terça-feira, 25 de junho de 2019

TREVAS




A noite dorme insone;
Bocejos da madrugada.
A lua ressona acordada
Pelo deserto sem nome.

Estrelas escondem a luz;
No universo, a escuridão
Retrata o silêncio em vão,
Pois os ecos que são azuis

Vomitam o sol quadrado...
A atmosfera fica de lado
E os ventos sopram urtiga.

Coça-se, na bexiga, o éter;
E a urina desce pelo ureter
Invadindo a Terra inimiga!



DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 23 de junho de 2019

LORCA





Granada, tierra de genio,
Hombre que ganó el incensario
De una vida en la que fue partidario
Del ingenioso poético esenio
Que le ha traído fuertes adversarios
A lo largo de una jornada llena de precipicios.

Su obra testifica el talento único
Que recorrió pedregosas carreteras,
Pero que hoy son las banderas
De una mente que vislumbró el pudico
De la poesía que guarda en sí largas esferas.

Pontaba la poesía y el teatro con la gallardía
Del artista que supo trasceder
Todos los espacios de un arte fino
Con rehenes políticos comunistas
Que le trajo la muerte por fusilamiento
De una guerra fría y facista
De una España de los Francos...

La astucia de un hombre
Com refinamientos de una belleza natural,
Pero que sufrió en la piel
El angioma de ser homosexual.


DE  Ivan de Oliveira Melo       

  

     

CONEXÕES





Na ausência de conexão
Fica o suplício da saudade.
O tempo é iconoclasta;
A mente, o espelho
Das recordações
Que o tempo levou...

Quando há sonho de liberdade,
Há também o brilho eterno
De uma mente sem lembranças.

Sabe-se que a felicidade
Não se compra,
Porém diante do silêncio dos inocentes
Há um mundo de aventuras
E, se o coração é selvagem,
Pode-se curtir a vida adoidado.

Na verdade,
O Sol é para todos...
Mesmo nesse tempo de violência,
Há o crepúsculo dos deuses
E, no feitiço do tempo,
Somos feitos um para o outro.

A solidão igualmente é iconoclasta
E, na saudade das horas pretéritas,
Existem os homens e uma sentença
Que é a infinita
Guerra nas estrelas
E uma possibilidade
De volta para o futuro
Cinzento,
E que promete
Ser a conexão para dias felizes!


DE  Ivan de Oliveira Melo

POEMA INSPIRADO EM TÍTULOS DE FILMES FAMOSOS



quarta-feira, 12 de junho de 2019

PALOR ERÓRICO



Perante o néctar do teu simbiótico perfume
Há uma estrela no arranha-céu de tua boca
Que cintila faíscas sobre tua voz ainda rouca
Clamando do orvalho, teu beijo tão impune...

Sobre as labaredas do desejo há luz e feitiço
Que assanha do libido, teu cio banhado de mel
Que adocica a volúpia aromatizada, sempre fiel
Sob a égide dum amor ortodoxo, deveras político!

Amar faz do paladar essência, ciência e luxúria
Que transbordam sobre o cume de tua lascívia
A doce libidinagem duma opala onde se recria
O fenômeno excêntrico da satisfação mais pura.

Excitação erótica em que brilham do que é amor
Sensações exóticas de tua atmosfera multicor!


DE  Ivan de Oliveira Melo


domingo, 2 de junho de 2019

CONCEITOS




Sonhos e realidade,
Tabernáculos do cotidiano,
Presenteiam dia e noite
As mentes obcecadas pela arte.

Retrato pranteado por dilúvios
De lágrimas que umedecem
A eternidade.
Torvelinhos aéreos
Desabam sobre a lógica.

A razão é incolor
E os ruídos da vida
São as águas correntes.

Tristeza infinita
E uma melancolia ortodoxa
Sob a face do indizível.



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 25 de maio de 2019

RESGATE



Em minha mente poética e febril,
Eu habito solenemente o Himalaia...
Sou ermitão e vejo na saramandaia
Os feitiços dum íntimo em desvario.

Em meus devaneios sou um Everest
Que, embora caduco, nunca foi fobia
Para os que buscam a própria alforria
Da libertação que é sina e estremece.

Minha inconsciência é um Mar Morto
Coberta de sal e sem o devido conforto
Para que no sonho eu seja um Gibraltar...

Posso até navegar em águas da Mancha,
Contudo em minhas ideias há uma lancha
Que me resgatará quiçá vivo sem infectar!


DE  Ivan de Oliveira Melo


domingo, 5 de maio de 2019

ORTODOXIA



Lindas folhagens adornam uma paisagem lírica
E o vento cicia diante dum sol que tudo alumia,
Frondosas árvores balouçam diante da pradaria
Velhos galhos no verão da madrugada empírica.

No solo, a relva verde é almofada dos pirilampos
Que roem das horas, os segundos do tempo senil,
Nos céus, as revoadas anunciam o esperado perfil
Das nuvens que derramarão a água pelos campos.

Do calor do dia ao frio da noite há um sisudo palor
Da atmosfera que esconde segredos do eu interior
De quem seus versos descreve a inspiração poética...

Dos oceanos e mares, percebem-se as longas vagas
Que se atiram sobre litorais pedregosos e maltratam
A beleza donde se expõe da areia, a energia cinética!



DE  Ivan de Oliveira Melo