domingo, 29 de julho de 2018

VULTO




Que me importa o martírio
Se durmo solitário sobre pedras?
Que me importa a morte
Se meu nome é dilúvio
Que se afoga sobre a sede das multidões?

Que venha o sol alimentar os pastos
E soerguer a vida nas campinas...
Que venha a chuva apagar o holocausto
Que bronzeia os corpos mefíticos
Atolados no lamaçal das carnificinas...

Que me importa a lua
Se a noite é penumbra sem sombra?
Que me importa o orvalho
Se a sobrevivência do homem está em coma
E se o pão que sacia a fome
Apodreceu no inóspito deserto?

Que venham as preces nutrir a esperança
Que adormeceu no mausoléu do vício...
Que se ergam doutrinas e púlpitos
Porque a palavra tornou-se desperdício
E o amor que vivia entocado hoje é vulto!


DE  Ivan de Oliveira Melo

POEMA PUBLICADO EM MEU LIVRO
Descrevendo a Vida em... Poemas Contados ou Contos Poemados?
Câmara Brasileira de Jovens Escritores,

Rio de Janeiro, 2016. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário.