sábado, 3 de junho de 2017

CASO EU VIVA CEM LONGOS ANOS

Caso eu viva cem longos anos, serei ancião maduro
E meus contemporâneos já terão um dia partido;
Sozinho ficarei a tecer meus passos sobre esta terra
O que será uma glória para um velho sem companhia!
Caso eu viva cem longos anos, serei como criança minada
Sem conhecer do caminho a seguir, os obstáculos inúteis
Qual idoso que rumina sua vida de aparências entre tetos
Onde sua vontade é de outrem, seu querer bastardo desejo!
Caso eu viva cem longos anos, serei um morto-vivo apenas
E nada mais fincará meus pés e mãos perante um mundo
Cujos atrativos são jovens, mas imoderados devaneios vãs
Que pululam sobre as metamorfoses duma vida autóctone!
Caso eu viva cem longos anos, serei um fantoche deserdado
Dos folguedos infantis e senis que alegram as horas tantas
Já ultrapassadas por um modernismo medíocre e sem rótulo...
Lágrimas ou sorrisos eu os terei caso viva cem longos anos!


DE  Ivan de Oliveira Melo



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