sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

EXTRATIVISMO


A fantasia consome o poeta

Quando há sede de inspiração...

Então o artista bebe as palavras,

Arrota sumariamente as emoções

E respira mavioso o inexpugnável.

 

As alegorias edificam uma exegese

Que são a epopeia da criatividade...

Sintomas telúricos provocam a fome

De plantar e colher o alimento da alma

Que são as sensações emanadas da ficção.

 

A poesia é o éter do imaginário

Onde o pensamento absorve o lirismo...

O sentimento carrega doses de uma energia

Que ultrapassa a atomística do que é infinito

Para celebrar com fecundidade meneios utópicos.

 

Assim, regurgita-se a obra literária

Sob os alicerces e reflexões simétricas...

No espaço artístico decodifica-se a mensagem

E exterioriza-se o plasma dentre labirintos

Que evocam de forma sublime a arte de escrever!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 26 de dezembro de 2020

CONEXÃO


 

 

Estreita é a conexão corpo-alma.

 

O corpo é matéria; a alma, intuição.

Quando a comunicação é quebrada,

 

A inconsciência rebela-se no íntimo

E os sonhos fragmentam-se num éter

Onde a ilusão é o produto consumado.

 

O corpo estremece... A fantasia reina

Enquanto o âmago fica obscurecido

Perante alegorias abstratas e adereços

Sem cor... Uma volúpia utópica adoece

 

O raciocínio já glacial pela mente insana.

A alma é o repositório da consciência sã

Que transmite ao corpo os alicerces vitais

E indispensáveis para a existência salutar.

Corpo-alma, funções cognitivas do saber!

 

 

DE Ivan de Oliveira Melo

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

HOMEM/MULHER


 

Homem, sê sincero.

Mulher, sê fiel...

Bebe do teu mel

E deixa de lero-lero.

 

Homem, sê perfeito.

Mulher, sê o amor...

Come seja lá o que for

E deixa de botar defeito.

 

Homem, sê o trabalho.

Mulher, sê o exemplo

E esquece a preguiça.

 

Homem, sê o orvalho.

Mulher, sê o templo

E te entrega e enfeitiça!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 3 de novembro de 2020

PAISAGEM


 

 

Cuspir no chão,

Escarrar da alma o veneno

E tossir o sangue epiceno

Que traz uma tuberculose infecta

É preparar-se para o manjar dos corvos.

 

Vomitar no soalho de cerâmica,

Urinar do íntimo a podridão

Que putrifica nas veias a saúde

É aguardar o vexame do coma

Que levará à campa uma vida satânica.

 

Defecar num tapete persa,

Lambuzar o âmago do pus amargo

Que nauseabunda a ferida gangrenada

É o apêndice de uma enfermidade eclética

Que deixará no sepulcro uma anatomia tétrica.

 

Encher o ambiente de gases intestinais,

Abrir a boca para o hálito impuro

Que sufoca do olfato o orvalho pestilento

É amordaçar o esqueleto oblongo

Na morada última de uma sepultura perpendicular!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo   

 

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

INFINITESIMAL


 

 

A tristeza da noite enluarada,

A balbúrdia de um dia cinzento

Que traz o amor sem sentimento

Pelas esquinas da sinuosa estrada.

 

Busque-se no silêncio o alarido

Que transforma ouro em diamante

E, se o nada for tudo, siga-se avante

Em busca do imenso tesouro perdido.

 

Quanto mais inferior permanece o solo,

Permite-se sempre navegar a tiracolo

Diante do enduro que é sem censura.

 

Transcenda-se o universo pelo sepulcro,

Perante a vida o destino parece chucro,

É que a existência é uma eterna aventura!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 1 de novembro de 2020

SENSAÇÕES

 



Meus tecidos são do puríssimo algodão…


Meus olhos contêm raios ultravioletas


Que se manifestam ao sabor de puras imagens


E se locupletam diante dos refis dourados



Que o mundo oferece como regalo da natureza.


Minha audição retém uma sonoplastia rítmica


Que açambarca qualquer ruído procedente do éter


Fictício ou da solidão imposta pela saudade…



Meu tato migra sempre que aveludo as porções


De um cotidiano frívolo e sem o caráter personalístico


Que a ciência exibe em suas experiências laboratoriais


Donde se obtém as híbridas sensações da sensibilidade.



Meu olfato é um exemplo típico que cobaia os prazeres


De uma existência oxigenada pela sensualidade apócrifa


E traz, ao reduto do absurdo, a impossibilidade de sentir


As emoções intempestivas da consciência inconsequente.



Por último, retenho do paladar os sabores das multidões…


O gosto é um invólucro que percebe, da infidelidade, o


Tempero nocivo das traições que sedimentam as raízes


Da infelicidade e trazem à criatura uma conexão alienígena!

SENSAÇÕES EÓLICAS


 

 

É verdade que um dia cutuquei o vento

E senti a sua brisa perfumada e suave

A lançar sobre mim suas asas de catarse

A fim que eu me sublimasse escrevendo.

 

Grande hipnose me dilatou a inspiração

E voei alturas além dum céu de estrelas,

Pude tocá-las e naturalmente entendê-las

Amparado pelo sopro de uma cosmovisão.

 

Intenso era o fascínio que a mim consumia!

Faustoso banquete que hibernei em alforria

Diante da imensidão galáctica a que fiz jus...

 

É verdade que o vento também me cutucou

E de mim exigiu comprometimento de amor

Para que seu assobio deixe os homens nus!

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo