domingo, 30 de abril de 2017

URGÊNCIA

Urge dormir e contemplar minha alma,
Revirá-la no leito, esbofeteá-la no peito
A fim de que nos sonhos as rosas alvas
Possam caricaturar do amor, o perfeito.

Urge despertar e apreciar do sol, o brilho
Para que, radiante de luz, o amor cante
E dedilhe nas arpas melodias fulgurantes,
Maviosos ciclones musicais que são filhos

Dos sentimentos que as andorinhas tecem!
Urge saborear das horas, o último estresse
Confinado num âmago de solidão e saudade!

Urge caminhar sobre as estrelas do Cruzeiro
E, sentir do coração, imagens que são espelho
Da derradeira valsa que faz explodir felicidade!


DE  Ivan de Oliveira Melo 


HOSPEDEIRO

Num mar de nostalgia sarjei a dor
Que brotava perante arrebóis do dia,
Cicatriz que me marca o que eu sentia
Num coração onde saudade é multicor!

Nos riachos de solidão depus o sofrer
Que insistia mergulhar no tear inóspito,
Vacância de vida donde tudo era óbito
Dum inaudito sentimento sem prazer.

Nas ondas dum espaço laico e solitário
Embriaguei a alma dum licor pecuniário
E percebi moedas... todas eram falsas!

Em estaleiros inteligentes da consciência
Desvendei-me filatelista da independência
Que faz o homem honrar as suas calças!


DE Ivan de Oliveira Melo


DOUTRINAÇÃO

Estou a roubar, madame, suave beijo
Da tua boca que é minha seara e tesão,
Furto-te, também, esse suave coração
Que é o manancial de todos os desejos.

Estou a sonhar com tuas mãos macias
Que são o apanágio de minha loucura
Encravada na visão que é pura ventura
Do tecer lírico e mágico da sutil orgia.

Estou a peregrinar teus passos que a sós
Não sabem o endereço dos meus lençóis
E podem percorrer bosques tenebrosos...

E quem a conhece sabe: Tu és um sonho
Que navega por estradas sem tamanho,
Inspiração que tece poemas venturosos!


DE  Ivan de Oliveira Melo



REVOADAS



Estas são as fontes em que me banhava
Dum dourado sol que me tingia a pele...
Triste segredo meu que o tempo repele
E não devolve as horas onde eu estava!

Estes são os vales que me eram o abrigo
Dos perigos dum mundo hostil e violento...
Tristes devaneios surripiados pelos ventos
Que me abandonaram ser dialogar comigo!

Aqui estão os pardais que cantaram o exílio
Da desventura que me sobraçou o exímio
Sino que entoava as canções da minha festa...

Aqui estou a soluçar as serenatas do cansaço
De tanto esperar que as andorinhas no espaço
Possam solfejar notas musicais de uma seresta!


DE  Ivan de Oliveira Melo

CARTÕES-POSTAIS

Silencia noite, cala teu brado unguento,
Silencia esta tua madrugada que desterra
Os sonhos impossíveis de rolar sobre a terra
E que são de maus agouros tais pensamentos!

Silencia os burburinhos dos casais afoitos
Que tecem do amor os bacanais das orgias...
Cala os sussurros das bocas e as melancolias
Que desnutrem da saudade os belos coitos!

Tapa a overdose de prazer que tapeia as horas
Para que se possa suspirar logo, sem demora,
A diamantina sensação do que o amor é capaz...

Trancafia do destino os falsos teares de carinho,
Porque a ternura e o tesão já edificam ninhos
Donde a derradeira lágrima é retrato de postais!



DE Ivan de Oliveira Melo

sábado, 29 de abril de 2017

MÍSTICO

Desapareceu a inconveniência
Que me machucava a essência
E meu ser pôde, então, respirar
Até que, outra vez, surgiu no ar
Aquele espantalho meio tonto,
De asas partidas pelo confronto
Que tem diante duma vida vazia
E de cujos anseios compreendia
Que a existência, além de sagrada,
Muitas vezes não vale mais nada!
É preciso correr-se o risco da luta,
Porque neste circo tem a disputa
Do tempo e o homem sabe de cor
Que vence, afinal, o que for melhor!


DE  Ivan de Oliveira Melo


quarta-feira, 26 de abril de 2017

LIBERTAÇÃO

Assim que a primavera brotar
Serei teu eterno companheiro,
Quero ver no verão o sol brilhar
E bronzear teu amor por inteiro.

Chega! Abraço a chuva de inverno
E me molho neste aguaceiro tesão,
É teu corpo, teu amor que eu quero
Para fazer bem feliz meu coração...

Dá-me teu carinho, dou-te ternura,
O amor que em mim se faz é paixão,
Vem e me alimenta com tua loucura
E para ti tocarei valsas em meu violão.

Vê... as estrelas estão sorrindo a sós
E eu e tu, tu e eu somos um segredo,
Somos almas ardentes duma só voz,
Catadores de vida e de belos enredos.

Dá-me a mão! Invadamos o espaço,
Já não existe mais em nós essa solidão...
O infinito nos acolhe com seu regaço
E eu e tu, tu e eu... Somos libertação!


DE  Ivan de Oliveira Melo




domingo, 23 de abril de 2017

AGUA

Todo es agua en la naturaleza...

Mis lágrimas son aguas de amor,
Mis poemas son aguas de temblor

Y mi sudor es agua de un trabajo
Dónde la fuerza de vivir es la talla
En que la sangre escurre sin atajo...

Mi cuerpo es agua... Mi vida agua
Y mis problemas son agua de dolor
Dónde los ríos desembocan el vapor
Que forman la nubes llenas de agua.

El pueblo no vive sin agua... ni yo
Que bebo las circunstancias sin fin
Y, así, puedo purificar mismo a mí,
Pues la agua es un puente dónde
De la vida es la su única fuente!


DE  Ivan de Oliveira Melo

O que a vida nos apronta...

Crônica

Não é fácil viver com intensidade sabendo que um dia tudo se apaga e a vida se esvai. Pior, quando em pleno auge da existência a morte acampa, traga de repente o bater
uníssono do coração. Justiça ou injustiça, isso não cabe ao homem julgar... Se Deus existe, é claro que para tudo há uma explicação, embora provavelmente não esteja o
ser humano preparado, ainda, para entender certos desígnios.
Na verdade, desde que se tem consciência dos atos, o homem capenga na tentativa de compreender a morte. Eis um mistério que baila alhures ao conhecimento dos po-
vos e, assim, tão inescrupuloso enigma vai ceifando aqui e acolá vidas tão preciosas.
Doloroso mesmo é quando o ser arrebatado é alguém a quem se ama... um filho, um pai, uma mãe, um irmão, um ente demasiadamente querido. O coração trota em ago-
nia, uma infinita amargura se apodera dos corações que ficam e nada se pode fazer, a não ser buscar o entendimento e a conformação. Porém como se conformar perante uma despedida que talvez seja definitiva? Como entender a morte se a mesma for o fim de todos os sonhos? O item que põe um ponto final em todos os objetivos? Francamente, aí estão perguntas para as quais não há repostas plausíveis, não há repostas que convençam ou expliquem a quem fica as perdas irreparáveis.
Diante do passamento de um filho único, como se portar um casal, sabendo que já é tarde para que biologicamente um novo ser seja fertilizado? É deveras difícil contextualizar tamanha situação. É imponderável para os pais sistematizar assim seus pensamentos. Um sofrimento intenso é o patamar em evidência na vida dessas criaturas... É algo que fere profundamente a alma e de difícil cicatrização. Às vezes nem o tempo cicatriza, ao contrário, fomenta uma dor que parece não ter fim. No entanto, esse mesmo tempo é implacável! Caduca-se e fica a impossibilidade de esquecer-se a quem se foi...
Não há antídoto para essas condições que, invariavelmente, machucam e trazem o torpor de tormentos dolorosos. A morte leva e ficam as reminiscências que farão recordar
cada instante vivenciado. Lembranças cruéis que, muitas vezes, fazem definhar a cada momento os amantes sofredores. Não obstante, as raízes serão regadas por tais recordações e, as lágrimas, as amostras sinceras dos que verdadeiramente amam. Todavia há uma esperança para reerguer-se de tão maquiavélica desventura...
Realmente, a quem partiu não há mais como trazer-se de retorno à carne numa presente existência. Lógico que, igualmente, aos entes que fazem a derradeira viagem, ja-
mais se deve esquecer, só que a vida segue seu rumo inexoravelmente. Os que ficam precisam viver ou reviver, mas como? No caso de um filho único que pereceu, têm os
pais a observância de que outros frutos necessitam de amparo. Por este mundo afora há centenas de orfanatos e creches que abrigam crianças que sonham, dia e noite, em
ter uma família. Por que não se tentar recomeçar dando oportunidade a um dos desses seres em cujos devaneios o amor se encontra ocluso? Isso não significa substituição, até porque a criatura, qualquer que seja ela, será sempre insubstituível. Entretanto é essa uma maneira de levar a vida em frente e, quem sabe? Até de voltar a amar com profundidade. É mister pensar-se assim. Todos merecem a felicidade, a tristeza não faz parte do cardápio do homem. Uma porta se fecha, uma janela se abre. Novas estações cobrirão a terra. Os jardins sempre se renovam... então por que não se renovar a si mesmo? Eis este parêntese que po-
de transformar, sem nunca ser considerado substituição, porém uma nova oportunidade dada pelo Divino a fim de que se reconstrua o que uma chuva temporária interditou. Muitos dizem que Deus escreve certo por linhas tortas... Isso não é verdade. Os caminhos de Deus sempre serão retos, tortos e curvos são os homens que mesmo sabendo a estrada a percorrer, preferem os atalhos vazios da existência.
De Ivan de Oliveira Melo

sábado, 22 de abril de 2017

LAS COSAS

Yo no soy el mismo de ayer...
Nuevas ideas tengo en mí,
No puedo vivir tan sólo así,
Pues congojas: arduo contener!

Hoy yo vuelto mucho palavras
Que no traducen todo el placer
De los momentos que es conocer
Los trapos que trajan madrudagas.

Mañana quizá yo sea un desnudo
Entonces el mundo no sea mudo
Y por supuesto nada hay perdido.

Vivir es solamente entender la vida,
Lanzar lejano las cosas mal servidas
Y no dejar que el tiempo sea bandido!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

domingo, 16 de abril de 2017

ESTIAGEM

Há terra muda e seca e deveras encardida
Sob um sol que maltrata ninhos de gente,
A temperatura baila no horizonte inclemente
E transforma a existência em projeto de vida.

Os dias não passam… apertam-se entre sóis
E a noite encabulada se esconde dentre estrelas
Muitas das quais já cadentes e, sem entendê-las,
O homem sobrevive apático em torno dos nós

Que enforcam madrugadas viciosas e analfabetas!
Calor inescrupuloso ateia fogo às janelas abertas
E o suor é a água nauseabunda que fecunda a dor!

Chão gretado! Várzeas inóspitas! Deserto e alarido
É o que se vê nos espaços em que o tempo bandido
Metamorfoseia a odisseia do vexame isento de amor!

DE Ivan de Oliveira Melo

PEREGRINAÇÃO

Fotos minhas jogadas num sepulcro,
Então dormi sim, junto aos mortos
Embora vivo esteja, cheio de remorsos,
Porque durante a vida sonhos sepulto.

Em meus pensamentos nada é de aço,
Nem os sons do íntimo são floridos,
A alma cata aqui e acolá dos instintos
Retalhos dum viver perdidos no espaço.

A mente guarda segredos num envelope
E, mesmo que eu os cace indo a galope,
Tudo são cinzas que morreu na tumba…

Na marcha lenta recobro meus sentidos,
Não obstante os raciocínios são peregrinos
Da escuridão exorcizante como macumba!


DE Ivan de Oliveira Melo



MEIO AMBIENTE

Encantam-me as paisagens dos verdes campos
E os troncos dos grossos madeiros das árvores,
Todo um solo de folhas caídas que são mármores
E as águas dos desfiladeiros que parecem prantos.

Vegetação rasteira dum cerrado de tênues amores
Forra a imensa planície com flores sem espinhos,
Bosques e prados onde pássaros fazem seus ninhos
Endossam dos poetas as palavras que são louvores.

Frondosas cachoeiras regam das pedras o cristalino
E animais de todos os dotes brincam com o divino
Que é a essência duma vida donde tudo é perfeito…

Os ventos que sopram traduzem deveras a calmaria
Que reina em todos os ângulos do que não é fantasia,
Mas retrato que mostra e combate o que é preconceito!


DE Ivan de Oliveira Melo



sábado, 15 de abril de 2017

PERNAS DE CALÇA

Déspota dentre os lânguidos,
O homem desmonta seu sossego…
Cristão da palavra sem endereço
É o plebeu que se sente excluído.

Criador das rapsódias fragmentadas
É o telúrico cidadão do planeta
Que ambiciona apenas sua baioneta
Desconsiderando os camaradas.

Aqui e ali se inspira de grego
E se mistifica do sutil aconchego
Diante dos idólatras dos armistícios…

Tecem da hipocrisia seus enredos
E da vanglória lendária são azedos
Os vocábulos que debutam em comícios!


DE Ivan de Oliveira Melo




AURORA BOREAL

Ao romper da aurora, nasce um dia cinzento…

Nas brumas do amanhecer há o sol que aquece,
As névoas se espalham dentre nuvens e lamento

Que a chuva não caia sobre os tapetes do estresse
A fim de que nas varíolas da vida fuja o sentimento
Daninho que enferruja de tédio o que a natureza tece.

No calor que as horas trazem há também ressentimentos
Que não se apagam e ferem o que jamais se esquece
Perante os vendavais que cutucam em todos os momentos
Procelas enfermas e decaídas do joio que, apático, fenece!

Do trigo, retiram-se as esperanças sufocadas por tormentos,
Mas ainda profundamente precoces diante do que acontece
Nos labirintos alegóricos edificados por malsãs sofrimentos
Que fuzilam no espaço a realidade que tarda e rejuvenesce
Aquele sol que novamente ressurge e cicatriza ferimentos!


DE Ivan de Oliveira Melo



sexta-feira, 14 de abril de 2017

MORBIDEZ

Triste sangue meu que enterro na areia,

Plasma infecundo do panteísmo sombrio
Que, em noite de chuva e de tempo frio,
Soçobrou a morte sem fogo que incendeia.


Infante energia largada em solo movediço,
Substância tênue de sonhos adormecidos
Que faria vibrar corações deveras reunidos
Diante do amor que, apócrifo, virou feitiço.


Porção imberbe que parte nômade, anônima
E me abandona perante as terras heterônimas
Dum mundo onde ninguém conhece a morte…


É o trágico misturado aos reinos da natureza
Que, mesmo natureza, deforma sua grandeza
A fim de que o homem cicatrize o que for torpe!


DE Ivan de Oliveira Melo



quinta-feira, 13 de abril de 2017

APETRECHOS

Saudade, nota do que é nostalgia;
Tristeza, azedume do que é solidão...
Esperança, vive-se toda a melancolia
Que, lentamente, corrói o coração.


No devaneio que se aterra no peito
sonhos terríficos e malogrados
Que se sucumbem febris e desfeitos
Diante de segredos que são violados.


Não há contentamento no que somos,
Felicidade é caricatura de sutis tomos
Desenhados sobre as linhas sinuosas…


Momentos são apetrechos das ilusões,
Disfarce ecumênico sobre os corações
Que palpitam sobre retas venturosas!


DE Ivan de Oliveira Melo






















quarta-feira, 12 de abril de 2017

DESATINO

Meus sonhos te procuram no além,
Minha mente te busca em orvalho,
Ando que ando sem saber de atalho
Porque a vida já é eterno vai e vem.

Nada me tem feito um tanto maluco
De que este sentimento tão sublime,
São os dias e as noites que imprimem
Tua seda imagem que é meu estatuto.

Pareço papel que de tão frágil estou,
Preciso respirar o olfato do teu amor
E incorporar a mansuetude do destino…

Ponho meus olhos sofridos em alerta,
O coração há muito tem a porta aberta
Para que amar seja meu e teu desatino!


DE Ivan de Oliveira Melo




terça-feira, 11 de abril de 2017

AO AMIGO QUE CHORA

Ao amigo que chora, abandonado
De mim, no estertor da vida sinto
Que a solidão é afeto cruel e tinto
E a separação não é apanágio sagrado.

Importante saber-se amado e protegido
Perante circunstâncias que delatam o fim
E ter em mente numa saudação um sim
Embora a boca aberta seja ar sustenido.

Injusta seria uma saudade de proveta
Aquinhoada nos hemisférios duma gaveta
Onde se guardam reminiscências do passado...

Que esse amigo sorria, sempre enamorado
De si mesmo e das conquistas que, ao seu lado,
Serão orquídeas presentes do futuro antecipado!


De Ivan de Oliveira Melo



segunda-feira, 10 de abril de 2017

LIBIDINAGEM

Meu corpo foi baixado debaixo de sete palmos
Perante imensa multidão que cantava os hinos
Fúnebres e me elevavam à potência do Infinito
Donde compreendi a semântica sacra dos Salmos.

Intenso friozinho inorgânico me coagulava o sono
A estas alturas aconchegado à eternidade atemporal,
Todavia sentia em mim a mordedura infinitesimal
Dos vermes que me consumiam em sinistro trono.

Diante do olfato da carnificina que se deteriorava,
Havia um esqueleto deveras romântico que sonhava
Com os anjinhos femininos que, desnudos, oravam…

Ah! Se a morte traz em volúpia tamanha sofreguidão,
Certamente a orgia baila nos recantos da imensidão
E as almas, livres de compromissos, são fantasmas!


DE Ivan de Oliveira Melo


domingo, 9 de abril de 2017

TRILHOS DO TEMPO

Navego sobre trilhos enferrujados pelo tempo…

Diante das águas salobras da vida eu me afogo
Através do mergulho acrobático sobre as horas

Que, passo a passo, dinamitam do passado estéril
As oligarquias sentimentais evoladas nas cobiças
Que fremem as ambições tresloucadas do mundo…

Nos grãos dos segundos, os minutos destilam ópio
Que os corpos fumegantes consomem em carnaval
Frenético que o presente enviará a um futuro obeso,
Totalmente desenhado por um destino cruel e ignóbil.

Na atmosfera densa, as células se contaminam a sós
E as primogênitas ideias do orbe salutar… só sonhos!
As nuvens cíclicas derramam o ácido da química letal
Sobre os inconsequentes tapetes humanos homicidas…
Então navego sobre trilhos enferrujados pelo tempo!


DE Ivan de Oliveira Melo



sábado, 8 de abril de 2017

ANTAGONISMOS

Às vezes fico a refletir sobre dois parâmetros:
O que é mais salutar: o bom gosto ou o bom senso?
Percebo-me numa terrível encruzilhada, fico tenso,
Pois não é tão fácil escolher um desses dois diâmetros...

Nem sempre o que se considera melhor é o recomendável,
Sem dúvidas por aí perambulam alfinetes que ferem
E as dúvidas pairam sem cerimônias e, sim, interferem
Diante das situações em que uma atitude é insustentável…

Igualmente há miasmas no que se interpreta bom senso,
Porque há muito se comenta: cada cabeça é um mundo…
O que para um é bom gosto, para outro é de teor imundo
E, assim, opta-se por um valor em que nada é intenso.

Bom gosto e bom senso não se coadunam em pilares,
Contudo são primos entre si, mas não parlamentares!


DE Ivan de Oliveira Melo




sexta-feira, 7 de abril de 2017

CONFUSIÓN

Hoy mi juicio es de ayer,
Mi presente no tiene futuro...
Vivir las horas sin rumbo
Es poner la vida en lo atelier.

Pensamientos navegan sucios
Sobre minutos aún solteros,
No hay últimos ni primeros,
Solamente segundos inmundos.

El tiempo no habla ni llora,
Por eso se debe vivir el ahora
Y esperar la lluvia que cambia…

Hoy fue ayer, mañana es hoy,
Por eso no me quedo, me voy
A dormir delante de mi ventana!


DE Ivan de Oliveira Melo



quinta-feira, 6 de abril de 2017

CICLO ECOLÓGICO

Silvestre natureza, paisagens deleitosas
Dos verdes ramos que alcatifam os ares
Traçando nos céus as brisas nucleares
Que acariciam campinas, matas dengosas…

Ásperas rochas que contornam matagais,
Concertos híbridos nos hinos dos pássaros
Que, em revoadas, se atrelam em abraços
E se multiplicam na alegria dos ancestrais.

Fontes semeiam vida inundando terra roxa,
Desenhando sobre o solo atômicas colchas
Onde descansa o dia e dorme a madrugada…

Semeia-se o tempo diante da saudade fria...
Solidão nada mais é que incógnita e alegoria
Perante o verde que reina sobre enseadas!


DE Ivan de Oliveira Melo



quarta-feira, 5 de abril de 2017

MORTO-VIVO

Há momentos em que me constranjo,
Não me reconheço, não sei quem sou…
Há instantes em que me estranho,
De estar em mim… Sou-me desconhecido!

Há horas em que me enclausuro
Para não me enxergar… Esquisitice!
Como devo proceder, então?
Não me identifico em meu retrato!

Há minutos em que busco uma fuga,
Talvez nas estâncias metafísicas de mim,
Ou simplesmente assassino meu sonho,
Pois não me vejo, não me fito… Estou cego!

Há ocasiões em que me perco no íntimo,
Meu idioma não me compreende… Hieróglifos?
Não sei… Apenas já não durmo madrugadas,
Nem sei a cor da luz do dia… Serei sombra?

Não! Sou vulto de uma inconsciência acéfala
E meus miolos são átomos de engrenagem nula!
Portanto, sinto e não sinto, vivo e não vivo…
Tão somente sobrevive em mim um morto-vivo!


DE Ivan de Oliveira Melo




RECIPROCIDADE

RECIPROCIDADE


A mim, tu me deste caixão e vela preta…
A ti, eu te fiz apenas carinhosa careta
E naufragamos juntos no veleiro solidão
Afogando a nostalgia na estepe do coração.

A mim, tu me fizeste das labaredas, cinzas…
A ti, eu te embriaguei do amor dum ranzinza
Que idolatra, na ventura do amar, teu painel
E se machuca em tua caricatura com o cinzel.

A mim, tu me sonegaste teu beijo precioso…
A ti, eu te esculpi na tela do artista talentoso
Que esmera, aqui e acolá, um faustoso retrato
Com incenso e mirra… Ah! Como és ingrato!

A mim e a ti somos somente dois escaravelhos
Perdidos entre rosas murchas e cravos velhos!






terça-feira, 4 de abril de 2017

WITHOUT...

You lost me without space...
When I looked at my face,
I heard a great noise:
In the mirror I hadn’t choice
Then my body was in the floor.

You lost me without love…
When I looked for the cove,
I saw a dirty water on my feet
Then the sugar wasn’t sweet
And in my life closed the door.

You lost me without smile…
When I discovered the time,
A tear dropped down alone
And the death was a clone!


By Ivan de Oliveira Melo