domingo, 13 de maio de 2018

INTIMATE TREASURES




I saw the dawn.
The stars were alone.
The moon seemed hidden from the clouds.

My fears screamed inside me.
The winds blew the ghostly curtains
And the dark night was full of shapes.
It all seemed like a dream,
A terrible nightmare of the dark entrails of darkness.

Silence was the biggest noise in the room.
I tried to formulate prayers,
Yet a mysterious wheeze invaded my hearing
And I lost track of time…

Where was I? Why did I feel all this distress?
My pillow knew all my secrets,
But there was no better confidant in my life.
I allowed a torrent of tears to flood my face
And sleep made collusion with an empty space
Where dead ideas were reborn to frighten my bed.

Suddenly the day is born.
A masked sun rises and a sad rain cries bitter.
Cold night symptoms disappear
And my loneliness is only bitterness
Of the hours that consume my existence.
Life and death confuse me
And all I’ve felt is a daydream of longing!



BY  Ivan de Oliveira Melo






quinta-feira, 3 de maio de 2018

SENILIDADE



Na esplêndida etiqueta da velhice,
Nesse tempero divino que é a vida,
Num fulgor enigmático de saudade,
Oferto a quem interessar a caduquice.

O vulto dentre a hipocrisia e a realidade...
No espaço se manifesta uma brisa tonta...
É o cabelo que se esvoaça com o vento,
Azougado num ímpeto surto de sensibilidade.

Rosas vermelhas eu sirvo diante da solidão...
É a claridade da lua que habita nas estrelas
Incendiando o peito já carcomido no coração!

E de mim mesmo só leves nuances do bailado
Que a Inteligência depõe perante a essência
Do presente indecoroso e do pretérito inacabado!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

domingo, 22 de abril de 2018

EU-LÍRICO



Não sou eu que estou em derredor destas palavras
Nem tampouco nas entrelinhas do que está exposto,
Sou intérprete dum mundo e, muito a contragosto,
Mero expectador dos ciclones e, dos vulcões, as larvas.

Dou vida a um “eu lírico” que observa facetas de vida
Sem me envolver neste universo onde há amor e dor,
Não obstante como cultivo arte, estou aqui a decompor
Os filamentos e as faíscas desvairadas assaz consumidas.

O poeta dissimula e seu temperamento é mais uma ogiva
Do que um glossário donde se traz a semântica que deriva
O vocábulo e, por extensão, todo um arsenal conotativo...

Fundamentação é não confundir o “eu poético” e o poeta,
Ambos contêm naturezas distintas: o que escreve se presta
A interpretar isento de emoção o que em tese é ilustrativo!


DE  Ivan de Oliveira Melo


terça-feira, 10 de abril de 2018

MANUFATURAS



Debaixo da pálida sombra dos pinheirais
Há um sol soturno e ondas dos ventos
Que sopram sobre teias de pensamentos
Adormecidos no catre dos desejos ancestrais.

Sob a chuva insossa que provoca a erosão
Há um solo úmido de calcário e argila fresca
Que retém o húmus duma overdose siamesa
A destruir retalhos de areia coloridos de paixão.

Dentre os tecidos que costuram  silêncio e amor
Há sementes que germinam viçosas no que é tesão
E assanham das árvores os brotos caídos no chão
Seduzidos pela volúpia que são sonhos a decompor...

Assim a natureza manufatura todas as horas do dia
E os devaneios saltam do onírico isentos de fantasia!



DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 3 de abril de 2018

CAPIM GORDURA



Sentimento vazio... Insensatez e solidão.
Saudade vermelha de essência rubra.
Sangue inocente nas estradas. Púrpura
Da violência escancarada. Corpos no chão!

Hipocrisia: leite dos falsos! Verdade deserta.
Ambição e catástrofe... Vida sem religião.
Homem pelo avesso... Tenaz perseguição
Da maldade intransigente. Ruindade esperta!

Panelaço das cidades... Insatisfação do povo.
Constituição obesa pela anarquia sem socorro
De fraudulentos legislativos. Pura politicalha!

Fome inaudita. Sede. Água suja dos poços.
Rebelião de comunidades. Dia a dia sem focos,
Emblema sórdido de nação. Tudo assaz canalha!



DE  Ivan de Oliveira Melo

domingo, 1 de abril de 2018

DESTERRO





Orgulhoso, bravio, na catacumba desterrada,
Eis um corpo de alma sedenta, faminta
Da luz sem sombras e dos amores encardidos
Que jazem putrefatos sob o sol de verão...
Morre-se o dia, renasce-se a noite meio cansada,
Tumultuada diante da timidez da lua que, grávida,
Funde-se na hibernação dum tempo pálido,
Mas encolhido pelas horas frias da velha estação.
Ventos afoitos sopram inquietude perante a vida
E é necessário que se feche o sepulcro abandonado,
Pois a chuva umedece os gritos embutidos no eco.



DE Ivan de Oliveira Melo

CIRURGIÃO ESTELAR



Navego num solo pleno de pedras,

São estrelas decaídas do céu distante
E eu as coleciono, sou de todas amante,

Elas me são fidedignas, todas sinceras!
Em cada chão eu as encontro solitárias
Esperando pelos abraços das calcárias!

Ainda reluzem mesmo tristes, cadentes,
Mas num novo firmamento hei de vê-las
A formar novos cruzeiros de belas estrelas
E alumiarem as vidas dos povos dementes!

Sempre mergulharei nas faíscas desse amor
A fim de que poeticamente possa decompor
Cada fragmento que desabe vindo do infinito...
Astros siderais que me tornam homem e mito
Por aliviar das estrelas, o infortúnio e a dor!




DE Ivan de Oliveira Melo