terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Homenagem a um grande parnasiano



No  sobrado  da  rua  do  Ouvidor
Nasce  um  menino  cujo  pai  vai  à  guerra,
Como  médico  vai  defender  nossa  terra
E  leva  consigo  saudade  e  amor.

Passam-se  cinco  longos  anos
Até  que  o  médico  retorna  cheio  de medalhas,
A  vida  do  menino  agora  vai ser  de  batalha,
Pois  ser  médico  também  não  faz  parte  dos  seus  planos.

Para  satisfazer  o  desejo  do  velho  pai,
Aos  quinze  anos  começa  a  estudar  Medicina,
Mas  no  futuro  transforma  sua  sina
Porque  ser  médico  para  ele  é  demais...

Segue  para  São  Paulo  onde  vai  estudar  Direito,
Dois  anos  depois  arrepende-se  do  percurso,
Volta  ao  Rio,  torna-se  um  ESTUDANTE  SEM  CURSO,
Porém  é  nomeado  inspetor  federal  de  um  ensino  perfeito.

Institui  para  os  homens  o  serviço  militar  obrigatório,
Escreve  a  letra  do  Hino  da  Bandeira  Nacional,
É  poeta  parnasiano,  gosta  do  rigor  formal
E  é  eleito  Príncipe  dos  Poetas  como  efeito  contraditório.

Em  seu  versejar  não  se esquece  das  crianças,
Torna-se  o  patriótico  Poeta  das  Estrelas,
Dedica  a  Paes  Leme  o  épico  das  Bandeiras
Que  permanecerá  para  sempre  em  nossas  lembranças.

No  relógio  do  seu  coração  ouve-se  o  tique-taque
Em  sua  preocupação  com  o  futuro  do  país,
No  seio  da  família  pelo  Brasil  não  se  contradiz
E  este  é  um  retrato  sintético  do  inesquecível  Olavo  Bilac!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Bahia, Celeiro de Cultura


 
Roteiro  de  grandes  nomes  em  sua  vitrine
Graças  à  semeadura  do  solo  fértil  e  produtivo,
Vasta  colheita  de  gênios  que  a  literatura  imprime,
Tear  onde  a  criatividade  tem  sublimes  donativos.

Nobres  artistas  desfilam  na  fecundidade  do  talento
Obras  insignes  onde  caminharam  Castro  e  Amado,
Germina-se  no  dia  a  dia  a  expressão  do  pensamento
Que  traz  na  liberdade  a  areia  social  para  todos  os  lados.

Século  vinte  de  autêntico  e  primoroso  regionalismo,
Crianças  carentes  veem-se  donas  das  ruas  de  Salvador,
Na  coragem  de  Pedro  Bala  enfoca-se  todo  o  escapismo
E  a  tenaz  rebeldia  de  moleques  vítimas  do  desamor.

  obras  onde  se  pinta  um  painel  da  cultura
Em  que  o  homem  mergulha  ancorado  à  sua  nau,
Desbrava-se  toda  uma  trajetória  de  riqueza  e  aventura
Por  onde  suntuosamente  Jorge  consagra  o  Ciclo  do  Cacau.

Castro  cantou  a  liberdade,  Amado  fincou  raízes
Da  filosofia  africana  vivenciada  pelos  costumes  dos  escravos,
Conteúdo  religioso  camuflado  na  senzala  dos  infelizes
Que  traça  na  modernidade  de  hoje  um  vigor  acentuado.

Relíquia  que  perlustrou  a  clandestinidade  do  vermelho,
Torna-se  a  referência  de  uma  imortalidade  que  é  espelho!

Cecília



Em  sua  melancolia  não    desafetos,
Mas  o  destino  maculou  sua  introspectiva  infância
Levando  consigo  os  artesãos  que  ficaram  na  lembrança
De  uma  tristeza  feminina  produtora  de  Espectros.

Cresceu  numa  saudade  em  cujo  espelho  escondeu  sua  face
Ao  longo  de  uma  existência  marcada  pelo  luto,
Nas  águas  da  natureza  teve  o  conforto  de  um  Mar  Absoluto
E  na  espiritualidade  de  uma  revista  em  Festa  o sentido  do  seu  desenlace...

Na  magna  compreensão  de  um  mundo  que  ofusca
Descreveu  com  exaustão  uma  história  repleta  de  indecência,
Épico  romanceiro  que  mostra  as  barbáries  da  Inconfidência
Suavizadas  pelo  estilo  nobre  de  uma  melodia  em  Vaga  Música.

No  Retrato  Natural  da  vida  edificou  um  mundo  para  si
E  numa  Viagem  conquistou  o  mérito  do  prêmio  Jabuti!

Cultura Popular



Meus  olhos  são  apaixonados  pela  cultura  do  povo...

Minha  ótica  fotografou  aonde  ele  foi
E  registrou  a  dança  fantástica  do  bumba-meu-boi...

Depois  percorreu  rodas  de  samba  e  encarou  a  cigana
Bailando  fogosa  num  tablado  que  curtia  a  ciranda
Numa  noite  em  que  o  calor  reinava  endiabrado...

Coração  passional  encantou-se  com  o  ritmo  do  xaxado
E  deitou  poeira  quase  febril  da  sanfona  no  baião
Que  tocava  alegre  e  enchia  de  felicidade  o  sertão
Como  se  fosse  chuva  que  adubasse  a  plantação  no  arado...

O  cabra  da  peste  pode  ser  pobre,  mas  sua  cultura  é  rica,
Faz  parte  de  um  Brasil  forrozeiro  onde    é  arte  ser  gente...
A  viola  que  transmuta  torna  o  cantador  e  seu  repente
O  embrião  de  uma  poesia  que  é  prima  de  outros  artifícios
Que  não  cabem  aqui,  contudo  se  espalham  num  Brasil altruísta! 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Maracatu



Meu  coração  é  baque  solto,
Ritmo  africano  com  acordes  de  bambu,
Mexe-se  e  remexe-se  ao  som  do  maracatu
Que  traz  em  seu  engenho  enredo  envolto.

Cultura  negra  que  faz  bailar  os  orixás
Na  cadência  dum  batuque  quase  silencioso,
Adereços  transformam  o  simples  em  maravilhoso
Numa  simbiose  de  cores  com  temperos  naturais.

O  tom  retrata  uma  artística  orgia
Que  misturado  aos  adornos  da  fantasia
Provoca  um  êxtase  sensual  e  afrodisíaco...

Abre-se  a  emoção  com  o  ribombar  dos  tambores
E  se  excitam  a  magia  dos  inefáveis  amores
Que  dançam  no  ponto  exato  o  melodiar  metafísico!

Meu Mundo



É  possível  dentro  de  um  sonho  viver  realidades?

Sempre  fujo  do  meu  cotidiano,
Mergulho  de  cabeça  no  que  conscientemente  idealizo,

Torno  este  mundo  acessível  às  minhas  verdades
E  nele  edifico  tudo  quanto  necessito  ter...
Nada  mais  importa  ao  meu  ego  consumidor...

A  vida  em  si  é  ingrata,  deforma,  maltrata...
O  que  vejo  no  real  é  fantasia,  então  transporto  para  meu  orbe
Onde  pincelo  ao  meu  modo  simples,  sem  ser  esnobe
E  caracterizo  coisa  ou  pessoa   de  forma  inata...

É  assim  que  passo,  de  minha  existência  sou  governador...
Logo  sou  imensamente  feliz,  pois  tudo  tenho  somente  meu:
Carros,  dinheiro,  imóveis,  amores,  ilhas...  não  sou  ateu,
Porque  se  tudo  construo  dentro  de  mim,  sou  meu  próprio  Deus
E  quem  de  fora  chega  a  comigo  estar...  é  forasteiro  do  amor!