sábado, 16 de maio de 2015

ASSIMETRIA

Diariamente a hipocrisia pare fantasias

E o homem, escravo de si mesmo,
Destroça toda a alquimia dos amuletos

E se embebe de ignorância em seus sentimentos
Contrariando a espinha dorsal dos ventos
Que sopram angústias ao se perceberem desviados...

Há uma ausência do apetite da verdade,
Adereços cotidianos entalham as consciências,
A razão mergulha afoita num mar de iniquidades
E o que parece sensato é peçonha e imprudências...

Coração é pedra, assemelha-se aos deuses gregos...
A mitologia renasce pujante no meio do povo
Que bebe do alcatrão alegorias dum viés tenebroso
Num espetáculo melancólico em que os mancebos
Dizem de suas raparigas vendavais de indecências!




Poema   de  IVAN DE OLIVEIRA  MELO






sexta-feira, 15 de maio de 2015

FILOSOFIA ÍNTIMA

Eu sou infinito
Perante a eternidade,
Finito quanto à idade,
Na carne... circunscrito!

Sou razão estatística,
Gêmeo diante de mim...
Sou lama e sou jardim,
Probabilidade metafísica!

Sou tempo atemporal,
Astro do bem e do mal,
Solo de profundas raízes...

Sou amor... sou ódio,
Sou vexame e pódio,
Ferida aberta... cicatrizes!




De  Ivan de Oliveira Melo


domingo, 3 de maio de 2015

SENSO ÍNTIMO

Meu riso me eterniza perante o cosmos...

Não sou feio, nem sou bonito, deveras,
Eu me preciso e tomo de mim a decência

Que me faz conspirar diante  das naves
Edificadas como santuários de benesses
Que guardam segredos das intimidades...

Meu senso me leva a escalar altas colinas
Onde a consciência separa o joio do trigo
E soterra as iniquidades do orbe perverso,
Abrindo escalas que são botijas do bem...

Em meu silêncio doutrino as maquiavélicas
Tempestades que assanham as tentações
E que são sedutoras de ornamentos triviais
Que adornam as superfícies dos mistérios
E dos adjacentes átomos eivados de paixões!




De Ivan de Oliveira Melo

sexta-feira, 1 de maio de 2015

ZÍNGARO

Eu me sinto meio cigano,
Nômade no palco das letras,
Buscando do alfabeto as tetas
Para retratar meus desenganos.

Sentimento lúgubre jaz e plana
Sobre as pétalas da inspiração,
As palavras tecem versos em vão
Que se perdem em estradas ciganas.

Pontuações me alucinam, fico tonto,
Entre as vírgulas da vida me defronto
Com labirintos que são becos sem saída...

Intensa morbidez governa meu corpo
Flagelado pelo anacronismo dum escopo
Que dormita inócuo sobre cinzas feridas!




De  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 1 de abril de 2015

SAPIÊNCIA

Viver intensamente
É aproveitar cada espaço,
Nada deixar escasso,
Em nada ser indiferente...

Buscar o infinito
É conhecer-se a si mesmo,
Tudo romper sem medo,
Em tudo ser perfeito e bonito...

Perambular de cabeça erguida
É saber contemplar a vida
E torná-la fórum de exemplos...

Perecer de consciência limpa
É dar aos pinceis o tear duma tinta
Que fará do coração insigne templo!



De  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 22 de março de 2015

ESTRESSE

Percebo que o tempo aprisiona meus sonhos
E meu pensamento é refém de minha agonia,
Estou num cativeiro onde é a alma que alumia
A solidão encarcerada do mundo enfadonho.

Minha tela mental parece um rascunho sem giz,
Totalmente isenta de rabiscos que me fazem ser,
Vagueio num sono branco sem me reconhecer
E desperto num ambiente sem saber do que fiz.

O raciocínio é entravado num cosmos sem nada,
A consciência batalha para lembrar o pretérito,
Contudo mergulha num redemoinho frenético
E se afoga dentre as vagas que rugem, sazonadas.

O tempo que aprisiona meus sonhos é maquete
Das horas que bailam no infortúnio do estresse!




De  Ivan de Oliveira Melo

sábado, 21 de março de 2015

CERTEZA DO VIVER

A ilusão dos imortais
Morre no mesmo instante
Em que o tempo enterra ideais
Para guardar em seus anais
O destino cruel das horas mansas.

Herdeiros? Onde estamos?
Onde não estamos? A vida
É um sepulcro talhado, é vulto,
Mas quando a sombra aparece
Envolta em retalhos de luz
Tem-se a certeza de que se vive

E doce é o néctar desta sensação.