quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

SIMBIOSE DO ESTAR SÓ




Viver na pobreza é bem mais salutar do que estar só.
A solidão é um precipício profundo, é um túnel sem luz.
É um reino onde o silêncio é majestade, sem súditos.
Parece uma jaula que, embora dourada, é sempre prisão.

A única esperança é a possibilidade de conversar a sós
Consigo mesmo, o que, com o passar do tempo, é tédio...
O isolamento tapa ouvidos, freme lábios, atrofia a boca
E, membros como braços e pernas, utilizam as muletas...

O pecado carrega sua penitência; o solitário, sua loucura.
É necessário de usar a palavra, dialogar com a divindade,
Porque Deus não ouve caso se fique calado, é blasfêmia!
Se houver amor e aguardente, nada se sente: é o caos!

Quiçá seja melhor enterrar-se de uma vez, virar semente!
Não há como fazer dos ouvidos assaz surdos à estupidez,
Pois, neste caso, o estúpido é o solitário que aboliu o dom...
Em casos assim, a grama do vizinho será sempre verde...

Não há nostalgia, se houvesse, a morte seria um prêmio!
Por isso, repito, a pobreza é melhor que viver em solidão.
Bastantes ricos vivem sós: para que serve sua fortuna?
Para estuprar sua consciência e decompor a fatalidade!!!


DE  Ivan de Oliveira Melo

POEMA INSPIRADO NA SABEDORIA POPULAR MEXICANA.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário.