domingo, 23 de fevereiro de 2020

DORAVANTE


Doravante, possam meus sentidos entender a vida.
Doravante, possa minha boca expressar o belo.
Doravante, possam meus olhos enxergar o lírico.
Doravante, possam minhas mãos executar a justiça.
Doravante, possam meus pés caminhar em linha reta.
Doravante, possa minha consciência exprimir sabedoria.
Doravante, possa minha sabedoria ensinar ao mundo
Para que, doravante, possa minha alma distribuir amor!
DE Ivan de Oliveira Melo

sábado, 22 de fevereiro de 2020

ESTRELAS





Distantes, as estrelas sorriem...
Desatentas, não são jamais!
Amantes, pululam sobre o mar,
Sedimentam raízes de esplendor!

Tolos são os que não entendem
Buliçosas cintilações do além,
Coros que gritam em silêncio,
Glosas que não cobram seu brilho.

Astros que mapeiam as noites dos
Sóis escondidos nas nuvens negras...
Cadastros do tempo que alumia...

Infinitas inspirações que caem sobre
Nós, poetas, que conhecemos as elites
Psíquicas do entendimento utópico!



DE  Ivan de Oliveira Melo

NOTA: Observem as disposições das rimas
             que ocorrem no início dos versos e
             não no fim.


COMBUSTÃO




O inverno desbotou filetes de sangue meus
E o frio engelhou minha pele já tão rubra,
Petiscos de arrepios também de cor púrpura
Atearam em mim meneios de despedida: adeus!

Meio encarnado, o corpo parecia uma escultura
Trabalhada por artistas com índole de fariseus,
Os órgãos saltitavam dentro de mim tão hebreus
Que urdia em brasa como fogo fátuo de sepultura.

Minhas hemácias circundavam as veias, atônitas!
Festival plasmático consumia das cadeias iônicas
Do esqueleto, a química que pudesse conter vida...

O inverno destoou um complexo grupo sanguíneo
E trouxe à vertente da existência um aspecto ígneo
Donde as cinzas são cicatrizes da carcaça desnutrida!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

CONCOMITANTES


Se a saudade é orgulhosa,
Lentamente se aprofunda na dor
E a dor sobrevoa no tempo
Até que a solidão convalesça.
Caso a solidão seja hipócrita,
Velozmente a saudade a dissipa
Perante os ventos que sopram
Inescrupulosamente sem direção.
Quiçá saudade e solidão sejam primas
E, enquanto uma chora, a outra sorri
E vice-versa na combustão das horas
Já cansadas de revelar-lhes o destino...
Não se vê solidão na saudade latente,
Não se vê saudade na solidão apócrifa,
Pois se o destino trouxer solidão frenética
É porque a saudade é ortodoxa e inexorável.
Então saudade e solidão são as reais peças
Da amistosa anistia que o tempo concede à dor
A fim de que no clímax indelével do amor
Possam ambas conjugar-se simultaneamente.


DE Ivan de Oliveira Melo

CONCOMITANTES


Se a saudade é orgulhosa,
Lentamente se aprofunda na dor
E a dor sobrevoa no tempo
Até que a solidão convalesça.
Caso a solidão seja hipócrita,
Velozmente a saudade a dissipa
Perante os ventos que sopram
Inescrupulosamente sem direção.
Quiçá saudade e solidão sejam primas
E, enquanto uma chora, a outra sorri
E vice-versa na combustão das horas
Já cansadas de revelar-lhes o destino...
Não se vê solidão na saudade latente,
Não se vê saudade na solidão apócrifa,
Pois se o destino trouxer solidão frenética
É porque a saudade é ortodoxa e inexorável.
Então saudade e solidão são as reais peças
Da amistosa anistia que o tempo concede à dor
A fim de que no clímax indelével do amor
Possam ambas conjugar-se simultaneamente.
DE Ivan de Oliveira Melo

domingo, 9 de fevereiro de 2020

EXÍLIO




Um corpo esticado sobre o leito do mundo
Traz o desencanto da vida que parte alhures
Sem deixar rastros em que a alma mergulhe
Diante do espaço-tempo que vive moribundo.

Donde vem o silêncio que se move algures?
Talvez na inquietude se pense tão profundo
Que nas horas se fite o fim em cada segundo
E, perante o nada, o viver se consagre amiúde.

A existência se limita a cada instante na morte,
O destino é mistério que vai do sul até o norte
Em ondas concêntricas prisioneiras de um nó...

Reverbera-se o raciocínio que se firma a oeste,
Diante do leste há um mar distante do agreste
Donde a eloquência desaba por estar tão só!


DE  Ivan de Oliveira Melo
   


BATALHA

BATALHA
-Crônica-
Por Ivan de Oliveira Melo
O mundo atual vive a maior batalha de todos os tempos: a luta pela sobrevivência. Não está fácil respirar, não está fácil ir e vir, não está fácil sonhar... Em tudo o que se pensa, em tudo o que se faz, há os transtornos que são consequência das inconsequências praticadas pelo homem.
Percebem-se desequilíbrios em todos os setores da atividade humana: no social, na política, na economia, na religião, nas artes, nos esportes, nas comunicações, nas relações públicas, nos sentimentos... A desordem é geral. Grassam os mais infecundos aspectos e predominam a infidelidade, a injustiça, o orgulho, a traição, a ambição... Tudo secundado pela hipocrisia, que é a ferramenta peculiar que dissolve os embriões da hereditariedade fundamental da existência pacífica, tornando o mundo ortodoxo.
Em se revelando a sociedade chamada moderna, os espinhos desabrocham dentro dos próprios lares. Os pais já não dão aos filhos a devida assistência, porquanto a necessidade imperiosa de trabalhar para se manter o sustento, assalta a idoneidade da prole, haja vista que se veem livres e se deixam envolver pela corrupção social, entregando-se aos desmandos das influências nefastas, como as drogas e a uma sensualidade apócrifa.
Nas relações políticas, observa-se a ganância dos poderosos que tentam manter sua supremacia à custa de sanções internacionais, deixando os menos favorecidos reféns das necessidades básicas a fim de sustentarem os padrões alcançados ao longo do tempo e que os colocam co- mo superpotências. O desrespeito às convenções mundiais e à paz universal está presente nas indústrias bélicas e nos armamentos nucleares. Tudo isso se encontra atrelado aos aspectos econômicos.
As religiões distorcem os paradigmas da verdade, porque pregam o sagrado alienado ao pecuniário. O dinheiro passou a ser a “senha” para que se tenha acesso ao divino, numa tramoia em que se nota o interesse pelo enriquecimento ilícito.
Nas artes há uma ausência de sensibilidade, especialmente por parte daqueles que controlam as possibilidades de eventos onde haja a divulgação do artista, seja na literatura, seja nas artes plásticas, seja na música. Os grandes cartéis impedem que novos nomes mostrem seus talentos e valores, cobrando fábulas para os trazerem a público.
O esporte deixou de ser algo essencialmente lúdico e ganhou pilares de um profissionalismo em que a moeda é o que dita os campeões. Não se faz mais esporte por amor à causa, por dedicação e, sim, pelo que se obtenha lá na frente, quando se vê os milhões envolvidos em sua plataforma.
As comunicações deram um grande salto de desenvolvimento, contudo se trata de um progresso que acompanha os interesses do patronato. Nos jornais escritos, só se escreve o que estiver de acordo com os itens estabelecidos; na mídia televisiva, apenas se comenta e se traz a público o que se permita angariar audiência; enfim, tudo obedece a um preceito único: a fidúcia!
Nas relações públicas e nos sentimentos, os elementos constitutivos são similares. As amizades perderam a essência da naturalidade, a confiança é um atributo que se alia ao que se pode obter em troca, ou seja, tudo é produto de interesses pessoais... E o amor, onde fica? Ah, o sentimento moderno maculou sua inexorável imagem e o que se tem é tão somente uma espécie de escambo.