quarta-feira, 26 de agosto de 2020

INGRATIDÃO






Sob o sol que exulta
O calor silencia a atmosfera
E o frio é o pândego que escuta
O frivolar dos corpos na metafísica etérea.

Sob a chuva que se transmuta
Está o frio que se escapela
E o calor é a ave do fogo que insulta
Os diâmetros quânticos da primavera.

Sobre a homogeneidade há o heterogêneo
Que se alastra pelo tempo ingênuo
A trazer vicissitudes que são pastos…

Diante das eras febris o mundo tempera
As circunstâncias das horas e espera
A metamorfose dos que são ingratos!



DE Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 18 de agosto de 2020

DOSSIÊ ABUSIVO





Há um oceano de ingratidões que pairam na atmosfera,
Soluços íngremes tapeiam todas as retas dos sonâmbulos
E eu, amordaçado dentre as nuvens, enumero os ângulos
Por onde paralelas e perpendiculares darão cor à favela.

Há um batalhão de perguntas sem respostas pelo espaço,
Sinistras gargalhadas sorvem o néctar nuclear das horas
E eu sublevo-me perante as “n” estrelas que se enamoram
Pelo diocesano firmamento encarcerado pelo marca-passo.

Há inúmeras vitrines que fazem desfilar a moda sem átrio,
Os vulcões cósmicos lançam lavas de teor quase arbitrário
Sobre as encenações que a metafísica sempre se desfigura...

Há caramanchões líricos diante das trovas que se recitam;
Do mar, veem-se dilapidadas as ondas que estão parasitas
E, na areia, os ventos sopram poeira sobre a vida de usura!


DE  Ivan de Oliveira Melo


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

É PROIBIDO SONHAR?

Sempre tive o sonho de conhecer dois países:

Japão e Rússia!


Como eu gostaria de conhecer o Japão,
Mas não tenho dinheiro...
Sou um pobretão!

Ah...Se eu pudesse conhecer a Rússia!
Todavia não tenho dinheiro,
Nem com astúcia!

Então esses sonhos serão sempre sonhos, apenas!

Na próxima vida, quem sabe?
A não ser que me apareça alguém
E diga: Venha, envio o dinheiro
E você compra a passagem.

Enquanto eu viver, sonhos terei...

EU E O MUNDO





Eu assobio. O mundo me escuta.
Eu canto. O mundo me aplaude.
Eu escrevo. O mundo me disputa.
Eu choro. O mundo se faz covarde.

Eu grito. O mundo me responde.
Eu calo. O mundo me esquece.
Eu falo. O mundo me esconde.
Eu sorrio. O mundo se aquece.

Eu ando. O mundo me conduz.
Eu corro. O mundo me introduz
Na poesia que é meu alimento...

Eu fujo. O mundo me procura.
Eu durmo. O mundo me estrutura
Num teor lírico. É o meu sentimento!


DE  Ivan de Oliveira Melo

MUITO ALÉM DA IMAGINAÇÃO






Concentro-me nas réstias de alguns países…

É indubitável a crise que se estampa e assola
Diante das populações que, com os pires às mãos,

Sofrem os vexames da fome e da sede e esmolam
Às chamadas grandes potências seus dias infelizes…
É a desventura que se instala nos seios sociais!

Maldito vírus que desencadeia o viés sanitário
E leva às catacumbas pobres criaturas indefesas,
Carentes de saúde e esnobadas pelo perdulário
Cidadão que “torra” suas economias sem finezas…

Deduzo que os grandes desejam sufocar os anais
De uma História já manchada pela insensatez dos homens!
- Salve-se quem puder – Pensamentos dos salteadores que comem
E deixam à míngua os deserdados da imantada sorte,
Contudo se esquecem do óbvio… o que os espera além da morte!


quarta-feira, 12 de agosto de 2020

GEOLOGIA DO SER





Eu sou um magma
E terra para mim é água...
Muita vez me percebi tectônico
Em minhas atitudes vulcânicas!
Não sei dizer se sou telúrico,
Contudo minha personalidade
Advém de uma sedimentação
Que absorve qualquer transformação.

Há um manto em torno de mim
Que me torna raia espectral
Já que tudo observo em relação
Ao ponto de vista terrestre...
Quando me aborreço,
Os abalos sísmicos do meu corpo
São capazes meteorizar soluções
E profundas erosões se formam...

Sou metamórfico enquanto há paz
E fragmentos do meu caráter
Tornam-se ígneos diante da extrusão,
Mesmo quando essencialmente plutônico.
As placas que me consomem
São processos que se acumulam
Em meu íntimo sob pressão,
Então ocorre uma diagênese
Formando, em mim, um novo magma!

Meus sentimentos são transportados
Pelos ventos que, como agentes externos,
Fazem de mim finíssimas partículas
As quais favorecem à consolidação
Dos meus pensamentos e das propriedades
De minha essência anatômica e pessoal...
Portanto, existo, penso, sou ser natural,
Geologicamente bifurcado e magmático!


De  Ivan de Oliveira Melo


segunda-feira, 10 de agosto de 2020

ENFERMIDADE





As palavras parecem gangrenadas
E apodrecidas nos papeis da vida.
O odor se espalha na vitrine do olhar
Que, infectado, infecciona o social.

Nos periódicos há informações febris
E, nos livros, as leituras inflamatórias
Transmitem vírus às mentes carentes,
Desinformadas sobre este teor doentio.

São as letras culpadas pelas bactérias?
Não! O culpado é quem apenas escreve  
Sob os efeitos traumáticos da hipocrisia...

Revistas, panfletos, os puros cadernos,
Tudo necessita passar pela higienização
Para que amputações sejam descartadas.


DE  Ivan de Oliveira Melo