quinta-feira, 26 de julho de 2018

SENTENÇA



Saio a pulular pelos campos.
Os ventos sopram fortes,
Meus tímpanos escutam os assobios
E meus olhos se fecham, em prantos...

Doces lágrimas diante da vida amarga,
Azedos sorrisos perante atmosfera de mel,
Lancinantes gritos sobre o perfil dum silêncio
Que é da existência a luta, enredo de cargas.

Nas estradas, denso nevoeiro poluído de dor.
Nas matas, intensas queimadas sem odor de vidas
Enquanto nos céus, carregadas, as nuvens choram
E derramam sobre o solo urgentes pedidos de amor.

Nos lares, a beatificação das ondas cínicas da hipocrisia
Que se jogam sobre as pedras da intolerância frenética...
Sobre os leitos, pernas se misturam em busca dum prazer
Que nada mais é, senão instantes lúgubres de fantasia.

Nas consciências, grassam as incertezas do amanhã,
Soterradas pela migração dos reflexos inconstantes,
Indomáveis pensamentos que giram e giram afoitos
E perecem inanimados dentre as mazelas da vida vã.

Talvez seja mais lúcido pulular sobre nobres dúvidas
Que torcem as mentes, dilapidam infortúnios e miasmas
Na expectativa de uma esperança que surja alhures,
Entretanto eivada de um paladar cósmico e metafísico,
Pois somente dessa maneira se pode respirar o Infinito!


DE  Ivan de Oliveira Melo



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