sábado, 26 de dezembro de 2020

CONEXÃO


 

 

Estreita é a conexão corpo-alma.

 

O corpo é matéria; a alma, intuição.

Quando a comunicação é quebrada,

 

A inconsciência rebela-se no íntimo

E os sonhos fragmentam-se num éter

Onde a ilusão é o produto consumado.

 

O corpo estremece... A fantasia reina

Enquanto o âmago fica obscurecido

Perante alegorias abstratas e adereços

Sem cor... Uma volúpia utópica adoece

 

O raciocínio já glacial pela mente insana.

A alma é o repositório da consciência sã

Que transmite ao corpo os alicerces vitais

E indispensáveis para a existência salutar.

Corpo-alma, funções cognitivas do saber!

 

 

DE Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

HOMEM/MULHER


 

Homem, sê sincero.

Mulher, sê fiel...

Bebe do teu mel

E deixa de lero-lero.

 

Homem, sê perfeito.

Mulher, sê o amor...

Come seja lá o que for

E deixa de botar defeito.

 

Homem, sê o trabalho.

Mulher, sê o exemplo

E esquece a preguiça.

 

Homem, sê o orvalho.

Mulher, sê o templo

E te entrega e enfeitiça!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 3 de novembro de 2020

PAISAGEM


 

 

Cuspir no chão,

Escarrar da alma o veneno

E tossir o sangue epiceno

Que traz uma tuberculose infecta

É preparar-se para o manjar dos corvos.

 

Vomitar no soalho de cerâmica,

Urinar do íntimo a podridão

Que putrifica nas veias a saúde

É aguardar o vexame do coma

Que levará à campa uma vida satânica.

 

Defecar num tapete persa,

Lambuzar o âmago do pus amargo

Que nauseabunda a ferida gangrenada

É o apêndice de uma enfermidade eclética

Que deixará no sepulcro uma anatomia tétrica.

 

Encher o ambiente de gases intestinais,

Abrir a boca para o hálito impuro

Que sufoca do olfato o orvalho pestilento

É amordaçar o esqueleto oblongo

Na morada última de uma sepultura perpendicular!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo   

 

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

INFINITESIMAL


 

 

A tristeza da noite enluarada,

A balbúrdia de um dia cinzento

Que traz o amor sem sentimento

Pelas esquinas da sinuosa estrada.

 

Busque-se no silêncio o alarido

Que transforma ouro em diamante

E, se o nada for tudo, siga-se avante

Em busca do imenso tesouro perdido.

 

Quanto mais inferior permanece o solo,

Permite-se sempre navegar a tiracolo

Diante do enduro que é sem censura.

 

Transcenda-se o universo pelo sepulcro,

Perante a vida o destino parece chucro,

É que a existência é uma eterna aventura!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 1 de novembro de 2020

SENSAÇÕES

 



Meus tecidos são do puríssimo algodão…


Meus olhos contêm raios ultravioletas


Que se manifestam ao sabor de puras imagens


E se locupletam diante dos refis dourados



Que o mundo oferece como regalo da natureza.


Minha audição retém uma sonoplastia rítmica


Que açambarca qualquer ruído procedente do éter


Fictício ou da solidão imposta pela saudade…



Meu tato migra sempre que aveludo as porções


De um cotidiano frívolo e sem o caráter personalístico


Que a ciência exibe em suas experiências laboratoriais


Donde se obtém as híbridas sensações da sensibilidade.



Meu olfato é um exemplo típico que cobaia os prazeres


De uma existência oxigenada pela sensualidade apócrifa


E traz, ao reduto do absurdo, a impossibilidade de sentir


As emoções intempestivas da consciência inconsequente.



Por último, retenho do paladar os sabores das multidões…


O gosto é um invólucro que percebe, da infidelidade, o


Tempero nocivo das traições que sedimentam as raízes


Da infelicidade e trazem à criatura uma conexão alienígena!

SENSAÇÕES EÓLICAS


 

 

É verdade que um dia cutuquei o vento

E senti a sua brisa perfumada e suave

A lançar sobre mim suas asas de catarse

A fim que eu me sublimasse escrevendo.

 

Grande hipnose me dilatou a inspiração

E voei alturas além dum céu de estrelas,

Pude tocá-las e naturalmente entendê-las

Amparado pelo sopro de uma cosmovisão.

 

Intenso era o fascínio que a mim consumia!

Faustoso banquete que hibernei em alforria

Diante da imensidão galáctica a que fiz jus...

 

É verdade que o vento também me cutucou

E de mim exigiu comprometimento de amor

Para que seu assobio deixe os homens nus!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

HÁBITOS & VÍCIOS


 

Esquemas quotidianos atacam o pensamento.

 

Há ações e reações que se atropelam na mente.

Atitudes congeladas no átrio da consciência

 

Respaldam-se dentre as noviças condutas de viver

E se locupletam nas exposições feitas diariamente.

Algumas são simples manifestações dos hábitos

 

Adquiridos ao longo da existência; outras, vícios!

Pode-se atribuir como obsessão o que é dependência

Física ou química... É uma abstração que prejudica

O corpo e a alma devido à manifestação que oxida

 

A saúde e, muitas vezes, o destino é a campa sinistra.

Só um rigoroso tratamento aliado à boa vontade pode

Regenerar o complexo maquiavélico da livre escolha.

O mesmo não se aplica à geratriz dos bons costumes,

Pois é a experiência que traz o conhecimento da vida!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo   

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

ALUVIÃO


 

 

Noite de agonia extrema,

Gritos de horror sem eco,

Tempestade que contracena

Na sonoplastia do reco-reco.

 

Síndrome do medo sem teto

Diante da madrugada plena...

Na curva das horas há o reto

Desejo de escapar desta arena.

 

Uivam os lobos perante a fome,

Fobia intensa que se consome

Dentro do vendaval. Enxurrada!

 

Corpos sem vida boiam nas ruas.

Relâmpagos e trovões tumultuam

A vida que escapa à toa, cansada!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

 

domingo, 25 de outubro de 2020

JUÍZO


 

 

 

O homem vive em ziguezague

Aterrando pontos de sua existência,

É a máquina mais perfeita em essência,

Mas às vezes se torna pobre de caráter.

 

A personalidade parece um almanaque

A tecer curiosidades com sapiência,

No entanto a ambição destrói a decência

E o que se percebe? Uma vida de araque!

 

A concepção de sobrevivência não é o dolo,

Aquele que se assim se compraz é tolo...

Nada da Terra pertence ao homem!

 

É empréstimo tudo o que daqui se obtém,

A prestação de contas não esquecerá ninguém

E não importa qual seja o seu nome!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

NEGRUME


 

 

Eis em que se resume

A existência desse mancebo

Que é jovem e parece sebo,

Pois viver do velho é costume.

 

Pior é que não se assume

E em sua vida edificou acervo

Das coisas antigas e o que percebo

É a zombaria que criou volume.

 

Estranho respirar esse azedume

Que fere o olfato e eu concebo

O tempo que produz esse esterco

É da vontade própria que se presume.

 

Eis o futuro... Que o gajo se perfume

Com o sabor execrável desse curtume!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

CIENTÍFICO


 

 

Às vezes me considero sem estética

E sou energia mecânica em potencial,

Contudo não sou febril, não faço mal,

Sou turbinas e me movo com a cinética.

 

Não há espaço em mim para a inércia,

Minha velocidade é deveras magnética...

Para alguns, em meu bojo falta a ética,

Pois dizem que há ausência de modéstia.

 

Ventos fortes me fazem produzir força

E numa tempestade eólica sou luminoso,

É o sol que irradia em mim mui cobiçoso

A fim de que as palavras eu não distorça.

 

A combustão química em mim se opera,

Por isso sou térmico na produção do fogo,

Todavia como em mim nada é muito novo,

Porquanto estou idoso perante a primavera.

 

De vez em quando me percebo biomassa

E estou energeticamente carregado de luz...

Nas ondas dos mares o fluxo se reproduz

Diante do petróleo que breve será carcaça!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

    

 

domingo, 18 de outubro de 2020

MISTÉRIOS

 

 

 

O sonho é imutável,

A todo instante se agiganta

Para que em todos os momentos

Se possa sobreviver na Terra

Já que o destino é incógnito

E o tempo é efêmero.

 

Distâncias... Aonde se vai?

Lentamente a penumbra se faz

E a sombra caminha à revelia

Dos que buscam mitigar a sede

E saciar a fome de luz...

É doce, então, a vida

E acre um deserto sem estrelas.

 

Enquanto o dia se desfaz,

A noite é sutil aroma

E, mesmo que o fogo se apague,

Há o calor intrínseco das horas

Que cresce dentre o frio

Que faz borbulhar a sensibilidade

Que, agora, é plenamente incenso!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

OS SENTIDOS

 

 

Meu olfato é híbrido...

 

Odores nauseabundos e afáveis

Formam em mim lúdico perfume

 

Que é incongruente ao idílio,

Mas sazonal, de ritos inexoráveis

Que em mim se fixa sem queixume.

 

Meu paladar é de vigor estreme

Aliado a um tato anacrônico

Que traz do passado refinado creme

Deslizante e suave como um cântico!

 

Minha audição é sensível e burlesca,

Duma sonoplastia que busca o hilário

Tamanho o hibridismo do campanário

Que faz vibrar a aspiração picaresca...

A visão assiste ao consuetudinário!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

 

 

 

sábado, 17 de outubro de 2020

IDONEIDADE

 

 

 

 

Sou tiete e crítico

De mim mesmo.

Estou aluno e professor

Do que penso e faço.

Isto não é egoísmo,

É personalismo!

 

Exemplos externos

Não os adereço.

Plagiar atitudes

É perder a essência

Do eu incógnito

Que busca dentro si

O conhecimento.

 

A sabedoria vive em chamas

Em derredor da ignorância.

A consciência observa a vida

E, assim, grandes inventores

Trouxeram regalos

Que regem a existência.

 

A influência é pernóstica,

Pois seduz e alicia o íntimo.

Cada ser é dono de um mundo

Particular que exulta

Em promover descobertas

E se compraz em banir o mal.

 

O universo é a patente,

O planeta seu afluente.

A inconsciência é atributo abstrato

Que muitas vezes

Ilude o ser pensante...

É fundamental ser dono de si

Como o sou de mim.

 

O sonho é a trilha

Por onde se deve caminhar,

Não obstante necessário se faz

Saber interpretá-lo

Eficientemente.

Isso exige argúcia

E total controle da mente.

 

O bem é uma constante

Que atua no auge do pensamento.

A maldade apenas sobrevive

Graças ao desconhecimento

Que faz do homem

Fantoche dos preceitos alheios

E da esdrúxula atitude

De somente querer imitar.

 

Descortinar-se do que não é seu

É o prêmio maior

Que o âmago obtém.

A individualidade é o processo

Que labuta pela coletividade

E que mira, infinitamente,

A descoberta do Paraíso!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

INTRÉPIDO


 

 

 

Prudente, sensitivo, mas ordinário...

Eis um desajuste dum ser incipiente

Que tagarela idiotices em seu presente

E comemora todos os dias o aniversário.

 

Vejo-o sem rótulo e assaz inexperiente

A domesticar o seu próprio abecedário,

Pois da rotina do dia a dia é estagiário

De uma vida despercebida, infelizmente.

 

Efêmero é o tempo que tenta ensinar-lhe

Das questiúnculas que parecem o detalhe

Para quem almeja da existência, patente...

 

Porém, se houvesse silêncio em sua alma

É possível que averbasse o que acalma,

Porquanto não se pode chamá-lo de inocente!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

 

domingo, 11 de outubro de 2020

EMBALOS

 


 

 

Dentre os folguedos caipiras,

O povo animado se entretém,

Mesmo sem haver nenhum vintém

O que vale é a alegria que se respira.

 

Ritmos alucinógenos contrários à ioga

Trazem rituais espontâneos e livres,

É o ensejo da dança e seus alvitres

Como quem adora comer, deglute tapioca.

 

O gingado é a expressão que faz sorrir,

Cantar é apontar o dedo para o porvir,

Porque no remelexo se tem assaz energia...

 

E num utopismo que desbanca devaneios,

Tudo se compactua com o que vem e veio

E lembrar que do mundo nada se consumia!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

FUTUM


 

 

 

Estou assustado, confuso, tenebroso...

 

Sinto o que se apodera de mim: gangrena!

Percebo em tudo o que faço... o odor.

 

Fragrância nas palavras e, até, em meus pensamentos,

Razão pela qual os abutres mentais me cercam

E desovam sobre mim uma terapêutica carnificina.

 

Minha consciência é húmus febril e dantesco,

Tudo apodrece em meu íntimo e é inhaca...

Minhas ideias estão em derredor desse ranço

E é uma caatinga que se faz em mim sertão...

 

Estou nauseabundo, preso a uma trincheira de dejetos

Que me retêm o olfato inadimplente das rosas...

Noto-me depósito de uma urina ácida e sem cor,

Por isso uma insanidade atrevida comanda meu eu

E me leva a diagnosticar-me estrume da existência!

 

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

DOUTRINA

 

 

É o tempo que passa

E nos arrasta com ele.

Somos leves qual pássaro

Que, dentre os assobios das brisas,

Voa sem destino pelas veredas

Sem portos, sem estações.

 

Somos sobreviventes anônimos

Das infecções virulentas e bacterianas

Que assolam um planeta já febril.

Somos vítimas e assaz testemunhas

Das patologias que desregram o social

E nos lambuza de efeitos contagiosos.

 

Felizes somos nós que vivenciamos

As arestas desconhecidas das enfermidades

E as ultrapassamos com galhardia.

Resta-nos uma reflexão íntima

A fim de que possamos entender a vida

Como suporte sublime da Criação.

 

Que os conflitos pandêmicos ilustrem

Os corações de pedra...

Que o sofrimento que gera imposição

Possa transformar o mal em bem,

A tristeza em alegria,

A ignorância em conhecimento,

As trevas em luz!

 

Por si só, a vida é um milagre...

As mãos precisam se tocarem,

Os abraços necessitam produzir amor

Numa confraternização de fé!

Que este presente de hoje

Possa ser, amanhã,

Um passado de transfigurações

Em que o orgulho se dobre

Diante da humildade,

Que o egoísmo se retrate

E possa distribuir o verdadeiro alimento

Que seduz a alma: o amor!

 

Viver é estar plenamente consciente

Da responsabilidade com o próximo...

Que a hipocrisia seja ultrajada

Pela verdade que é altruísta.

Que as bocas não precisem prolatar

O “eu te amo”, pois que seja

Esta a premissa do olhar!

Que as mortes não hajam sido em vão,

Mas sacrifícios que regeneraram

O sabor da existência!

 

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

 

terça-feira, 29 de setembro de 2020

AMAR

 

 

 

 

Tão vulnerável é o sentimento humano!

 

Quem diz que ama, às vezes nem sabe amar,

Prolata tal sentimento da boca para fora, sim!

 

Trata-se de uma expressão que se torna vulgar

Na medida em que não é compreendido e traz

Emoções esdrúxulas e hipócritas ao cotidiano.

 

Muito comum ouvir-se em qualquer situação

Um “eu te amo” sem a sinestesia que evoca

As mais puras sensações que enternecem a vida

E que fazem vibrar os anelos do coração carente.

 

Amar não é agradecer nem agradar... É vínculo

De solidariedade e fraternidade conjuntamente

Entrelaçadas dentre os arremedos que fustigam

A doce estratégia do dar e do receber, do perdoar!

É fidelidade e aceitação, respeito às diferenças!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 26 de setembro de 2020

AGONY

 

 

There were dry leaves on the ground...

 

The time was hot but my face was cold

And my body was wet by drops of sweat.

 

A great anguish took care of my thoughts...

I wanted to speak something but I couldn’t

Hear any words from me... I was doped!

 

Suddenly I could feel some tears in my eyes.

Yes! I was crying but I couldn’t understand

The reason of this...Would I be mad? I thought.

There weren’t any troubles in my life. I was free!

 

Then I saw a deep hole around me. Much sand.

Near this sand there were some crows waiting...

But waiting what?  What was it happening?

A funeral music splashed sounds in my ears,

So I understood that I was dying in that moment!

 

 

By Ivan de Oliveira Melo

 

INDOMÁVEL

 

 

Meu tempo é o de ontem.

Hoje sou plenamente anacrônico...

Às vezes pareço do tipo inexorável,

De uma severidade assaz ortodoxa.

 

Para coadunar-se diante de certos modernismos

É mister seguir preceitos profanos

Que tornam o indivíduo meio herético,

Reformista dos costumes e das tradições teístas.

 

Meu tempo é o de ontem,

A diacronia não se embebe do meu ser,

Tento ser paradigma para meus sintagmas...

 

De um teor denotativo é o meu pensar,

Hermético perante as ejaculações fúteis

Que fazem da contemporaneidade período linfático!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

HISTÓRICO

 

 

 

O tempo galopa e deixa cicatrizes

Num éter que, sábio, é memória

Perante fatos que marcam a História

Dos homens alegres e dos infelizes...

 

Da Antiguidade fala-se em caverna

E os desenhos rústicos são hieróglifos

Que transmitem vida sem ser apócrifos

E retratam uma existência não hodierna.

 

Período de religiosidades bem politeístas,

Cultivadas na ignorância sobre as pedras

Que nada falavam sobre as vidas eternas,

Eram deuses surdos-mudos e anarquistas.

 

E chega ao progresso de uma Era Cristã,

Donde valores morais são postos à prova,

Contudo a humanidade é vil, não se renova

Tornando maltrapilha a Boa Nova neste afã.

 

Numa Idade chamada Média a Igreja mata

Em nome de Deus os chamados de hereges,

Pois bruxos e feiticeiros na magia descrevem

Fatos que contrariam a doutrina de uma nata.

 

Época que fotografa as viagens e aventuras

Dos que se lançam corajosamente nos mares,

Grandes Navegações trazem perigos graves,

Contudo desvendam rotas, terras e negruras.

 

Pobres africanos usurpados e feitos escravos

Viram moedas em vendas, trocas e comércio,

Valiam fortunas, desbancaram até o sestércio

E anonimamente desembarcavam carregados.

 

Por outro lado, o mundo respira transformações

E o Ocidente se veste de requinte e de talento,

Nas artes e nas ciências ocorre desbravamento

Com o Renascimento que traz luzes e emoções.

 

É um tempo repleto de invenções e descobertas,

Gutemberg traz a imprensa e Galileu é astrônomo,

Embora fundamental ao cientificismo, é condenado

Por heresia ao formular teses inteligentes, espertas.

 

Alighieri entrega ao mundo a sua Divina Comédia,

Obra que enfoca o Paraíso, o Purgatório e o Inferno,

Outros autores e obras se destacam no seio externo

Do universo, destarte existam a ganância e a miséria.

 

Chega-se à Era Moderna. Constantinopla é dos turcos,

A Revolução Francesa cai com a queda da Bastilha,

Fase que surgem as bases para uma novíssima trilha

E os aspectos sociais e econômicos têm outros cursos.

 

A mentalidade do homem ganha horizontes nunca vistos,

Com a Revolução Industrial monta-se o mercantilismo,

Sistemas coloniais aquecem o surgimento do capitalismo

E o “Novo Mundo” é integrado à História sem imprevistos.

 

Na Europa nasce o poder dos reis, que é o Absolutismo,

O regime feudal cede lugar aos aparatos da burguesia,

O medievalismo enterrou-se sob as hostes em que seriam

Implantadas rotas comerciais obrigatórias para consumismo.

 

Não se pode abandonar os filósofos desta fase importante,

Anos de muitas luzes de uma intelectualidade iluminista,

Ilustração da sabedoria e da liberdade e de uma conquista:

O não atrelamento da educação à religião, nada como antes.

 

Profundas metamorfoses acontecem na era contemporânea,

As sociedades se envolvem em conflitos de amplitude mundial,

Doenças destroçam a saúde dos povos como um vendaval,

São pandemias e enfermidades erógenas em miscelânea...

 

Uma globalização dos assuntos econômicos torna-se sistema,

O viés tecnológico assombra como referência do progresso,

A natureza torna-se a raiz exploratória da riqueza e do excesso,

O homem tudo dela tira para sobreviver dentro do seu esquema.

 

Na política e nos esportes se têm arremedos de muita corrupção,

A religiosidade traz o aparecimento de inúmeras igrejas e seitas

Que visam, como maior objetivo, a insurreição do capital que deleita

Seus fundadores e irresponsáveis dirigentes como pseudo doação.

 

A vida nesta recente Idade aboliu a decência e os bons costumes...

Quem sabe? Reflexo de duas guerras mundiais e do terrorismo?

Ou da hipocrisia lançada pelas grandes potências sem altruísmo?

Desmatamentos, fome, mazelas. Tudo se comete e ficam impunes!

 

Eis um período em que inventaram o telefone, a lâmpada elétrica...

Também surgiu a aviação, o automóvel, a televisão, o trem-bala...

Novidades que os ancestrais não alcançaram da inteligência rara,

Mas que se tornam obsoletas diante do ser humano sem estética!

 

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo