sábado, 7 de setembro de 2019

CARACTERES



É impossível descrever com simetria
A assimetria dos astros,
Pois por caminhos opacos,
Simétrica e assimétrica é a utopia.

Parece assaz ululante a metafísica,
Porquanto com o pensamento em órbita
O destino das ideias é a sensação mórbida
De que, no tempo, a hora seja pudica.

Decerto um cosmos jamais será corrupto,
Porque diante das trajetórias em curso
Os corpos celestiais são túnicas de almocreve...

Diante do sideral, tudo e nada perecem sós
E não há quem ou o que desate todos os “nós”
Dum universo que apenas toca em nota semibreve!



DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 31 de agosto de 2019

RESERVADO



Sonho. Alma sem luz,
Imagens tenebrosas
Dum ser perdido em si mesmo.
O espelho mostra o homem
Engolido por sua essência
Diante de ventos gélidos.
O infinito despedaça-se
Perante o rubro universo
Em que a guerra suicida humanos.
E o eco do silêncio
Jaz sobre os mares
A melancolia das aflições
Para que, diante das estrelas
Que se afundam no espaço,
Observar-se a face do dia
Já deglutida pela noite...



DE  Ivan de Oliveira Melo


domingo, 11 de agosto de 2019

IMAGENS



Quero amar em silêncio,
Deixar que o olfato perceba
O aroma das flores apaixonadas.

Desejo um amor quietude,
Desvendar na ingenuidade do ardor
O incenso que perfuma a volúpia.

Anseio por um amar tranquilo,
Notar na combustão do cio apoteótico
A sensualidade tímida do prazer.

Busco um amor que seja calmaria,
Consumir das sensações afrodisíacas
O vírus que incendeia a luxúria.

Que meus sentidos sejam um eco
Onde eu consuma, inteiro, meu pudor!



DE Ivan de Oliveira Melo 

terça-feira, 30 de julho de 2019

CONVERSA ÍNTIMA






Dialogo com meu próprio eu, às vezes!
Mexo e remexo minhas dúvidas, remelexo!
Tento entender-me nas entrelinhas, meu contexto
A fim de compreender-me na íntegra, sem estupidezes!

Descasco meus “abacaxis” íntimos, controversos!
Aqui e ali desnudo minha alma, plenitude!
Deleto o pensamento que é cobarde, vicissitude
Que se camufla em meu cosmos, menos nos versos!

Faço uma faxina em minha consciência, verdadeira!
Permito que o inconsciente adormeça, sem vitrine!
Então o raciocínio ermitão pode repousar, sem vime
Debruçado sobre almofada de algodão, espreguiçadeira!

Eis o meu autêntico âmago, assaz sinceridade!
Assim consigo viver deste mundo, apenas a realidade!



DE  Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 29 de julho de 2019

NEM...


Nem tanto sente o vento
O balouçar dos galhos azougados,
Espirra força para todos os lados
E, perante as sombras, é unguento.
Nem sempre percebe a brisa
Que é néctar sobre os orvalhos,
Sopra, amiúde, verdores imaginários
Sobre os campos onde o amor se eterniza.
Nem se nota que a tempestade chora
Diante dum tempo que esquece as horas
Embalsamadas nas vitrines da atmosfera.
Nem se vê nas angústias, o idílio...
É a agonia que produz o sêmen do lírio
Que se espalha, que se sente, que se espera!
DE Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 26 de julho de 2019

CONSPIRAÇÃO




O mundo cerceia meus passos...
Tombado pelo metafísico, desfaço
Os milagres que parecem escassos
Perante as alvenarias dos espaços
Onde a fé me lateja e eu me enlaço.

O universo corrói minha infinita dor
E me faz sonhar, sentir e decompor
O átomo que faz da vida um primor
A ser seguido aonde a astúcia for
A fim de que a utopia seja de amor.

O orbe me enjaula diante da fantasia
E tudo aquilo que antes eu consumia
Era o dogma de uma esperança tardia
Que me retalhou em profunda agonia!


DE  Ivan de Oliveira Melo  

  

sábado, 6 de julho de 2019

ASPIRAÇÕES





Gostaria de gangrenar os maus exemplos
Tornando-os receitas inusitadas do inferno
Que associam dos cafajestes, o hábito incerto
A vilipendiar bons costumes e experimentos.

Gostaria de incinerar todos os preconceitos
Que torturam do livre arbítrio, as escolhas...
É imprescindível o respeito a fim de repô-las
Dentre os anseios de liberdade e seus preceitos.

Gostaria de macular da hipocrisia, os engodos
Que nocauteiam a livre reflexão do pensamento,
Metamorfoseando o bem em quilos de esterco...

Gostaria de assassinar a covardia e que todos
Pudessem acariciar a sensibilidade como intento
De Direita e Esquerda num uníssono concerto!



DE  Ivan de Oliveira Melo