domingo, 2 de setembro de 2018

CÍRCULO





No antigo tique-taque dum relógio
Na sala se vê um refúgio do tempo,
Construção arcaica que agora intento
Para que taciturno eu combata o ócio.

Enigmas me envolvem e sou a tutela
Dos ruídos que se exalam concomitantes...
Tudo é parafernália dos ricos instantes
Que, suntuosos, tudo das horas revelam.

Em marcha a vida prossegue meio atônita
Num ritual de exuberância assaz sinfônica,
Pois do badalar se percebe o tom da música.

Sintomas de silêncio... É solidão e saudade,
E se chega à velhice, lembra a puberdade
Como início dum viver pleno de acústica!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 1 de setembro de 2018

RASTROS



Dor intensa invade o meu ser...
Tristeza infinita copula meu âmago.
Vejo o Sol quadrado; a Lua, meio oval...
Tudo porque já não sei viver sem você!

Minha luz se apagou, a vida inexiste!
O tempo é enfadonho, só pesadelos...
No ar que respiro sinto o tom azedo
Da infelicidade que me faz órfão e triste!

Perambulo em meu íntimo sem direção,
Estradas lambuzadas de total desespero
Levam-me à geometria do real abandono
De que sou vítima, só pedaços de coração!

Minha alma desnorteada está em abismo,
Eu me vejo ao relento desesperadamente só...
Nada me entretém, apenas uma alma vazia
Com fome e sede de amar... Tudo me é lirismo!

Talvez na morte haja recurso para desaparecer...
Viver de sonho e fantasia é acalentar depressão,
Não suporto do silêncio a malvadez que é dor,
Pois amo solenemente meu rastro de vida: você!



DE  Ivan de Oliveira Melo