terça-feira, 3 de novembro de 2020

PAISAGEM


 

 

Cuspir no chão,

Escarrar da alma o veneno

E tossir o sangue epiceno

Que traz uma tuberculose infecta

É preparar-se para o manjar dos corvos.

 

Vomitar no soalho de cerâmica,

Urinar do íntimo a podridão

Que putrifica nas veias a saúde

É aguardar o vexame do coma

Que levará à campa uma vida satânica.

 

Defecar num tapete persa,

Lambuzar o âmago do pus amargo

Que nauseabunda a ferida gangrenada

É o apêndice de uma enfermidade eclética

Que deixará no sepulcro uma anatomia tétrica.

 

Encher o ambiente de gases intestinais,

Abrir a boca para o hálito impuro

Que sufoca do olfato o orvalho pestilento

É amordaçar o esqueleto oblongo

Na morada última de uma sepultura perpendicular!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo   

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário.