domingo, 28 de abril de 2019

PINGOS LÚDICOS





Eu e minha pena nos entendemos.
Às vezes nossas lágrimas são oceano
E caem como juras de amor – Eu te amo –
Dizemos, assim, sem mais nem menos.

Trunca a inspiração, a pena faz rabiscos,
É então que choro que choro perante um mar
Em que no vagido das ondas tento me afogar,
Porém a pena me descreve em hieroglifos.

Em meu orvalho lacrimal há doce tempero
Que é a nostalgia que me inunda do aguaceiro
Derramado sobre as palavras do meu senso...

E minha pena abre um sorriso – quão idiota és -,
Sabes que no que escreves te cubro de cafunés
E teu lirismo, para mim, é um Pacífico imenso!


DE  Ivan de Oliveira Melo


sábado, 27 de abril de 2019

ESMALTE DO TEMPO






Momentos há que não sei quem sou...
Gretado qual terra seca, sou paspalho
A contracenar com os meus grisalhos
Diante dum memorial que fala do amor.

Híbridos instantes trazem perucas de vida
Que me exibem fachos de sutis anedotas,
Consuetudinária hipocrisia em que se notam
Do apêndice das lorotas, o devaneio suicida.

Meu tempo é incolor; as horas, acácias!
Estou moribundo perante máfia e audácias
Que descrevem da existência, fome e óbolo...

Sede do existir! Eis o sonho que contemplo,
Porém respirar tornou-se utopia e passatempo
Que cerceiam da consciência, o que for glóbulo!


DE Ivan de Oliveira Melo


sexta-feira, 26 de abril de 2019

ARGUMENT


My mouth is very sick... Tired!
I don’t get to say what is love,
Because the feelings are above
Of the heads… There is no mind!
The world is adversative… Oblong!
The good seems expensive, rare!
Nonsense is to stay in everywhere
And to build any ladder… So long!
My hands are calloused… Wounds!
My feet walk lost… I can see around
The persons: selfishness and proud!
My mouth wants to speak about love,
However my tongue is locked, alone…
Nobody knows where is the ground!
BY Ivan de Oliveira Melo

sábado, 20 de abril de 2019

DESCONEXOS



Os astros parecem hereges,
Na Terra não há semântica,
Lado a lado, lobos e tietes
A colher tudo o que se planta.

Eu poderia escrever hieróglifos
E meu espírito viver entre neófitos
Que se banham junto às vedetes!

Mas... Percebo-me um surdo-mudo
E diante de mim há só esqueletos
Que valsam sobre todos os medos
E perante a vida... Bem, eu copulo!

São minhas lágrimas um suor
Que lava minh’alma em dó maior,
Então ando que ando... Desnudo!



DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 9 de abril de 2019

Maria, Mulher


( Letra de Música )

Havia bebido uns pileques
E com meu jeito meio moleque
Saí cambaleante pelo calçadão da orla.
Tropeçava e chamava pelas Marias
Da Conceição, dos Milagres, da Anunciação,
Mas nenhuma delas conhecia meu coração
E eu chorava um pranto anestesiado de nostalgia.
As Marias pareciam entender minha emoção:
Dos Prazeres, do Carmo de Nazaré...
Maria, nome inconfundível da mulher, mulher,
Símbolo mágico que atiça minha devoção.
Maria das Dores que o mundo venera,
Rainha-mãe de quem o povo tanto espera
O vinho da festa e um pedaço de pão...
Maria, mesmo ébrio não olvido teu nome.
Sê mãe protetora de todos os homens
E o mel que adocica cada coração!

DE  Ivan de Oliveira Melo