quinta-feira, 17 de maio de 2018

MORTE



A morte é algo assustador e lírico,
É um idioma que ninguém entende,
É um fim que começa lá na frente,
Bastardo pensamento do psíquico.


Terapêutica duma crise existencial
E o tombadilho cuja receita é o sono...
Se se sonha ou não, não se tem como,
Porque é conhecimento sem essência!

Neste fim não se justificam os meios,
Simplesmente depois do nascer, chega
Inesperado instante; Donde ela veio?
Dúvidas, ignorância, tudo parece verga...

Fim da linha? Começo dum novo viver?
Aí está! Pensar, pensar... E enlouquecer!



DE  Ivan de Oliveira Melo 

PAIXÃO D'AMOR



Trago flores e as ponho em teu regaço,
As pétalas são meu cântico duma paixão
Que já me perfurou a sensibilidade, então
Entrego a ti estes odores d’amor e cansaço.

Tulipas e orquídeas para junto a ti celebrar
Este sentimento que me rouba o sossego,
Pois não sou um qualquer, sou teu mancebo
E disposto estou a cruzar limites de além-mar.

Sinto em mim a volúpia do sincero querer-te,
É um cio que faz de mim amante meio louco,
Terra-nauta que colhe sementes do teu pejo...

Trago rosas e dálias para, enfim, oferecer-te,
Sei que meu jardim não é parco, é meio pouco,
Não obstante suficiente para receber teu beijo!



DE  Ivan de Oliveira Melo

quarta-feira, 16 de maio de 2018

ÊXTASE



Amanhece.
Regurgita o mar. Ondas. Procelas.
Os ventos sopram, velozes.
Ora verde, ora azul, alarga-se o litoral.
Observa-se o trovejar na copa das árvores.

O céu, de cor púrpura, sangra
Sobre as nuvens do ocaso matinal.
A abóbada sibila seus raios...
Enche o mar. Tremem as águas.
Gigantescas ondas no ar.

A hora é de equidade.
Majestoso, o Sol desponta
E a luz do dia se espalha, plácida...

Reflexo do tempo.
Bêbadas, as últimas estrelas
Tropeçam no vulto da Lua tímida.

No seio da aurora,
As vagas se partem nas pedras
E, à sombra do encantamento,
Pálido sorriso da chuva fina que cai.
É o néctar da manhã
A convidar os pássaros
Para entoarem suas melodias...
À sonoplastia dos cantos,
A natureza vivifica diante dos homens!



DE  Ivan de Oliveira Melo

terça-feira, 15 de maio de 2018

LÍRICO




Mestre de todos os tronos do universo,
Pululo sobre o ápice da vida... Calor intenso!
E diante dos raios violetas que bramem fogo
Simplesmente me deixo cultivar de incenso!

Oh! Alguém que treme perante os vis soluços
Duma alegria frenética – acende o facho de luz
Para alumiar a vereda em que o amor seduz
Qualquer vulto que sinta a ternura do existir.

Isenta-se a dor que alimenta a infelicidade...
A venda que aos olhos cobre – manto sagrado
Que comove a emoção um tanto despercebida...

Louve-se do carisma a palavra que enternece
E que se faça júbilo o enredo do sorriso, lírio
Que a humanidade esquece – alegoria contrita!


DE  Ivan de Oliveira Melo  


segunda-feira, 14 de maio de 2018

DESTINO



A tumba parece constrangimento
Para quem ama deveras a vida!
A morte é um sínodo em que juízes
Não têm compaixão, nem sentimento.

Sepulcro não é dádiva; é, sim, castigo!
Felizes são os que vivem por cem anos;
Tristes os que se envergam na campa
De forma precoce, plenamente inibidos!

Infelizmente sarcófago é o terrível destino
Que a natureza impõe sem dom de arrimo,
Donde se poderia angariar anos a mais...

Ah, se fosse o ser humano como semente!
Nada é acaso, talvez fosse inconveniente
Burlar a morte e, inconsciente, banir a paz!


DE  Ivan de Oliveira Melo


domingo, 13 de maio de 2018

SENTINDO...



Sinto-me cadáver da cripta moribunda
E meus olhos, já roídos, veem o vexame
Duma putrefação que é a sístole madame
Que se instala no apogeu da cova funda.

Percebo-me macerado... Tempo incógnito
Que ultraja o vigor da vida, dilapida oxigênio
Para que os parasitas se fartem como prêmio
Do anfitrião que lhes fornece o manjar insólito.

A gangrena é o ápice do corpo assaz violentado
Pela bruma carnívora das cavernas sepulcrais...
A histologia não usa radares, nem pesquisas anais.

Vejo-me consumido por um “front” e amaciado
Numa desventura que rasga todos os preceitos...
Vítima da imundície inorgânica e do desrespeito!


DE  Ivan de Oliveira Melo



INTIMATE TREASURES




I saw the dawn.
The stars were alone.
The moon seemed hidden from the clouds.

My fears screamed inside me.
The winds blew the ghostly curtains
And the dark night was full of shapes.
It all seemed like a dream,
A terrible nightmare of the dark entrails of darkness.

Silence was the biggest noise in the room.
I tried to formulate prayers,
Yet a mysterious wheeze invaded my hearing
And I lost track of time…

Where was I? Why did I feel all this distress?
My pillow knew all my secrets,
But there was no better confidant in my life.
I allowed a torrent of tears to flood my face
And sleep made collusion with an empty space
Where dead ideas were reborn to frighten my bed.

Suddenly the day is born.
A masked sun rises and a sad rain cries bitter.
Cold night symptoms disappear
And my loneliness is only bitterness
Of the hours that consume my existence.
Life and death confuse me
And all I’ve felt is a daydream of longing!



BY  Ivan de Oliveira Melo