domingo, 30 de junho de 2013

Obsessão Íntima


Às  vezes  o  homem  é  obsessor  de  si  mesmo...

É  o  pensamento  que  arquiteta  e  cria  fantasias
Que  pululam  na  consciência  e  que  assediam

As  vanguardas  oníricas  nos  mares  do calabouço  humano...
Medo  e  destemor  se  fundem  numa  linha  paradoxal
Em  que  euforia  e timidez  retratam  do  bem  preceitos  do  mal...

O  raciocínio  vê  fantasmas  onde  só  existem  flores
E  diagnosticam  trevas  nas  mais  simples  percepções  da  vida,
Demônios  nascem  e  crescem  da  imaginação  pré-concebida
E  governam  a  estrutura  orgânica  produzindo  escárnio  e  dissabores...

O  ócio  traz  perturbações  daninhas  ao  campus  da  mente...
Manter  a  reflexão  em  exercício  é  antídoto  contra  esse  verme
Que  ataca  pela  tubulação  do  sedentarismo  e  impede
Ideais  evolutivos  e  salutares  de  combaterem  o  tédio

Que  se  apropria  nas  ondas  cerebrais  dos  objetivos  sérios!

Povo Engenheiro


Meus  dedos  estão  engelhados,
Minha  boca  não  é  omissa,
Silêncio  deixou  de  ser  preguiça,
Vexame  mesmo  é  ser  deputado.

Cofres  públicos  cheios  de  digitais,
Mãos  atrevidas  que  cavam  o  peculato
Desnudam  a  honra  com  o  caráter  safado
E  enojam  a  memória  de  patriotas  ancestrais.

Decepções  acumuladas  ao  longo  do  tempo
Dissipam  paciências  que  têm  sentimento
E  transbordam  revolta  numa  overdose  de  indignação...

Gritos  e  cartazes  ecoam  SOS  de  mudanças,
O  social  soterra  mazelas  e  podres  lembranças
E  o  povo  trabalha  na  engenharia  de  uma  nova  nação!


Volúpia de Ambições


Eu  e  o  amor:  dois  personagens  distintos,
Ambulantes  que  percorremos  as  estradas  dos  vícios
E  somos  levados  às  ribanceiras  e  a  cruéis  precipícios
Solfejando  a  solidariedade  como  menestréis  peregrinos.

O  mundo  e  o  amor:  dois  planos  que  estão  desiguais
Numa  plataforma  de  batalhas  que  caracterizam  terror...
Sonhos,  anseios,  ilusões...  moribundos  quase  sem  cor
Ainda  respiram  graças  à  esperança  no  cântico  dos  jograis.

O  escárnio que  se  vê  é  imundície  de  pseudo  profetas,
Mas  a  ventura  apenas  cochila  como  átomos  de  alerta
Atenta  à  depredação  de  uma  pólvora  carcomida  e  velha...

No  devaneio  derradeiro  a  canção  inunda  o  cenário
E  uma  multidão  de  vozes  dilui  o  estigma  refratário

Para  que  não  sejamos  ópio  que  se  desintegra!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Consciência

Deificam-se  homens  sem  estrada,

Personagens  inescrupulosos  e  avarentos

Que  afogam  todo  e  qualquer  sentimento

No  lamaçal  das  ostras  apodrecidas  e  do  nada.

 

Estorvam-se  inocentes  que  são  periferia

Das  sobras  abandonadas  no  pátio  do  relento,

Em  suas  vestes  o  dogma  do  real  sofrimento

E  em  seus  olhos  o  pranto  albergue  da  melancolia.

 

Saciar-se  das  diferenças  e  enredar  a  justiça

É  fecundar  o  clone  que  combate  a  vida  postiça

E  implantar  o  sêmen  que  promove  igualdade...

 

Quando  as  vagas  se  agitam  tudo  se  renova,

O  que  é  velho  se  sepulta  em  profundas  covas

E  no  anseio  da  esperança  sufoca-se  a  saudade!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Funeral da Babaquice

Três  poderes  engolidos  pelo  pluripartidarismo...

 

Se  havia  pacifismo,  este  cedeu  lugar  ao  descontentamento

Que  no  silêncio  da  mansidão  sofreu  torturas  de  seus  algozes...

 

A  sobrevivência  tornou-se  escassa  perante  desmandos  inconsequentes,

A  população  adormecida  no  ostracismo  despertou  de  repente

E  uma  nova  realidade  se  configura  na  altar  da  insatisfação...

 

De  norte  a  sul,  de  leste  a  oeste,  a  voz  é  uma  só...

As  mazelas  que  condenam  o  povo  a  uma  vida  indecente

Precisam  de  ser  sufocadas  pelo  direito  de  uma  existência  consciente

Em  que  um  bem-estar  generalizado  seja  a  partitura  do  próximo  arrebol.

 

A  babaquice  despencou  das  plataformas  produtoras  de  miasmas,

Ordem  e  Progresso  necessitam  de  ser  veiculados  sem  fontes  de  alienação,

Que  uma  política  séria  atropele  os  politiqueiros  sem  piedade  na  contramão,

Pois,  pereceram  os  sonhos  incandescentes  hipnotizadores  que  teciam  utopias

E  as  vanguardas  atestam  concretas: “fora  devaneios,  bem-vindos  novos  dias’! 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Higiene Mental


Observo  pássaros  alegres  em  revoada

E  meu  pensamento  chora  alienado,

Pois,  se  minha  liberdade  é  meu  pecado

Talvez  a  vida  em  si  não  valha  nada!

 

Vive-se  perante  censura  que  é  camuflagem

E  que  boicota  princípios  da  livre  iniciativa,

Não  que  o  pudor  oblitere  a  imaginação  criativa,

Mas  porque  o  raciocínio  necessita  de  drenagem...

 

É  imprescindível  rever-se  conteúdo  de  argumentos,

Lavar-se  a  mente  e  banir  preceitos  obscuros

Para  que  a  paisagem  cerebral  não  more  no  escuro...

 

Um  voo  displicente  é vaidade  sem  tormento

Que  higieniza  o  intelecto  diante  de  emoções  trogloditas

Fecundando  no  bálsamo  circunstancial  sensações  recreativas!

 

Golpe de Mestre


Um  lúgubre  desencanto  faz  surgir  a  tristeza

Num  vendaval  de  aflições  que  nocauteia  o  espírito  sereno,

Na  estrada  escorregadia  vomita-se  o  acetileno

Que  no  íntimo  devora  sinalizações  de  beleza.

 

Recauchutar  no  âmago  embriões  é  estéril  violência,

Melhor  deixar  fenecer  em  definitivo  os  fetos  da  melancolia

E  permitir  que  nasçam  da  esperança  o  sêmen  da  terapia

Numa  edificação  majestosa  dos  ímpetos  da  consciência.

 

A  poeira  astral  contaminada  dissolve-se  em  descarga

E  fluidos  novos  isentos  da  peçonha  da  atmosfera  amarga

Atapetam  o  ambiente  com  o  perfume  floral  da  concórdia...

 

A  desilusão  ao  receber  esse  golpe  letal  que  é  de  mestre

Torna-se  desnuda  perante  o  incêndio  moral  de  sua  veste

E  num  campo  infinitesimal  de  alegria  canta-se  a  vitória!