segunda-feira, 5 de outubro de 2020

DOUTRINA

 

 

É o tempo que passa

E nos arrasta com ele.

Somos leves qual pássaro

Que, dentre os assobios das brisas,

Voa sem destino pelas veredas

Sem portos, sem estações.

 

Somos sobreviventes anônimos

Das infecções virulentas e bacterianas

Que assolam um planeta já febril.

Somos vítimas e assaz testemunhas

Das patologias que desregram o social

E nos lambuza de efeitos contagiosos.

 

Felizes somos nós que vivenciamos

As arestas desconhecidas das enfermidades

E as ultrapassamos com galhardia.

Resta-nos uma reflexão íntima

A fim de que possamos entender a vida

Como suporte sublime da Criação.

 

Que os conflitos pandêmicos ilustrem

Os corações de pedra...

Que o sofrimento que gera imposição

Possa transformar o mal em bem,

A tristeza em alegria,

A ignorância em conhecimento,

As trevas em luz!

 

Por si só, a vida é um milagre...

As mãos precisam se tocarem,

Os abraços necessitam produzir amor

Numa confraternização de fé!

Que este presente de hoje

Possa ser, amanhã,

Um passado de transfigurações

Em que o orgulho se dobre

Diante da humildade,

Que o egoísmo se retrate

E possa distribuir o verdadeiro alimento

Que seduz a alma: o amor!

 

Viver é estar plenamente consciente

Da responsabilidade com o próximo...

Que a hipocrisia seja ultrajada

Pela verdade que é altruísta.

Que as bocas não precisem prolatar

O “eu te amo”, pois que seja

Esta a premissa do olhar!

Que as mortes não hajam sido em vão,

Mas sacrifícios que regeneraram

O sabor da existência!

 

 

 

DE  Ivan de Oliveira Melo

 

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