Aquelas franjas caídas
sobre os ombros
Não possuíam o fulgor da brilhantina,
Nem o brilho que o gel
produz,
Nem os cachos
encaracolados da razão.
Aquelas sobrancelhas meio
murchas e sem cor
Eram o desvario de uma
personalidade devorada
Pelos gemidos da dor quase
que adormecida
Que tremia encurralada por
devaneios sisudos.
Aquele corpo trespassado
pelo ciúme da noite
Comia as horas tontas que
o tempo não mastigava,
Mas engolia o fastio
venenoso da madrugada,
Pedaço a pedaço até o
orvalho cicatrizar a manhã.
Aquela vontade vazia de
sentir as coisas
Era na verdade o encontro
do branco com o preto
Que vicejava oco dentre as
lamúrias do silêncio
Tropeçado e vestido e, ao
mesmo tempo,
Desnudo da realidade!
DE Ivan de Oliveira Melo
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