domingo, 27 de agosto de 2017

ETÍLICO



Sobre meu túmulo não quero flores,
Nem lágrimas esculpidas de hipocrisia.
Quero, sim, uma cerveja bem gelada
A fim de que possa saborear ardores.

Sobre meu caixão não tolerarei tristeza,
Nem sermão de padres ou de pastores.
Quero, sim, um copo de uísque com coco
A fim de que eu possa festejar a natureza.

Perante minha memória não quero saudade,
Quero, sim, sambas, frevos, impulsividade...
É que no céu também há carnaval e alegria!

Na hora em que meu corpo for à sepultura,
Por favor, nada de silêncio ou de clausura...
Beberei do ataúde o orvalho da alcoometria!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 26 de agosto de 2017

RESPOSTAS




No destino dos mortais
Elevam-se os instantes.
Momento algum é suficiente
Para contemplar o planeta
Sem que se infrinja as horas,
Pois o infinito é tirano
E o homem peça apoteótica
De todas as fantasias.

Transitória é a vida dos animais;
Temporária a existência humana...
Quem somos? Donde viemos?
Até onde iremos?
Talvez sejamos devaneio
Ou apenas vultos
Produzidos pela luz...
Caminhamos pela penumbra
De uma sobrevivência
Às vezes doce,
Às vezes profundamente amarga.

Melhor mergulhar no esplendor
Que envolve o orbe,
Porquanto insatisfatórias
São todas as respostas,
Entretanto a criatura teima
E, em seu reflexo mental,
Plausíveis são os contornos
De um existir abstrato,
Pois o concreto obedece à lei:
Neste mundo tudo se transforma!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

PAZ INTELIGENTE



Estou sempre preparado
Para os conflitos do cotidiano.
Sempre que desperto,
Minha mente é despertador
E me liga incontinenti à realidade,
Os sonhos da noite murcham, solitários.

Desviei-me do hábito de ver-me perdedor,
Meus passos do dia a dia são concisos
E eu escrevo uma série de recomendações
As quais busco segui-las, imperturbavelmente.
Sobre minhas obrigações costumeiras,
Faço o máximo para administrá-las a contento.

Na realidade, sou  meu próprio presidente.
Meu íntimo é legislativo: elabora leis, outorga-as
E me faz cumpri-las, sem acomodações, tais quais
Foram escritas. É dever meu obedecer a elas
A fim de que não entre em conflito comigo mesmo.
Evidências de casos não previstos ocorrem,
Não obstante convoco meu parlamento extraordinariamente.
Tudo se resolve!
Assim elucidando as circunstâncias temporais,
A lógica me mostra que atuo como perfeito político
Visto que borro definitivamente em mim o negativismo
E tal procedimento traz-me a tranquilidade do travesseiro,
Porquanto se sabe que pôr a cabeça nas almofadas noturnas
Requer um mínimo de paz interior, sem fantasias.

Caso apareceram conflitos bélicos, certamente não são meus.
Vida que se pauta no autorretrato da intimidade
Com certeza não manuseia armas de qualquer espécie
E os lábios são focos de uma verdade indubitável:
O sorriso franco, fiel, incondicional.


DE  Ivan De Oliveira Melo


CATACRESES



Há estrelas no céu da minha boca.
Há fome na boca do meu estômago.
Há mamilos no peito dos meus pés
E raízes nas batatas de minhas pernas.

Tais estrelas me sufocam, fico engasgado.
Esta fome nunca passa, é que falo demais.
Mamilos que nada servem. Só decoração
E as raízes ora são doces, ora se esfarelam.

Nas asas das xícaras imagino intenso voo.
Nos pés das cadeiras e mesas me sustento.
Nos braços das poltronas deixo-me levar
Até onde minha cabeça de prego raciocinar.

Se nos dentes de alho não há cáries, deveras,
Então me alimento das maçãs do meu rosto!



DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

CARTAS MARCA\DAS



Meu pensar é cristalino, meu pensar é ópio.
Sou acostumado a industrializar pensamentos
Caminhando sempre em linha reta, sem atalhos.
Vez por outra paro, raciocino e fotografo o instante,
A memória costuma ser almoxarife da consciência
A guardar fatos que me libertam de certas doutrinas.

Nada me impressiona, é que não sou tão passional.
Sou um adulto com os pés no chão, sempre renasço,
Pois vivo intencionalmente o agora, que é meu apogeu.
As novidades são como coisas arcaicas, assim é o mundo,
Nada me oblitera o prazer de rever o novo que já é velho.

A vida para mim é um bem-me-quer, cheirosa e traiçoeira.
Nenhuma enfermidade tem o meu pavio, sou imune aos
Detritos que valsam diante de mim, não há aconchego...
Estou o tempo inteiro de acordo comigo, não há intrigas,
Em minha compreensão abstrata assimilo o desdém do orbe.

Não sou filósofo, sou mito de mim mesmo. Determinada
Psicologia se amolda aos meus quereres, então me analiso.
Nas paisagens do planeta entrego-me às reflexões. É luxuriante!
Tudo é uma questão de controle, de saber-se lidar em si,
Sem delimitar até onde a essência do pensar possa chegar.
E, assim, em constantes átimos, detenho minha própria índole
Visto que sou detentor de todos os meus andaimes, sem degraus.
A inconsciência é estrangeira, sempre de luto, sem cartas de mim.


DE  Ivan de Oliveira Melo


MY SOUL



Perhaps the man be blind.
He doesn’t get to find
The way of his future.

Maybe children be smart.
They are in all parts
Looking for their culture.

I don’t know what I am.
I am man but I am not blind.
I always work with my mind
And to do everything I can.

A day I was a child very fool.
Culture I had because I read.
Sometimes I was lost in bed
Dreaming alone with my soul!



By Ivan de Oliveira Melo

DIÁSPORA



Cresce o matagal ao longo das estradas
Assim como crescem os pelos do meu corpo.
Vejo nos acostamentos lambujens de lixo
A maltratar a paisagem ícone e desfigurada.

Morre o sertão gretado e cheio de poeira
Bem como fenece minha pele suada pela faina.
Noto que não há campinas, mas terra lascada
Pelo sol que tosta de azedume toda a sujeira.

Sofre a passarada que busca atônita um oásis
E o poeta, iconoclasta, serve-se do que é lápis
Para esculpir em palavras miasmas da natureza...

Lentamente o azul do céu cede lugar às estrelas
Que, acanhadas, lançam lágrimas sem retê-las,
Pois igualmente sentem desfaçatez e incerteza!



DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 20 de agosto de 2017

TERMÔMETRO




Quanto choro... Ah, que tristeza!
As ruas estão apinhadas de gente
E os automóveis buzinam na multidão
Inchando os tímpanos dos transeuntes,
Elevando a porcentagem da poluição!

Quanto choro... Ah, que tristeza!
O tempo passa sempre outra vez,
Os dias são os mesmos na agitação
E quando as nuvens negras desabam
É grande o alvoroço da população!

Quanto choro... Ah, que tristeza!
Que saudade dos tempos de outrora
Quando se podia curtir bem a aurora
E sorrir perante o delicioso arrebol
Entre beijos e abraços daquela hora!

Quanto choro... Ah, que tristeza!
No tempo que envelheceu as pessoas
Há a nostalgia de ver estrelas à toa
E a noite coberta com o suor do prazer,
Das madrugadas via-se o dia amanhecer!

Quanto choro... Ah, que tristeza!
A esperança rói o ritual do que é vida
E tudo se transforma perante a emoção,
A existência que é música e alegria destemida
Agora é tribunal de angústia e solidão!


DE  Ivan de Oliveira Melo


TURBAÇÃO

Este é o país das chanchadas e corrupções,
Tudo a nível político entre personagens vis
E o povo sofrendo agruras dentre os imbecis
Que amolam suas peixeiras para as eleições.

Investigações mostram o perfil dos larápios
Que se enturmam dentre os variados partidos,
Todavia a plebe fatigada do capital corrompido
Já não suporta tantos roubos consuetudinários.

Dos mais velhos se têm a cobiça das ladroagens,
Os planos arquitetados com uso do que é público
E um matagal imenso nos cofres dos seus púlpitos.

Reformas aparecem e tapam o olhar da população,
Tudo para desviar as mazelas cometidas e imagens
Dos que produtivamente se abastam com turbação!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

LINGUAGEM



Torço as palavras como torço as pálpebras...

Num vocábulo erudito ponho pimenta cotidiana
E o transformo no mais fútil de todos os nomes.

Num termo grosseiro posso pô-lo a evidência
E metamorfoseá-lo a ponto de torná-lo culto,
A esbanjar uma polissemia virótica e gramatical...

Toda a essência do léxico está em mãos do escritor
Que rola e rebola as palavras ao seu bel prazer,
Mexe e remexe na abastada semântica do idioma
E, assim como torce o estilo, pode torcer o tornozelo.

Não há exaustão quando o veículo é a linguagem,
Não existem aptidões de chulos e clássicos, é miragem!
É mister a observância das normas morfossintáticas
A fim de que a mensagem tenha em si o espírito crítico
E a fonética possa bailar de acordo com a diacronia!


DE  Ivan de Oliveira Melo



sábado, 19 de agosto de 2017

POETA



O poeta não finge. Apenas imagina. É um sonhador!
Em sua alma há jardins e lama, há festas e desordem...
Seu íntimo dói, há cicatrizes e feridas que são sua dor,
Há serpentes que picam a inspiração, cães que mordem.

O poeta é uma indústria de sentimentos, farmacêutico
De antídotos em que se digerem traumas e cumplicidade...
Intérprete do mundo, sacerdote do tempo, propedêutico
Que elabora teorias para a consumação da supra realidade.

Maestro da lírica e arquiteto sublime de uma hermenêutica
Em cujas palavras depõe o senso crítico de uma terapêutica
Que é fórmula quadrática e cúbica para desenhar felicidade...

Príncipe do coração, injeta esperança e é deveras fecundo,
A poesia é seu laboratório de observação, aí sente o mundo
E o autentica descritivamente, pois é razão, lei e autoridade!



DE  Ivan de Oliveira Melo

TEMPESTAD



Este mundo subordinado está escaso y frío,
Las personas enterraron los buenos costumbres...
Ahora viven pálidos y desganados como lumbres
A tejieren lo orgullo y lo egoísmo del ser bravío...

El planeta llora la ausencia de la fidelidad pleno,
La hipocresía es la vianda del pueblo muy flaco...
Todos duermen sobre el plumazo del payaso,
Sin embargo son llevados por postizos vientos...

La brisa que mima el tiempo no tiene el amor,
Únicamente es una tempestad fuerte de dolor
Y en la arena el agua de los ojos están sucios...

La vida es ágape y los tesoros son solo piedras...
En los sueños ha el miedo de qué haya saetas
Que lesionen los corazónes aún duros y puros!


DE  Ivan de Oliveira Melo

   

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

CONSENSUAL



Eu me extasio com o que sou: homem!

Há um certo deslumbramento em assenhorar-se assim,
Pois percebo sombras em meus sonhos existenciais...

Não sou cego. Minha vista alcança devaneios secretos
Meio desprezados perante a nobreza que há em mim
E muitas vezes minhas palavras são hieróglifos: não as entendo!

Eu amo o animal que sou: desprezado, às vezes; emotivo, sempre.
Contemplo-me até diante dos ossos: não consigo, nunca, roê-los!
É possível que eu me desfolhe embora não conviva com o outono.
Isso é nobre; ao mesmo tempo, torpe! Lentamente busco entender.

Nada depressa faço juízo. A liberdade é arcaica; a prisão, indolente!
Sabiamente devo carregar-me dos frutos da árvore que sou: doce...
O salgado e o insosso estão mergulhados num esquecimento volátil.
Timidez e apatia levam-me aos desordeiros tecidos da imaginação.
Na verdade, sou milagre duma existência repleta de folhas... secas!


DE  Ivan de Oliveira Melo


domingo, 13 de agosto de 2017

MISTÉRIOS



O homem é uma parábola.
Ele se desenvolve em meio
A uma analogia meio indireta,
Contudo seu caminho no mundo
Deveria ser sempre em linha reta.

Se o fim justifica os meios,
Parece que o homem é de permeio,
Pois no mundo material é finito
Enquanto infinita é a existência.

Se o homem existe porque pensa,
O que dizer da vida regada pelo instinto?
Entre a racionalidade e o irracional
Há uma gangorra que causa desavença,
Porquanto há alegorias do infinitesimal
Que tornam os não pensantes inteligentes.

O homem não é alfa nem ômega,
Ele é delta calculado por gama e Pi
E tem estágios numéricos indiferentes
Que circundam a essência do analfabeto
Fazendo de todas as mentes algo esperto
Em que alma é o júbilo do viver onisciente.

Apele-se à Criação para resolver o enigma:
De uma simples costela de barro houve sopro,
Então permitamos que os ventos soprem aleluia
E retiremos do conhecimento baldes de cuia
Visto que estamos sempre a renascer de novo.

Sim, o homem é uma parábola e, de acordo
Com todos os conceitos físicos e químicos,
Um dia tornar-se-á matéria inorgânica...
Isto não contém qualquer novidade. Motivo?
É que inorgânicas são as atitudes humanas
Perante os mistérios do divino em relação
Ao barro. O homem é apenas átomo, nada mais!


DE  Ivan de Oliveira Melo


sábado, 12 de agosto de 2017

SURREAL




Pequenas coisas imaginadas... um sonho a mais
A convocar a realidade para o devaneio sublime,
Aquele mesmo arquitetado na consciência, vitrine
Dos altos e baixos pensamentos que a vigília desfaz.

Grandes objetivos que são festa, a tertúlia do irreal
Mascarando venturosos raciocínios ainda imberbes,
Contudo no astral íntimo são os ideais mais vedetes
Que assanham a mente fertilizando raízes do surreal.

A fantasia baila como sendo a alegoria mais concreta
Eivando a vontade de uma realização assaz perpétua
A fim de que a felicidade não seja cria, mas genitora

Dos arroubos com que o amor desenha tantos adereços
E que a dor sucumbe em seus funis, funestos endereços
Onde a mensagem é o despertar feliz, dentro da lavoura!


DE  Ivan de Oliveira Melo




INSTINTO METAFÍSICO



Banha o rio a relva tímida e macia
Solenemente onde pasta o gado...
Aqui e acolá um e outro boi tarado
Desbrava-se do íntimo em sua agonia.

Ao longo dos campos mil tão verde
Há também homens sós, com fome,
E diante de mulheres lis, sem nome,
Bebem corpos febris, saciando a sede.

Na solidão sensual vaza o fogo, instinto,
Locupletando de prazer a essência física...
Assim contribuem na multiplicação crítica
Dum mundo antes vazio, agora rio tinto!

Histórias que vão muito além da cama
Entre seres azucrinados por raios gama!



DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

EVOCAÇÃO



Evoco aquela estrela que é guia
Dos que caminham estradas afora
E, mesmo que do sol venha a aurora,
Deixo atrás com a noite, a melancolia.

Evoco em pleno dia o brilho da lua,
Pois na madrugada a inspiração canta
E, se o verbo é um jardim sem planta,
Entrego à sensibilidade, a palavra nua.

Desnudo dos concertos e em terapia,
Dispo-me também do licor da covardia
E me envolvo sob as pétalas do coração...

Desvairado, o tempo é constrangimento
Para dias e noites que correm, meio lento
Ao comporem da poesia, amor e sedução!



DE  Ivan de Oliveira Melo

MEUS CENTAVOS



Eu ganho meus centavos
E as eles dou-lhes valor,
Não importa serem moedas,
De qualquer maneira é “grana...”
Eu tenho meus “grilos”
E eles umedecem meu coração.
Destoo, pareço assim meio vulgar,
Rondo o quotidiano, busco um lugar
Onde eu possa viajar dentre alegorias
Que produzo em minha fábrica
De inspiração. São lindas fantasias!

Efetivamente tudo eu ganho.
Meus centavos valem muito,
Pois com eles nutro minha alma
Com um doce alimento: esperança!
Não tenho receio de me ver perdido,
Na verdade é necessário que me perca
A fim de que possa encontrar-me
Diante de minha consciência...
Nem toco na inconsciência, é nula
E vive a confabular com os sonhos
Que insistem diariamente em ser reais...

Ora, a realidade é uma chama em mim
E ninguém toma ou apaga, porquanto
São os meus inesquecíveis centavos.
Posso ratificar então que tudo tenho.
Quem sabe valorizar seus centavos,
Certamente de tudo entende
Visto que esses irrisórios valores
Parta uns são a epopeia de quem
Sabe exatamente o que quer da vida.

Não me aparto dos meus centavos.
Da parte inteira tenho apenas notícias
De que a inflação a corrói dia após dia,
Logo meus centavos são meu espelho,
Minha alça de mira, sempre são top...
Enquanto a maioria os menospreza,
Eles limpam meus sapatos,
Engraxam minhas botas,
Dão brilho ao meu atelier...
E meu atelier nada mais é
Do que a mão estendida perante o povo:
Dê-me uma moedinha pelo amor de Deus!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

TÊXTEIS

Meu corpo é tecido, logo, tem fiapos...

Vivo a catar retalhos diante de mim
E, como sou histológico, sou científico,

Possuo inúmeras camadas têxteis, será?
Só que essa textura é orgânica, bem viva,
Mas inorgânica debaixo de sete palmos...

Através dos poros da pele absorvo energia,
Pela derme e epiderme sinto frio e calor,
Suo, ou simplesmente deveras me arrepio,
Ou sinto mil estranhas sensações ignóbeis...

Meu corpo é tecido: seda, algodão, não sei.
Talvez cambraia ou chita... quiçá até jeans!
Devo engomar-me, pregar meus botões...
Ao redor de mim há o que chamam vida
E meus órgãos todos estão dentre os tecidos!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

RETICÊNCIA

Talvez eu seja uma reticência...

Sim, há coisas que deixo no ar,
Há palavras que caem no mar...

Pensamentos fogem de mim
E se escondem entre as nuvens
Dum céu plúmbeo e argênteo.

Sonhos ebúrneos me sacolejam
Diante dum tempo invernoso,
Onde o sono já não é mais gozo,
Tampouco fantasias de algodão...

É possível que seja eu reticência
De minha paixão insana e febril...
Há segredos trancafiados no sal
Dos meus raciocínios e vizinhos
Do açúcar que adoça a primavera!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

DIMENSÕES RACIONAIS

Trato a consciência com devida decência
De ser inato perante a ovulação mental,
Vejo o inconsciente como réprobo letal
Capaz de decretar vacante a experiência.

Tiro do raciocínio os extremos da existência
A fim de que no miolo das ideias haja verdade,
Pois no confronto com a hipocrisia, a infidelidade
É o monstro que derriba arroubos e tendências...

Compreendo que a insensibilidade é frenética
E que a sensualidade é o perfume da dialética
Donde se extrai a fragrância do instinto animal.

Aceito compartir estratagemas que tracem ideais
Visto que todas as enciclopédias são exponenciais
E delatam e dilatam frações no contexto emocional!



DE  Ivan de Oliveira Melo

SINTOMAS

Quando se adentra à terceira idade,
O sono não é versátil, sonhos jazem,
O raciocínio remói na cama suculenta
E, no quarto escuro, trevas são festas...

Os olhos contemplam o vazio, sem rumo...
Na memória incandescente, fatos são trapos
Que se perderam no tempo fosco... Bobagem!
A vida se completa no ápice hediondo da cripta.

Ruídos exteriores se manifestam... É a guerra!
Luta infindável contra os ouvidos senis... Aorta
Se dilata a fim de que o vexame tétrico se cale.

Alerta! Suspiros esvoaçantes atingem o clímax
E no silêncio de uma cova salpicada de flores
Há tremores que fazem renascer a esperança!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

ADICCIÓN

Yo como todos los días.
Eso es una necesidad..

Yo duermo todos los días.
Eso es un hábito.

Yo escribo todos los días.
Eso es un costumbre.

Yo asisto a la tv todos los días.
Eso es un pasatiempo.

Yo siempre charlo con mis amigos.
Eso es vivir en comunidad.

Yo hago muchas cosas todos los días.
Eso es supervivencia.

Yo pienso en usted a cada instante.
Eso es un vicio. Eso es amor!



DE  Ivan de Oliveira Melo

PACIÊNCIA

Efebo não sou eu, sou outro
E como não sou, não sou ouro.
A vida me torna virgem, donzelo
E, como estou imaculado, atrelo e
Diante desta imagem sou louro!

Mancebo que vive entre enseadas
A perambular pelas areias... Estouro
As bolhas que se ficam no solo, azadas.

Não me aflige o ar da terra úmida,
Somente banho a consciência esculpida
Pelo sal que arrolo ante a pele meio tímida

Sem compreender porque visto a túnica
Do anjo casto que não está ainda no prelo,
Mas que sonha e vive... Ser homem: espero!



DE  Ivan de Oliveira Melo