sábado, 6 de agosto de 2016

ALMAS EM DESALINHO

O corpo humano é água
E, quando se mergulha no íntimo,
Corre-se o risco de afogamento…
Pular para a vida
É não permitir naufragar-se,
Então que se navegue com a consciência
De proteger-se os sentimentos,
Pois os guardando no coração
Certamente estarão seguros
Mesmo que as vagas estejam altas
E na areia haja venenos…

Que se encontre no amor
O antídoto para todos os venenos,
Ou pelo menos uma ressonância
Em que tudo se transforma em carícias
Para que as almas ao se encontrarem
Possam saciar os mais ímpetos desejos…
Desejos que alimentam os sonhos
E dão à vida uma aparência de realidade…
Mesmo distantes são os sonhos que se aproximam
E tecem caricaturas daquilo que se almeja ser…

A presença dissipa as dúvidas,
Apaixona-se ou renega-se,
Embora renegando
O quintal íntimo necessita de limpeza…
O encantamento pode desencantar-se
E fazer ruírem sonhos,
Contudo úmidos pela água do corpo
Possam transcender-se
E completarem-se num oceano de esperanças!

Assim é o âmago que edifica
E desbarata as razões da existência!
Perpetuam-se mistérios a serem desvendados,
Ou afogam-se as fantasias
Que lubrificam as vontades
Perpetuando os medos de novas descobertas
Ainda que tais descobertas sejam nada mais
Que os velhos devaneios
Que se acham subnutridos,
Escondidos no infinito da alma
E de forma auspiciosa sedentos
De uma nova oportunidade de sobrevivência!




DUETO de Socorro Caldas / Ivan de Oliveira Melo

PARADOXAL

Deduzo que nos limites e derivadas da vida
Haja uma estrada onde os logaritmos vivam…
Por outro lado, há as análises combinatórias
Que se desfazem dos exponenciais viadutos.

As paralelas flagelam as adnominais gamas
De binômios que invadem a seara semântica
Sem traduzirem as potências de preços altos
Que relativamente rendem todos os ângulos.

Há funções quadráticas que são bem lineares
Quando são observadas as bissetrizes dum lar
Que momentaneamente esteja num quadrado.

Os radicais que rejeitam estruturas negativas
Devem batalhar contra as inequações do ente
Que busca gramaticalmente o valor das letras!



DE Ivan de Oliveira Melo


BRILHANTE INTERPRETAÇÃO DO POEMA FEITA POR

José Pires de Lima


Deduzo que, quando analisamos o comportamento da vida pelo que acrescenta ou diminui (limites para mais e menos, rumo ao infinito) e pelo que surge em função dela (derivadas)... haja uma estrada onde vivam aqueles que vivem baseados em outros (logaritmos)... (ou seja: a análise da vida e de tudo que a ela acrescenta ou diminui, ou que dela surge, nos conduz a perceber que só podemos nos entender em comparação com os nossos semelhantes.)

Por outro lado, também é possível entender o conjunto (a vida) por meio da análise dos grupamentos humanos, sem que para isso tenhamos de percorrer longos caminhos (exponenciais viadutos). A análise combinatória permite comparar conjuntos e entender as possibilidades de acontecerem outros conjuntos a partir dessa combinação.

As paralelas (crenças do homem que podem transitar pacificamente , lado a lado) mostram a insuficiência, ou a inutilidade, das divergências ou da multiplicidade conceitual, que criam a confusão dos entendimentos (semântica). Ou seja, me parece que foi dito aí que o paralelismo pacífico de opiniões é mais vantajoso do que a confusão gerada pela discordância.

A terceira estrofe (que fala das funções quadráticas) eu entendo dela o seguinte: Que há coisas muito complexas (funções quadráticas) que podem ser, na verdade, muito simples quando as analisamos dentro de circunstâncias mais reduzidas, como a singularidade de um lar.

Na quarta e última estrofe eu entendo: que os "radicais" são aquelas pessoas que estão elevadas a algum grau (potência) que poderia ser o saber e que não admitem, por princípios e por sabedoria, ser reduzidos desse grau elevado a outro negativo... Essas pessoas têm o dever de batalhar contra aqueles que interpretam tudo com um sentido estrito, reduzido e único (sentido gramatical).


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

TONS OU ALUCINAÇÕES?

Tenho de garimpar minhas insatisfações
Para transformar-me num ser melhor,
Ocorre que me vasculho em dó maior
Estruturando canções e melodias
Que só se arranjam em ré menor.

De qualquer maneira é pura poesia,
Então não importa o tom, é alegoria…
Alegorias de sonhos e fantasias
Em cujos adereços desenho meu violão
E dedilhando toco uma linda canção.

Às vezes percebo os arranjos meio gripados,
Todavia se tratados a todos encantarão,
Porque nos contrapontos introduzo sinais
Igualmente aos grandes profissionais
Que bebem do licor da sagrada inspiração.

Garimpando a inspiração, adorno o coração
Que é uma harpa no centeio da vida,
Causando êxtase às audições…
E sazonando o tempo que é inglório
Vou construindo meu insigne futuro…

De repente me desvendo dentre as estrelas
Em sintonia com o clarão do luar,
Por isso nasço e morro no mesmo lugar…
Busco também outras paragens até pousar
Sobre a metafísica de minha bebedeira!





DUETO DE Socorro Caldas / Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 2 de agosto de 2016

TEMPOS IDOS

Aniversários. Festivos ambientes. Luzes…

Bolos. Coxinhas. Guloseimas em tachos
E as crianças a correrem sadias… abraços,

Beijos e cafunés… Ah! Cresci muito rápido,
Deixei para trás os holofotes da infância e
Com tais imagens ainda vivas na lembrança!

Sonhos de menino… de moleque como era tratado
Insistem em fazer de mim o eterno palhaço
Que brincava, sorria e nunca cansava. Era de aço!
Agora estes grisalhos que emolduram meu couraçado…

Jamais desistirei dos devaneios de outrora,
São eles que dão força para viver, suportar
As agruras dos adultos que não viveram,
Que apenas passaram os anos sem sentirem
Seu presente, nem atinaram que o amanhã seria porvir
E que, para serem crianças, teriam que nascer novamente!



DE Leonardo Freire / Ivan de Oliveira Melo


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

ONTEM

Não sou assim tão tolo, Natureza…

O universo é antigo, tudo é arcaico.
Até seus habitantes parecem cafonas

E, na realidade, nada é novo por aqui.
A ferrugem corrói o solo e as pessoas,
Mesmo se restaurando o que é velho.

O que é velho continuará sendo velho,
Isso porque o olfato percebe a idade…
Nada pode iludir a experiência de vida,
No olhar e no contato tudo se mostra.

Veja, Natureza, não sou assim tão tolo…
Descobertas não existem. Tudo é ontem.
E esse ontem já foi ontem várias vezes.
As coisas apenas reformam as aparências,
O que é vida será vida do que foi ontem!



DE Ivan de Oliveira Melo

DESCRIÇÃO DE MIM...

Meu coração parece um menino,
Meu corpo é desenho de boneco,
Meu pensamento é dom esperto
E meu espírito segue franzino.

A vida é carrossel de estrelas,
O tempo é um pensar de pérolas,
Minha alma vive a catar auréolas
Nos outros, em mim só bandeiras…

Às vezes pareço um pouco biônico,
Porque coleciono os dons atômicos
De um robô que brinca como criança.

Em minha consciência sou nuclear,
Infantil desejo de pernas pro ar,
Pois brincar é brincar de esperança!



DE Leonardo Freire


SAGA SERTANEJA

Caminhando pelas estradas do sertão

Depara-se com alguma terra germinada
Que dará ao homem o alimento do amanhã…

Adiante veem-se irrigações à beira da míngua,
É que o inverno deveras fracassou
E o ser humano sem ter como molhar a língua

Olha para o céu azul e clama
Suplicando o socorro que é chama
Em sua fé cega e infinita
Que enche sua alma de esperança

Na certeza de que tudo se transformará
Diante de um solo seco que não é mar…
Só lágrimas e ele, coitado, pranteando
Em busca do líquido que vale ouro
Neste córrego que é uma triste ilusão!




DE Socorro Caldas / Ivan de Oliveira Melo