domingo, 27 de janeiro de 2013

Comunhão



Hei  de  amar  esta  noite
O  silêncio  que  verte  lágrimas  alhures,
O  vento  que  sopra  desde  as  altitudes
E  deixa  recados  no  sinistro  dos  açoites.

Hei  de  amar  a  madrugada,
Permitir  meu  pranto  escorrer  pela  face  triste,
Soluçar  diante  da  maldade  que  insiste
Em  afugentar  de  mim  o  brilho  da  alvorada.

Hei  de  gritar  contra  as  tragédias  do  mundo,
Em  meu  choro  chorar  o  que    de  mais  fundo
E  ceder  meu  íntimo  como  um  ombro  amigo...

Hei  de  sentir  por  pura  telepatia  a  dor  alheia,
Oferecer  pelo  sangue  que  corre  atônito em  minhas  veias
A  comunhão  fraterna  do  amor  que  chora  junto  comigo!

Homicídios Culposos?


“Meu coração está flagelado perante a tragédia ocorrida em Santa Maria, RS. Minha sensibilidade poética não suportou deixar passar em branco tamanha atrocidade... Consternado pelos que perderam suas vidas e pelo desespero dos familiares, levo meu protesto e minha indignação em forma de poesia. Peço perdão desde já a todos que julgarem este meu protesto como um acinte à memória dos falecidos e ao sofrimento dos respectivos familiares.”

A pena treme entre meus dedos,
Meu coração soluça... envergonhado!
Jovens que perecem enclausurados
Pela asfixia que maltrata até vencê-los!

Tragédia... catástrofe... cenas de horror,
Pânico no cerrado recinto da boate,
Chamas dissipam vidas, corpos ardem
Sob o fogo inclemente que traz terror!

Irresponsabilidade condena os culpados...
Soltar fogos de artifício em ambiente fechado
É tentativa de homicídio sem dolo aparente...

A incoerência gerou dezenas de defuntos
Auxiliada pela ação dos seguranças imundos
Que trancafiaram saídas diante do flagelo das gentes!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Saudoso Sentimentalismo



Depravo  a  consciência  maldita
Que  alicia  o  despertar  da  aurora,
Na  sedutora  paisagem  de  outrora
O  sonho  declarava  paixão  à  vida.

Incinero  carbonos  falsos  de  ficção
Que  assediam  no  ocaso  o  anoitecer,
No  silêncio  das  esteiras  do  prazer
Devaneios  proclamavam  amor  ao  coração.

Mensagens  puras  faziam  corte  ao  arrebol
Num  cerrado  onde  brilhava  a  luz  do  sol
Sem  os  poluentes  predadores  da  natureza...

Dia  e  noite  se  beijavam  sob  o  banho  da  lua
Num  frescura  atmosférica  que  não  se  perpetua
E  apenas  rastros  sobram  da  incomensurável  beleza!

Atmosfera Ambiental



Pelas  zonas  abissais  do  planeta
Observo  que  a  areia  é  soprada  pelos  ventos,
Pelo  retrovisor  vejo  flutuarem  sentimentos
Que  sugam  energia  pelas  tetas  dos  cometas.

Astros  ressabiados  não  alimentam  emoções  fortuitas
Que  despencam  sobre  a  terra  abrindo  bueiros,
Fumaça  amorfa  cobre  as  crateras  por  inteiro
Deixando  insalubre  o  crepitar  das  sensações  gratuitas.

Imensos  vales  aprisionam  os  alicerces  da  hipocrisia
E  o  espaço  celeste  liberta-se  das  inflamáveis  alegorias
Que  o  ciclo  vicioso  fomentava  sobre  o  bem...

Nas  estrelas  o  brilho  torna-se  salutar  e  cristalino,
Fontes  de  águas  abundantes  saciam  o  orvalho  matutino
E  no  solo  a  chuva  aduba  a  riqueza  que  a  natureza  tem! 

Sensações Centrífugas



Meu  senso  intercepta  pontos  térmicos
E  insaturados  da  aerodinâmica  do  amor,
Nas  linhas  saturadas  energias  provocam  dor
Liberadas  pelos  fluidos  de  átomos  periféricos.

No  espaço  sazonal  em  que  a  consciência  adormece
Chuvas  ácidas  produzem  efeitos  que  libertam  carinhos,
Na  físico-química  do  organismo    sentimentos  daninhos
Que  são  diluídos  pela  ternura  que  evita  o  estresse.

A  inconsciência  vagueia  numa  região  de  viço  permanente
E  traz  à  bombordo  do  pensamento  a  excitação  da  mente
Que  aspira  o  aroma  onírico  de  sedutoras  flores  interiores...

Volúpias  delinquentes  tentam  assaltar  as  veredas  do  coração
Que  bate  descompassado  sufocando  o  hímen  da  emoção
  flagelada  pelo  contraponto  centrífugo  dos  amores!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Implacável Destino



Uma  dia  a  máscara  cai
E  tua  face  será  a  sanha
Que  sofrerá  a  atribulação  medonha,
De  tua  vergonha  que  envergonhada  se  esvai...

O  pão  de  cada  dia  é  alimento  sagrado
Que  se  põe  à  custa  de  faina  e  suor,
Se  dia  houver  falta  estarás 
Cumprindo  o  Talião  do  teu   pecado.

Caso  tua  mão  esteja  nalgum  logro
A  ti  será  cobrado  o  produto  em  dobro,
Pois  a  justiça  divina  tarda,  mas  não  falha...

O  Sangue  inocente  ensina-nos  igualdade,
Ai  daquele  que  pinta  o  chão  de  desigualdade,
Porque  no  destino  implacável  teu  futuro  se  encalha!