sexta-feira, 12 de agosto de 2016

ENCRUZILHADA

Pequei, meus amores! E não hei de estar arrependido!
Minha fadiga e meus anseios zombaram do meu silêncio
E dentro de minha inspiração fantástica produzi incêndio
Que se alastrou pela metempsicose do meu sisudo libido.

Perdoem-me, meus anjos! Donde estou o fogo se afasta
Qual pássaro audacioso que canta em ritmo de apoteose,
Sinto em minh’alma doce manjar consumido em overdose
E minha cabeça repousa sobre os degraus da mesa farta!

Adormeço perante os dízimos que pagarei do sono chiste
Enquanto melodias aladas provam de mim sagrado alpiste
Que deixarei no solo lodoso de minha consciência brumosa…

Desperto ante a multidão de pensamentos que me assanha,
Porém resvalo diante da covardia e duma hipocrisia tamanha
Que meu âmago revolve os atropelos da encruzilhada gasosa!




DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

SONETO DE INTIMIDADE

Percebo-me, sem olvidar-me acanhado
Diante da chuva que sacia minha sede,
A fome em minhas entranhas mui fede
E no perfume do meu corpo sou talhado.

Corro sem compreender-me nesse móvel
Que mesmo longe de mim tanto me desafia,
É que sou talvez a doce açucena de alegoria
E de vez em quando nada corro, fico imóvel.

Sorrio em pontos extremos um longo choro
Que descontrai minha alma dum tom louro
E me confidencia: se corro ou fico, sou errado.

Porém confinado estou na tagarelice do mundo,
Enquanto as sílabas voam, sou sempre fecundo
E às vezes me perco do senso, erro o tablado!




DE Ivan de Oliveira Melo  

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

LOS PENSAMIENTOS

Hay una inmensa montaña delante de mis ojos
Y yo me quedo a imaginar en la altura del pensar…
El pensamiento del hombre puede soñar libre
Y traer del espacio los misterios que hacen de la vida
El mayor ensueño de cualquier individuo que razone.

Hay un inmenso cielo em mi boca, pero no hay estrellas
Ni cualquier otro astro que tenga el brillo de la saliva…
Los dientes son árboles de huesos sin hojas y sin flores,
Pero la lengua es la carretera que lleva el pensar al cielo…
Seguramente es un cielo de la imaginación y de la fanatasía.

Los pensamientos pueden construir y hacer desplomar
Todas las alegorías y también edificar un nuevo mundo…
Mientras el ser humano pensar pequeño, la vida será ínfimo.
Este nuevo mundo está dentro de cada uno; basta sólo vivir!




DE Ivan de Oliveira Melo  

VALORES

Dicen que soy un antídoto…

Yo no sé… Quizá sea lenitivo
Donde se extrae el aperitivo

Que ablanda de verdad el dolor…
Dicen que soy fábrica del amor,
Pero no sé… Soy una inflación

Que lucha a lo largo del tiempo
Para establecer todo el sentimiento
Entre las personas que desean vivir
Cada minuto y elaborar el porvenir.

Otros dicen que soy sólo la palabra
Que expone el sentido de la vida,
Que la guerra es algo sin sentido
Y los hombres debían tener percibido
Que la vida sin amor es muy pobre!




DE Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 9 de agosto de 2016

SERES À DERIVA

Há espinhos em certas saudades
Que machucam o coração, varando a alma…
Às vezes a inspiração acalma
Ou faz transbordar a dor mais doída
Perante sentimentos de vanguarda
E é tão difícil outros compreenderem
Como também fácil ferir-se pela própria espada.

Nos momentos de fragilidade
Observa-se o corpo esmorecer,
Entretanto cabe à consciência
Guardar o que for dossiê
E de forma segura para não serem decifrados,
Pois os hieróglifos são mistérios
Que bem seguros n’alma
Não há quem os desvendem…
Desde que ultrapassem o tempo,
Vencem juntos, entre saudade e melancolia
Até que os fardos da vida
Dissipem todos os tormentos!

Vez por outra se perde a alegria
E até a força do amar…
Contudo em meio a tantos obstáculos
Surgem as possibilidades…
É verdade!
Os desencantos são tantos
Que esquisito é confiar…
Assim mesmo perseverar é antídoto
E esperar-se por um resgate
É o que faz reviver
E ribombar um coração tresloucado!

De amor também se morre
No silêncio das palavras,
Por isso é importante saber interpretar…
Mas se a interpretação não for real,
Certamente aumenta o penar
E a criatura fica sem navegar…
Então melhor é contrair-se,
Deixar o outrem avançar
Pelas esquinas das águas turbulentas
E despencar-se
Diante dos reveses onde habita o sono!


DUETO DE Socorro Caldas / Ivan de Oliveira Melo


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

HUMANICÍDIO

Sobre os louros de uma vitória para muitos morena,

Os amarelos asiáticos treinam terror à luz do dia
E derramam negros horrores pelos mundos brancos

Que se esvaem vermelhos dentre a carnificina hedionda.
Vida e morte são apetrechos naturais vinculadas ao tempo
E, no deserto das aspirações, as catástrofes se acumulam.

Compara-se o terrorismo moderno ao massacre de judeus
Ocorrido em câmaras de gás… Genocídio de multidões!
Assim se espalham tragédias que dizimam gente inocente
Transformando a seara da vida num campo de atrocidades.

Perdeu-se o respeito à vida… O mundo sucumbe lentamente.
Refugiados se largam pelos corredores dos mares desconhecidos
Em busca de uma terra ainda não prometida por seus deuses…
Acumulam-se os ódios. Enterram-se os amores. Bombas no ar!
No seio de uns a ordem é matar; no de outros, a lenda do mártir!



DE Ivan de Oliveira Melo



domingo, 7 de agosto de 2016

PARTILHA

Percebo-me aquinhoado perante um mundo
Que me reza sete velas diante de sete vidas…

Noto-me usurpado pela minha própria índole
Que me retém prisioneiro da minha insanidade
E me faz confessar as legendas da minha arte
Que se encontra submersa dentre rios perituros.

Sinto-me nababo e distribuo as ideias de prata

Que me tornam em pleno solo infértil, um nauta!




DE Ivan de Oliveira Melo