domingo, 26 de novembro de 2017

VIDA APÓCRIFA

Atreve-se o homem a imaginar o futuro das sociedades humanas...

De acordo com o conhecimento que se tem do pretérito hediondo,
Não é salutar objetivar-se um porvir de redenção, mas de angústias...

Mar de sangue, mar de miséria, estas são fotografias da existência
Que cavalga a galope rumo ao precipício das ilusões e do infortúnio.
Humanos, esculturas da razão inócua que interagem entre alamedas

Do Indecifrável e das indumentárias que cobrem o orbe de vergonha...
Em cada atitude do hoje, verifica-se o embalsamento do passado vil,
Ressuscitado perante aspirações que enojam a essência do ser divino
Que fez da criatura sua imagem e semelhança... apenas na aparência!

Num raciocínio não débil, chega-se às evidências destas elucubrações,
Posto que em cada época se vê a reiteração do que se viveu anteontem
E na caixa de ressonância mental lições são abandonadas, reféns das
Consciências que as adulteram invés de saborearem a argumentação
De um conteúdo que poderia transformar a vida num oceano de amor!


DE  Ivan de Oliveira Melo


ILUSÃO UTÓPICA

Em cada centímetro do pensamento há uma bússola...

Mergulha-se no espaço numa ânsia atônita de sobreviver
Em meio aos átomos que circulam a imensidão metafísica.

O éter é uma região incompatível aos desejos da carne...
Há sonhos que se materializam mediante esforço da vontade,
Contudo são impulsionados por uma verve que ferve no átrio

Das aspirações mais remotas... É uma insana satisfação de vida
Que permeia ponto a ponto as veredas circunvizinhas da razão
Que é calculada milimetricamente pelo sopro vital do coração
Já adestrado ao amor e ao ódio conforme configurações mentais.

Navega-se pela relatividade dum tempo onde o prazer é regalo
De um cosmos compartilhado pelos astros que rodam o universo
Que distribui, aqui e ali, as estrelas que cintilam aos olhos humanos,
Radares que apreciam a beleza das manifestações infinitesimais...
Somos, talvez, uma utopia de nós mesmos no patamar da Criação!


DE  Ivan de Oliveira Melo   


AUTÓPSIA

Tudo é efêmero num íntimo vazio...

Imensuráveis dunas são lampejos estéreis
Dum inatingível deserto amorfo e sem cor.

Tudo o que existe: um nada insensível, irreal...
Invisível aos olhos da mais profunda imaginação,
Mas usurpador do controle emocional e psíquico.

Âmago insalubre, enfermo dos circunstanciais
Devaneios que valsam sobre uma inóspita tela
Que garatuja cada sentimento como tenaz guilhotina
E sepulta a vontade mediante o extermínio da razão.

Indescritível sensação que retrata uma alma febril,
Dementada pela inconsciência de si mesma e do mundo.
Fantoche das ilusões que aprisionam o raciocínio
E liberta a mente a fim de que o indecifrável se resuma
Numa autópsia em cujo reflexo se concretiza a loucura!


DE Ivan de Oliveira Melo 


sábado, 25 de novembro de 2017

INSPIRATIONAL TIME

I write about the life step by step.
I understand the world little by little.
I see myself alone… I’m always single
And I don’t know how I can be happy.

I describe love everyday side by side
With falsehood reigning hour by hour…
I’m wet with sweat… I need a towel
To wipe away the sadness of my mind.

Happiness I draw it quietly point to point,
However it seems that slowly I’m going
Navigate in the icy waters of imagination…

Suffering closes the doors of any hope,
So I know that at the tip of the old nose
Lives the boredom… Or is this inspiration?


By Ivan de Oliveira Melo


SABOTAGEM

Tornou-se o mundo selvagem,
Virou o homem um silvícola,
Sobrevive-se a uma película
Onde a fantasia é a tatuagem.

Tornou-se mentira a verdade,
Virou sensual a falta de pudor,
Saboreia-se o lugar aonde se for
Mediante o orgulho e a vaidade.

Tornou-se belo a falta de respeito,
Virou charme a prática do egoísmo,
Se a existência segue o continuísmo,
Muito breve tudo estará desfeito...

O homem é a razão do próprio fim,
Pois sabotou do amor, tudo enfim...



DE Ivan de Oliveira Melo

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

DESPERDÍCIO

Flores do campo, sensações de cetim,
Aroma silvestre nos ares da primavera,
Pétalas levadas pelos ventos da aquarela
Que faz tinir a saudade que não tem fim.

No íntimo das horas desenha-se a fantasia
Que o sol do verão tosta na areia nebulosa,
Vultos repletos do perfume que sacia a aurora
E bebe do orvalho uma dose do mel da utopia.

Em silêncio os sussurros parecem tumultuar
E carregar as folhas que caem secas e despidas
Num solo abandonado e portador das ametistas
Que curam os disfarces da vida que vive a flutuar.

Tempo em volúpia... Nuvens que riscam o éter
E desabam perante uma atmosfera meio tímida
A apática luz que cerceia os astros da metafísica,
Atirando-os contra os rochedos isentos de cateter.

Galhos entrelaçados dentre a fuligem dum espaço
Que resume a tristeza dos lampiões meio sem brilho,
Na singularidade de uma mocidade que é estribilho,
Gestos trazem olfatos que aliviam dores e cansaço.

A extravagância é a fotografia que estampa alegorias
Que no cosmos trapaceiam milagres que se consumiam!


DE  Ivan de Oliveira Melo


quarta-feira, 15 de novembro de 2017

TRANSPARENCIA

Mis ensueños parecen fuego de la pasión.
Mi verdad es un ritual que cora el cotidiano
Y señala el tiempo en que con venia yo amo
Todos los perfumes acrobáticos de la sensación.

La vida es un templo dónde amor es la esencia
Y las horas el regalo que alhaja el tacto sensual
Que hace un cuerpo viajar en lo campo del astral
Para traer de la felicidad los síntomas, experiencia.

Todo tiene un momento cierto... Nada es alogoría...
Mientras el sentimiento manufactura el recato,
Los miasmas que intentan borrar lo que es retrato
Padecen chuzos en las cloacas de su abyecta alquimia.

Solamente las sonrisas gilipollas conservan lo lícito
Que es el amor sin exigencias y sin cobrar el diezmo!



DE Ivan de Oliveira Melo