UM NOVO SERIADO... ACOMPANHE E BOA LEITURA!
Desdêmona
CAPÍTULO I
O outono deixava suas marcas pelo chão. Nas passarelas da vida, as folhas adornavam ruas e avenidas e imensos tapetes davam um colorido seco à paisagem. As árvores despidas, o vento frio e atmosfera coberta de nuvens carregadas, eram a fotografia daqueles dias. Foi com o tempo assim que Esmengarda sentiu as primeiras contrações de seu primeiro filho. Suava... ia de um lugar para o outro da pequena sala mal iluminada, sentava-se na poltrona, dizia impropérios.
- Ah, Alexandre, onde você está numa hora dessas? Miserável! Deixar-me sozinha sabendo que o momento está próximo. –Lamentava-se. Alexandre era seu esposo. Àquela hora ainda estava a caminho de casa vindo do trabalho. Mais de uma hora gastava para deslocar-se de um ponto a outro haja vista que morava numa cidade e trabalhava em outra. Finalmente chegou em sua residência e encontrou Esmengarda deitada no tapete da sala, já com a bolsa estourada.
- Céus! Querida, você está bem? - perguntou atônito. - Há quanto tempo a bolsa estourou?
- Cerca de 10 minuto. - Disse com um sorriso maroto nos lábios.
Alexandre apressou-se. Dirigiu-se ao quarto, deixou sobre o criado-mudo a pasta de trabalho, pegou a mala com o enxoval, levantou a mulher do tapete e a levou rapidamente para o hospital. Esmengarda há muito se achava em trabalho de parto e, pouco tempo depois, colocava no mundo uma linda menina. Pesada, quase 4 quilos e com boa saúde. O parto fora normal, apesar das circunstâncias.
- Parabéns, senhor Alexandre - disse a enfermeira - é pai de uma linda menina!
Ficou meio sem entender.
- Menina, enfermeira? Tem certeza? - Indagou.
- Sim, venho de lá agora mesmo.
- Como pode? Em todos os exames e nas ultrassonografias o médico foi claro ao dizer-me que seria um menino. – Afirmou sem raciocinar.
- Não está feliz? - Questionou a enfermeira. – enganos acontecem. Acho que foi isso o que houve. Sinto muito que esteja decepcionado.
- Não! – Defendeu-se. - sou pai do mesmo jeito, só que eu estava preparado para uma coisa e chega outra... estou feliz assim mesmo. Posso ver a criança e minha esposa?
- Ainda não! Estão sendo tratadas, ambas. - disse a enfermeira - aguarde só mais um pouco, sua paciência o acalmará.
Entretanto Alexandre não se acalmou. Ficou pra lá e pra cá e resmungando.
- A ciência está tão evoluída, os equipamentos são os mais modernos, médicos experientes e um engano desses...
O médico estava atrás de si e como ele pensara alto, certamente fora ouvido.
- É, senhor Alexandre, enganos ocorrem . - falou - realmente me enganei. Não sei o que houve, porém me enganei. Peço-lhe desculpas. Todavia a criança é linda, está bem e sua esposa, idem. Pode vê-las agora.
- Obrigado. Dr. Raul, obrigado!
Alguns dias se passaram. Esmengarda recebeu alta e estava em casa com o seu bebê. A menina ainda não tinha nome, pai e mãe discutiam a certidão de nascimento.
- Quero que se chame Viviane, Alexandre, em homenagem à minha avó. – Falou Esmengarda.
- Não gosto de nomes postos em filhos em homenagem a parentes. Venho pensando nestes últimos dias e já tenho um nome para nossa filha. Chamar-se-á Desdêmona. –Frisou.
- Desdêmona? Que nome horroroso! Não tem um outro melhor?
- Não! - Alexandre estava decidido. – Este será o nome dela e não se discute mais.
- Por que um nome tão esquisito? Por quê? - interrogou Esmengarda. Por quê?
Alexandre não queria responder, mas retrucou impaciente.
- Porque ela nos enganou.
- Como nos enganou? - Quis saber a esposa.
- Era um menino que havia dentro de sua barriga e ela tomou o lugar dele. Desabafou.
- Não seja injusto, marido, que absurdo está dizendo! Tentou conciliar Esmengarda.
- Não discutamos! Já está resolvido e não se fala mais nisso. – Ordenou Alexandre.
E, assim, foi concretizado. A menina foi registrada com o nome de Desdêmona para a infelicidade de Esmengarda que chorava pelos cantos da casa.
A criança crescia... crescia. Tinha muita saúde e, ainda nova, demonstrara possuir muita inteligência. Estava agora com 6 anos e frequentava escola. Logo aprendeu a ler e a contar. Era a alegria de Esmengarda já que Alexandre decidira não querer mais filhos. Mas... coisas estranhas aconteciam dentro do lar e não se tinha uma explicação para os fatos. Quadros caíam das paredes, lâmpadas acendiam e apagavam sem que ninguém entendesse, as torneiras se abriam sozinhas, copos despencavam da bandeja e iam ao chão... Tudo isso começou a acontecer a partir do instante em que Desdêmona fixava
seu olhar. Em sua mente vinha um desejo de ver essas coisas ocorrerem e ,assim, aconteciam. Esmengarda e Alexandre nem imaginavam de onde partiam tais horrores. Na verdade, Desdêmona era possuidora de poderes paranormais e, inicialmente, quando os descobriu, usava-os para o seu divertimento. Aprendeu a tudo o que queria trazer-lhe às mãos sem que necessitasse sair do lugar, no entanto assim agia nos momentos em que estava a sós. Queria guardar seu segredo e bem guardado. Uma vez, na escola, fora repreendida pela professora porque não houvera feito a tarefa de casa. Resultado: levou
seis bolos de palmatória em cada mão e não derramou uma só lágrima. Assim que a professora terminou de castigá-la, pensou: “Ela agora me paga! Os saltos dos seus sapatos vão se romper e ela levará uma baita queda.” Não deu outra. Iracema, a professora, ao afastar-se um pouco, foi ao chão sem explicação convincente. Sem mais, nem menos e teve os saltos dos sapatos partidos. Este fato serviu de chacota entre toda a criançada que explodiram de rir com o “espetáculo.”.
Os anos voavam. Desdêmona contava 16 anos. Era moça prendada e bonita. Esmengarda havia em si de orgulho da filha que, para sua mãe, era deveras obediente e carinhosa, porém em relação a Alexandre resmungava, porque percebia que o pai até aquela ida-
de, nunca devotara-lhe afetuosidade, logo, em seu íntimo, Desdêmona não gostava dele. Achava-o rude, grosseiro... Tratava muito mal a ela e sua mãe. Prometeu que um dia daria um jeito nisso e que só não o fez ainda por compaixão de Esmengarda que, apesar dos maus tratos do marido, era apaixonada por ele. Dezesseis anos após o nascimento de Desdêmona, Esmengarda estava novamente grávida.
- Marido, estou prenha! - Disse.
- O quê? - Espantou-se Alexandre. – Como foi acontecer isto?
- Acho que erramos no emprego das tabelas. Agora não tem mais jeito. – Confirmou a esposa.
Desta vez viria ao mundo Moisés... Para o contentamento de Alexandre.
FIM DO CAPÍTULO i
O CAPÍTULO ii ESTARÁ CHEIO DE EMOÇÕES. NÃO DEIXE DE LER!
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
sábado, 19 de outubro de 2013
Consórcio Maquiavélico
Os homens ultrapassam
todos os limites...
Os
pensamentos de hoje
vivem em albergues
Porque a natureza
não os quer
na caixa de
ressonância
Devido à poluição
mental e aos
efeitos de redundância
Que são nocivos
à contemplação do
raciocínio puro
E
constrangedores à sobrevivência
da reflexão inocente...
A malícia, herdeira
da mentira, contamina
a lógica
E torna o
indivíduo produto de
um meio determinante
Totalmente
subversivo à magia
da sensualidade ululante
E depredador maquiavélico
da sensibilidade biológica.
Os
cataclismos umedecem as
vias respiratórias da
sociedade
Que agoniza em
praxes de aparência
e deterioração,
Nas saídas de
emergência e túneis
há só depravação
E a vida
submerge ao destroçarem-se seus
encantos
Perante a marcha
nupcial da violência
que impõe desencantos!
UM PAPO COM OS PERSONAGENS PRINCIPAIS DE - OS GÊMEOS - FICÇÃO -
Um papo com os personagens principais
de OS GÊMEOS - FICÇÃO -
Passados os momentos fascinantes desta história maravilhosa, recebo em meu íntimo uma inesperada visita: as de Victor Fernandes e Leonardo Henrique.
- Ivan Melo, durante todo o transcorrer da narrativa, uma coisa que ficou bem evidente foram os instantes de surpresa. Então, eu e Léo, resolvemos vir assim, sem que você nos esperasse. Disse Victor.
- Pois é – continuou Leonardo Henrique - já que você nos deu vida, agora se prepare porque não vamos mais deixar você em paz.
- Mas vocês não ficaram satisfeitos com o quê eu criei em suas vidas? Indaguei.
- Sim, ficamos - respondeu Victor - porém queremos muito mais, muito mais...
- Querem o quê exatamente? - Interroguei.
- Ah, afirmou Leonardo Henrique - não queremos parar por aí. Desejamos que você dê sequência à história...
- Muito bem, Léo - prosseguiu Victor Fernandes - nós não somos anjos para vivermos em contemplação, pois, há bastantes coisas para serem mostradas sobre nós...
- Hum! Fiz um muxoxo - eu já coloquei no último capítulo que se tratava do epílogo, não há como reverter. - Disse-lhes.
- Não precisa você reverter - ponderou Leonardo Henrique - inicie uma outra história, dê outro título, no entanto é importante que se mostre as nossas vidas depois de tudo aquilo.
- Muito bem, Léo - apoiou Victor - É disso que precisamos. Você não pode nos jogar nos becos do esquecimento. Nós nos tornamos importantes para você... ou não?
- Vocês me confundem! Eu não deveria tê-los criado - dá-se a mão e querem logo os pés... Brinquei.
Caíram na gargalhada.
- Tenha a certeza de uma coisa - Ivan Oliveira Melo - nós não queremos apenas suas mãos e seus pés... desejamos você por inteiro, especialmente sua criatividade e continuou - Victor aí é testemunha e, se eu falar mentiras, repreenda-me, Victor.
- Está bem. - Concordou Victor.
E Leonardo continuou.
- Como gêmeos que somos, nós nos amamos profundamente. Amamos nossas namoradas, porém é a você a quem entregamos nosso amor maior. Sem você, nada somos. É como se você fosse nosso Deus. E, habitando em seu íntimo, sentimos igualmente o quanto você nos ama...
- Isto é verdade. – Consenti.
- Portanto, sequenciou Léo - não nos abandone. Leve-nos avante, porque há uma infinidade de fatos e acontecimentos sobre nós que você precisa relatar. Por favor!
Pensei, pensei e cheguei a uma conclusão.
- Está bem, vocês venceram, todavia deixem-me também criar outros personagens, outras histórias... Prometo voltar com vocês tão logo me seja possível.
- Assim que se fala - retrucou Victor Fernandes - por enquanto vamos deixar você em paz, já tivemos aqui o que gostaríamos de ter ouvido, concorda Leonardo?
- Exatamente e estou feliz!
- Eu, idem. – Comentou Victor.
- Só que antes de encerrarmos esta conversa, gostaria que vocês me tirassem uma dúvida. – Completei.
- Sim, pois não! Disse Victor. - Qual é?
- Eu consegui fazê-los mesmo exatamente iguais? - Questionei.
Eles me olharam desconfiados, piscaram os olhos um para o outro e riram demais, até choraram de tanto rir.
- Em todos os sentidos. – Respondeu Victor - já nos pesquisamos e nos comparamos em todos os detalhes. Você positivamente conseguiu seu intento: somos dois em um só!
- Maravilha! Então muito obrigado pela visita e até breve, sapecas!
- Até, disse Leonardo Henrique - eu te amo muito, meu criador!
- Tchau - prosseguiu Victor Fernandes - eu igualmente te amo demais!
- Até, amigos, eu os amo muito, também.
E partiram para as entranhas do meu ser.
de OS GÊMEOS - FICÇÃO -
Passados os momentos fascinantes desta história maravilhosa, recebo em meu íntimo uma inesperada visita: as de Victor Fernandes e Leonardo Henrique.
- Ivan Melo, durante todo o transcorrer da narrativa, uma coisa que ficou bem evidente foram os instantes de surpresa. Então, eu e Léo, resolvemos vir assim, sem que você nos esperasse. Disse Victor.
- Pois é – continuou Leonardo Henrique - já que você nos deu vida, agora se prepare porque não vamos mais deixar você em paz.
- Mas vocês não ficaram satisfeitos com o quê eu criei em suas vidas? Indaguei.
- Sim, ficamos - respondeu Victor - porém queremos muito mais, muito mais...
- Querem o quê exatamente? - Interroguei.
- Ah, afirmou Leonardo Henrique - não queremos parar por aí. Desejamos que você dê sequência à história...
- Muito bem, Léo - prosseguiu Victor Fernandes - nós não somos anjos para vivermos em contemplação, pois, há bastantes coisas para serem mostradas sobre nós...
- Hum! Fiz um muxoxo - eu já coloquei no último capítulo que se tratava do epílogo, não há como reverter. - Disse-lhes.
- Não precisa você reverter - ponderou Leonardo Henrique - inicie uma outra história, dê outro título, no entanto é importante que se mostre as nossas vidas depois de tudo aquilo.
- Muito bem, Léo - apoiou Victor - É disso que precisamos. Você não pode nos jogar nos becos do esquecimento. Nós nos tornamos importantes para você... ou não?
- Vocês me confundem! Eu não deveria tê-los criado - dá-se a mão e querem logo os pés... Brinquei.
Caíram na gargalhada.
- Tenha a certeza de uma coisa - Ivan Oliveira Melo - nós não queremos apenas suas mãos e seus pés... desejamos você por inteiro, especialmente sua criatividade e continuou - Victor aí é testemunha e, se eu falar mentiras, repreenda-me, Victor.
- Está bem. - Concordou Victor.
E Leonardo continuou.
- Como gêmeos que somos, nós nos amamos profundamente. Amamos nossas namoradas, porém é a você a quem entregamos nosso amor maior. Sem você, nada somos. É como se você fosse nosso Deus. E, habitando em seu íntimo, sentimos igualmente o quanto você nos ama...
- Isto é verdade. – Consenti.
- Portanto, sequenciou Léo - não nos abandone. Leve-nos avante, porque há uma infinidade de fatos e acontecimentos sobre nós que você precisa relatar. Por favor!
Pensei, pensei e cheguei a uma conclusão.
- Está bem, vocês venceram, todavia deixem-me também criar outros personagens, outras histórias... Prometo voltar com vocês tão logo me seja possível.
- Assim que se fala - retrucou Victor Fernandes - por enquanto vamos deixar você em paz, já tivemos aqui o que gostaríamos de ter ouvido, concorda Leonardo?
- Exatamente e estou feliz!
- Eu, idem. – Comentou Victor.
- Só que antes de encerrarmos esta conversa, gostaria que vocês me tirassem uma dúvida. – Completei.
- Sim, pois não! Disse Victor. - Qual é?
- Eu consegui fazê-los mesmo exatamente iguais? - Questionei.
Eles me olharam desconfiados, piscaram os olhos um para o outro e riram demais, até choraram de tanto rir.
- Em todos os sentidos. – Respondeu Victor - já nos pesquisamos e nos comparamos em todos os detalhes. Você positivamente conseguiu seu intento: somos dois em um só!
- Maravilha! Então muito obrigado pela visita e até breve, sapecas!
- Até, disse Leonardo Henrique - eu te amo muito, meu criador!
- Tchau - prosseguiu Victor Fernandes - eu igualmente te amo demais!
- Até, amigos, eu os amo muito, também.
E partiram para as entranhas do meu ser.
Os Gêmeos
Os Gêmeos
EPÍLOGO
O dia amanhecera nublado. Fortes ventos anunciavam chuva. Victor Fernandes, como dissera a Leonardo, mais uma vez não conseguira dormir. Mesmo assim, não demonstrava sinais de fadiga, mostrava-se esperto e ansioso. A noite parecera interminável...
O carro tomou a estrada. Humberto dirigia com vagar a atenção. Gotas intermitentes faziam vibrar a lataria do carro e um friozinho gostoso se fazia sentir. Após algumas
horas de viagem, chegaram finalmente a uma pequena cidade., perto da Capital. Victor não desejava que o encontro fosse na escola de Leonardo, foram diretamente para o endereço da residência. Paravam, perguntavam e, através das informações, fornecidas, chegaram à casa tão ansiosamente aguardada. Estacionaram o veículo em frente a uma casa simples, muro baixo, um pouco gasta pelo tempo e de um lindo
jardim, em que se destacavam belas flores e um aroma gostoso de respirar.
Leonardo Henrique não os esperava tão cedo, pensava que o encontro dar-se-ia na escola. Como sempre, as surpresas ocorrem.
Victor Fernandes e seus pais desceram do carro. Bateram. Bateram. Um garoto nu da cintura para cima ainda de calção, veio atendê-los. Imediatamente Victor o reconheceu.
Pensou: “Meu Deus, ele é igualzinho a mim.”
- Bom dia, Leonardo! Sou Victor... não nos convida para entrar?
Tombado pela surpresas, olhou Victor da cabeça aos pés e, sem dizer palavras, despencou desacordado.
- Depressa, pai, mãe, ele desmaiou. - Gritava Victor aflito.
Conseguiram, apenas Deus sabe como, empurrar e abrir o portão. Humberto colocou o garoto nos braços e foi entrando em direção ao terraço. Logo apareceu Roberto Carlos, mas sem entender direito o que estava ocorrendo.
- Bom dia, Sr. ....., ele perdeu os sentidos.
Ao perceber a presença de Victor, Roberto Carlos compreendeu do que se tratava.
- Santo Deus! Os dois são um só. - disse o pai de Leonardo, incrédulo.
Humberto voltou a falar.
- Bom dia, Sr. ....
- Ah, desculpe! Roberto Carlos. Bom dia! Humberto igualmente se desculpou.
- Perdão por invadir assim sua casa tão cedo, porém é que era grande a aflição de Victor... nem dormiu esta noite. - Explicou envergonhado.
- Não se preocupe, Sr. ...
- Humberto. Prazer!
- Prazer é meu, Sr. Humberto. Leonardo também não dormiu, passou a noite inteira deitado no sofá esperando o dia amanhecer... também estava aflitíssimo.
Afinal conseguiram despertar Leonardo Henrique, ainda meio em estado de choque. Neste ínterim, Suzana aparece, já identificando a visita inesperada ao vislumbrar Victor.
- Bom dia - disse - entremos - acabei de passar um café.
- Bom dia, sou Marta, mãe de Victor.
- Perdão, senhora, nem disse meu nome. Chamo-me Suzana.
Roberto Carlos levou Leonardo Henrique para o quarto. Sem nem pedir licença, Victor
o seguiu. Depois, lembrando-se da falta de educação, desculpou-se.
- Desculpe-me, Sr. Roberto, eu deveria haver perguntado se poderia ter vindo até aqui, fui logo entrando de “bolo”.
- Não se preocupe, Victor, fique à vontade. Leonardo hoje não irá à escola, vocês têm o tempo inteiro à disposição para conversarem e se conhecerem.
- Obrigado. – Agradeceu Victor.
Roberto Carlos os deixou a sós e dirigiu-se à sala onde se encontravam as duas mulheres e Humberto e já conversavam como se forrem velhos conhecidos. Marta estava perplexa e comentou:
- Bem, eu já os imaginava idênticos, mas não pensei que fossem cópias exatas. Difícil será distinguir um do outro quando estiverem vestindo roupas similares.
- Estou pasmo - confidenciou Roberto Carlos - são absolutamente iguais.
Aos poucos Leonardo se recobrava e observava atentamente o mano gêmeo.
- Graças a Deus, falou, consegui descobrir você. Só lamento tê-lo recebido nestes trajes... É que não o esperava tão cedo por aqui, imaginava encontrá-lo na escola.
Leonardo estava recostado na cama e Victor sentado ao seu lado, quase na beira, contemplando detalhe por detalhe de Leonardo Henrique.
- Eu que agradeço ao Altíssimo – sentenciou Victor - estou completamente... nem sei me expressar, é que você é plenamente eu, seu tórax é uma cópia do meu. – E tirou a camisa para que Leonardo compreendesse de que estava falando.
- Realmente... – Concordou Léo - imagino que sejamos idênticos em todas as partes.
- Certamente. – Também concordou Victor.
Em seus olhos percebia-se as lágrimas que começaram a rolar. Leonardo igualmente não se segurou e rios de lágrimas banharam sua face. Victor levantou-se. Leonardo o imitou. Já havia recobrado o equilíbrio físico e... então... caloroso abraço os envolveu, ambos desesperadamente soluçando.
Ainda estavam abraçados quando Victor comentou:
- Nunca mais haveremos de nos separarmos. Seremos dois em um só!
- Sim, sim, - respondeu Leonardo - que este encontro seja o princípio de uma harmonia eterna entre nós.
Após o longo e carinhoso abraço, Leonardo pediu:
- Espere-me aqui. Vou tomar um banho, vestir uma roupa decente, tomar café com você e posteriormente... sairemos, há muito para ser conversado,vivenciado, curtido,
o dia é nosso!
- Sim... Repetiu Victor - o dia é nosso!
Victor o esperou e logo estavam sentados à mesa para a refeição primeira do dia. O ambiente tornou-se festivo e acolhedor. Os dois garotos não se desgrudaram. As duas famílias conseguiram entender-se. E aquele dia ficaria marcado no calendário
de todos reunidos ali.
Três semanas se passaram. Victor e Leonardo sempre que podiam estavam juntos. Os fins de semana eram deles. Num fim de semana Leonardo ia para casa de Victor, no outro, Victor devolvia a visita e, assim, tornaram-se os melhores amigos e companheiros inseparáveis.
Chegara o dia do festival. O pátio do Shopping estava abarrotado de gente. Imprensa para todos os lados. As apresentações foram sucessos absolutos. Todos foram aplaudidos de pé. Interessante foi o resultado do concurso: Leonardo Henri-
que e Victor Fernandes, ambos, conseguiram as notas máximas dos jurados. Os organizadores desejavam o voto de minerva, porém os vencedores protestaram:
- Dividiremos o prêmio - frisou Victor - acho o mais justo.
- Concordo – conciliou Leonardo - é a solução mais prudente.
Assim foi feito: os gêmeos foram declarados os ganhadores da primeira colocação e os aplausos que soaram confirmavam que o público aceitava a decisão.
Os vencedores, os gêmeos, houveram de ser protegidos por forte esquema de segurança. Garotas e garotos gritavam seus nomes, queriam tocá-los, abraçá-los,
ganhar beijos e autógrafos, vê-los de perto, todavia autógrafos especiais foram dados para duas senhoras que conseguiram chegar até eles.
- Por favor, não nos desprezem por sermos idosas, eu principalmente. Nós os vimos quando nasceram.
Marta e Suzana reconheceram aquelas senhoras: eram as enfermeiras Dulce ( já aposentada) e Dora, sua fiel e eterna companheira.
Quando estavam se afastando do tumulto, Leonardo Henrique ouviu alguém gritar seu nome...
- Léo, deixe-me ir com vocês. Eu o amo, Léo, quer ser meu namorado?
O coração de Leonardo disparou. Era Marina, irmã do seu amigo Marcelo, que era apaixonada por ele e, ele, em seu silêncio de timidez, também apaixonadíssimo por ela.
- Sim, quero, venha. Eu também a amo!
E ali mesmo se beijaram, mas escutaram o irônico comentário de Victor Fernandes e Márcia Magalhães.
- Sabe, Márcia, tenho certeza de que este é o primeiro beijo de meu amado Leonardo Henrique. Viva!
- E eu tenho plena convicção de que é o primeiro beijo de Marina. – Retrucou Márcia.
Até nisso foram idênticos: em suas namoradas depositaram e receberam o primeiro beijo!
FIM
EPÍLOGO
O dia amanhecera nublado. Fortes ventos anunciavam chuva. Victor Fernandes, como dissera a Leonardo, mais uma vez não conseguira dormir. Mesmo assim, não demonstrava sinais de fadiga, mostrava-se esperto e ansioso. A noite parecera interminável...
O carro tomou a estrada. Humberto dirigia com vagar a atenção. Gotas intermitentes faziam vibrar a lataria do carro e um friozinho gostoso se fazia sentir. Após algumas
horas de viagem, chegaram finalmente a uma pequena cidade., perto da Capital. Victor não desejava que o encontro fosse na escola de Leonardo, foram diretamente para o endereço da residência. Paravam, perguntavam e, através das informações, fornecidas, chegaram à casa tão ansiosamente aguardada. Estacionaram o veículo em frente a uma casa simples, muro baixo, um pouco gasta pelo tempo e de um lindo
jardim, em que se destacavam belas flores e um aroma gostoso de respirar.
Leonardo Henrique não os esperava tão cedo, pensava que o encontro dar-se-ia na escola. Como sempre, as surpresas ocorrem.
Victor Fernandes e seus pais desceram do carro. Bateram. Bateram. Um garoto nu da cintura para cima ainda de calção, veio atendê-los. Imediatamente Victor o reconheceu.
Pensou: “Meu Deus, ele é igualzinho a mim.”
- Bom dia, Leonardo! Sou Victor... não nos convida para entrar?
Tombado pela surpresas, olhou Victor da cabeça aos pés e, sem dizer palavras, despencou desacordado.
- Depressa, pai, mãe, ele desmaiou. - Gritava Victor aflito.
Conseguiram, apenas Deus sabe como, empurrar e abrir o portão. Humberto colocou o garoto nos braços e foi entrando em direção ao terraço. Logo apareceu Roberto Carlos, mas sem entender direito o que estava ocorrendo.
- Bom dia, Sr. ....., ele perdeu os sentidos.
Ao perceber a presença de Victor, Roberto Carlos compreendeu do que se tratava.
- Santo Deus! Os dois são um só. - disse o pai de Leonardo, incrédulo.
Humberto voltou a falar.
- Bom dia, Sr. ....
- Ah, desculpe! Roberto Carlos. Bom dia! Humberto igualmente se desculpou.
- Perdão por invadir assim sua casa tão cedo, porém é que era grande a aflição de Victor... nem dormiu esta noite. - Explicou envergonhado.
- Não se preocupe, Sr. ...
- Humberto. Prazer!
- Prazer é meu, Sr. Humberto. Leonardo também não dormiu, passou a noite inteira deitado no sofá esperando o dia amanhecer... também estava aflitíssimo.
Afinal conseguiram despertar Leonardo Henrique, ainda meio em estado de choque. Neste ínterim, Suzana aparece, já identificando a visita inesperada ao vislumbrar Victor.
- Bom dia - disse - entremos - acabei de passar um café.
- Bom dia, sou Marta, mãe de Victor.
- Perdão, senhora, nem disse meu nome. Chamo-me Suzana.
Roberto Carlos levou Leonardo Henrique para o quarto. Sem nem pedir licença, Victor
o seguiu. Depois, lembrando-se da falta de educação, desculpou-se.
- Desculpe-me, Sr. Roberto, eu deveria haver perguntado se poderia ter vindo até aqui, fui logo entrando de “bolo”.
- Não se preocupe, Victor, fique à vontade. Leonardo hoje não irá à escola, vocês têm o tempo inteiro à disposição para conversarem e se conhecerem.
- Obrigado. – Agradeceu Victor.
Roberto Carlos os deixou a sós e dirigiu-se à sala onde se encontravam as duas mulheres e Humberto e já conversavam como se forrem velhos conhecidos. Marta estava perplexa e comentou:
- Bem, eu já os imaginava idênticos, mas não pensei que fossem cópias exatas. Difícil será distinguir um do outro quando estiverem vestindo roupas similares.
- Estou pasmo - confidenciou Roberto Carlos - são absolutamente iguais.
Aos poucos Leonardo se recobrava e observava atentamente o mano gêmeo.
- Graças a Deus, falou, consegui descobrir você. Só lamento tê-lo recebido nestes trajes... É que não o esperava tão cedo por aqui, imaginava encontrá-lo na escola.
Leonardo estava recostado na cama e Victor sentado ao seu lado, quase na beira, contemplando detalhe por detalhe de Leonardo Henrique.
- Eu que agradeço ao Altíssimo – sentenciou Victor - estou completamente... nem sei me expressar, é que você é plenamente eu, seu tórax é uma cópia do meu. – E tirou a camisa para que Leonardo compreendesse de que estava falando.
- Realmente... – Concordou Léo - imagino que sejamos idênticos em todas as partes.
- Certamente. – Também concordou Victor.
Em seus olhos percebia-se as lágrimas que começaram a rolar. Leonardo igualmente não se segurou e rios de lágrimas banharam sua face. Victor levantou-se. Leonardo o imitou. Já havia recobrado o equilíbrio físico e... então... caloroso abraço os envolveu, ambos desesperadamente soluçando.
Ainda estavam abraçados quando Victor comentou:
- Nunca mais haveremos de nos separarmos. Seremos dois em um só!
- Sim, sim, - respondeu Leonardo - que este encontro seja o princípio de uma harmonia eterna entre nós.
Após o longo e carinhoso abraço, Leonardo pediu:
- Espere-me aqui. Vou tomar um banho, vestir uma roupa decente, tomar café com você e posteriormente... sairemos, há muito para ser conversado,vivenciado, curtido,
o dia é nosso!
- Sim... Repetiu Victor - o dia é nosso!
Victor o esperou e logo estavam sentados à mesa para a refeição primeira do dia. O ambiente tornou-se festivo e acolhedor. Os dois garotos não se desgrudaram. As duas famílias conseguiram entender-se. E aquele dia ficaria marcado no calendário
de todos reunidos ali.
Três semanas se passaram. Victor e Leonardo sempre que podiam estavam juntos. Os fins de semana eram deles. Num fim de semana Leonardo ia para casa de Victor, no outro, Victor devolvia a visita e, assim, tornaram-se os melhores amigos e companheiros inseparáveis.
Chegara o dia do festival. O pátio do Shopping estava abarrotado de gente. Imprensa para todos os lados. As apresentações foram sucessos absolutos. Todos foram aplaudidos de pé. Interessante foi o resultado do concurso: Leonardo Henri-
que e Victor Fernandes, ambos, conseguiram as notas máximas dos jurados. Os organizadores desejavam o voto de minerva, porém os vencedores protestaram:
- Dividiremos o prêmio - frisou Victor - acho o mais justo.
- Concordo – conciliou Leonardo - é a solução mais prudente.
Assim foi feito: os gêmeos foram declarados os ganhadores da primeira colocação e os aplausos que soaram confirmavam que o público aceitava a decisão.
Os vencedores, os gêmeos, houveram de ser protegidos por forte esquema de segurança. Garotas e garotos gritavam seus nomes, queriam tocá-los, abraçá-los,
ganhar beijos e autógrafos, vê-los de perto, todavia autógrafos especiais foram dados para duas senhoras que conseguiram chegar até eles.
- Por favor, não nos desprezem por sermos idosas, eu principalmente. Nós os vimos quando nasceram.
Marta e Suzana reconheceram aquelas senhoras: eram as enfermeiras Dulce ( já aposentada) e Dora, sua fiel e eterna companheira.
Quando estavam se afastando do tumulto, Leonardo Henrique ouviu alguém gritar seu nome...
- Léo, deixe-me ir com vocês. Eu o amo, Léo, quer ser meu namorado?
O coração de Leonardo disparou. Era Marina, irmã do seu amigo Marcelo, que era apaixonada por ele e, ele, em seu silêncio de timidez, também apaixonadíssimo por ela.
- Sim, quero, venha. Eu também a amo!
E ali mesmo se beijaram, mas escutaram o irônico comentário de Victor Fernandes e Márcia Magalhães.
- Sabe, Márcia, tenho certeza de que este é o primeiro beijo de meu amado Leonardo Henrique. Viva!
- E eu tenho plena convicção de que é o primeiro beijo de Marina. – Retrucou Márcia.
Até nisso foram idênticos: em suas namoradas depositaram e receberam o primeiro beijo!
FIM
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Os Gêmeos
Os Gêmeos
Capítulo V
Victor foi pego de surpresa quando de sua chegada à escola. Nem ele se lembrava da data que marcava o calendário. Era o dia do seu aniversário: 15 anos! Como pôde esquecer-se do dia? Também foram tantas novidades as das últimas horas! Assim que pôs os pés na sala...
- Parabéns pra você...É pique, é pique... ra...tim...bum... Victor! Victor! Victor!
Sem esperar aquela manifestação da turma, Victor Fernandes deixou que as lágrimas inundassem sua face. Estava visivelmente tomado de profunda emoção. Os colegas não poderiam imaginar uma reação tão emotiva. Até o professor Guilherme ali estava para saudá-lo.
- Tudo foi organizado por mim, Victor. Caso não tenha gostado, espero que me perdoe. Asseverou Guilherme.
Victor soluçava. Sua mente compreendia a homenagem, porém suas emoções estavam escapulindo pelos poros da pele.
- Claro que gostei - disse - é que sou assim mesmo - prosseguiu - uma manteiga derretida!
E vieram os abraços, os apertos de mão e o cheiro gostoso das meninas. Ele a todos correspondia, afetuosamente, contudo uma garota ficara por último – Márcia Magalhães- sem que ninguém soubesse - a menina dos seus olhos!
- Parabéns, Victor. – Colocou Márcia - Desejo milhões de felicidades e bastante saúde. Victor se deixou levar pelo momento. Sabia que Márcia, só com o olhar, gostava muito dele. E saiu, assim, gaguejado e de repente...
- Eu a amo, Márcia! Quer ser minha namorada?
O pedido ribombou pela sala. Quem imaginaria tamanha afeição de Victor pela garota? Logo Victor... o mais calado, o mais tímido e também o mais belo.
Márcia Magalhães levou as mãos aos lábios. Estava petrificada pela surpresa. Jamais pensou numa revelação dele, principalmente em público.
- Eu também o amo - respondeu - quero sim, namorar você... você é meu tudo!
E se abraçaram, todavia houve lágrimas nas faces das outras meninas - a verdade é que quase todas eram apaixonadas por Victor.
Não houve a primeira aula. Todos ficaram ali, nos comes e bebes. Bolos, refrigerantes, coxinhas, salgados os mais diversos... uma festa!
Só no intervalo voltaram a conversar.
- Louco! Você é o louco mais lindo que eu conheço . Afirmou Márcia.
- Foi um impulso muito forte - retrucou - talvez se eu estivesse em meu estado normal, não tivesse tanta coragem...
Márcia ficou com uma pulga atrás da orelha.
- Por que disse que não estava em seu estado normal? Não entendi!
Então Victor contou-lhe todas as emoções recentemente vividas. A jovem encostou a cabeça em seu ombro. Disse-lhe:
- Mais cedo ou mais tarde vocês se encontrarão. Isso está escrito nas estrelas, posso até sentir o instante exato. Mas há uma coisa que preciso dizer-lhe.
- Sim. O que é?
- Seus pais biológicos morreram, é verdade. no entanto você necessita de entender o papel dos seus pais adotivos. Eles amam você, Victor, sentem-se como verdadeiros. Tudo fizeram e fazem por você... não os rejeite, querido!
- Jamais os rejeitarei, Márcia. Eu também os amo, sinto-os como reais, porém me entenda... foi tudo tão de repente! Preciso de tempo para absorver todos estes acontecimentos. Não sou de ferro, puxa!
- Evidente. Estou do seu lado. Compreendo você. Eu o amo! Sempre o amei!
Viraram-se. Buscaram aproximar os lábios...
- Este será meu primeiro beijo, Márcia...
- O meu também!
E os lábios se tocaram, suave. Depois a força do amor os colou num ósculo fulgurante e apaixonado.
Também houve festa na escola de Leonardo Henrique. Igualmente fora pego de surpresa, numa homenagem da diretora, professora Goretti.
- Só tenho de agradecer. Vocês são anjos! - disse Leonardo e continuou - Nestes meus 15 anos vou dar-me um presente, aliás, meus pais estão chegando com um amigo nosso da televisão. Ele é repórter, vou fazer uma gravação, contudo não será segredo para ninguém, vocês poderão assistir às minhas palavras.
A festa prosseguiu. Houve até dança e, para finalizar, Leonardo cantou a música que iria apresentar no festival. Foi um verdadeiro delírio, as meninas suavam, todas o desejavam, todas o queriam... até os meninos deram-lhe fortes e aconchegantes abraços. Era muito amado e cortejado por todos.
Finalmente chegaram Suzana, Roberto Carlos e Juarez, o jornalista. Tudo foi preparado, uma importante gravação. A assembleia ficou pasma diante do que dissera Leonardo:
“Victor, eu sou Leonardo Henrique, seu irmão gêmeo. É necessário que nos encontremos,
meu coração já não suporta sua ausência. Sempre soube que você existia, em meu íntimo havia um vazio, faltava algo... alguém... faltava você! Agora não há mais como ficarmos distantes um do outro. Eu te espero, Victor Fernandes, para o meu mundo, para minha vida. Moro...”
Citou endereço, número de celular, escola onde estudava... deu todos as pistas. Era só esperar, esperar e esperar...
A noite estava calma. Victor Fernandes recebera seu presente dos pais: um tablet! Estava feliz. Era sonho realizado possuir um tablet. Agradeceu. Beijou os pais e lhes disse:
- Amo-os! Não importa se sou adotivo, eu não saberia viver sem vocês. Obrigado por tudo em minha vida. Para que ela seja completa, falta apenas ele... Leonardo Henrique!
Os três se abraçaram de uma só vez. Tudo voltava à normalidade. Foram jantar, depois sentaram-se no sofá para assistirem ao noticiário. Foi então que aconteceu...
- Meu Deus, é ele! É Leonardo Henrique... Está à minha procura...
Victor Fernandes desmaiou. Fora intensa a emoção. Marta e Humberto correram, trouxeram água com açúcar, deram leves palmadas em seu rosto. Finalmente ressurgia!
- Onde está ele? Onde está ele? - Perguntava sem parar.
- Calma! – Disse Humberto. - Apesar do vexame, consegui guardar o número do celular. Aí está. Ligue para ele, deve está esperando sua chamada. Primeiro acalme-se, está bastante nervoso. Calma! Calma!
Emocionado, Victor falou.
- Vocês viram? Ele é igualzinho a mim, a mesma voz, a mesma maneira de falar...
- Claro - disse Marta - é seu irmão gêmeo!
Victor ligou. Chamou uma vez...duas...três... no quarto toque, alguém atendeu.
- Sim? Quem é? - Atendeu Leonardo.
Victor ouviu sua própria voz do outro lado. Ficou alguns minutos em silêncio, respiração ofegante... Depois disse.
- È Victor Fernandes!
Foi Leonardo quem se emocionou. Foi Leonardo quem ficou alguns minutos em silêncio. Finalmente respondeu.
- Oi! Tudo bem?
- O que você acha? - Indagou Victor.
- Qualquer palavra neste momento é... é... não sei o que dizer, estou tomado de forte emoção. - Afirmou Leonardo.
- Eu também! - Completou Victor. – Parabéns pelos seus 15 anos!
- Parabéns para você também! - Parabenizou Leonardo. – Quando podemos nos encontrar? Não vejo a hora. Amanhã?
- Se eu pudesse seria hoje mesmo – Retrucou Victor - mas para quem já esperou por 15 anos, algumas horas a mais não fazem a menor diferença. Onde você estuda mesmo, Leó ?
Leonardo, calmamente, forneceu-lhe todos os detalhes.
- E você, Victor Fernandes, onde estuda?
Victor também forneceu um dossiê pessoal completo. Ambos pareciam surpresos com um pormenor.
- Então você participará do concurso?- indagou Leonardo.
- Sim, e pelo visto, você, idem!
- É verdade, participarei, mas não vamos misturar as coisas, cada qual que defenda sua escola. Propôs Leonardo.
- Concordo. Meu pai me levará até você, Léo, amanhã, sem falta. Hoje não dormirei pensando neste encontro, o melhor presente de aniversário que eu poderia ter.
- Meu melhor presente, igualmente. Ansiosamente aguardo por você. Obrigado por existir, mano!
- Obrigado digo eu, mano!
E ambos riram. Conseguiram sorrir. Estavam visivelmente felizes.
- Até amanhã, Leonardo Henrique!
- Até amanhã, Victor Fernandes!
Desligaram. Nunca uma madrugada demorou tanto a passar...
FIM DO V CAPÍTULO
Não deixe de ler o CAPÍTULO FINAL, O EPÍLOGO DESTA FASCINANTE HISTÓRIA!
Capítulo V
Victor foi pego de surpresa quando de sua chegada à escola. Nem ele se lembrava da data que marcava o calendário. Era o dia do seu aniversário: 15 anos! Como pôde esquecer-se do dia? Também foram tantas novidades as das últimas horas! Assim que pôs os pés na sala...
- Parabéns pra você...É pique, é pique... ra...tim...bum... Victor! Victor! Victor!
Sem esperar aquela manifestação da turma, Victor Fernandes deixou que as lágrimas inundassem sua face. Estava visivelmente tomado de profunda emoção. Os colegas não poderiam imaginar uma reação tão emotiva. Até o professor Guilherme ali estava para saudá-lo.
- Tudo foi organizado por mim, Victor. Caso não tenha gostado, espero que me perdoe. Asseverou Guilherme.
Victor soluçava. Sua mente compreendia a homenagem, porém suas emoções estavam escapulindo pelos poros da pele.
- Claro que gostei - disse - é que sou assim mesmo - prosseguiu - uma manteiga derretida!
E vieram os abraços, os apertos de mão e o cheiro gostoso das meninas. Ele a todos correspondia, afetuosamente, contudo uma garota ficara por último – Márcia Magalhães- sem que ninguém soubesse - a menina dos seus olhos!
- Parabéns, Victor. – Colocou Márcia - Desejo milhões de felicidades e bastante saúde. Victor se deixou levar pelo momento. Sabia que Márcia, só com o olhar, gostava muito dele. E saiu, assim, gaguejado e de repente...
- Eu a amo, Márcia! Quer ser minha namorada?
O pedido ribombou pela sala. Quem imaginaria tamanha afeição de Victor pela garota? Logo Victor... o mais calado, o mais tímido e também o mais belo.
Márcia Magalhães levou as mãos aos lábios. Estava petrificada pela surpresa. Jamais pensou numa revelação dele, principalmente em público.
- Eu também o amo - respondeu - quero sim, namorar você... você é meu tudo!
E se abraçaram, todavia houve lágrimas nas faces das outras meninas - a verdade é que quase todas eram apaixonadas por Victor.
Não houve a primeira aula. Todos ficaram ali, nos comes e bebes. Bolos, refrigerantes, coxinhas, salgados os mais diversos... uma festa!
Só no intervalo voltaram a conversar.
- Louco! Você é o louco mais lindo que eu conheço . Afirmou Márcia.
- Foi um impulso muito forte - retrucou - talvez se eu estivesse em meu estado normal, não tivesse tanta coragem...
Márcia ficou com uma pulga atrás da orelha.
- Por que disse que não estava em seu estado normal? Não entendi!
Então Victor contou-lhe todas as emoções recentemente vividas. A jovem encostou a cabeça em seu ombro. Disse-lhe:
- Mais cedo ou mais tarde vocês se encontrarão. Isso está escrito nas estrelas, posso até sentir o instante exato. Mas há uma coisa que preciso dizer-lhe.
- Sim. O que é?
- Seus pais biológicos morreram, é verdade. no entanto você necessita de entender o papel dos seus pais adotivos. Eles amam você, Victor, sentem-se como verdadeiros. Tudo fizeram e fazem por você... não os rejeite, querido!
- Jamais os rejeitarei, Márcia. Eu também os amo, sinto-os como reais, porém me entenda... foi tudo tão de repente! Preciso de tempo para absorver todos estes acontecimentos. Não sou de ferro, puxa!
- Evidente. Estou do seu lado. Compreendo você. Eu o amo! Sempre o amei!
Viraram-se. Buscaram aproximar os lábios...
- Este será meu primeiro beijo, Márcia...
- O meu também!
E os lábios se tocaram, suave. Depois a força do amor os colou num ósculo fulgurante e apaixonado.
Também houve festa na escola de Leonardo Henrique. Igualmente fora pego de surpresa, numa homenagem da diretora, professora Goretti.
- Só tenho de agradecer. Vocês são anjos! - disse Leonardo e continuou - Nestes meus 15 anos vou dar-me um presente, aliás, meus pais estão chegando com um amigo nosso da televisão. Ele é repórter, vou fazer uma gravação, contudo não será segredo para ninguém, vocês poderão assistir às minhas palavras.
A festa prosseguiu. Houve até dança e, para finalizar, Leonardo cantou a música que iria apresentar no festival. Foi um verdadeiro delírio, as meninas suavam, todas o desejavam, todas o queriam... até os meninos deram-lhe fortes e aconchegantes abraços. Era muito amado e cortejado por todos.
Finalmente chegaram Suzana, Roberto Carlos e Juarez, o jornalista. Tudo foi preparado, uma importante gravação. A assembleia ficou pasma diante do que dissera Leonardo:
“Victor, eu sou Leonardo Henrique, seu irmão gêmeo. É necessário que nos encontremos,
meu coração já não suporta sua ausência. Sempre soube que você existia, em meu íntimo havia um vazio, faltava algo... alguém... faltava você! Agora não há mais como ficarmos distantes um do outro. Eu te espero, Victor Fernandes, para o meu mundo, para minha vida. Moro...”
Citou endereço, número de celular, escola onde estudava... deu todos as pistas. Era só esperar, esperar e esperar...
A noite estava calma. Victor Fernandes recebera seu presente dos pais: um tablet! Estava feliz. Era sonho realizado possuir um tablet. Agradeceu. Beijou os pais e lhes disse:
- Amo-os! Não importa se sou adotivo, eu não saberia viver sem vocês. Obrigado por tudo em minha vida. Para que ela seja completa, falta apenas ele... Leonardo Henrique!
Os três se abraçaram de uma só vez. Tudo voltava à normalidade. Foram jantar, depois sentaram-se no sofá para assistirem ao noticiário. Foi então que aconteceu...
- Meu Deus, é ele! É Leonardo Henrique... Está à minha procura...
Victor Fernandes desmaiou. Fora intensa a emoção. Marta e Humberto correram, trouxeram água com açúcar, deram leves palmadas em seu rosto. Finalmente ressurgia!
- Onde está ele? Onde está ele? - Perguntava sem parar.
- Calma! – Disse Humberto. - Apesar do vexame, consegui guardar o número do celular. Aí está. Ligue para ele, deve está esperando sua chamada. Primeiro acalme-se, está bastante nervoso. Calma! Calma!
Emocionado, Victor falou.
- Vocês viram? Ele é igualzinho a mim, a mesma voz, a mesma maneira de falar...
- Claro - disse Marta - é seu irmão gêmeo!
Victor ligou. Chamou uma vez...duas...três... no quarto toque, alguém atendeu.
- Sim? Quem é? - Atendeu Leonardo.
Victor ouviu sua própria voz do outro lado. Ficou alguns minutos em silêncio, respiração ofegante... Depois disse.
- È Victor Fernandes!
Foi Leonardo quem se emocionou. Foi Leonardo quem ficou alguns minutos em silêncio. Finalmente respondeu.
- Oi! Tudo bem?
- O que você acha? - Indagou Victor.
- Qualquer palavra neste momento é... é... não sei o que dizer, estou tomado de forte emoção. - Afirmou Leonardo.
- Eu também! - Completou Victor. – Parabéns pelos seus 15 anos!
- Parabéns para você também! - Parabenizou Leonardo. – Quando podemos nos encontrar? Não vejo a hora. Amanhã?
- Se eu pudesse seria hoje mesmo – Retrucou Victor - mas para quem já esperou por 15 anos, algumas horas a mais não fazem a menor diferença. Onde você estuda mesmo, Leó ?
Leonardo, calmamente, forneceu-lhe todos os detalhes.
- E você, Victor Fernandes, onde estuda?
Victor também forneceu um dossiê pessoal completo. Ambos pareciam surpresos com um pormenor.
- Então você participará do concurso?- indagou Leonardo.
- Sim, e pelo visto, você, idem!
- É verdade, participarei, mas não vamos misturar as coisas, cada qual que defenda sua escola. Propôs Leonardo.
- Concordo. Meu pai me levará até você, Léo, amanhã, sem falta. Hoje não dormirei pensando neste encontro, o melhor presente de aniversário que eu poderia ter.
- Meu melhor presente, igualmente. Ansiosamente aguardo por você. Obrigado por existir, mano!
- Obrigado digo eu, mano!
E ambos riram. Conseguiram sorrir. Estavam visivelmente felizes.
- Até amanhã, Leonardo Henrique!
- Até amanhã, Victor Fernandes!
Desligaram. Nunca uma madrugada demorou tanto a passar...
FIM DO V CAPÍTULO
Não deixe de ler o CAPÍTULO FINAL, O EPÍLOGO DESTA FASCINANTE HISTÓRIA!
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