terça-feira, 7 de março de 2017

DECLARAÇÃO INSÓLITA


DECLARAÇÃO INSÓLITA







O sossego era padrão em minha vida.

De repente… Intensa trovoada. Melancolia!

Tudo realmente se transforma à luz do dia

E a tranquilidade se borra e é destruída.



Cambaleio aqui e acolá. Tesão era fantasia,

Agora é uma verdade que me trucida lentamente

E faz de mim corpo e alma dum eloquente

Em busca do entender o que não é mais alegoria.



Tempo não perdoa… As horas me grisalham

E me vejo perante a mocidade… ilusão, talvez!

Não! Como ribomba meu coração e, essa maciez,

Renova as forças camufladas que me embriagam.



Estou cansado. Turbino em direção à morte,

Contudo estranha energia me ressuscita o viver

E novos horizontes se desenham em meu alvorecer

Embora desesperado eu lute… Afinal, pode ser trote!



Minha agonia detona todos os alicerces

Que edifiquei para ter em paz o passamento,

Entretanto observo que é tenaz o sentimento

Que me devora as entranhas e me enlouquece!



Sim! É o amor que fez a volta no espaço

E me amputa do silêncio em que vivia…

Chegou imenso e trovador… Mas é ousadia

Se eu me imagino solteiro em teu regaço!



Meus olhos falam. Calam-me diante dos teus

E vou e venho meio aturdido e meio sonâmbulo

Respirando teu néctar por todos os possíveis ângulos

E uma larga esperança de ter-te morfeu!



Por que surgiste? Roubaste-me minha paz!

Penso em ti alucinadamente. Deixaste-me febril

A copular contigo em minha mente sem fastio

E a subir e descer paredes do querer mais e mais…



Estou amalucado. Confesso-me então portador

De um bem-querer decerto sem qualquer retorno,

Pois são grandes os obstáculos que há em torno

E seguramente tenha eu que matar em mim este amor!


Sabe, nunca houve felicidade em mim…

Minha existência é retrato de sofrimento,

É torpedo que me fere até os unguentos

Que ponho em órbita em meu jardim!



Provavelmente jamais estreitemos nossos corpos…

É que a censura das idades não gosta

Que pontos extremos rebusquem respostas

E se enfeiticem de magia além dos portos!



Choro a amargura que me corrói o íntimo…

Mais uma vez a paixão me é traiçoeira

E eu desnudo e sem a tonicidade companheira

Para alimentar-me de sonhos em meu psíquico!



Ingrato destino o meu… Tudo me é desengano!

Enorme vontade de fugir pela morte em devaneio,

Porque a solidão é meu fim, meu único meio

E há muito sei que não mereço fazer planos!



Eis meus infortúnios de todos os anos!

Esta é a fotografia de um mero ancião

Que tem partidos os elos de um coração

Fenecido pela dor… Mesmo assim, eu te amo!





DE Ivan de Oliveira Melo






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