Império do Amor

Tu  reinas  de  modo  absoluto,

És  um  super-herói  do  amor,

Amo-te  e  somente  contigo  vou

Provar  as  delícias  do  tudo!

Meu  coração  apaixonado  te  elegeu,

Minha  vida  é  totalmente  tua,

Diante  de  tua  aparência  nua

Vou aconchegar-me  no  que  é  meu...

Crestarei  teus  lábios  com  meu  beijo

E  a  língua  revelará  o  insano  desejo

Que  assanha  o  viço  que  me  acomete...

Teu  cheiro  conquistou  meu  olfato

E  é  o  único  perfume  que  de  fato

Seduz  o  tesão  voluptuoso  de  minha  verve!

Bacanal

Comes  e  bebes  em  requintado  botequim,

Ambiente  fechado  de  parede  encarnada,

Gritinhos  histéricos  entre  a  moçada...

Lá  fora,  a  chuva  molha  aromático  jardim.

Apresentações  exóticas  de  “streaps”  bi-sex,

Droga  que  rola  ao  gosto  do  jovem  público,

Peças  de  roupas  que  voam  de  súbito

Sobre  as  cabeças  ébrias  em  seus  “caps”.

Logo  todos  se  despem  sem  constrangimento

E  se  apalpam  excitados  no “glamour”  do  momento,

Havendo  liberdade  plena  para  qualquer  relação...

Não  é  a  espúria  sociedade  que  promove  a  festa,

Mas  a  elite  que  confiança  aos  filhos  empresta

E  finge  desconhecer  os  atos  desvairados  da  devassidão!

Cemitério dos Infelizes

Vendavais  sacodem  a  terra,

Pântanos  digerem  destroços,

Sepulcros  recebem  os  corpos

De  humanos  que  a  vida  dilacera.

O  sol  escurece  ao  meio-dia,

Chuva  ácida  inunda  os  campos,

Na  noite  escondem-se  os  pirilampos

Deixando  no  deserto  minha  agonia.

A  lua  cheia  torna-se  vazia,

Meteoros  poluem  os  rios,

Mares  provocam  arrepios

Nos  suicidas  de  mente  fria.

Águas  barrentas  destroem  as  estradas

E  a  vida  expira  sob  as  enxurradas...

Envelheci...

 

Permito-me dizer que envelheci...

Fui uma incógnita ao longo dos anos

E ainda sou raiz infinitesimal dos meus desenganos...

Olho-me diante do espelho da vida

E no grisalho reluzente dos meus pelos

A convicção de uma experiência tenazmente perseguida.

Permito-me dizer que envelheci

Na labuta de um ideal multicor

Em que o ingrediente primordial, o amor,

É o produto final do tudo que consegui...

Permito-me dizer que envelheci

E me vejo retrato no sorriso de uma criança,

Em meu foro íntimo há boas e más lembranças

Que esculpem meu intelecto de sabedoria

E fazem de minha maturidade a essência de minha fotografia!