terça-feira, 5 de janeiro de 2016

RENASCER

Grito teu nome,
A saudade me bebe,
A solidão me come...
Vida em mim jaz!

No silêncio: resposta,
A dor não me suporta,
Congestiona-se a aorta...
Morte em mim se faz!

Falo manso meus pecados,
Estou em ti congelado,
Faíscas em todos os lados,
O amor busca a paz!

Relâmpagos, trovoadas... medo!
Esperanças surgem: o amor percebo!




DE  Ivan de Oliveira Melo

IMPRESSÕES

O sorriso quedou-se,
O choro sorriu-se,
O amor escafedeu-se,
A dor concebeu-se.

A vida transformou-se,
O sofrimento derreteu-se,
A morte mistificou-se,
O perdão compadeceu-se.

A rosa abriu-se,
A esperança sentiu-se,
A paz implantou-se...

O sonho realizou-se,
O mundo espiritualizou-se,
O bem imprimiu-se!




DE  Ivan de Oliveira Melo

LUCIDEZ


Não trago no peito a dor pungente
Que vicia o sofrimento e a desgraça,
Trago o albatroz que alça voo e traça
No recôncavo dos céus a fé da gente.

Não gosto duma embarcação à deriva
Nem suporto ter um sonho analfabeto,
Quando tomo do barco, olho seu teto
A fim de que belas gaivotas me sirvam.

Sou marinheiro do tempo e mar bravio,
Espadachim das horas e do meu navio,
Por isso meu sonho é lúcido e planejado...

Perante as vagas revoltas sigo o espelho
E através das águas mergulho conselhos
Que me trazem o pescado são e ilustrado!



DE  Ivan de Oliveira Melo


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

SEQUELAS



Antes de tudo o brasileiro é
Deveras ciumento / pegajoso...
Tem ciúmes da própria sombra / vultos
E cisma que assim não é... impressão!

Sua dor de cotovelo ultrapassa limites / extremos
E esse daninho pensamento não é mais / nem menos
Do que sua vocação de posse / irrestrita...
Vale ressaltar que aqui se escreve sua desdita!

Mais adiante vê-se o brasileiro preguiçoso / tinhoso
A esperar que caia do céu seu manjar / merendas...
O trabalho corrói seu temperamento / pretenso
E os níqueis que ganha são ínfimos / nada íntimos...

Gasta os proventos com gandaias / mulheres
E como se não bastasse bebe às avessas / enxaquecas...
Traição é seu porte mais prudente / presente.
Filhos e família ficam à míngua / pesadelos
No lamaçal do abandono infeliz / cicatriz ?

Sabe-se que o brasileiro é analfabeto / inculto,
Aí está a razão para a politicalha / canalhas
Que subtraem da Nação o pão do homem / pronomes
E se intitulam reis do pedaço / cangaço
Deixando o povo subnutrido e triste / recauchutado
Até que um dia a casa caia / malária...

Apesar da ignorância os indivíduos reclamam / exigem
Que a arrecadação monetária seja bem fracionada / fuligem
E, assim, possa suportar mais o violão / canção
Que faz da boa música pedestal de artistas / surfistas
E dão ao país um conceito privilegiado / cuidados!

A educação perambula na utopia / anarquia,
Crianças fogem da escola para trabalhar / vadiar
E não têm respaldo no conhecimento / tormento
Que trará adiante a sede, a fome / sem nome
Perante as raízes da História / memória
Que de geração em geração se implanta / replanta...

Fotografia duma sociedade injusta / à custa
De sonhos que só enchem a barriga da escol / futebol
Enriquecendo os moleques das campinas / ruínas
Para as criaturas que absorvem o rolé / sopé
Das altas inverdades nas alvuras do anil / Brasil!


                                                                                                 DE  Ivan de Oliveira Melo

A VELA


Acendi uma vela...

Não foi uma vela,
Foi um cotoco de vela

Que acendi para alumiar
A derradeira esperança
Que insiste viver em

Meu íntimo... Que chatice!
Eu e a vela pranteamos bastante...
As lágrimas banharam minha face,
Mas quando a vela parou de chorar

Tudo se apagou e a escuridão
Foi um infinito sem sobrenome...
De repente intensa ventania soprou
E meus cabelos se esvoaçaram...
Melhor acender outro cotoco de vela...




DE  Ivan de Oliveira Melo

DIA E NOITE


A noite me prende,
O dia me solta,
Liberdade controlada,
Sob escolta
Do sol que rende
A lua em sua volta
Com o aconchego das marés...

O dia me vence,
A noite me responde
Sobre a fadiga do sol
Que atrás dos montes
Sutilmente se esconde
E deixa que as estrelas
Direcionem o tempo
Carcomido de recordações
Manipuladas pela horas...

Dia e noite se revezam,
São eternos cúmplices
Que alimentam a vida
E saciam a sede
De um mundo travesso,
Às vezes assaz devasso,
Mas que, mesmo assim,
É a seara onde se depositam
Todos os sonhos
De indivíduos que,
Simplesmente,
Querem viver!




DE Ivan de Oliveira Melo

CANÇÃO DA MINHA TERRA

Em minha terra eu canto o amor,
Faço malabarismos com a vida,
Tricoto as horas que são desditas
E me dou tresloucado doses de licor...

Em minha terra não há parênteses,
Tudo está escrito num livro aberto
Que é o sorriso que brota esperto
Nos lábios límpidos de todas as gentes...

Em minha terra não se fala em guerra,
A vida é um balneário de sutis ilusões
Que traçam perfis de ingênuos corações
E que não sabem sonhar na primavera...

Em minha terra verdades são segredos
Trancafiados em mentes febris, idiotas
Que se comprazem em espalhar lorotas
No seio virginal do povo que é enredo...

Em minha terra não se dorme demais,
Porque a fome é cartaz e muito maltrata,
Do embrião ao ancião que vive na mata
Alzheimer viola as mentes sem rituais...

Enfim, em minha terra se bebe bastante
Do álcool que enche os reservatórios
E carrega os indivíduos aos consultórios
Onde saúde é diagnóstico de cartomantes!

Em minha terra...




DE  Ivan de Oliveira Melo