensopava a toalha. Lá permanecia a ribombar minha audição: inconveniência!
Retornei à alcova. Como sabia que não iria conseguir dormir, liguei o computador. Percorri vários sítios em redes sociais e, num deles, um convite interessante: “ESCREVA SUA REDAÇÃO E PARTICIPE. AO VENCEDOR SERÁ CONFERIDO O PRÊMIO DE UMA VIAGEM AO EXTERIOR. QUINZE DIAS PARA CONHECER UM LUGAR À SUA ESCOLHA E COM ACOMPANHANTE. UM JÚRI
SELECIONADO FARÁ A CORREÇÃO DOS TRABALHOS. A INSCRIÇÃO É GRATUITA E O PRAZO SE ESGOTA HOJE. BOA SORTE. O TEMA É “O PINGO D’ÁGUA”.
Coincidência? Não sei. Não me contive. Desliguei apressadamente o computador e corri à cozinha. Como num passe de mágica o pinga-pinga havia cessado, por completo. E eu estava perante um convite. Minha cabeça ardia. Ainda sem sono, tomei de uma caneta e de uma folha de papel. Escrevi a redação e a enviei no dia seguinte. Estava inscrito.
Duas semanas mais tarde, à noite, novamente o pinga-pinga. Foi quando me lembrei do concurso. Eu o havia esquecido. Fui até o computador e o liguei. Busquei o sítio promotor. Lá estava o resultado: eu havia conquistado a primeira colocação...
Mais uma vez o pinga-pinga cessou. Definitivamente.
Só não estacou, até hoje, o pinga-pinga que há em meu olhar...
DE Ivan de Oliveira Melo

domingo, 10 de setembro de 2017

LEI NATURAL


 A meditação não é algo inerente à vigília da existência...

A alma é um ser pensante embora de reflexos abstratos.
O pensamento é cognitivo e por indução tem sua dialética

Que se encaixa numa doutrina incorpórea, quase niilista.
Às vezes remexe-se em purgação e postula o apologético
Como inspiração para atingir os degraus oníricos do Nirvana.

A priori qualquer axioma exige lógica em sua argumentação,
Contudo por analogia se pode compreender teores dogmáticos
E a práxis aliada à facticidade permite a autenticidade da gnose
Dentre verdades absolutas que combatem a exegese dos sofismas.

O ser humano é ontológico por sua própria natureza, sem dedução.
A substância etérea é monista cujo princípio fundamental é único,
Sem cabimento às intempéries dos misticismos... Eis a cosmovisão,
Fotografia da percepção em que seja possível uma palingenesia,
Ou seja, a ortodoxia de que a vida sempre se perpetua noutros corpos!



DE  Ivan de Oliveira Melo    

sábado, 9 de setembro de 2017

AMIONG THE SEASONS


After the wind stopped, ended the Fall.
Then I could see a Spring on my bed…
A lot of flowers were born and I happy
Because I understood: life wasn’t small.

Drops of rain wet my eyes: I was crying!
A great happiness took my broken heart
And the time said to me: it’s a lovely art
That you made with these words smiling!

From the sky the clouds covered the tears
So I could water the garden without fears…
In the bedroom an intensive smell reigned!

When Spring passed, Summer arrived soon…
During the day, the sun… At night the moon
Brought the passion and the love happened!



By Ivan de Oliveira Melo

COMISERAÇÃO


Perante o imenso espaço policromo
Há legiões de pensamentos desenxabidos,
A insipidez chega a atormentar ouvidos
E, o paladar sem vértice, fica sem dono.

Diante das nuvens se percebe balbúrdia
E na água dos olhos que cai nos charcos
É impossível remar com os velhos barcos
Que se perdem dentre trovoadas ruivas.

Pelos sendeiros da anatomia transcendental
Cada qual que purifique, cuide do seu quintal,
Pois há sementes que germinam preces...

Vultos e sombras intoxicam o metafísico
Já aglutinado pelas raízes do que é empírico,
Todavia justaposto por ideais que apetecem!



DE Ivan de Oliveira Melo

domingo, 3 de setembro de 2017

SEMIDEUS



Todos os dias em frente à minha casa ele passa.
Em seus lábios o doce sorriso de menino carente
E debaixo do braço carrega os livros e se sente
Como se fosse o dono da rua e da beleza esparsa.

Longos e lisos cabelos loiros esvoaçam ao vento
Enfeitando de formosura sua face meiga e branca,
Sua pele brilha diante de um sol que é esperança
Dos dias lineares que vão prestar contas ao tempo.

Em seus olhos azuis há um firmamento de estrelas
Que lhes dá a certeza de que o mundo é multicor
E feliz ele perambula e pulula com entender a dor
Que se estampa em muitos lares de sutis alamedas.

Vaivém diário o leva de ida e de volta aos estudos,
Contudo sua perene alegria enche o espaço de luz,
Pois é um garoto lírico pleno do bálsamo que seduz
Todos os olhares que observam o bailado de veludo.

Trágico deserto é o dia em que se percebe a ausência
Do tesouro que conquista pé ante pé gentes diversas…
O final de semana é de uma angústia intensa e imersa
No silêncio que atrofia a calma sem a jurisprudência.

Ah! Quando chegam as férias, inconcebível o horror
Que se instala nos íntimos que são seguranças da rua,
Ninguém fala ou espirra, tosse alguma tece ou atenua
A tristeza do ícone que locupletou o ambiente de amor.

Retorno às aulas… Lá vem ele e de volta os sorrisos…
É um ídolo natural que se impôs devido à sua fofura,
Lindo como nenhum outro que por ali transita e cura
Qualquer enfermidade que tencione despejar seu siso.

Certa manhã tudo ocorreu diferente… Ouviu-se a voz.
Grande foi o espanto que adentrou nos âmagos e se fez
Do alarido que ziguezagueou no ar um devaneio talvez
De ter entre os moradores o ser dono de todos os sóis…

De fato aconteceu… A formosura trouxe o que é talento
Para residir dentre admiradores que eram total tietagem.
Em todas as casas houve de se transformar a paisagem,
Porque a pura beleza tornou-se monarca, embevecimento.

O tempo consignou essa história… Todos viviam em paz,
Acabaram com o orgulho e o egoísmo, tudo reino do bem.
Ele era o motivo da aliança e tudo era de todos e ninguém
Era mais que outro… Tudo se compartilhava, eram iguais.

Aquela beleza me fascinava… Algo estranho era aquela tez.
Alguns anos mais tarde. O menino tornou-se um belo rapaz
E, num dia de festa em plena praça, diante de todos os sais,
Despiu-se. Mostrou o lindo corpo, abriu as asas e se desfez!

                                                                                                         De  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 2 de setembro de 2017

HOMEOPATIA DOS BACANAIS




Deixo que a solidão salpique sobre a saudade cósmica
E, dentre os torvelinhos que me ferem a sensibilidade crônica,
Ouço os arrepios que gritam perante os charcos da noite atômica
Dissipando os eventuais matizes da estrutura meio gótica.

Convalesço dos atritos luxuriantes de minha alma hipotecada
Evocando os dissabores da tertúlia das grandes orgias paralelas,
Há delírios perpendiculares que cavam sentimentos em aquarela
Mediante os prazeres alísios que sopram durante a madrugada.

Os gemidos estão configurados às teclas inalienáveis da paixão,
Debruçados sobre os apêndices transfigurados das válvulas do coração
Contrariando os vértices isósceles que mantêm o apanágio do amor...

Salvem-se os orgasmos têxteis que provêm das finíssimas agulhas
Decodificadas dos segredos perpetuados do que outrora, pulhas,
Hoje convertidos em protótipos que combatem as vísceras do dor!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

BORDADOS




Um bordado no firmamento: estrelas. Quem curte?
Difícil é encontrar um alguém que deveras espreite
Essa sensibilidade em que ainda há tamanho deleite,
Pois na sanha de hoje sensibilidade é apenas iogurte!

Só o poeta traveste as palavras... é maestro sensível...
Pouquíssimos afrontam a modernidade. Pura idiotice!
Aí está a razão pela qual prevalece o que é só fetiche,
Arroubo exótico dum prazer que sobrevive de fusível!

Natureza e metafísico respiram totalmente uníssonos...
Não são vagas... São bronzes prateados de finos sinos
Que tecem a harmonia deste cosmos tão depredado...

Bordados! Eis a sutileza dos astros, somente paisagens...
E uma sensualidade febril depauperada. Tudo miragens
Arroladas ao libido excêntrico de quem está enamorado!



DE Ivan de Oliveira Melo

domingo, 27 de agosto de 2017

ETÍLICO



Sobre meu túmulo não quero flores,
Nem lágrimas esculpidas de hipocrisia.
Quero, sim, uma cerveja bem gelada
A fim de que possa saborear ardores.

Sobre meu caixão não tolerarei tristeza,
Nem sermão de padres ou de pastores.
Quero, sim, um copo de uísque com coco
A fim de que eu possa festejar a natureza.

Perante minha memória não quero saudade,
Quero, sim, sambas, frevos, impulsividade...
É que no céu também há carnaval e alegria!

Na hora em que meu corpo for à sepultura,
Por favor, nada de silêncio ou de clausura...
Beberei do ataúde o orvalho da alcoometria!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 26 de agosto de 2017

RESPOSTAS




No destino dos mortais
Elevam-se os instantes.
Momento algum é suficiente
Para contemplar o planeta
Sem que se infrinja as horas,
Pois o infinito é tirano
E o homem peça apoteótica
De todas as fantasias.

Transitória é a vida dos animais;
Temporária a existência humana...
Quem somos? Donde viemos?
Até onde iremos?
Talvez sejamos devaneio
Ou apenas vultos
Produzidos pela luz...
Caminhamos pela penumbra
De uma sobrevivência
Às vezes doce,
Às vezes profundamente amarga.

Melhor mergulhar no esplendor
Que envolve o orbe,
Porquanto insatisfatórias
São todas as respostas,
Entretanto a criatura teima
E, em seu reflexo mental,
Plausíveis são os contornos
De um existir abstrato,
Pois o concreto obedece à lei:
Neste mundo tudo se transforma!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

PAZ INTELIGENTE



Estou sempre preparado
Para os conflitos do cotidiano.
Sempre que desperto,
Minha mente é despertador
E me liga incontinenti à realidade,
Os sonhos da noite murcham, solitários.

Desviei-me do hábito de ver-me perdedor,
Meus passos do dia a dia são concisos
E eu escrevo uma série de recomendações
As quais busco segui-las, imperturbavelmente.
Sobre minhas obrigações costumeiras,
Faço o máximo para administrá-las a contento.

Na realidade, sou  meu próprio presidente.
Meu íntimo é legislativo: elabora leis, outorga-as
E me faz cumpri-las, sem acomodações, tais quais
Foram escritas. É dever meu obedecer a elas
A fim de que não entre em conflito comigo mesmo.
Evidências de casos não previstos ocorrem,
Não obstante convoco meu parlamento extraordinariamente.
Tudo se resolve!
Assim elucidando as circunstâncias temporais,
A lógica me mostra que atuo como perfeito político
Visto que borro definitivamente em mim o negativismo
E tal procedimento traz-me a tranquilidade do travesseiro,
Porquanto se sabe que pôr a cabeça nas almofadas noturnas
Requer um mínimo de paz interior, sem fantasias.

Caso apareceram conflitos bélicos, certamente não são meus.
Vida que se pauta no autorretrato da intimidade
Com certeza não manuseia armas de qualquer espécie
E os lábios são focos de uma verdade indubitável:
O sorriso franco, fiel, incondicional.


DE  Ivan De Oliveira Melo


CATACRESES



Há estrelas no céu da minha boca.
Há fome na boca do meu estômago.
Há mamilos no peito dos meus pés
E raízes nas batatas de minhas pernas.

Tais estrelas me sufocam, fico engasgado.
Esta fome nunca passa, é que falo demais.
Mamilos que nada servem. Só decoração
E as raízes ora são doces, ora se esfarelam.

Nas asas das xícaras imagino intenso voo.
Nos pés das cadeiras e mesas me sustento.
Nos braços das poltronas deixo-me levar
Até onde minha cabeça de prego raciocinar.

Se nos dentes de alho não há cáries, deveras,
Então me alimento das maçãs do meu rosto!



DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

CARTAS MARCA\DAS



Meu pensar é cristalino, meu pensar é ópio.
Sou acostumado a industrializar pensamentos
Caminhando sempre em linha reta, sem atalhos.
Vez por outra paro, raciocino e fotografo o instante,
A memória costuma ser almoxarife da consciência
A guardar fatos que me libertam de certas doutrinas.

Nada me impressiona, é que não sou tão passional.
Sou um adulto com os pés no chão, sempre renasço,
Pois vivo intencionalmente o agora, que é meu apogeu.
As novidades são como coisas arcaicas, assim é o mundo,
Nada me oblitera o prazer de rever o novo que já é velho.

A vida para mim é um bem-me-quer, cheirosa e traiçoeira.
Nenhuma enfermidade tem o meu pavio, sou imune aos
Detritos que valsam diante de mim, não há aconchego...
Estou o tempo inteiro de acordo comigo, não há intrigas,
Em minha compreensão abstrata assimilo o desdém do orbe.

Não sou filósofo, sou mito de mim mesmo. Determinada
Psicologia se amolda aos meus quereres, então me analiso.
Nas paisagens do planeta entrego-me às reflexões. É luxuriante!
Tudo é uma questão de controle, de saber-se lidar em si,
Sem delimitar até onde a essência do pensar possa chegar.
E, assim, em constantes átimos, detenho minha própria índole
Visto que sou detentor de todos os meus andaimes, sem degraus.
A inconsciência é estrangeira, sempre de luto, sem cartas de mim.


DE  Ivan de Oliveira Melo


MY SOUL



Perhaps the man be blind.
He doesn’t get to find
The way of his future.

Maybe children be smart.
They are in all parts
Looking for their culture.

I don’t know what I am.
I am man but I am not blind.
I always work with my mind
And to do everything I can.

A day I was a child very fool.
Culture I had because I read.
Sometimes I was lost in bed
Dreaming alone with my soul!



By Ivan de Oliveira Melo