domingo, 22 de junho de 2014

Aridez Espacial


Há uma luz que desbota o horizonte

E o olhar do homem não é o de ontem
Porque em nuvens opacas pereceu o desejo
De beijar-se a essência metafísica de si mesmo...

Há na atmosfera um brilho multiforme,
Às vezes amorfo e até meio torpe
Que se dilui perante os quadrantes do universo...

E, assim, o tempo é caatinga no sistema solar!


sábado, 21 de junho de 2014

Sonhos Alados


Nosso pensamento é intelectualmente alado...

Quem nunca deu asas à imaginação não voa,
Vive estático entre retas, curvas e paralelas...

A reflexão humana necessita dos devaneios,
Através da fantasia tudo é possível em nós,
Inclusive flutuar no intrínseco espaço íntimo...

É mister consentir que o sonho também sonhe
E traga do desconhecido imaginário nova vida
Que possa abalar os sentidos já cauterizados
Por uma existência que sobrevive de relíquias...

Deixe-se o raciocínio percorrer outras estradas,
O velho já escreveu história na tela do tempo
E precisa de urgentemente ser peça de museu,
Matutar e desvendar descobertas, naipe onírico

Que traz o voo da consciência desde o princípio...

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Câmbio


Olho-me sempre no espelho,
Mas não me permito perder a imagem,
Sei que a língua portuguesa flutuou no Lácio
E que também perlustrou o Simbolismo gótico.

Meus pulmões trabalham a todo vapor
E não preciso dos Alpes para consertá-los,
Estou sempre atento e com zelo tanto
E racionalismo poético para mim não é espanto.

Realmente são muito belos, deveras
Os anos que marcam o despontar da existência,
A alma é perfume, a vida é excelência
E no madeiro braços abertos pedem perdão...

As coisas do cotidiano não sabemos onde as pomos,
O mar é lago sereno, a flor chora na fonte,
Se em ouvir estrelas garimpo diamantes,
No verde das paisagens exponho minha saga.

Nega Fulô é altruísta, é fonte de inspiração,
Por isso quando há pedras em meu caminho,
Não significa dizer que eu vá morrer amanhã,

As elegias que escrevo são cantos de liberdade!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Enciclopédia Poética


Escutaram de montes uivantes
Os gritos de um casmurro em solidão,
Garotos de engenho subiram a elevação
E do fogo morto das estradas solitárias
Perceberam que não podiam seguir adiante!

A chuva que caía embelezava os lírios dos campos
E nos urupês da existência os minutos condenados
Eram os massapês das taipas sem portas
Que abandonaram ao relento as cidades mortas
Onde nas noites só havia o luzeiro dos pirilampos.

Na antítese do viver evidenciam-se os sertões
Que ardem sentimentos causando angústias
Com a poeira que enche a atmosfera de vidas secas
E transformam na arena úmida dos corações
A sensibilidade que a face dos notívagos enfeitam.

É hora de as estrelas brilharem no cume do firmamento
Salpicando faíscas nas maçãs que viçam no escuro,
Algumas são teimosas, armam-se de inexpugnáveis escudos
Para combater a ousadia frenética das legiões estrangeiras
Em cujos laços de família as maçãs são verdes, mas faceiras.

O mar se agiganta perante a estátua de Iracema
E os guaranis cantam seus ritos com afã,
Senhora das noites, a lua clareia Canaã
Tornando amar um verbo intransitivo pleno de proteínas
Que alimentam a sedenta verve do herói Macunaíma.

Os capitães povoam a ribalta na areia das enseadas
Enquanto as madrugadas se escondem nas terras do sem fim,
As tietas do agreste colhem flores em canteiros de jasmins
Em que os cravos e canelas adornam a face de Gabriela
Que lava seus pecados no riacho doce das bem amadas...

Crimes e castigos são impostos aos líderes das turbas
Que violentam as milícias onde sargentos bebem cubas
E perturbam o silêncio no recinto dos seminaristas...
Exultam-se os corpos que têm o talento dos bíceps

E em leituras guardam-se expressões do pequeno príncipe!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Lição de Vida


Nem tudo o que reluz é ouro,
Nem tudo o que fede é meleca,
O melhor é comer da bisteca
Do que se preocupar com o outro.

Quem não olha em si é idiota,
Tolo hipócrita de inveja cheio,
Não vive, vegeta num meio
E consigo ninguém se importa.

Cuide de si, lute para ser alguém,
Esqueça o que o próximo tem,
Pois, débito ou crédito, não é seu...

Na vida, urge o talento individual,
Cresce o que burila o seu pessoal

E dos bens alheios se esqueceu! 

Concerto das Vassouras


Não quero que cantes diante das tundras,
Lá não tem eco, há balaústres e horrores
Que excitam a malevolência de obsessores
E a melodia fica oca, sem notas jucundas.

Quero tua voz como meu único alforje
Para escutá-la perante os ímpios, a impiedade...
Quero trucidar o incesto fúnebre da mocidade
Para ter a certeza de que de mim tu não foges.

Desejo açodar-me no turbilhão das sendas
A fim de que possa evitar que tu ofendas
As cicatrizes dum tempo que dorme em lantejoulas...

Espero que os ventos,  persuadidos, vomitem brisas
E derramem sobre as cacholas o ar que minimiza

As ilusões varridas pela piaçava das vassouras!

domingo, 15 de junho de 2014

Sim, Amores...


Vinde amores, mostrai vossos pecados,
Escrevei na areia vossos filmes de vida
Para que minhas reflexões sejam destemidas
E sobre as pedras do caminho haja roçados...

Ide amores, sepultai todas vossas ofensas
Que o mundo plantou em vossos corações,
Permiti que me ajoelhe e vele em orações
Para o bem vencer o mal borrifando diferenças...

Vede amores, como a maldade sucumbe à justiça,
Deixai vossos exemplos dissipar as coisas postiças
A fim de que, enfim, o amor dê luz às estrelas...

Contemplai amores, a chuva deleta cicatrizes,
Assim, sem devaneios, busquemos dias felizes
E, se as estrelas sorrirem, tentemos compreendê-las!