domingo, 21 de junho de 2020

VIVE O AGORA!





Não me interpeles!
O juízo não me falta.
É lícito conhecer
A verdade,
Mas ilícito promover
A mentira.
Nada me indagues!
Antes concorda
Com a natureza
Que é sábia,
Tudo ela te dirá
Caso não a atormentes.
Nem me questiones!
Em pleno sol
De verão
O inverso desaba
Torrentes infinitas.
O tempo é breve,
Contudo a esperança
É ilimitada.
No passar das horas,
Chega uma tempestade
De outono
E as folhas secas
Varrerão o mundo,
Todavia só na primavera
Os olfatos estarão
Inebriados de perfume,
Porque assim é
O ambiente das flores.
Nunca me perguntes
Sobre a razão
Dos ventos!
Ele sopra tempestades,
Porém também
Sopra brisas
Em que o orvalho
É o esmalte
Da atmosfera
E o amor
O espaço sazonado
Onde reside
A felicidade.
Jamais me interrogues!
Compreende tu mesmo
O ciclo vital,
Porque a vida
É imortal
E nós somos
Compêndios do infinito!


DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 20 de junho de 2020

PRISÃO





Observo os ventos que vêm do leste
E me atrevo a voar com a imaginação
Até onde vejo o dissipar-se da solidão,
É permuta da saudade que me veste.

Vislumbro a luz que alumia minha alma
E ousadamente me desfaço da escuridão
Que me faz refém do meu próprio coração,
É a lágrima presa em desvario que deságua.

Sinto a dor que me perfura deveras o íntimo
E timidamente me percebo assaz selvagem
Diante de um mundo pleno de camuflagem,
É a consciência em atropelo intrínseco...

Enfim, sou apenas vexame da minha mente
Que, nocauteada de tédio, respira somente!


DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 17 de junho de 2020

CONSTIPAÇÃO





Meu resfriado é frenético, doidivanas...

Traz-me tosse, garganta inflamada, febre
E ainda quer que eu me sinta bastante leve

A fim de que uma coragem meio sobrenatural
Possa fazer-me dançar e pular num carnaval
Fora de época e até que a morte nos separe...

Já não é um resfriado comum, é mesmo gripe
Que me tapa a respiração, uma forte virose
Embalsamada em meu corpo e que me descose
Os órgãos em torvelinhos até que eu me dissipe.

Esta influenza massacra e me deixa pelo avesso,
Os pulmões recebem como hóspede o catarro
Que me atacam os brônquios e o viver escasso...
Bronquite e pneumonia me assediam o endereço,
Contudo meu organismo reage e eu tudo amasso!


DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 14 de junho de 2020

MITOLOGIA MODERNA




Veneram-se imagens nos pedestais da Terra...

A mitologia não feneceu, segue viva, in natura
Perante as potestades humanas da modernidade.

Deuses e deusas de pedra são adorados por reféns
Que guardam em seus âmagos o platonismo da fé
E a eles se debruçam e entregam suas vidas finitas.

Tais seres são silenciosos em seu mutismo do nada,
Porque do tudo as consciências resgatam o equilíbrio
Psíquico de suas almas... No Olimpo contemporâneo,
As forças da natureza rechaçam o impaludismo falso.

A centelha da verdade é a fé racionalizada do infinito
Donde de obtém o respaldo carismático dos milagres
Que confeccionam da existência atributos palpáveis
E investigados a olho nu... A cegueira domina o átrio!
Divindades iconoclastas: imprudência da razão enferma!


DE  Ivan de Oliveira Melo

OPORTUNIDADES





O chá é a profunda meditação da tarde
Servido no silêncio das boas conversas...
Quentinho e com torradas, santa delícia!
Os idosos adoram bebê-lo em comunhão
No conforto das almofadas ou no jardim,
Onde possam escutar o canto dos pássaros.
As idosas amam oferecê-lo às amigas
A fim de colocar a vida dos outros em dia
Numa torrente de fofoca que não tem fim...
Com sol ou chuva, o chá não se dispensa,
Pode desabar o mundo, cair fogo dos céus,
Mas lá estão eles e elas a baterem o ponto
Nos vespertinos encontros do dia a dia...
Há quem expresse serem esses instantes
O labor dos aposentados, das pensionistas
E dos viúvos de plantão...Quem sabe?
De repente tudo pode acontecer, por que não?
Descompromissados e livres, tais indivíduos
Estão sujeitos a uma nova relação de amor...
Afinal, o amor é uma faca de dois gumes:
De um lado ele; do outro, ela... “cama à vista!”


DE  Ivan de Oliveira Melo




SUFOCO





Não estou preocupado com os desníveis da subida,
Nem com os pedregulhos que se espalham na terra.
A jornada é curta, porém o solo está meio íngreme
E essa tarefa me leva a conferir a beleza da paisagem.

Pela grama rasteira sob os pés, vou escalando a altura
Sem olhar para trás... Logo me vejo um tanto exaurido
E a respiração se torna meio suspensa, meio atávica...
Busco diminuir a marcha, mas o sol ordena: segue!

Tento encontrar apoio dentre cipós finos das beiradas,
Contudo eles se partem devido à força que alavanco.
Lentamente vou consumindo o tempo que me resta,
Pois no horizonte vejo as primeiras estrelas da noite.

Não obstante, a petulância de vencer tamanho desafio
Faz-me encorajar o corpo que dança já meio trôpego,
Entretanto portador de uma vontade incomensurável
De trazer para si mesmo a satisfação de uma vitória

Que certamente se agigantará dentro do processo vital.
De repente, uma chuva atrevida se interpõe no tempo
E me devora as últimas energias que guardo no deserto
Do meu íntimo... Escorrego já sem a abundância física...

No estertor de mim, uma vontade de me entregar ao léo,
Todavia vem à minha mente a responsabilidade do estar
Lutando diante da fortuna que ao vencedor será imposta
A fim de que no cardápio da existência haja menos fome!


DE  Ivan de Oliveira Melo  



sábado, 13 de junho de 2020

INTRÍNSECO


Sou tenente aos desígnios do Criador...
Vivo rebuscando minha essência inata
Por todos os labirintos que há em mim,
De repente sinto que permaneço afim
De viver exclusivamente para o amor!
Que sonho é este que habita minh’alma?
Será que é um sentimento sem fantasia?
Ou é simplesmente um arrolar de utopia
Que me reacende diante dos obstáculos?
Indubitavelmente é arsenal que me acalma!
Meu coração pulula sem entender o tom,
Então me deixo usufruir por forte energia
Que faz de mim eletricidade e me entedia
Perante as sensações de um tal ultrassom.
Já não exalo o perfume que contrabandeia
Sentimentos exonerados do meu psíquico,
Porque romântico ou desencantado eu fico
Sem compreender a razão que me faz areia!
DE Ivan de Oliveira Melo